Nas Escrituras, Santa Isabel é a primeira a afirmar Nossa Senhora como Mãe de Deus. Aconteceu por ocasião da visita que a Santíssima Virgem lhe fez, logo após a Anunciação do Arcanjo São Gabriel, quando o Espírito Santo demonstrou que sempre está com ela, ungindo as pessoas por sua voz. É leitura do Evangelho segundo São Lucas: "Ora, Isabel apenas ouviu a saudação de Maria e a criança estremeceu em seu seio. E Isabel ficou cheia do Espírito Santo, exclamando em alta voz: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o Fruto de teu ventre. De onde me vem esta honra, de vir a mim a Mãe de Meu Senhor?'" Lc 1,41-43
Mas, claro, quem primeiro soube que ela seria a Mãe do Salvador, além dela mesma, foi o Divino São José, e por intermédio de seu Anjo da Guarda, como o Evangelho segundo São Mateus narrou: "Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, Sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era justo, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois Aquele que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados.'" Mt 1,18-21
O título de Mãe de Deus foi oficialmente reconhecido pela Igreja no ano de 431 de nossa era, no terceiro Concílio Ecumênico, o primeiro realizado em Éfeso, justamente a cidade onde Nossa Senhora viveu seus últimos anos em companhia de São João Apóstolo, e onde ele foi bispo. Inscrevia-se, assim, o primeiro Dogma Mariano. Nesse Concílio, quando para o mundo brilhou a inspiração de São Cirilo de Alexandria, também foram decretadas as naturezas humana e divina de Jesus, que são inseparáveis. A esse respeito, o Evangelho segundo São João é determinante: "E o Verbo fez-Se carne..." Jo 1,14
Foi, portanto, exclusivamente através da carne de Maria, que era da casa de Davi, que Deus Se fez carne. A Carta de São Paulo aos Romanos diz do Pai: "... acerca de Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, descendente de Davi quanto à carne..." Rm 1,3
E referindo-se a Jesus, o próprio São João Evangelista vai dizer: "... o Verbo era Deus." Jo 1,1
Como Mãe de Deus, pois, ela também se tornou Mãe da Igreja, ou seja, Mãe dos seguidores de Jesus, como o Livro do Apocalipse de São João registra as celestiais revelações: "Cheio de raiva por causa da Mulher, o Dragão começou a combater o resto de seus filhos, aqueles que observam os Mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus." Ap 12,17
Essa celestial maternidade já havia sido profetizada no Livro dos Salmos, inclusive indicando-a como Rainha, que seus prediletos filhos, os Santos e os Sacerdotes, reinariam sobre a Terra, e que seu nome jamais seria esquecido: "Vosso trono, ó Deus, é eterno. De equidade é Vosso cetro real. ... posta-se à Vossa direita a Rainha, ornada de ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza encantar-Se-á o Rei. Ele é Teu Senhor, rende-Lhe homenagens. Tomarão teus filhos o lugar de teus pais, tu estabelecê-lo-ás príncipes sobre toda terra. Celebrarei teu nome através das gerações. E os povos louvá-te-ão eternamente." Sl 44,7.10b-12.17-18
E o Livro do Profeta Miqueias previu a irmandade em Jesus nestes termos, inicialmente dizendo dos israelitas: "Por isso, Deus deixá-los-á, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele levantar-Se-á para apascentá-los com o poder do Senhor, com a majestade do Nome do Senhor, Seu Deus. Os Seus viverão em segurança, porque Ele será exaltado até os confins da Terra." Mq 5,2-3