Desde os primeiros anúncios da Vinda de Jesus, Deus já indicava a presença de Seus anjos para ampará-Lo durante Sua passagem entre nós. É o que São Marcos narra, ainda que se referindo a São João Batista: "Princípio da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no Profeta Isaías: 'Eis que envio Meu anjo diante de Ti: ele preparará Teu Caminho.'" Mc 1,1-2
Ora, desde a Anunciação, a Encarnação do Verbo já contava com eles: "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria." Lc 1,26-27
E as primeiras testemunhas do Nascimento do Salvador foram humildes pastores dos arredores de Belém, mas também levados ao lugar desse acontecimento pelo anúncio de um anjo, acompanhado de uma multidão deles: "Nos arredores havia uns pastores, que nos campos vigiavam e guardavam seu rebanho durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a Glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: 'Não temais, eis que vos anuncio uma Boa Nova que será alegria para todo povo: hoje na Cidade de Davi vos nasceu o Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.' E subitamente ao anjo juntou-se uma multidão do Celeste Exército, que louvava a Deus e dizia: 'Glória a Deus no mais alto dos Céus e na terra Paz aos homens, objetos da divina benevolência.'" Lc 2,8-14
Desde o início de Sua vida pública, pois, ao encontrar São Bartolomeu, um de Seus Apóstolos, Jesus avisou-lhes que Sua passagem entre nós seria acompanhada de uma grande manifestação dos anjos, propriamente uma conexão entre o Céu e a terra, tal qual o sonho de Jacó, quando foi avisado por Deus que havia chegado à Terra Santa: "Jesus replicou-lhe: 'Porque Eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta.' E ajuntou: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.'" Jo 1,50-51
De fato, foram exatamente essas celestiais criaturas que socorreram Jesus, após ser tentado no deserto: "Em seguida, o Demônio deixou-O, e os anjos aproximaram-se d'Ele para servi-Lo." Mt 4,11
E num dos mais difíceis momentos de Sua vida, quando agonizava no Monte da Oliveiras, Ele teve o consolo de um de Seus anjos. Era Seu Anjo da Guarda, pois, embora enquanto Deus Ele disponha de todos, enquanto ser humano Ele também tinha apenas o Seu: "Então apareceu-Lhe um anjo do Céu para confortá-Lo. Ele entrou em agonia e ainda com mais instância orava, e Seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra." Lc 22,43-44
Com efeito, se fosse da vontade do Pai que eles resistissem à investida dos guardas do sumo sacerdote no Monte das Oliveiras, Jesus poderia ter contado com o socorro do Celestial Exército, como Ele mesmo vai dizer: "Mas um dos companheiros de Jesus desembainhou a espada e feriu um servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha. Jesus, no entanto, disse-lhe: 'Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar Meu Pai e Ele não Me enviaria imediatamente mais de doze legiões de anjos?'" Mt 26,51-53
Enfim, as visões de São João Evangelista, registradas no livro do Apocalipse, também são obras do 'anjo de Jesus': "Revelação de Jesus Cristo, que Lhe foi confiada por Deus para manifestar aos Seus servos o que em breve deve acontecer. Ele, por Sua vez, por intermédio de Seu anjo, comunicou ao Seu servo João..." Ap 1,1