segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

 

    Nas Escrituras, Santa Isabel é a primeira a afirmar Nossa Senhora como Mãe de Deus. Aconteceu por ocasião da visita que a Santíssima Virgem lhe fez, logo após a Anunciação do Arcanjo São Gabriel, quando o Espírito Santo demonstrou que sempre está com ela: "Ora, Isabel apenas ouviu a saudação de Maria e a criança estremeceu em seu seio. E Isabel ficou cheia do Espírito Santo, exclamando em alta voz: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o Fruto de teu ventre. Donde me vem esta honra, de vir a mim a Mãe de Meu Senhor?'" Lc 1,41-43

    Mas, claro, quem primeiro soube que ela seria a Mãe do Salvador foi o Divino São José, como São Mateus narrou: "Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, Sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e disse-lhe: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois Aquele que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados.'" Mt 1,18-21

    O título de Mãe de Deus foi oficialmente reconhecido pela Igreja em 431, no terceiro Concílio Ecumênico, o primeiro realizado em Éfeso, justamente a cidade onde Nossa Senhora viveu seus últimos anos em companhia de São João Apóstolo, e onde ele foi bispo. Inscrevia-se, assim, o primeiro Dogma Mariano. Nesse Concílio, quando para o mundo brilhou a inspiração de São Cirilo de Alexandria, também foram decretadas as naturezas humana e divina de Jesus, que são inseparáveis. A esse respeito, o Evangelho de São João é determinante: "E o Verbo fez-Se carne..." Jo 1,14

    Foi, portanto, exclusivamente através da carne de Maria, que era da casa de Davi, que Deus Se fez carne. São Paulo escreveu aos romanos: "... acerca de Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, descendente de Davi quanto à carne..." Rm 1,3

    E referindo-se a Jesus, o próprio São João Evangelista vai dizer: "... o Verbo era Deus." Jo 1,1

    Como Mãe de Deus, pois, ela também se tornou Mãe da Igreja, ou seja, Mãe dos seguidores de Jesus, como no livro do Apocalipse registra São João as celestiais revelações que teve: "Cheio de raiva por causa da Mulher, o Dragão começou a combater o resto de seus filhos, aqueles que observam os Mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus." Ap 12,17

    Essa celestial maternidade já havia sido profetizada nos Salmos, inclusive indicando-a como Rainha, que seus filhos, os Santos e os Sacerdotes, reinariam sobre a terra, e que seu nome jamais seria esquecido: "Vosso trono, ó Deus, é eterno. De equidade é Vosso cetro real. ... posta-se à Vossa direita a Rainha, ornada de ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza encantar-Se-á o Rei. Ele é Teu Senhor, rende-Lhe homenagens. Tomarão teus filhos o lugar de teus pais, tu estabelecê-lo-ás príncipes sobre toda terra. Celebrarei teu nome através das gerações. E os povos louvá-te-ão eternamente." Sl 44,7.10b-12.17-18

    E Miqueias profetizou a irmandade de Jesus nestes termos: "Por isso, Deus deixá-los-á, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele levantar-Se-á para apascentá-los com o poder do Senhor, com a majestade do Nome do Senhor, Seu Deus. Os Seus viverão em segurança, porque Ele será exaltado até os confins da terra." Mq 5,2-3