sábado, 13 de janeiro de 2024

As Santas Relíquias

 

    Uma mulher, que padecia fluxo de sangue havia doze anos, bastou-se em tocar as vestes de Jesus, pois sabia que elas valiam como relíquias: "Dizia ela consigo: 'Se tocar, ainda que seja na orla de Seu manto, estarei curada.'" Mc 5,28

    O mesmo deu-se na região de Genesaré, onde se alcançaram grandes Graças: "As pessoas do lugar reconheceram-nO e mandaram anunciar por todos arredores. Apresentaram-Lhe, então, todos doentes, rogando-Lhe que ao menos deixasse tocar na orla de Sua veste. E todos aqueles que n'Ele tocaram, foram curados." Mt 14,35-36

    E depois que Se tornou conhecido, assim era em todos lugares por onde Nosso Salvador passava: "Onde quer que Ele entrasse, fosse em aldeias, povoados ou cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-Lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de Suas vestes. E todos que tocavam em Jesus ficavam sãos." Mc 6,56

    Relíquias das relíquias, então, é a Santa Síndone, mais conhecida como o Santo Sudário, tecido de linho com o qual o Corpo de Cristo foi envolvido para o sepultamento. Ele foi comprado exatamente para este fim por São José de Arimateia, que ocultamente seguia Jesus: "Quando já era tarde, era a Preparação, isto é‚ a véspera do sábado, veio José de Arimateia, ilustre membro do Conselho, que também esperava o Reino de Deus. Ele foi resoluto à presença de Pilatos e pediu o Corpo de Jesus. Depois de ter comprado um pano de linho, José tirou-O da Cruz, envolveu-O no pano e depositou-O num sepulcro escavado na rocha, rolando uma pedra para fechar a entrada." Mc 15,42-43.46

    São João Evangelista anotou como ela foi encontrada, na manhã do Domingo da Ressurreição do Senhor: "Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e ali viu os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Também viu o Sudário, que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então também entrou o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu." Jo 20,3-8

    E tempos depois, São Paulo igualmente tornou-se objeto de veneração popular. Suas relíquias eram levadas a enfermos e possessos, operando grandes Graças: "Deus fazia extraordinários milagres por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado seu corpo eram levados aos enfermos. E afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os malignos espíritos." At 19,11-12

    A tradição das relíquias, porém, remonta um tempo bem anterior à Vinda de Jesus. O manto, que Elias deixou cair ao ser arrebatado aos Céus, operou milagre nas mãos de Eliseu, seu discípulo, e milagre da categoria da abertura do Mar Vermelho: "Tomou o manto que Elias deixara cair, feriu com ele as águas, dizendo: 'Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Onde está Ele?' Tendo ferido as águas, estas separaram-se para um e outro lado, e Eliseu passou." 2 Rs 2,14

    Já os restos mortais de Eliseu, enquanto relíquias, operaram um inaudito prodígio: a própria Ressurreição: "Eliseu morreu e foi sepultado. Guerrilheiros moabitas anualmente faziam incursões na terra. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé." 2 Rs 13,20-21