Ainda que O chamemos de Pai, Criador, Onipotente, sabemos que, mesmo após tantas revelações e tantas referências, Deus continua muito além de nosso entendimento. No Livro de Êxodo, para demonstrar Sua natureza absolutamente incriada, quer dizer, essencial e independente de tudo que existe, de qualquer condição, Ele assim Se identificou, numa emblemática frase, quando Moisés Lhe perguntou qual seria Seu Nome, para dizer ao povo de Israel em cativeiro de Egito: "EU SOU AQUELE QUE É." Êx 3,14a
E expressamente determinou-lhe: "Eis como responderás aos israelitas: 'EU SOU enviou-me a vós.'” Êx 3,14b
Não por acaso, numa das vezes em que declarou Sua Divindade, Jesus usou exatamente esses termos, ao falar aos líderes dos judeus em Jerusalém, como anotado no Evangelho segundo São João: "... porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,24
Ou quando demonstrou Sua Onisciência aos Apóstolos, avisando-os da traição de Judas e de Sua Paixão, avisando-os da traição de Judas Iscariotes e de Sua Paixão, durante a Santa Ceia: "Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU." Jo 13,19
E ainda nas visões do Livro do Apocalipse de São João: "'Eu sou o Alfa e o Ômega', diz o Senhor Deus, 'Aquele que é, Aquele que era e Aquele que vem, o Todo-Poderoso. Eu sou o Primeiro e o Último, e Aquele que vive. Pois estive morto, e eis-Me novamente vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos.'" Ap 1,8.17b-18
Para explicitar essa autonomia, Ele havia mencionado a imprevisibilidade do Espírito Santo, a Terceira Pessoa de Deus, em conversa com Nicodemos, um fariseu que O procurou logo em Sua primeira Páscoa em Jerusalém: "O vento sopra onde quer. Ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito." Jo 3,8
Assim sabemos, ainda por Suas palavras, que a Trindade Santíssima usufrui de um incomensurável universo de possibilidades. Está no Evangelho segundo São Marcos: "... a Deus tudo é possível." Mc 10,27
O auxílio do Santo Paráclito, portanto, é impreterível para que saibamos algo elementar: Quem é Jesus. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios revelou: "... ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo." 1 Cor 12,3
Ou o auxílio do próprio Pai, segundo Jesus: "Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair." Jo 6,41a
Da mesma forma, ainda segundo Nosso Salvador, o Pai só pode ser verdadeiramente conhecido através d'Ele, pois lemos no Evangelho segundo São Lucas: "Ninguém conhece Quem é o Filho senão o Pai, nem Quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelá-Lo." Lc 10,22
E só por verdadeiro amor a Ele é que Ele Se revela: "Aquele que tem e guarda Meus Mandamentos, esse é que Me ama. E aquele que Me ama será amado por Meu Pai, e Eu amá-lo-ei e a ele manifestar-Me-ei." Jo 14,21
Ora, o Mistério de Cristo, por si só, era a razão de ser do ministério do Apóstolo dos Gentios. Está na Carta de São Paulo aos Colossenses: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados, e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, em Quem estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2-3
Na Carta de São Paulo aos Efésios, vemos que ele sabia estar diante do inconcebível: "... coube-me a Graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo, e a todos manifestar o salvador desígnio de Deus, mistério oculto desde a eternidade..." Ef 3,8-9