sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Representantes de Cristo

    Tamanha transformação espiritual, ou seja, verdadeiramente abraçar o amor de salvação não é possível sem os auxílios do Espírito Santo, que nos revigora pelo fogo da . No Evangelho segundo São Lucas, os Apóstolos, ante a obrigação de infinitamente perdoar, pediam ajuda a Jesus: "Aumentai-nos a fé!" Lc 17,5

    E Nosso Salvador não apenas falava: Ele fazia. Mesmo sendo surrado, humilhado e crucificado, não Se entregava à ira a Seus algozes. E em Seus últimos suspiros na Santa Cruz, ainda rezou: "Pai, perdoa-lhes. Porque não sabem o que fazem." Lc 23,34

    Ele ensinava o perdão como o único modo de abrir caminho ao amor. Ele disse no episódio da pecadora que lavou Seus pés com lágrimas e os enxugou com os cabelos, na casa do fariseu Simão: "... seus numerosos pecados foram-lhe perdoados porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama." Lc 7,47

    Pois a Misericórdia de Deus é infinita, e assim, para sermos autênticos filhos de Deus, temos que seriamente abraçar Seus ensinamentos: "Se teu irmão pecar, repreende-o. Se se arrepender, perdoa-lhe. Se sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: 'Estou arrependido', perdoá-lhe-ás." Lc 17,3-4

    Sua Doutrina, portanto, é essencialmente de mansidão e humildade. E Ele não prometeu comodidades materiais, mas tão somente conforto às nossas almas, como o Evangelho segundo São Mateus registrou: "Tomai Meu jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para vossas almas." Mt 11,29

    De fato, noutra situação, instado por São Tiago Maior e São João para punir os samaritanos de um povoado com fogo do Céu, porque não os acolheram, "Jesus voltou-Se e severamente repreendeu-os: 'Não sabeis de que Espírito sois animados. O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las.'" Lc 9,55-56

    E tal como agia, também ensinava, desde as primeiras exortações públicas: "Não julgueis, e não sereis julgados. Não condeneis, e não sereis condenados. Perdoai, e sereis perdoados. Dai, e dá-se-vos-á." Lc 6,37-38

    700 anos antes, o Livro do Profeta Isaías havia prescrito esse emblemático comportamento do Cristo: "Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, não extinguirá a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda franqueza a verdadeira religião. Não desanimará nem desfalecerá até que tenha estabelecido a verdadeira religião sobre a Terra, e até que as ilhas desejem Seus ensinamentos." Is 42,2-4

    Por isso, Nosso Senhor convida a tornarmo-nos Seus legítimos discípulos. Notemos, porém: ninguém se torna discípulo da noite para o dia. Os próprios Apóstolos, apesar de estarem com Ele mais de três anos, vendo e ouvindo tudo viram e ouviram, ainda se viam por converter-se. Foi o que Jesus disse a São Pedro pouco antes do início de Sua Paixão: "Simão, Simão, eis que Satanás reclamou-vos para peneirar-vos como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que tua confiança não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma teus irmãos." Lc 22,31-32

    Ora, eles ainda careciam da unção do Espírito Santo, como Ele disse na hora de Sua Ascensão aos Céus: "Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto." Lc 24,49

    Enfim, no Evangelho segundo São João, em Sua última noite entre os Apóstolos, Jesus disse em exatas palavras essa condição de agir do cristão: "Se permanecerdes em Mim, e Minhas Palavras permanecerem em vós, pedireis tudo que quiserdes e sê-vos-á feito. Nisto é glorificado Meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis Meus discípulos." Jo 15,7-8

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Ser Cristão

    A imagem do Cristo crucificado realmente retrata muita violência. Mas não é por acaso: é o melhor símbolo do que significa ser cristão. A Santa Cruz, como prova de total e incondicional entrega mesmo diante da má vontade e da mundana incompreensão, é, e continuará sendo até a Definitiva Volta de Jesus, uma inevitável consequência do convite ao verdadeiro amor. Falando sobre o fim dos tempos, e claramente apontando a trajetória da humanidade através dos séculos, Nosso Salvador afirmou no Evangelho segundo São Mateus: "E ante o crescente progresso da iniquidade, o amor de muitos esfriará." Mt 24,12

    Contudo, contra todas adversidades, a caridade, seja material ou espiritual, continua sendo a missão número um de todo cristão. Para mais evidenciar o objetivo de Sua Missão, Jesus sintetizou os 10 Mandamentos em apenas 2, e ambos falam especifica e exclusivamente de amor. Foi em Jerusalém, após o Domingo de Ramos: "Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro Mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Nesses dois Mandamentos resumem-se toda a Lei e os Profetas." Mt 22,37-40

    E ainda mais sintetizou esses dois em apenas um único e novo Mandamento, que chamou de "Seu Mandamento", revelando-Se Deus, e também se resume em amar. Para tanto, deixou-nos um parâmetro: Seu incondicional amor. É do Evangelho segundo São João, em Sua última noite entre os Apóstolos: "Dou-vos um novo Mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos tenho amado, assim vós também deveis amar-vos uns aos outros. Este é Meu Mandamento..." Jo 13,34;15,12

    O amor, portanto, é a marca do cristão, como Nosso Senhor expressamente disse depois da Santa Ceia: "Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." Jo 13,35

    Mas, por suas materialistas e vaidosas ambições, é notório que o mundo não se prepara para conviver harmoniosamente. Por isso, a missão do cristão é longa e difícil, cada vez mais enfrentando maiores obstáculos. Antes de partir para o Jardim das Oliveiras, na noite em que seria preso, Jesus disse a Seus seguidores: "Se fôsseis do mundo, o mundo amá-vos-ia como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo escolhi-vos, o mundo odeia-vos." Jo 15,19

    E aqui está o mais profundo Mandamento de Cristo: o verdadeiro cristão deve amar seus inimigos! Esse é o maior exemplo, o da extrema paciência e misericórdia, que é incessantemente dado pelo próprio Pai. Ele já pregava no Sermão da Montanha: "Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei bem àqueles que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo, sereis os filhos de Vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos." Mt 5,44-45

    Assim, pois, recomendava que fôssemos constantes e perseverantes em Seu exemplo de amor, que nos salva: "Se guardardes Meus Mandamentos, sereis constantes em Meu amor, como Eu também guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto em Seu amor." Jo 15,10

    Enfim, a Primeira Carta de São João assim explana sobre o salvífico amor: "Eis como sabemos que O conhecemos: se guardamos Seus Mandamentos. Aquele que diz conhecê-Lo, e não guarda Seus Mandamentos, é mentiroso e nele não está Verdade. Aquele, porém, que guarda Sua Palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. Assim é que conhecemos se estamos n'Ele: aquele que n'Ele afirma permanecer, também deve viver como Ele viveu." 1 Jo 2,3-6

    Ele sintetiza, dizendo da missão de todo fiel: "Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu Sua vida por nós. Nós também devemos dar nossa vida pelos nossos irmãos." 1 Jo 3,16

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Denominações do Espírito Santo

 

    Assim como aconteceu com Jesus, isto é, para muito além de todas profecias, o Espírito Santo é mais uma grande 'surpresa' de Deus, mais um extasiante capítulo da Revelação. Nosso Salvador mencionou-O por vários Nomes e de diversos modos: - como Promessa de Deus, no Evangelho segundo São Lucas: "Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai..." Lc 24,49

    - como a Verdade, Exclusiva Graça dos fieis e Eterno Companheiro, no Evangelho segundo São João: "É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,17

    - como Defensor e Consolador: "Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai..." Jo 15,26

    - como Testemunha, confirmando tudo que Jesus ensinou: "... Ele dará testemunho de Mim." Idem

    - como Mestre e Conselheiro: "... ensiná-vos-á todas coisas e recordá-vos-á tudo que vos tenho dito." Jo 14,26

    - como o Grande Revelador: "Entretanto, digo-vos a Verdade: convém a vós que Eu vá! Porque se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, enviá-Lo-ei. E, quando Ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do Juízo." Jo 16,7-8

    - como Guia da Verdade: "... o Espírito da Verdade, guiá-vos-á em toda Verdade..." Jo 16,13

    - como permanente Esclarecedor da Verdade: "... e anunciá-vos-á as coisas que virão." Idem

    - ou por Seu mais significativo Nome, no Evangelho segundo São Mateus, que entre nós inaugura a Eternidade: "Mas se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus." Mt 12,28

    Dando voz a Deus, portanto, o Livro do Profeta Zacarias assim O nomeou: "Derramarei um Espírito de Graça e oração sobre a Casa de Davi e sobre os moradores de Jerusalém, e eles olharão para Mim." Zc 12,10

    O Livro da Sabedoria evoca-O por Sua incorruptibilidade e Sua presença em todo ser vivo: "Vosso Incorruptível Espírito está em todos." Sb 12,1

    E discorrendo sobre ela mesma, acaba por fazer a mais completa lista de atributos do Divino Paráclito: "Há nela, com efeito, um Espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que tudo pode, que de tudo cuida, que em todos espíritos penetra, os inteligentes, os puros, os mais sutis." Sb 7,22-23

    A Primeira Carta de São Pedro via n'Ele a própria Glória de Deus: "Se fordes ultrajados pelo Nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de Glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós." 1 Pd 4,14

    No Livro dos Atos dos Apóstolos, o Amado Médico chama-O por um novo, mas bem conhecido e singular Nome: "Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu." At 16,7

    A Carta de São Paulo aos Efésios diz que Ele é nosso selo: "Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o Qual estais selados para o Dia da Redenção." Ef 4,30

    Mas talvez Seu mais poderoso título tenha sido dado pelos seguidores da tradição de São Paulo, na Carta aos Hebreus: "... o Espírito Santo, Autor da Graça!" Hb 10,29

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Desceu à Mansão dos Mortos

    O Julgamento deste mundo, ainda que não o Final, já se deu com a Vinda de Jesus. Pouco antes de Sua crucificação, No Evangelho segundo São João, pouco antes de Sua crucificação, Nosso Senhor sentenciou: "Agora é o Juízo deste mundo! Agora será lançado fora o príncipe deste mundo." Jo 12,31

    Pois o Juízo é Sua poderosa Palavra, Seu veredicto, que já foi proferido. Nesta mesma situação, Ele explicou: "Se alguém ouve Minhas Palavras e não as guarda, Eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem Me despreza e não recebe Minhas Palavras, tem quem o julgue: a Palavra que anunciei julgá-lo-á no Último Dia." Jo 12,47-48

    E já havia confirmado Sua posse sobre o veredicto: "Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá Vida, o Filho também dá Vida a quem Ele quer. Porque o Pai não julga ninguém, mas entregou todo Julgamento ao Filho." Jo 5,21-22

    Não por acaso, Jesus desceu, após Sua morte na Cruz, à mansão dos mortos para que Sua Palavra também fosse conhecida por aqueles que viveram antes de Sua Vinda. A Primeira Carta de São Pedro registrou: "Pois, para isso, o Evangelho também foi pregado aos mortos, para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." 1 Pd 4,6

    Nosso Salvador mesmo havia assegurado perante os judeus em Jerusalém, que já queriam matá-Lo por dizer-Se Filho de Deus: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus. E os que a ouvirem, viverão." Jo 5,25

    Também afirmou a Santa Marta, pouco antes de ressuscitar seu irmão, São Lázaro: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11,25b

    Pois enquanto ser humano Ele também morreu, embora tenha ressuscitado antes da corrupção. Falando por Ele, o Livro dos Salmos cantou essa profecia dirigindo-se a Deus Pai: "Por isso, Meu coração alegra-se e Minha alma exulta. Até Meu Corpo descansará seguro porque Vós não abandonareis Minha alma na mansão dos mortos, nem permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção." Sl 16,9-10

    O Príncipe dos Apóstolos falou dessa condição espiritual, daqueles que não alcançaram a Primeira Ressurreição: "Pois Cristo também morreu uma vez pelos nossos pecados, o Justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Padeceu a morte em Sua Carne, mas foi vivificado quanto ao Espírito. É neste mesmo Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando com paciência Deus aguardava enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água." 1 Pd 3,18-20

    Com efeito, as almas daqueles que nem sobem de imediato aos Céus, pois não alcançaram a santidade, nem são condenados ao atual inferno, pois não pecaram em gravidade para tanto, isto é, a grande maioria das almas, passam por uma purificação antes de aproximarem-se de Deus. Tal 'lugar', ou melhor, 'estado de purificação' é chamado de Purgatório. O Livro do Apocalipse de São João apontou: "Os outros mortos não tornaram à Vida, até que se completassem os mil anos." Ap 20,5a

    Abaixo chamado de prisão, o atual inferno também foi previsto no Livro do Profeta Isaías, pois a Palavra de Jesus, como visto, já é o veredicto do Juízo: "Nesse Dia, Javé julgará no Céu o Exército do Céu, e na Terra, os reis da Terra. Todos serão reunidos e presos na cadeia, ficarão fechados na prisão, e só depois de muito tempo é que serão sentenciados." Is 24,21-22

    O definitivo inferno, portanto, é o que o Amado Discípulo chama de segunda morte: "Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos mentirosos terão como quinhão o ardente tanque de fogo e enxofre, a segunda morte." Ap 21,8

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Deus confunde

    Para além da dicotomia 'de frente para Deus, Luz; de costas para Ele, trevas', o fato é que há muitas nuances em nossa relação com Deus, tanto de Luz quanto de trevas, e vez e outra Ele confunde não somente pessoas, mas inteiras coletividades. E a despeito do que não nos foi revelado, essa é uma de Suas estratégias de correção, ou mesmo de castigo. Como exemplo dessas nuances, e de educadores castigos, temos a mensagem que Jesus mandou através do anjo da igreja de Laodiceia, no Livro do Apocalipse de São João: "Conheço tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te. Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima teu zelo, pois, e arrepende-te." Ap 3,15-16.19

    Ou mesmo um devastador castigo, precedido, note-se, de um entorpecedor ministério, como Deus determinou no Livro do Profeta Isaías sobre os israelitas, antes da destruição de Jerusalém e do exílio na Babilônia, e Nosso Senhor vai invocar, ainda que dando outro desfecho: "Obceca o coração desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe os olhos, de modo que não veja nada com seus olhos, não ouça com seus ouvidos, não compreenda nada com seu espírito. Até que as cidades fiquem devastadas e sem habitantes, as casas, sem gente, e a terra, deserta." Is 6,10a.11b

    Ora, a Santíssima Trindade já usava desse artifício desde o conhecido episódio da Torre de Babel, quando os homens queriam uma construção que chegasse aos Céus, anotado no Livro de Gênesis: "Vamos descer e confundir a língua deles, para que um não entenda a língua do outro." Gn 11,7

    E Deus prometeu ao povo de Israel, através de Moisés, quando estavam para entrar em Canaã, como o Livro de Êxodo conta: "Enviarei diante de ti Meu terror, confundindo todo povo aonde entrares, e farei com que todos teus inimigos te voltem as costas." Êx 23,27

    No Livro dos Salmos, especificamente os de Davi, que devem ser entendidos como o próprio Jesus rezando ao Pai, vemos um constante pedido para que Deus atordoe os sentidos Seus inimigos: "Fiquem confusos e cobertos de ignomínia aqueles que se alegram com Meus males, sejam envoltos em confusão e opróbrio aqueles que contra Mim se erguem com soberba." Sl 35,26

    Referindo-se ao próprio Cristo, a Carta de São Paulo aos Romanos fez menção ao Profeta Isaías: "E Israel tropeçou na Pedra de escândalo, como está escrito: 'Eis que ponho em Sião uma Pedra de escândalo, um Rochedo que faz cair. Quem n'Ele crer não será confundido' (Is 8,14;28,16)." Rm 9,32b-33

    Ademais, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios anotou: "Vede, irmãos, vosso grupo de eleitos: não há entre vós muitos sábios, humanamente falando, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios, e escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte." 1 Cor 1,26-27

    Sobre o domínio do Maligno nos últimos tempos, a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses afirma que do próprio Pai vem mais poder nesse sentido: "... Deus enviá-lhes-á um poder que os enganará e os induzirá a acreditar no erro." 2 Ts 2,11

    Aliás, Jesus mesmo alegrou-Se com a Divina Providência, quando atestou que o Pai não revela indiscriminadamente Seu poder, pois até Seus discípulos expulsavam demônios. Está no Evangelho segundo São Lucas: "Pai, Senhor do Céu e da Terra, Eu dou-Te graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos." Lc 10,21b

    Realmente havia difíceis assuntos, que dependiam de vivência sob a Divina Luz, como Nosso Senhor disse aos Apóstolos sobre o celibato, que seria adotado pela Santa Igreja. O Evangelho segundo São Mateus apontou: "Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado." Mt 19,11b

    E disse de Sua Missão: "Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos." Jo 9,39

domingo, 26 de janeiro de 2025

São Timóteo

    Ninguém foi tão próximo a São Paulo quanto São Timóteo. Conta-se boa parte de sua vida, e com precisão de detalhes, graças à sua intimidade ao Apóstolo dos Gentios e às citações que ele lhe fez. Também por grande amizade a São Paulo, São Lucas conhecia-o muito bem, como o Livro dos Atos dos Apóstolos descreve: "Chegou a Derbe e depois a Listra. Havia ali um discípulo, chamado Timóteo, filho de uma judia cristã, mas de pai grego, que gozava de ótima reputação junto aos irmãos de Listra e de Icônio. Paulo quis que ele fosse em sua companhia. Ao tomá-lo consigo, circuncidou-o, por causa dos judeus daqueles lugares, pois todos sabiam que seu pai era grego." At 16,1-3

    Por poucas vezes nosso Santo separou-se de São Paulo, aqui citado em companhia de São Silvano, também chamado São Silas, como na violenta perseguição que sofreram dos judeus em cidade de Grécia: "Mas os judeus de Tessalônica, sabendo que em Bereia também tinha sido pregada por Paulo a Palavra de Deus, para lá foram agitar e sublevar o povo. Então os irmãos fizeram que Paulo se retirasse e fosse até o mar, ao passo que Silas e Timóteo ali ficaram. Aqueles que conduziam Paulo, levaram-no até Atenas. De lá voltaram e transmitiram para Silas e Timóteo a ordem de que fossem ter com ele o mais cedo possível." At 17,13-15

    Junto a mais um discípulo, São Timóteo foi enviado à frente de São Paulo em sua primeira viagem a Roma, onde já havia uma grande comunidade cristã, talvez de várias paróquias, fundada por São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos: "Concluídas essas coisas, Paulo resolveu ir a Jerusalém, depois de atravessar Macedônia e Acaia. 'Depois de eu ter estado lá', disse ele, 'é necessário que também veja Roma.' Enviou a Macedônia dois de seus auxiliares, Timóteo e Erasto, mas ele mesmo demorou-se ainda por algum tempo em Ásia." At 19,21-22

    São Paulo vai citar o nome de São Timóteo em todas suas cartas, exceto na Carta aos Gálatas, na Carta aos Efésios e na Carta a São Tito. E destinatário de 2 de suas cartas, o que é expressivo sinal de sua importância na missão de São Paulo, e assim da Santa Igreja, nosso Santo vai estar com ele quando escreve ao menos 7 de suas outras 11 cartas, como veremos. Isso mostra a constância com que ele se manteve ao seu lado. Ora, ao final da Carta de São Paulo aos Romanos, citado como o primeiro, temos uma ideia de sua dedicação ao ministério: "Saúdam-vos Timóteo, meu cooperador, Lúcio, Jasão e Sosípatro, meus parentes." Rm 16,21

    Na querela em que os cristãos de Corinto se dividiam por 'preferências' entre Apóstolos e outros pregadores, São Timóteo foi o enviado de São Paulo, e através dele iria alegar tanto seus méritos de fundador da comunidade quanto sua irretocável postura perante a Igreja. Está na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "Não vos escrevo estas coisas para envergonhar-vos, mas admoesto-vos como meus amados filhos. Com efeito, ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos pais. Ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho. Por isso, conjuro-vos a que sejais meus imitadores. Para isso é que vos enviei Timóteo, meu amado e fiel filho no Senhor. Ele recordá-vos-á minhas normas de conduta, tais como as ensino por toda parte, em todas igrejas." 1 Cor 4,14-17

    Na Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo, escrita já bem próximo do martírio de nosso Apóstolo, vemos anotações da vida familiar desse fiel discípulo, a quem, além de ordenar, sempre chamava de filho, pois também converteu e batizou sua vó e sua mãe: "Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus para anunciar a promessa da Vida que está em Jesus Cristo, a Timóteo, caríssimo filho: Graça, Misericórdia, Paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, Nosso Senhor! Dou graças a Deus, a quem sirvo com pureza de consciência, tal como aprendi de meus pais, e sem cessar lembro-me de ti em minhas orações, de noite e de dia. Quando me vêm ao pensamento tuas lágrimas, sinto grande desejo de ver-te para encher-me de alegria. Conservo a lembrança daquela tua tão sincera fé, que foi primeiro a de tua avó Lóide e de tua mãe Eunice, e que, não tenho a menor dúvida, em ti também habita. Por esse motivo, eu exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de Sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, Seu prisioneiro, mas comigo sofre pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus." 2 Tm 1,1-8

São Tito

 

    Apesar de não ter seu nome mencionado nem nos Evangelhos nem nos Atos dos Apóstolos, São Tito é considerado um dos 72 discípulos de Jesus. O Evangelho segundo São Lucas assim narrou o envio deles: "Depois disso, o Senhor ainda designou setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de Si, por todas cidades e lugares aonde Ele tinha de ir. Disse-lhes: 'Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para Sua messe. Ide! Eis, porém, que vos envio como cordeiros entre lobos.'" Lc 10,1-3

    Alçado a uma posição ainda mais importante que um dos 72 discípulos, São Tito presenciou o Primeiro Concílio da Igreja, realizado em Jerusalém, e foi levado até lá por ninguém menos que dois célebres evangelizadores, São Paulo e São Barnabé. A Carta de São Paulo aos Gálatas registrou: "Catorze anos mais tarde, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, comigo também levando Tito. E subi em consequência de uma revelação. Expus-lhes o Evangelho que prego entre os pagãos, e isso particularmente aos que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido em vão." Gl 2,1-2

    Não era judeu, como o Apóstolo dos Gentios escreveu ao defender que a circuncisão não era obrigatória aos cristãos: "Entretanto, nem sequer meu companheiro Tito, embora gentio, foi obrigado a circuncidar-se." Gl 2,3

    Foi enviado a Jerusalém por ele, para entregar uma coleta feita em Corinto que nosso Santo mesmo organizou, uma ajuda aos cristãos que enfrentaram uma grande fome na região. Está na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "Desta maneira, recomendamos a Tito que entre vós leve a termo esta obra de caridade, como havia começado." 2 Cor 8,6

    De fato, ele era seu missionário preferido, e andava na companhia daquele que viria a ser o grande evangelista São Lucas: "Bendito seja Deus, por ter posto no coração de Tito a mesma solicitude por vós. Não só recebeu bem meu pedido, mas, no ardor de seu zelo, espontaneamente partiu para visitar-vos. Junto a ele enviamos o irmão, cujo renome na pregação do Evangelho se espalha em todas igrejas." 2 Cor 8,16-18

    Mais que missionário, por anos foi o próprio esteio deste grande Apóstolo: "Quando cheguei a Trôade para pregar o Evangelho de Cristo, apesar da porta que o Senhor me abriu, meu espírito não teve sossego porque aí não achei meu irmão Tito. Deles despedi-me e parti para a Macedônia." 2 Cor 2,12-13

    E prova da capacidade de São Tito como mediador foi o fato de São Paulo ter-lhe enviado para resolver graves questões de comportamento entre os fiéis de Corinto, uma importante comunidade cristã de então: "Se minha carta vos penalizou, não me arrependo. De fato, a tristeza segundo Deus produz um salutar arrependimento do qual ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte. Portanto, se vos escrevi, não o fiz por causa daquele que cometeu a ofensa, nem por causa do ofendido. Foi para que vossa dedicação por mim se manifestasse diante de Deus. Eis o que nos tem consolado. Mas, acima desta consolação, o que nos deixou sobremaneira contentes foi a alegria de Tito, cujo coração tranquilizastes." 2 Cor 7,8.10.12-13

    Por tantos méritos, São Paulo indicou São Tito como Bispo de Creta, hoje a maior e mais populosa ilha de Grécia, e deu-lhe instruções para a prosperidade da Santa Igreja: investir bispos e presbíteros, e supervisionar-lhes o comportamento e o respeito à Sã Doutrina. É da Carta de São Paulo a São Tito, Escritura que por si demonstra sua importância na História da Igreja, não por acaso Livro do Novo Testamento: "... a Tito, meu verdadeiro filho em nossa comum... Eu deixei-te em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres Anciãos em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei. Porquanto é mister que o Bispo seja irrepreensível... ... severamente repreende-os para que se mantenham sãos na fé, e não deem ouvidos a judaicas fábulas nem a preceitos de homens avessos à Verdade." Tt 1,4-5.7.13b-14

sábado, 25 de janeiro de 2025

A Conversão de São Paulo

    A história da conversão de São Paulo, datada por volta do ano 36 de nossa era, isto é, 6 anos após a Ressurreição de Cristo, começa depois do inspirado sermão de Santo Estevão no Sinédrio, quando este diácono veementemente condenou o sumo sacerdote e os principais dos judeus, perseguidores de Apóstolos e cristãos nos primeiríssimos anos da Igreja. Assim São Lucas narra no Livro dos Atos dos Apóstolos: "Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele. Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o Céu e viu a Glória de Deus, e Jesus de pé à direita de Deus: 'Eis que vejo', disse ele, 'os Céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.' Então levantaram um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: 'Senhor Jesus, recebe meu espírito.' Posto de joelhos, exclamou em alta voz: 'Senhor, não lhes leves em conta este pecado...' A estas palavras, expirou. E Saulo havia aprovado a morte de Estêvão." At 7,54-60;8,1a

    O Amado Médico continua: "Saulo, porém, devastava a Igreja. Entrando pelas casas, delas arrancava homens e mulheres e entregava-os à prisão. Mas aqueles que se haviam dispersado, iam por toda parte anunciando a Palavra de Deus." At 8,3-4

    Diz de seu encontro com Cristo, que apesar disso não o autoriza a sair pregando, mas submete-o à Santa Igreja: "Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos homens e mulheres que achasse seguindo essa Doutrina. Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente cercou-o uma resplandecente Luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ' Saulo, Saulo, por que Me persegues?' Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Duro é debater-te contra as esporas.' Então, trêmulo e atônito, ele disse: 'Senhor, que queres que eu faça?' Respondeu-lhe o Senhor: 'Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.'" At 9,1-6

    E ainda: "Os homens que o acompanhavam encheram-se de espanto, pois perfeitamente ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo levantou-se do chão. Abrindo, porém, os olhos, não via nada. Tomaram-no pela mão e introduziram-no em Damasco, onde esteve três dias sem ver, sem comer nem beber. Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor, numa visão, disse-lhe: 'Ananias!' 'Eis-me aqui, Senhor!', respondeu ele. O Senhor ordenou-lhe: 'Levanta-te e vai à rua Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo. Ele está orando.' Saulo, da mesma forma, teve uma visão de um homem, chamado Ananias, entrar e impor-lhe as mãos para recobrar a vista. Ananias respondeu: 'Senhor, muitos já me falaram deste homem, de quantos males fez a teus fiéis em Jerusalém. E aqui ele tem poder dos príncipes dos sacerdotes para prender a todos aqueles que invocam Teu Nome.' Mas o Senhor disse-lhe: 'Vai, porque este homem é para Mim um instrumento escolhido, que levará Meu Nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel. Eu mostrá-lhe-ei tudo que terá de padecer pelo Meu Nome.' Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: 'Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo.' No mesmo instante, caíram dos olhos de Saulo umas como escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado.' At 9,7-18

    Ele completa: "Depois tomou alimento e sentiu-se fortalecido. Demorou-se por alguns dias com os discípulos que se achavam em Damasco. E imediatamente começou a proclamar pelas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus. Todos seus ouvintes pasmavam e diziam: 'Este não é aquele que perseguia em Jerusalém os que invocam o Nome de Jesus? Não veio cá só para levá-los presos aos sumos sacerdotes?' Saulo, porém, sentia crescer seu poder e confundia os judeus de Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo." At 9,19-22

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

A Sabedoria entre os Humildes

    A São Pedro, um humilde pescador, Jesus entregou as 'Chaves de Seu Reino', que significa a mais pura inspiração para saber o que é o certo e o errado quanto à Revelação, ou seja, quanto às Escrituras e quanto à vontade de Deus. O Evangelho segundo São Mateus anotou: "Eu dá-te-ei as Chaves do Reino dos Céus. Tudo que ligares na Terra, será ligado nos Céus, e tudo que desligares na Terra, será desligado nos Céus." Mt 16,19

    Porque instantes antes, ao reconhecê-Lo como o Cristo, o Príncipe dos Apóstolos claramente deu a saber Qual a Fonte que lhe inspirava: "Disse-lhe então Jesus: 'Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está nos Céus.'" Mt 16,17

    Muito mais gloriosa com o Pentecostes, portanto, o ápice da Revelação em Cristo radicalmente mudou a condição dos Apóstolos diante das dificuldades dessa vida, pois a Antiga Aliança e a literal interpretação das Escrituras foram superadas pela plena manifestação de Deus, nas Pessoas de Jesus e do Espírito Santo. A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios vai afirmar: "Ele (Deus) é que nos fez aptos para ser Ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica." 2 Cor 3,6

    E só pela Unção do Santo Paráclito podemos ser Igreja, o Corpo Místico de Cristo. A Carta de São Paulo aos Efésios ensina: "É n'Ele (Cristo) que vós conjuntamente também entrais, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a morada de Deus." Ef 2,22

    Ora, a Unção do Espírito Santo, que é exclusivamente concedida por Seus Sacerdotes, eleva o ser humano a uma nova dimensão, dando-lhe um novo e soberano dom, como a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios explica: "Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem pode compreendê-las, porque é pelo Espírito que se devem ponderar. O homem espiritual, ao contrário, julga todas coisas e não é julgado por ninguém." 1 Cor 2,14-15

    Sem dúvida, Jesus exaltava a divina inspiração que via entre os mais humildes, jamais a mundana sabedoria ou o vazio racionalismo. É do Evangelho segundo São Lucas: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: 'Pai, Senhor do Céu e da Terra, Eu dou-Te graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-Te porque assim foi de Teu agrado.'" Lc 10,21

    O Livro do Eclesiástico já havia anotado: "Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que Ele revela Seus mistérios." Eclo 3,20b

    Já a Carta de São Tiago, citando o Livro dos Provérbios, mais amplamente fala em Graça: "Deus, porém, dá uma ainda mais abundante Graça. Por isso, a Escritura diz: 'Deus resiste aos soberbos, mas dá Sua Graça aos humildes (Pr 3,34).'" Tg 4,6

    Isso significa que os fariseus e os chefes dos sacerdotes também estavam errados quanto a humilde e 'analfabeta' gente que acreditava em Jesus. No Evangelho segundo São João, eles dizem: "Este poviléu que não conhece a Lei é amaldiçoado!..." Jo 7,49

    É óbvio, porém, que não temos o poder da Onisciência, como um amigo no Livro de Jó argumenta: "Ah, se Deus pudesse falar e abrir Seus lábios para responder-te, revelar-te os mistérios da Sabedoria que são ambíguos para o espírito... Pretendes sondar as divinas profundezas, atingir a perfeição do Todo-poderoso? Ela é mais alta do que o Céu, que farás? É mais profunda que os infernos, como a conhecerás? É mais longa que a Terra, mais larga que o mar." Jó 11,5-6a.7-9

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Deus é Aquele que é

 

    Ainda que O chamemos de Pai, Criador, Onipotente, sabemos que, mesmo após tantas revelações e tantas referências, Deus continua muito além de nosso entendimento. No Livro de Êxodo, para demonstrar Sua natureza absolutamente incriada, quer dizer, essencial e independente de tudo que existe, de qualquer condição, Ele assim Se identificou, numa emblemática frase, quando Moisés Lhe perguntou qual seria Seu Nome, para dizer ao povo de Israel em cativeiro de Egito: "EU SOU AQUELE QUE É." Êx 3,14a

    E expressamente determinou-lhe: "Eis como responderás aos israelitas: 'EU SOU enviou-me a vós.'” Êx 3,14b

    Não por acaso, numa das vezes em que declarou Sua Divindade, Jesus usou exatamente esses termos, ao falar aos líderes dos judeus em Jerusalém, como anotado no Evangelho segundo São João: "... porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,24

    Ou quando demonstrou Sua Onisciência aos Apóstolos, avisando-os da traição de Judas e de Sua Paixão, avisando-os da traição de Judas Iscariotes e de Sua Paixão, durante a Santa Ceia: "Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU." Jo 13,19

    E ainda nas visões do Livro do Apocalipse de São João: "'Eu sou o Alfa e o Ômega', diz o Senhor Deus, 'Aquele que é, Aquele que era e Aquele que vem, o Todo-Poderoso. Eu sou o Primeiro e o Último, e Aquele que vive. Pois estive morto, e eis-Me novamente vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos.'" Ap 1,8.17b-18

    Para explicitar essa autonomia, Ele havia mencionado a imprevisibilidade do Espírito Santo, a Terceira Pessoa de Deus, em conversa com Nicodemos, um fariseu que O procurou logo em Sua primeira Páscoa em Jerusalém: "O vento sopra onde quer. Ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito." Jo 3,8

    Assim sabemos, ainda por Suas palavras, que a Trindade Santíssima usufrui de um incomensurável universo de possibilidades. Está no Evangelho segundo São Marcos: "... a Deus tudo é possível." Mc 10,27

    O auxílio do Santo Paráclito, portanto, é impreterível para que saibamos algo elementar: Quem é Jesus. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios revelou: "... ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo." 1 Cor 12,3

    Ou o auxílio do próprio Pai, segundo Jesus: "Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair." Jo 6,41a

    Da mesma forma, ainda segundo Nosso Salvador, o Pai só pode ser verdadeiramente conhecido através d'Ele, pois lemos no Evangelho segundo São Lucas: "Ninguém conhece Quem é o Filho senão o Pai, nem Quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelá-Lo." Lc 10,22

    E só por verdadeiro amor a Ele é que Ele Se revela: "Aquele que tem e guarda Meus Mandamentos, esse é que Me ama. E aquele que Me ama será amado por Meu Pai, e Eu amá-lo-ei e a ele manifestar-Me-ei." Jo 14,21

    Ora, o Mistério de Cristo, por si só, era a razão de ser do ministério do Apóstolo dos Gentios. Está na Carta de São Paulo aos Colossenses: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados, e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, em Quem estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2-3

    Na Carta de São Paulo aos Efésios, vemos que ele sabia estar diante do inconcebível: "... coube-me a Graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo, e a todos manifestar o salvador desígnio de Deus, mistério oculto desde a eternidade..." Ef 3,8-9

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

O Inferno

    Não há mais triste assunto dentre os do Magistério da Igreja, porém, assim como Jesus fez, é seu dever alertar para o gravíssimo risco da eterna condenação. Usando de brevidade, Cristo referia-Se ao fogo, termo que com mais frequência usou, ou ao Juízo, para lembrar que o maior castigo não é motivado por um divino capricho, mas por pessoais decisões. A Carta de São Paulo a São Tito daqueles que rejeitam a Revelação e divulgam heresias: "O homem que assim fomenta divisões, depois de advertido a primeira e a segunda vez, evita-o, visto que esse tal é um perverso que, perseverando em seu pecado, se condena a si próprio." Tt 3,10-11

    Seja com o nome de hades, xeol, geena, fornalha, fogo eterno, lago de fogo ou inferno, pois, Nosso Salvador claramente apontou as consequências do pecado, do qual tem por Missão nos livrar. Consta no Evangelho segundo São João: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu Seu Único Filho, para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a Vida Eterna." Jo 3,16

    Embora propondo simbólicas mutilações como forma de evitá-lo, Ele falou da gravidade de cultuados e imorredouros 'maus costumes', bem como, e repetidamente, de um fogo que não se apaga. Está no Evangelho segundo São Marcos: "Se tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a! Melhor é entrares na Vida aleijado que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o inextinguível fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga. Se teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o fora! Melhor é entrares coxo na Vida Eterna que, tendo dois pés, seres lançado à geena do inextinguível fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga. Se teu olho for para ti ocasião de queda, arranca-o! Melhor é entrares com um olho de menos no Reino de Deus que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga." Mc 9,43-48

    Entretanto, assim como o pecado já existia antes mesmo da Criação, os seres humanos não são os primeiros condenados ao fogo eterno. Conforme a Segunda Carta de São Pedro, pela inimaginável Graça que tiveram de conviver pessoalmente com Deus, os anjos que contra Ele se rebelaram foram os precursores como sentenciados de pena capital: "Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas precipitou-os nos tenebrosos abismos do inferno onde os reserva para o Julgamento..." 2 Pd 2,4

    Mas o inferno onde se encontram as já condenadas almas, que no versículo seguinte é chamado de morada subterrânea, na verdade ainda não é o inferno definitivo. Este será o lago ou tanque de fogo, como o Livro do Apocalipse de São João apontou: "O Demônio, sedutor das nações, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a fera e o falso profeta, e onde dia e noite serão atormentados pelos séculos dos séculos. A morte e a morada subterrânea foram lançadas no tanque de fogo. A segunda morte é esta: o tanque de fogo." Ap 20,10.14

    Isso dar-se-á logo após a Ressurreição da Carne, pois todos ressuscitarão, ou seja, terão seus corpos carnais plenamente restituídos. E é nessa condição que os condenados irão para o definitivo inferno, como Nosso Senhor ensinou: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de Sua voz: os que praticaram o bem, irão para a Ressurreição da Vida, e aqueles, que praticaram o mal, ressuscitarão para serem condenados." Jo 5,28-29

    E o Livro da Sabedoria já sentenciava aos maus: "Depois disso serão cadáveres sem honra, desterrados entre os mortos, numa eterna ignomínia, porque Ele (Deus) os ferirá e sem voz os precipitará, em suas bases os abaterá e na última desolação os mergulhará. Eles serão entregues à dor, e a memória deles desaparecerá. Aterrorizados comparecerão com a lembrança de seus pecados, e suas iniquidades levantar-se-ão contra eles para confundi-los." Sb 4,19-20

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Não Enterrar os Talentos

    Além de pedir conta de nossos talentos, como acontecerá no Dia do Juízo, Jesus revelou-Se bastante exigente quanto aos frutos que devemos apresentar-Lhe. Foi o que disse o Senhor na parábola do servo que enterrou o único talento que lhe havia sido entregue, no Evangelho segundo São Mateus: "Mau e preguiçoso servo! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar Meu dinheiro ao banco e, à Minha volta, Eu receberia com juros o que é Meu." Mt 25,26-27

    De fato, nossa vida social deve ser uma interação de serviços para a construção do Reino de Deus, como Nosso Salvador disse aos Apóstolos. O Evangelho segundo São João registrou: "Pois eis que se pode dizer com toda Verdade: 'Um é o que semeia e outro é o que ceifa.' Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado. Outros trabalharam, e vós entrastes em seus trabalhos." Jo 4,37-38

    Porque o plano de Deus é dar mais de Seus dons àqueles dispostos a produzir mais frutos, como Jesus contou na parábola do talentos, não por acaso uma de Suas últimas: "Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á até mesmo aquilo que julga ter." Mt 25,28-29

    Isso fica ainda mais evidente na parábola do fiel administrador, que São Pedro viria a ser, como está no Evangelho segundo São Lucas: "O Senhor replicou: 'Qual é o sábio e fiel administrador que o Senhor estabelecerá sobre Seus operários, para a seu tempo dar-lhes sua medida de trigo? Feliz daquele servo que o Senhor assim achar procedendo quando vier! Em Verdade, digo-vos: confiá-lhe-á todos Seus bens." Lc 12,42-44

    A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios atestou a efetividade dessa promessa, ainda que difusa entre vários membros, na comunidade dos coríntios: "Não cesso de agradecer a Deus por vós, pela Divina Graça que vos foi dada em Jesus Cristo. N'Ele fostes ricamente contemplados com todos dons, com os da Palavra e os da ciência, tão solidamente foi confirmado em vós o testemunho de Cristo. Assim, enquanto aguardais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo, não vos falta dom algum." 1 Cor 1,4-7

    E tais dons significam salvífica servidão, como foi a própria vida do Salvador: "Jesus, porém, chamou-os e disse-lhes: 'Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, faça-se vosso servo. E aquele que quiser tornar-se o primeiro entre vós, faça-se vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar Sua vida em resgate por uma multidão." Mt 20,25-28

    Com efeito, Ele repetidas vezes afirmou a vontade do Pai: "Meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou e cumprir Sua obra." Jo 4,34

    Pregava, enfim, que fizéssemos o mesmo: "Assim vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, também dizei: 'Somos inúteis servos, pois só fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 17,10

    Como poderíamos, pois, virar-Lhe as costas diante de tão cativante projeto? Ele foi assertivo: "Digo-vos: todo aquele que Me reconhecer diante dos homens, o Filho do Homem também o reconhecerá diante dos anjos de Deus. Mas quem Me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus." Lc 12,8-9

    Portanto, diligentemente devemos guardar Sua Palavra, nosso grande tesouro, porque, na narração do Evangelho segundo São Marcos, Ele garantiu: "Aqueles que recebem a semente em boa terra, escutam a Palavra, acolhem-na e dão fruto: trinta, sessenta e cem por um." Mc 4,20

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

O Autor da Graça

    Era o Divino Paráclito que agia em São João Batista "para preparar um povo bem disposto (cf. Lc 1,17)" a receber o Messias, como o Arcanjo Gabriel disse ao sacerdote Zacarias, seu pai, quando avisou da gravidez de Santa Isabel. O Evangelho segundo São Lucas narrou: "Ele será para ti motivo de gozo e felicidade, e muitos alegrar-se-ão com seu nascimento. Porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo..." Lc 1,14-15

    Unção esta dada pela Santíssima Virgem, quando visitou Santa Isabel logo após conceber Jesus: "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu em seu seio, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 'Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu seio.'" Lc 1,41.44

    Era Ele que agia no religioso Simeão, quando o Menino Jesus foi apresentado no Templo de Jerusalém: "Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a Consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. Impelido pelo Espírito Santo, foi ao Templo. E tendo os pais apresentado o Menino Jesus, para a respeito d'Ele cumprirem os preceitos da Lei, tomou-O em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 'Agora, Senhor, deixai ir em Paz Vosso servo, segundo Vossa Palavra. Porque meus olhos viram Vossa Salvação que preparastes diante de todos povos, como Luz para iluminar as nações, e para a Glória de Vosso povo de Israel." Lc 2,25-35

    Foi Ele Quem ungiu Jesus para que se cumprisse as Escrituras, como Ele mesmo declarou no discurso inaugural de Sua Missão, na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu. E enviou-Me para anunciar a Boa Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção e aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os oprimidos, para publicar o ano da Graça do Senhor." Lc 4,18-19

    Ele é o Guia da Igreja, que conduziu São Pedro ao 'Pentecostes dos Gentios', como o Livro dos Atos dos Apóstolos atesta: "Enquanto Pedro refletia sobre a visão, disse-lhe o Espírito: 'Eis aí três homens que te procuram. Levanta-te! Desce e vai com eles sem hesitar, porque sou Eu Quem os enviou.'" At 10,19-20

    É Ele que decide os Concílios da Igreja, a exemplo do de Jerusalém, como São Tiago Menor afirmou: "Com efeito, bem pareceu ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do indispensável seguinte..." At 15,28

    Só através d'Ele podemos perceber que Jesus é Deus, como está na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "... ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo." 1 Cor 12,3

    Só através d'Ele, em Cristo Jesus, podemos ser Igreja, membros do Corpo de Cristo, segundo a Carta de São Paulo aos Efésios: "É n'Ele que vós conjuntamente também entrais, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a morada de Deus." Ef 2,22

    Só através d'Ele podemos celebrar o Santíssimo Sacramento em nossa Santa Missa, nos termos da Carta de São Paulo aos Filipenses: "Porque os verdadeiros circuncisos somos nós, que prestamos culto a Deus pelo Espírito de Deus, e pomos nossa glória em Jesus Cristo, e não confiamos na carne." Fl 3,3

    Ele quer-nos possessivamente para Si, o que é deduzido da Carta de São Tiago: "Ou imaginais que em vão diz a Escritura: 'Sois amados até o ciúme pelo Espírito que em vós habita?'" Tg 4,5

    Sabemos, enfim, que Pai, Filho e Espírito Santo vivem em perfeita unidade. São Três Pessoas, mas um só Deus. Eles sempre agem em Comunhão, mas costumamos 'separá-Los' por 'Suas funções', conforme Suas manifestações entre nós. O Pai seria o Criador, Jesus, o Salvador, e o Espírito Santo, o Autor de todas Graças, como os seguidores da tradição de São Paulo afirmam na Carta aos Hebreus: "Quanto pior castigo julgais que merece quem calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o Sangue da Aliança, em que foi santificado, e ultrajar o Espírito Santo, Autor da Graça!" Hb 10,29