quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Igreja Itinerante, Santificante e Glorificante

    A Comunhão Eucarística, isto é, o Sacramento do Pão e do Vinho, verdadeiramente Corpo e Sangue de Cristo, simboliza, além de nossa perfeita união com Deus, nossa vida em plena união com nossos irmãos em Cristo. Assim formamos a Igreja, que vive três estágios: a Igreja itinerante, nós na Terra; a Igreja santificante, os mortos no Purgatório; e a Igreja glorificante, aqueles que nos Céuscontemplam a face de Deus, junto a Seus anjos.

    A Carta de São Paulo aos Efésios, pois, referia-se à Igreja itinerante como os 'Santos', termo hoje restrito ao Papa e aos canonizados: "Com toda sorte de preces e súplicas, constantemente orai no Espírito. Prestai vigilante atenção neste ponto, intercedendo por todos santos." Ef 6,18

    Assim, em nossa deve ficar a bela e reconfortante lembrança da Oração a Unidade feita por Jesus, pedindo ao Pai que a Igreja esteja sempre onde Ele estiver, como lemos no Evangelho segundo São João. É lá, junto a Ele, que estão os Santos canonizados, mas também os não canonizados, cuja história só Deus e pessoas mais próximas conheceram, assim como aqueles que já foram purificados no Purgatório. Eles 'não cessam de interceder por nós': "Pai, aqueles que Tu Me deste, quero que eles estejam Comigo, onde Eu estiver, para que contemplem a Glória que Me deste, pois Me amaste antes da criação do mundo." Jo 17,24

    O Amado Discípulo, mais longevo dos Apóstolos, viveu o bastante para confirmar o sucesso dessa oração de Jesus, bem como o reinado dos Santos. Como visão, registrou o cântico dos quatro seres e dos vinte e quatro anciãos (todos anjos!) a Nosso Senhor, no Livro do Apocalipse de São João: "Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado, e com Teu Sangue adquiriste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Deles fizeste para Nosso Deus um Reino de Sacerdotes. E eles reinarão sobre a Terra." Ap 5,9-10

    E dos próprios Santos ele atestou, quando também explicou a condição dos que ainda estão no Purgatório: "Também vi tronos, sobre os quais se assentaram aqueles que receberam o poder de julgar: eram as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e todos aqueles que não tinham adorado a Fera ou sua imagem, que não tinham recebido seu sinal na fronte nem nas mãos. Eles viveram uma Nova Vida e com Cristo reinaram por mil anos. Os outros mortos não tornaram à vida até que se completassem os mil anos." Ap 20,4-5a

    Citando a Comunhão da Santíssima Trindade, Jesus mesmo disse como acontecia a intercessão feita pelos Santos da Igreja, quando começou a despedir-Se dos Apóstolos após a Santa Ceia. Seus pedidos são feitos ao Pai, em Seu Nome, e pelo próprio Pai são atendidos: "Naquele dia pedireis em Meu Nome, e já não digo que rogarei ao Pai por vós. Pois o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e crestes que saí de Deus." Jo 16,26-27

    E como Aquele que veio reunir até as ovelhas perdidas, não se pode duvidar do sucesso de Sua Missão. Referindo-Se aos pagãos ainda por serem convertidos por Sua Igreja, Ele abertamente disse aos fariseus em plena Cidade Santa: "Eu sou o Bom Pastor. Conheço Minhas ovelhas e Minhas ovelhas conhecem a Mim, como Meu Pai Me conhece e Eu conheço o Pai. Dou Minha Vida por Minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Também preciso conduzi-las. Ouvirão Minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor." Jo 10,14-16

    Inspirado, o Último Apóstolo tinha bem claro que esse é o projeto do Pai, como escreveu aos fiéis da igreja da cidade de Éfeso: "Ele manifestou-nos o misterioso desígnio de Sua vontade, que em Sua benevolência desde sempre formara, para realizá-lo na plenitude dos tempos - desígnio de em Cristo reunir todas coisas: as que estão nos Céus e as que estão na Terra." Ef 1,9-10