terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Desceu à Mansão dos Mortos

    O Julgamento deste mundo, ainda que não o Final, já se deu com a Vinda de Jesus. Pouco antes de Sua crucificação, No Evangelho segundo São João, pouco antes de Sua crucificação, Nosso Senhor sentenciou: "Agora é o Juízo deste mundo! Agora será lançado fora o príncipe deste mundo." Jo 12,31

    Pois o Juízo é Sua poderosa Palavra, Seu veredicto, que já foi proferido. Nesta mesma situação, Ele explicou: "Se alguém ouve Minhas Palavras e não as guarda, Eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem Me despreza e não recebe Minhas Palavras, tem quem o julgue: a Palavra que anunciei julgá-lo-á no Último Dia." Jo 12,47-48

    E já havia confirmado Sua posse sobre o veredicto: "Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá Vida, o Filho também dá Vida a quem Ele quer. Porque o Pai não julga ninguém, mas entregou todo Julgamento ao Filho." Jo 5,21-22

    Não por acaso, Jesus desceu, após Sua morte na Cruz, à mansão dos mortos para que Sua Palavra também fosse conhecida por aqueles que viveram antes de Sua Vinda. A Primeira Carta de São Pedro registrou: "Pois, para isso, o Evangelho também foi pregado aos mortos, para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." 1 Pd 4,6

    Nosso Salvador mesmo havia assegurado perante os judeus em Jerusalém, que já queriam matá-Lo por dizer-Se Filho de Deus: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus. E os que a ouvirem, viverão." Jo 5,25

    Também afirmou a Santa Marta, pouco antes de ressuscitar seu irmão, São Lázaro: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11,25b

    Pois enquanto ser humano Ele também morreu, embora tenha ressuscitado antes da corrupção. Falando por Ele, o Livro dos Salmos cantou essa profecia dirigindo-se a Deus Pai: "Por isso, Meu coração alegra-se e Minha alma exulta. Até Meu Corpo descansará seguro porque Vós não abandonareis Minha alma na mansão dos mortos, nem permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção." Sl 16,9-10

    O Príncipe dos Apóstolos falou dessa condição espiritual, daqueles que não alcançaram a Primeira Ressurreição: "Pois Cristo também morreu uma vez pelos nossos pecados, o Justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Padeceu a morte em Sua Carne, mas foi vivificado quanto ao Espírito. É neste mesmo Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando com paciência Deus aguardava enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água." 1 Pd 3,18-20

    Com efeito, as almas daqueles que nem sobem de imediato aos Céus, pois não alcançaram a santidade, nem são condenados ao atual inferno, pois não pecaram em gravidade para tanto, isto é, a grande maioria das almas, passam por uma purificação antes de aproximarem-se de Deus. Tal 'lugar', ou melhor, 'estado de purificação' é chamado de Purgatório. O Livro do Apocalipse de São João apontou: "Os outros mortos não tornaram à Vida, até que se completassem os mil anos." Ap 20,5a

    Abaixo chamado de prisão, o atual inferno também foi previsto no Livro do Profeta Isaías, pois a Palavra de Jesus, como visto, já é o veredicto do Juízo: "Nesse Dia, Javé julgará no Céu o Exército do Céu, e na Terra, os reis da Terra. Todos serão reunidos e presos na cadeia, ficarão fechados na prisão, e só depois de muito tempo é que serão sentenciados." Is 24,21-22

    O definitivo inferno, portanto, é o que o Amado Discípulo chama de segunda morte: "Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos mentirosos terão como quinhão o ardente tanque de fogo e enxofre, a segunda morte." Ap 21,8