quinta-feira, 9 de maio de 2024

Deus Católico: Mais Amor!

    Nos termos do CatolicismoDeus é mais atencioso e mais amoroso Pai. Ele deu-nos mais que especial Mãe: "Cheio de raiva por causa da Mulher, o Dragão então começou a atacar o resto de seus filhos, os que obedecem aos Mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus." Ap 12,17-18

    Também nos deu pais espirituais, por isso nossos Sacerdotes são carinhosamente chamados de Padres. São Paulo reclama: "Com efeito, ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos pais. Ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho." 1 Cor 4,15

    E, independentemente de seus erros, eles plenamente representam o Pai do Céu, como São Paulo explicou: "Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." Rm 11,29

    Este Apóstolo atesta que é Deus Quem age por Seus verdadeiros Ministros: "A Ele (Cristo) é que anunciamos, admoestando todos homens e instruindo-os em toda Sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo. Eis a finalidade de meu trabalho, a razão porque luto, auxiliado por Sua força que em mim poderosamente atua." Cl 1,28-29

    Nossos Sacerdotes, ademais, não adquirem para si nenhum bem de valor. Tudo fica em nome da Igreja, pois desde o chamado dos Apóstolos Jesus pediu seguidor "... que tenha abandonado, por amor ao Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos..." Lc 18,29

    Somos, pois, uma só Igreja, Unidade que é sinal da própria Glória de Deus, como Jesus rezou ao Pai: "Eu dei-lhes a Glória que Tu Me deste, para que eles sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23

    Ela é pura e santa porque assim Jesus a quer: "... como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela Água do Batismo com a Palavra, para a Si mesmo apresentá-la toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito, mas santa e irrepreensível." Ef 5,25b-27

    Ele também garantiu a constante e eterna presença do Espírito Santo, que é outro Consolador, entre os membros da Igreja, como tem sido pelos séculos: "E Eu rogarei ao Pai e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    Também temos mais uma chance de purificação, o Purgatório, onde acontecem as punições intermediárias, diferentes das do inferno, que são totais. Nosso Salvador ensinou: "O servo que, apesar de conhecer a vontade de Seu Senhor, nada preparou e Lhe desobedeceu, será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de Seu Senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes." Lc 12, 47-48a

    Ainda temos os Santos, que intercedem por justiça: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do Altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus, e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da terra?'" Ap 6,9-10

    Temos, enfim, a proteção de um Anjo da Guarda, como foi dito de São Pedro quando esteve preso e miraculosamente foi solto: "Então é seu anjo." At 12,15b

quarta-feira, 8 de maio de 2024

A Moralidade das Paixões

 

    É o objeto da paixão que determina se ela é boa ou má, porque seus impulsos passam pela consciência moral. Do vocabulário cristão, seu maior exemplo é a própria Paixão de Cristo: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara Sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim." Jo 13,1

    Nosso Salvador aponta o coração como fonte das paixões, pois é onde se combinam a sensibilidade e a consciência, que geram a vontade. Ele disse: "O bom homem tira boas coisas do bom tesouro de seu coração, e o mau homem tira más coisas de seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio." Lc 6,45

    O livro da Sabedoria menciona esse 'freio moral' como sendo a virtude da temperança: "E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; ela (a Sabedoria) ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há, na vida, nada que seja mais útil aos homens." Sb 8,7

    O Eclesiástico, pois, reza ao Pai: "Afastai de mim a intemperança! Que a paixão da volúpia não se apodere de mim e não me entregueis a uma alma sem pejo e sem pudor!" Eclo 23,6

    São Paulo apontava a existência dessa consciência moral entre os pagãos: "Eles mostram que o objeto da Lei está gravado em seus corações, dando-lhes testemunho sua consciência, bem como seus raciocínios, com os quais mutuamente se acusam ou se escusam." Rm 2,15

    Ora, ele diz do Evangelho como leis inscritas no coração: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações." 2 Cor 3,3

    E assim resume a Missão de Jesus, numa exortação à religiosidade, contrária à vida de dissolução: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade..." Tt 2,12

    As paixões são muitas. Com seus correspondentes opostos, as principais são amor e ódio, desejo e medo, e alegria e tristeza. E o Divino Mestre tratou de revelar os verdadeiros tesouros, e onde nós os guardamos: "Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem as traças nem a ferrugem os consomem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está teu tesouro, lá também está teu coração." Mt 6,19-21

    Porque assim como fonte das boas paixões, que embora mais conhecidas não sejam as mais cultuadas, Ele fazia questão de ressaltar o coração como fonte das más paixões: "Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias." Mt 15,16

    São Judas Tadeu, por sua vez, profetiza o surgimento de deturpadores da Sã Doutrina: "No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo suas ímpias paixões. Homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm o Espírito. Mas vós, caríssimos, mutuamente edificai-vos sobre o fundamento de vossa santíssima fé." Jd 1,18-20a

terça-feira, 7 de maio de 2024

As Preocupações do Mundo

 

    Na parábola do semeador, Jesus diz dos ensinamentos de Deus: "Outros ainda recebem a semente entre os espinhos. Ouvem a Palavra , mas as mundanas preocupações, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e tornam-na infrutífera." Mc 4,18-19

    Literalmente pregava: "Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá suas próprias preocupações. A cada dia basta seu mal." Mt 6,34

    Ele pedia que cuidássemos de estar prontos, seja para o Juízo Particular, seja o Juízo Final: "Velai sobre vós mesmos para que vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida. Para que Aquele Dia não vos apanhe de improviso." Lc 21,34

    Disse do total controle e do amor de Deus: "Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de Vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós." Mt 10,29-31

    A própria vida de Jesus, aliás, já demonstrava a condição de auto-abandono em que vivem os verdadeiros servos de Deus: "Nisto, d'Ele aproximou-se um escriba e disse-Lhe: 'Mestre, segui-Te-ei aonde quer que fores.' Respondeu Jesus: 'As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.'" Mt 8,19-20

    Pois só o pleno cumprimento de Sua Missão Lhe saciava: "Entretanto, os discípulos pediam-Lhe: 'Mestre, come.' Mas Ele disse-lhes: 'Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.' Os discípulos perguntavam uns aos outros: 'Alguém Lhe teria trazido de comer?' Disse-lhes Jesus: 'Meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou, e cumprir Sua obra.'" Jo 4,31-34

    Em compensação, à Igreja Ele prometeu Sua Paz: "Deixo-vos a Paz, dou-vos Minha Paz. Não é à maneira do mundo que Eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize vosso coração." Jo 14,28

    Contra todas atribulações, portanto, Ele recomendou tenaz perseverança, e que n'Ele crêssemos como cremos em Deus: "Não se perturbe vosso coração. Vós credes em Deus, crede também em Mim." Jo 14,1

    Por sua vez, São Paulo exalta a religiosidade em combinação com o desapego material: "Sem dúvida, de grande proveito é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento. Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto." 1 Tm 6,6-8

    Ele ensina da lógica inversa de Jesus"Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9b-10

    E a São Timóteo, ele relembra a Graça que se recebe pelo Sacramento da Crisma: "Por esse motivo, eu exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de tibieza, mas de fortaleza, de amor e de Sabedoria." 2 Tm 1,6-7

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Não Tornar a Pecar

 

    Jesus, por Sua Misericórdia, disse à mulher flagrada em adultério: "Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar." Jo 8,11b

    Também disse ao ex-paralítico do tanque de Betesda, a quem havia curado: "Eis que ficaste são. Já não peques, para não te acontecer pior coisa." Jo 5,14

    E deu estes detalhes a escribas e fariseus que Lhe pediam para ver um milagre, acusando toda aquela geração por recusar-se a acolhê-Lo como o Messias: "Quando o imundo espírito sai de um homem, ei-lo errante por áridos lugares à procura de um repouso que não acha. Diz ele, então: 'Voltarei para a casa donde saí.' E voltando, encontra-a vazia, limpa e enfeitada. Assim vai buscar sete outros espíritos, piores que ele, e entram nessa casa e aí se estabelecem. E o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro. Tal será a sorte desta perversa geração." Mt 12,43-45

    São Pedro, pois, argumenta sobre a recaída: "Com efeito, se aqueles que renunciaram às corrupções do mundo em favor do conhecimento de Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador, nelas de novo deixam-se enredar e vencer, seu último estado torna-se pior que o primeiro." 2 Pd 2,20

    Ele avisa de falsos doutores, que profanam a obra da Salvação: "Assim como entre o povo houve falsos profetas, entre vós também haverá falsos doutores que disfarçadamente introduzirão perniciosas seitas. Assim renegando o Senhor que os resgatou, sobre si atrairão uma repentina ruína. Muitos os seguirão em suas desordens e deste modo serão a causa de o Caminho da Verdade ser caluniado." 2 Pd 2,1-3a.14.18-19

    São Paulo diz dos desvios causados pela falta de religiosidade e pelas heresias: "Porque, conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus nem Lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos e obscureceu-se-lhes o insensato coração. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos." Rm 1,21-22

    Ele vai invocar a Missão de Jesus, falando da verdadeira liberdade: "É para que sejamos livres homens que Cristo nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não vos submetais de novo ao jugo da escravidão." Gl 5,1

    E recomenda o refúgio no Senhor: "Finalmente, irmãos, fortalecei-vos no Senhor por Seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do Demônio." Ef 6,10-11

    Ainda no Antigo Testamento, o Eclesiástico já exaltava a completa libertação do Mal: "Aquele que ama a Deus, roga-O pelo perdão de seus pecados e acautela-se para não cometê-los no porvir." Eclo 3,4

    Já São João Evangelista assegura que Jesus veio para efetivamente tirar o pecado do mundo: "Todo aquele que peca transgride a Lei, porque o pecado é transgressão da Lei. Sabeis que Jesus apareceu para tirar os pecados, e que n'Ele não há pecado. Todo aquele que n'Ele permanece não peca. E todo aquele que peca não O viu, nem O conheceu." 1 Jo 3,4-6

    E oferece a Divina Consolação: "Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo." 1 Jo 2,1

domingo, 5 de maio de 2024

A Igreja

 

    A Igreja é uma só, assim como existe um só Deus e uma só Verdade, que é o próprio Jesus. Ele afirmou: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." Jo 14,6b

    E Nosso Salvador prometeu que permanentemente estaria com Seus Sacerdotes até o Juízo Final, sem jamais os abandonar: "Eis que convosco estou todos dias, até o fim do mundo." Mt 28,20b

    São Paulo, pois, diz que os dons de Deus têm apenas uma razão de ser: a própria Igreja: "A cada um é dada a manifestação do Espírito para comum proveito." 1 Cor 12,7

    Por isso, ele reclama respeito aos Sacerdotes da Igreja: "Por conseguinte, desprezar estes preceitos é desprezar não a um homem, mas a Deus, que nos infundiu Seu Santo Espírito." 1 Ts 4,8

    Ora, a Igreja é o Corpo Místico de Cristo, como este Apóstolo reza: "Rogo ao Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória... ressuscitando-O dos mortos e fazendo-O sentar à Sua direita no Céu... constituiu-O Supremo Chefe da Igreja, que é Seu Corpo, o receptáculo d'Aquele que enche todas coisas sob todos aspectos." Ef 1,17.20.22-23

    E ela sempre teve uma sede, primeiro Jerusalém depois Roma, de onde partiam as decisões. São Paulo e São Timóteo, dando exemplo, defendiam o Primeiro Concílio para fazê-la crescer na Unidade: "Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos Apóstolos e Anciãos em Jerusalém. Assim as igrejas eram confirmadas na , e dia a dia cresciam em número." At 16,4-5

    As interpretações das Escrituras, portanto, devem ser feitas segundo instrução dos membros da Igreja, como pediu o ministro da rainha da Etiópia: "Filipe aproximou-se e ouviu que o eunuco lia o Profeta Isaías, e perguntou-lhe: 'Porventura entendes o que estás lendo?' Respondeu-lhe: 'Como é que posso, se não há alguém que mo explique?' E rogou a Filipe que subisse e sentasse-se junto a ele." At 8,30-31

    O próprio São Paulo, no início de seu apostolado, foi conhecer São Pedro logo que pôde ir a Jerusalém, para inteirar-se da Sã Doutrina: "Três anos depois, subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e com ele fiquei quinze dias." Gl 1,18

    E mais uma vez foi lá para uma nova conferência com São Pedro, São Tiago Menor e São João Evangelista, para ter plena certeza a respeito do que estava ensinando: "Catorze anos mais tarde, outra vez subi a Jerusalém com Barnabé, comigo também levando Tito. E subi em consequência de uma revelação. Expus-lhes o Evangelho que prego entre os pagãos, e isso particularmente aos que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido em vão." Gl 2,1-2

    Sua própria conversão, aliás, que se deu por uma aparição de Jesus, não lhe autorizava a sair ensinando. Nosso Salvador simplesmente tratou de submetê-lo à igreja de Damasco: "Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer." At 9,6b

    Em mais uma defesa dessa coesão, o Apóstolo dos Gentios diz que cada um recebeu uma função para que nos integremos à Igreja, e assim cheguemos à unidade da fé e à maturidade espiritual, que é a santidade: "A uns Ele (Cristo) constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus enganadores artifícios." Ef 4,11-14

sábado, 4 de maio de 2024

A Santidade

    O povo de Deus tem d'Ele essa determinação desde os primeiros tempos da Revelação: "Vós santificar-vos-eis e sereis Santos, porque Eu sou Santo." Lv 11,44b

    Ele já havia dito a Abraão, quando mudou seu nome e propôs-lhe a Aliança: "O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: 'Eu sou o Deus Todo-poderoso. Anda em Minha presença e sê perfeito.'" Gn 17,17b

    E é Deus mesmo Quem realiza esse desígnio, especificamente após a instituição da Igreja por Jesus: "E as nações saberão que sou Eu, o Senhor, Quem santifica Israel, quando Meu Santuário se achar para sempre constituído em meio a Meu povo." Ex 37,28

    Pois essa é a essência de Seus planos, como os seguidores da tradição de São Paulo explicam: "E o Deus da Paz... queira dispor-vos ao bem e conceder-vos que cumprais Sua vontade, em vós realizando Ele próprio o que é agradável a Seus olhos, por Jesus Cristo..." Hb 13,20a.21a

    Ele educa-nos, portanto, "... para conosco partilhar Sua santidade." Hb 12,10

    Essa condição foi prevista pelo sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, pois só assim podemos apresentar-nos diante de Deus: "... de conceder-nos que, sem temor, libertados de mãos inimigas, possamos servi-Lo em santidade e justiça, em Sua presença, todos dias de nossa vida." Lc 1,74-75

    Por sua vez, São Paulo diz que isso não é possível sem os permanentes auxílios do "... Espírito de Santidade... " Rm 1,4

    E São Pedro diz que somos: "... santificados pelo Espírito para obedecer a Jesus Cristo..." 1 Pd 1,2

    Contudo, primeiro devemos obediência aos Divinos Mandamentos, para só então suplicarmos essa indizível dádiva do Pai. O Príncipe dos Apóstolos falou dessa específica condição para recebê-Lo: "... o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que Lhe obedecem." At 5,32b

    Ora, a Comunhão com Deus é a verdadeira marca do cristão. São João Evangelista anotou: "Quem observa Seus Mandamentos permanece em Deus e Deus nele. É nisto que reconhecemos que Ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu." 1 Jo 3,24

    Jesus credita tal poder à Palavra de Deus, rezando ao Pai pelos Apóstolos: "Santifica-os pela Verdade. Tua Palavra é a Verdade." Jo 17,17

    Eis que o Apóstolo dos Gentios prega: "... como pusestes, pois, vossos membros a serviço da impureza e do mal para cometer a iniquidade, ponde agora vossos membros a serviço da justiça para chegar à santidade." Rm 6,19b

    Ele atesta: "... desde o princípio, Deus escolheu-vos para dar a Salvação pela santificação do Espírito e pela  na Verdade. E pelo anúncio de nosso Evangelho, chamou-vos para tomardes parte na Glória de Nosso Senhor Jesus Cristo." 2 Ts 2,13-14

    E diz: "Esta é a vontade de Deus: vossa santificação! Que eviteis a impureza. Que cada um de vós santa e honestamente saiba possuir seu corpo, sem se deixar levar por desregradas paixões como os pagãos que não conhecem a Deus..." 1 Ts 4,3-5

sexta-feira, 3 de maio de 2024

São Tiago Menor, Apóstolo

 

    São Tiago Menor era parente próximo de Jesus, pois era filho de Maria, a esposa de Cleófas e parenta da Nossa Senhora. Essa informação vem do exame de duas narrativas. A primeira está no Evangelho de São João, durante a cena da Crucificação: "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua Mãe, a irmã de Sua Mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena." Jo 19,25

    A segunda trata da mesma cena, mas narrada por São Marcos. Esta Maria, 'irmã de Sua Mãe', na verdade apenas uma parente, claramente é identificada como a mãe Tiago e de José, dois dos chamados 'irmãos' de Jesus. Também é nessa passagem que temos o apelido que distinguiu o Apóstolo São Tiago, filho de Maria de Cleófas, do outro São Tiago, irmão de São João Evangelista, mais tarde chamado de 'Maior': "Ali também se achavam umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José..." Mc 15,40

    A passagem que indica São Tiago como suposto irmão de Jesus está no Evangelho de São Marcos. Tal registro deu-se porque o idioma aramaico não tem a palavra 'primo', aliás como o próprio inglês e o alemão que só recentemente a adotaram do francês. Assim diz: "Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?" Mc 6,3

    E São Lucas esclarece que São Judas Tadeu, outro Apóstolo, é irmão de São Tiago Menor, e assim elucida quem seria Judas, o terceiro dos 'irmãos' de Jesus apontado na narrativa de São Marcos: "Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelota; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor." Lc 6,14-16

    E como bem convém às coisas de Deus, sempre versando pela Verdade, São Judas Tadeu, para o mais perfeito desembaraço, providencialmente vai identificar-se como irmão de São Tiago Menor logo no início de sua carta, e não como irmão de Jesus, mas Seu servo: "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago..." Jd 1,1

    Por fim, o próprio São Lucas distingue São Tiago Menor e São Judas Tadeu dos 'irmãos' de Jesus, ao dar a lista dos Onze Apóstolos e demais seguidores que foram a Jerusalém para receber a 'força do alto', derramada no Pentecostes: "Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelota, e Judas, irmão de Tiago. Todos eles unanimemente perseveravam na oração junto às mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos d'Ele." At 1,13-14

    São Tiago Menor vai assumir uma função extremamente importante para a hierarquia e estruturação da Igreja, pois quando São Pedro fugiu da prisão com a ajuda de seu Anjo da Guarda, e a partir de então vai levar uma vida de missionário até fixar-se em Roma, é a São Tiago Menor que ele manda avisar. Com esse gesto, o Príncipe dos Apóstolos definitivamente entregava-lhe a liderança, ou melhor, o bispado da comunidade de Jerusalém: "Ele, acenando-lhes com a mão que se calassem, contou como o Senhor o havia livrado da prisão, e disse: 'Comunicai-o a Tiago e aos irmãos'. Em seguida, dali saiu e retirou-se para outro lugar." At 12,17

    Era em sua casa, pois, que o 'novo conselho' se reunia, como vemos numa cena anos mais tarde: "No dia seguinte, Paulo dirigiu-se conosco à casa de Tiago, onde todos Anciãos se reuniram." At 21,18

São Filipe Apóstolo

 

    Jesus já havia sido apresentado como o Salvador, e nomeado Simão de Pedro, quando veio a deparar-Se com São Filipe no caminho de volta à Sua terra, por adoção, e também deles. Essa cena flagrou nosso Apóstolo como um eremita, lentamente vagando pelas margens do Jordão, e também seguidor de São João Batista, pois ia ao seu encontro, um pouco adiante de São Bartolomeu: "No dia seguinte, tinha Jesus a intenção de dirigir-Se à Galileia. Encontra Filipe e diz-lhe: 'Segue-Me'. Filipe era natural de Betsaida, cidade de André e Pedro." Jo 1,43-44

    Ao tomar o caminho de volta, São Filipe vai dar testemunho do Messias chamando mais um futuro Apóstolo, São Bartolomeu, em hebraico chamado de Natanael, seu companheiro de retiros em ermitério, ali em pleno exercício, e também seguidor do Batista: "Filipe encontra Natanael e diz-lhe: 'Achamos Aquele de Quem Moisés escreveu na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José'. Respondeu-lhe Natanael: 'Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré?' Filipe retrucou: 'Vem e vê.'" Jo 1,45-46

    São Filipe, que assim agiu por inspiração do Espírito Santo, estava antecipando-se a Jesus, que, por Sua Onisciência, vai dizer a São Bartolomeu: "Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira." Jo 1,48

    Grande estudioso das Escrituras, é a São Filipe, sempre de espírito racional e pragmático, que Jesus vai provocar antes de realizar a multiplicação dos pães e dos peixes: "Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com Ele e disse a Filipe: 'Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer?' Assim falava para experimentá-lo, pois bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-Lhe: 'Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço.'" Jo 6,5-7

    E é por intermédio de São Filipe que Jesus percebe que o Evangelho já havia chegado a terras muito distantes, às antigas colônias da Grécia, um sinal de que Sua Paixão já se aproximava: "Havia alguns gregos entre os que subiram para adorar durante a festa. Estes aproximaram-se de Filipe (aquele de Betsaida da Galileia) e rogaram-lhe: 'Senhor, quiséramos ver Jesus.' Filipe foi e falou com André. Então André e Filipe disseram-no ao Senhor. Respondeu-lhes Jesus: 'É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado.'" Jo 12,20-23

    É este Apóstolo que ansiava por ver Deus Pai, e assim vai levar Jesus a revelar-Se como Sua imagem, dizendo que é impossível separar Um do Outro, pois vivem em absoluta Comunhão. De fato, enquanto Jesus falava sobre o Pai, vai ser interrompido: "Disse-Lhe Filipe: 'Senhor, mostra-nos o Pai! E isso nos basta.' Respondeu Jesus: 'Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe? Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?'" Jo 14,8-9

    É frequente, porém, que ele seja confundido com São Filipe da Cesareia, um dos sete primeiros diáconos, que é citado no livro dos Atos dos Apóstolos quando São Pedro decide uma questão de serviço vocacional: "... escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de Sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício (distribuir o pão entre as viúvas gregas). Escolheram Estêvão, homem cheio de e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia." At 6,3.5

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Maria na Bíblia

 

    Deus disse que a 'mulher', que não foi Eva, esmagaria a cabeça da Serpente"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela. Ela esmagá-te-á a cabeça, e tu feri-lhe-ás o calcanhar." Gn 3,15

    Desde então, só no último livro da Bíblia se falará novamente na 'cabeça da Serpente', e precisamente num embate com Maria: "Mas à Mulher foram dadas duas asas de grande águia, a fim de voar para o deserto... fora do alcance da cabeça da serpente." Ap 12,14

    Pelo Profeta Jeremias, Deus promete a restauração de Israel, o que só se deu após a redentora manifestação de Jesus. Então é Nossa Virgem Mãe que é consolada, ainda que apenas momentaneamente, pois tantas outras almas continuam perdendo-se. Contudo, em Cristo a vitória final é certa: "Eis o que diz o Senhor: 'Cessa de gemer, enxuga tuas lágrimas! Tuas penas terão a recompensa', Oráculo do Senhor. 'Voltarão teus filhos da terra inimiga. Desponta em teu futuro a esperança', Oráculo do Senhor. 'Teus filhos voltarão à sua terra.'" Jr 31,16-17

    E se Deus prometeu 'andar' entre nós (Lv 26,11), foi o Profeta Zacarias que, dirigindo-se a Maria, anunciou a iminência da realização dessa promessa: "Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. 'Eis que venho residir em meio a ti', Oráculo do Senhor. Naquele dia achegar-se-ão muitas nações ao Senhor: 'E tornar-se-ão Meu povo: habitarei em meio a ti, e saberás que a ti fui enviado pelo Senhor dos Exércitos.'" Zc 2,14-15

    O salmista anteviu Maria como Rainha, e profetiza que, por sua perfeita piedade, seus filhos, os Santos e os Sacerdotes, reinariam sobre a terra, e antecipa que seu santíssimo nome eternamente seria celebrado: "Vosso trono, ó Deus, é eterno. De equidade é Vosso cetro real. ... posta-se à Vossa direita a Rainha, ornada de ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza encantar-Se-á o Rei. Ele é Teu Senhor, rende-Lhe homenagens. Tomarão teus filhos o lugar de teus pais, tu estabelecê-lo-ás príncipes sobre toda a terra. Celebrarei teu nome através das gerações. E os povos eternamente louvá-te-ão." Sl 44,7.10b-12.17-18

    No Cântico dos Cânticos, Maria aparece como a Amada de Deus, a Rainha entre as rainhas, a Radiante, mas também poderosa e em prontidão para a luta contra o Mal: "Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e inumeráveis jovens mulheres. Uma, porém, é Minha pomba, uma só Minha perfeita. Ela é a única de sua mãe, a predileta daquela que a deu à luz. Ao vê-la, as donzelas proclamam-na bem-aventurada. Rainhas e concubinas louvam-na. Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, temível como um Exército em ordem de batalha?" Ct 6,8-10

    Como aspirava a Salvação, Nossa Mãe Celeste logo se prontificou perante a Anunciação do Arcanjo Gabriel. Se Eva duvidou de Deus e disse sim à Serpente, Maria prontamente acreditou e disse sim a um anjo do Senhor: "Então disse Maria: 'Eu sou a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra.'" Lc 1,38

    Ora, Santa Isabel deu-lhe o título que melhor traduz a indizível Graça de Maria: Mãe de Deus: "De onde me vem esta honra de vir a mim a Mãe de Meu Senhor?" Lc 1,43

    A Igreja, enfim, é formada pelos demais filhos de Maria, os inimigos do Demônio como vemos no Apocalipse"Este (o Dragão), então, irritou-se contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os Mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus." Ap 12,17

terça-feira, 30 de abril de 2024

Jesus Submisso

 

    São Paulo anotou a estrita condição de judeu de Jesus: "... Deus enviou Seu Filho, que nasceu de uma mulher e submetido a uma lei..." Gl 4,4

    Também era submisso a São José e Nossa Senhora, como vemos na Páscoa em que tinha 12 anos: "Em seguida, desceu com eles a Nazaré e era-lhes submisso." Lc 2,51

    Tanto que São João Batista estranhou Seu gesto, mas logo o acatou porque Jesus alegou que assim se estava cumprindo a Lei: "João recusava-se: 'Eu devo ser batizado por Ti e Tu vens a mim?' Mas Jesus respondeu-lhe: 'Deixa por agora, pois convém que cumpramos a completa justiça.' Então João cedeu." Mt 3,14-15

    Era reverente, pois, à Palavra de Deus que anunciava: "Em Verdade, não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Ele mesmo prescreveu-Me o que devo dizer e o que devo ensinar. E sei que Seu Mandamento é Vida Eterna. Portanto, o que digo, digo-o segundo Me falou o Pai." Jo 12,49-50

    Disse mais: "Se glorifico a Mim mesmo, Minha glória não é nada. Meu Pai é Quem Me glorifica, Aquele que dizeis ser Vosso Deus e, no entanto, não O conheceis." Jo 8,54b-55a

    Era por piamente corresponder aos preceitos do Pai, portanto, que Jesus Se apresentava como exemplo a ser seguido: "De Mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço, e Meu julgamento é justo porque não busco Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 5,30

    Ele ensinou-nos a agir do mesmo modo: "E se o servo tiver feito tudo que lhe ordenara, porventura fica o Senhor devendo-lhe alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, dizei: 'Somos inúteis servos. Apenas fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 17,9-10

    Pregou no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!" Mt 5,5.9

    Deu um prático exemplo de caridade: "Logo, se Eu, Vosso Senhor e Mestre, lavei vossos pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros." Jo 13,14

    E, por Sua Paixão, plenamente cumpriu os desígnios de Deus. Ele rezou no Monte das Oliveiras: "Pai, se é de Teu agrado, afasta de Mim este cálice! Não se faça, todavia, Minha vontade, mas sim a Tua." Lc 22,42

    Ora, Ele morreu por dizer a Verdade, como os religiosos de Jerusalém O acusavam: "Responderam-lhe os judeus: 'Nós temos uma lei, e segundo essa lei Ele deve morrer porque Se declarou Filho de Deus.'" Jo 19,7

    Eis que o Apóstolo dos Gentios recita o Hino Cristológico: "Sendo Ele de condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens. E exteriormente sendo reconhecido como homem, humilhou-Se ainda mais, tornando-Se obediente até a morte, e morte de Cruz." Fl 2,6-8

    Os seguidores de sua tradição também atestaram: "Nos dias de Sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que podia salvá-Lo da morte, e foi atendido por Sua submissão. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." Hb 5,7-8

sábado, 27 de abril de 2024

O Espírito de Cristo

    Justificando o anúncio do Evangelho, São Paulo diz: "Pois sei que isto me resultará em Salvação, graças às vossas orações e ao socorro do Espírito de Jesus Cristo." Fl 1,19

    Ele garantia: "A prova de que sois filhos é que aos vossos corações Deus enviou o Espírito de Seu Filho, que clama: 'Aba!', Pai! Portanto já não és escravo, mas filho. E se és filho, então também és herdeiro de Deus." Gl 4,7

    Por isso, sentenciou: "Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele." Rm 8,9b

    Ele afirma: "Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida a vossos corpos mortais, através de Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,11

    E exortava: "Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer, mas se pelo espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." Rm 8,12-14

    Ele disse da nova condição dos cristãos: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso Ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações." 2 Cor 3,3

    Fez esta comparação entre a Nova e a Velha Aliança, exaltando o Santo Paráclito: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte." Rm 8,2

    E revelou: "É como está escrito: 'O que os olhos não viram, os ouvidos ouviram (Is 64,3), e o coração do homem não imaginou (Jr 3,16), isso Deus preparou para aqueles que O amam (Eclo 1,10).' Todavia, Deus revelou-nos por Seu Espírito, porque o Espírito tudo penetra, mesmo as profundezas de Deus. Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Assim também as coisas de Deus, ninguém as conhece senão o Espírito de Deus." 1 Cor 2,9-11

    Esclareceu: "Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem pode compreendê-las, porque é pelo Espírito que devem ponderá-las. O homem espiritual, ao contrário, julga todas coisas e não é julgado por ninguém. 'Quem instruiu o Espírito do Senhor ou que conselheiro Lhe deu lições (Is 40,13)?' Nós, porém, temos o pensamento de Cristo." 1 Cor 2,14-16

    Era Ele, pois, Quem decidia as missões deste Apóstolo e dSão Timóteo: "Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu." At 16,7

    São João Evangelista estabelece esta distinção: "Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo Se encarnou, é de Deus. Todo espírito que não proclama Jesus, não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e agora já está no mundo." 1 Jo 4,2-3

    E completou: "É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro. Se mutuamente nos amarmos, Deus permanece em nós e Seu amor em nós é perfeito. Nisto é que conhecemos que estamos n'Ele e Ele em nós, por Ele ter-nos dado Seu Espírito." 1 Jo 4,6a.12b-13

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pensar, Falar e Fazer

    Nossos pensamentos, palavras e ações devem estar em coerência entre si, assim como há Comunhão entre os desígnios do Pai, o Verbo de Jesus e a moção do Espírito Santo. Sobre o pensar, assim canta o primeiro salmo: "Feliz o homem que não vai ao conselho dos injustos... seu prazer está na Lei do Senhor, e nela medita de dia e de noite." Sl 1,2a.2b

    São Paulo ensina: "Além disso, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, tudo que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos." Fl 4,8

    Disse da corrupção e do relativismo: "Para os puros todas coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro: até sua mente e consciência são corrompidas." Tt 1,15

    O livro da Sabedoria, pois, prevê o afastamento do Divino Paráclito: "A Sabedoria não entrará na perversa alma, nem habitará no corpo sujeito ao pecado. O Espírito Santo Educador das almas fugirá da perfídia, afastar-Se-á de insensatos pensamentos, e a iniquidade que está por vir repeli-Lo-á." Sb 1,4-5

    Sobre o falar, o Apóstolo dos Gentios diz a São Timóteo"Empenha-te em apresentar-te diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da Palavra da Verdade. Procura esquivar-te das frívolas conversas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena." 2 Tm 2,15-17a

    E, lembrando o Corpo Místico de Cristo, recomendou a todos: "Por isso, renunciai à mentira. Cada um fale a Verdade a seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Nenhuma má palavra saia de vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem." Ef 4,25.29

    Já Nosso Salvador ensinou-nos a obrigação de dar testemunho do bem, de bem falar do que é correto e das boas obras das pessoas. A palavra 'bênção' vem de 'bendição', de 'bendizer', e deve ser usada a despeito da situação: "... bendizei aqueles que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam." Lc 6,28

    E denunciou a fonte das más palavras, ao acusar os fariseus: "Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer boas coisas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração." Mt 12,34

    Quanto ao fazer, Ele recomendou discrição até mesmo na caridade: "Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles." Mt 6,1

    Além de estimular à humildade, que é uma virtude: "Assim também vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, dizei: 'Somos inúteis servos. Apenas fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 17,10

    Conhecedor de nossas dificuldades de entendimento, Ele deixou-nos a chamada Lei de ouro: "O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles." Lc 6,31

    E São Paulo exortou: "Fazei todas coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, íntegros filhos de Deus no meio de uma depravada e maliciosa sociedade, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a Palavra da Vida." Fl 2,14-16a

quinta-feira, 25 de abril de 2024

São Marcos Evangelista

 

    A primeira menção bíblica a São Marcos é quando São Pedro, libertado por seu Anjo da Guarda da prisão imposta por Herodes, vai deixar um recado numa casa em Jerusalém, onde a Igreja rezava por ele: "Refletiu um momento e dirigiu-se para a casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitos se tinham reunido e faziam oração." At 12,12

    E é certo que São Barnabé e São Paulo já o levavam consigo desde suas primeiras missões: "Tendo Barnabé e Saulo concluído sua missão, voltaram de Jerusalém (para Antioquia), consigo levando João, que tem por sobrenome Marcos." At 12,25

    Ele estava com eles quando partiram de Antioquia para o Chipre, sob as diretrizes do Divino Paráclito: "Enquanto celebravam o Culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: 'Separai-Me Barnabé e Saulo para obra a que os tenho destinado.' Chegados a Salamina, pregavam a Palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Com eles tinham João, para auxiliá-los." At 13,2.5

    E foi na região da Panfília que São Marcos, por injustificável motivo segundo São Paulo, abandonou-os: "Paulo e seus companheiros navegaram de Pafos e chegaram a Perge, na Panfília, de onde João, apartando-se deles, voltou a Jerusalém." At 13,13

    Logo após o Concílio de Jerusalém, e a apresentação de sua resolução na cidade de Antioquia, que diz não ser necessário circuncidar os cristãos, São Paulo queixou-se a São Barnabé desta atitude de São Marcos e não mais o queria consigo em missão. Tal fato causou uma momentânea ruptura entre os 'Apóstolos', mas, como desígnio de Deus, em muito acabou aumentando a área em que eles serviam, e São Paulo passou a acompanhar-se de São Silas, ou São Silvano: "Ao termo de alguns dias, disse Paulo a Barnabé: 'Tornemos a visitar os irmãos por todas cidades onde temos pregado a Palavra do Senhor, para ver como estão passando.' Barnabé queria levar consigo João, que tinha por sobrenome Marcos. Paulo, porém, achava que não devia ser admitido quem se tinha separado deles na Panfília, e não os havia acompanhado no Ministério. Houve tal discussão que se separaram um do outro, e Barnabé, consigo levando Marcos, navegou para Chipre. Paulo, porém, tendo escolhido Silas, e depois de ter sido recomendado pelos irmãos à Graça do Senhor, partiu. Ele percorreu a Síria, a Cilícia, confirmando as comunidades." At 15,36-40

    Ficou claro, entretanto, que a desavença entre São Paulo e São Marcos foi resolvida, pois na Carta aos Colossenses o Último Apóstolo o recomenda, deixando um registro de que nosso Santo lhe servia enquanto esteve preso pela primeira vez. Certamente, cabia-lhe a função de divulgar suas prédicas e manter seu contato com os cristãos de Roma, que viviam a na clandestinidade mas ajudavam a suprir suas necessidades. Aí também temos o registro do parentesco dele com São Barnabé: "Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a respeito do qual já recebestes instruções. Se este for ter convosco, acolhei-o bem." Cl 4,10

    Na Segunda Carta a São Timóteo, São Paulo, talvez já bem próximo à sua morte, dá um bom testemunho de São Marcos e pede que o traga para os serviços da Igreja, seguramente da Palavra: "Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é bem útil para o Ministério." 2 Tm 4,11

    Contudo, o mais importante registro sobre São Marcos, por ajudar a identificá-lo como o escritor do 'Evangelho Segundo São Pedro', está na Primeira Carta do Príncipe dos Apóstolos. Ele fala de Roma, seu bispado, e a São Marcos refere-se com especial carinho: "A igreja escolhida de Babilônia saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho." 1 Pd 5,13