terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Obrigação de Conhecer e de Quem conhece

    Como argumento que confirma o Purgatório, Jesus deixou claro que são bem mais sérias as obrigações de quem teve oportunidade, leia-se dádiva, de conhecer as coisas de Deus. É do Evangelho segundo São Lucas: "O servo que, apesar de conhecer a vontade de Seu Senhor, nada preparou e Lhe desobedeceu, será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de Seu Senhor, fizer coisas repreensíveis, será açoitado com poucos golpes. Porque a quem muito se deu, muito exigir-se-á. Quanto mais se confiar a alguém, mais exigir-se-á dele." Lc 12,47-48

    Pois buscar a 'maturidade de Cristo (cf. Ef 4,13)' é nossa restauração enquanto imagem e semelhança de Deus, de que trata a Carta de São Paulo aos Colossenses: "Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, torpes palavras de vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros. Vós despiste-vos do velho homem com seus vícios e revestiste-vos do novo, que constantemente vai restaurando-se à imagem d'Aquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento." Cl 3,8-10

    Ora, desde o início São João Batista já avisava das sutilezas das manifestações de Deus, das quais Jesus é o perfeito exemplo. Está no Evangelho segundo São João: "Eu batizo com água, mas em meio a vós está Quem vós não conheceis." Jo 1,26

    Portanto, o diferencial da Santa Igreja, a nova comunidade fundada por Nosso Salvador, é a Luz do Espírito Santo, que não pode ser conhecido por aqueles que vivem para o mundo, como Ele mesmo garantiu a Seus fiéis seguidores, em últimos momentos entre eles: "É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,17

    A Primeira Carta de São João assegura aos irmãos essa divina assistência, dada pelo Sacramento da Crisma: "Vós, porém, tendes a Unção do Santo, e sabeis todas coisas." 1 Jo 2,20

    E errado está quem pensa que por algum instante a Igreja esteve desassistida de Sua Luz. Jesus afirmou: "E Eu rogarei ao Pai e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    E na Carta de São Paulo aos Filipenses, o Apóstolo dos Gentios afirmou: "Na verdade, julgo como perda todas coisas em comparação a esse supremo bem: o conhecimento de Jesus Cristo, Meu Senhor. Por Ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com Ele." Fl 3,8-9a

    Com razão, Deusmais que bastantes sinais para que saiamos da ignorância. No saber da Carta de São Paulo aos Romanos, dizendo de ímpios e perversos, nada pode justificar tanta teimosia e insensibilidade: "Desde a Criação do mundo, as invisíveis perfeições de Deus, Seu sempiterno poder e divindade, tornam-se visíveis à inteligência por Suas obras, de modo que não podem escusar-se." 1 Rm 1,20

    Todo católico, pois, deve viver pela Unidade da Igreja, que só é factível quando se busca a santidade, a maturidade de Cristo. A Carta de São Paulo aos Efésios ensina: "A uns Ele (Jesus) constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à Unidade da e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,11-13

    E segundo as palavras do próprio Jesus aos líderes judeus que acreditaram n'Ele, só o prático conhecimento da Divina Revelação pode realmente libertar-nos das trevas e do vazio da mera existência: "Se permanecerdes em Minha Palavra, sereis Meus verdadeiros discípulos. Conhecereis a Verdade, e a Verdade libertá-vos-á." Jo 8,31-32

    Ele vai rezar ao Pai enquanto Se despedia dos Apóstolos, na Oração da Unidade: "Ora, a Vida Eterna consiste em que conheçam a Ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste." Jo 17,3