sábado, 18 de novembro de 2023

A Encarnação do Cristo (I)

 

    São Paulo ensina que o Cristo, enquanto Servo Sofredor, é uma transcendente promessa de Deus, e Sua Missão consiste em exortar-nos à que tudo suporta. Por isso, a Igreja anuncia-O "... conforme a revelação do mistério, durante séculos guardado em segredo. Mas agora manifestado por ordem do Eterno Deus e, por meio das proféticas Escrituras, dado a conhecer a todas nações, a fim de levá-las à obediência da fé." Rm 16,25-26

    Assim, por Graça do Espírito Santo, os esforços dos Apóstolos em muito ultrapassaram os meramente humanos limites. De fato, à exceção de São João Evangelista, todos eles foram martirizados, inclusive São Paulo, que dizia sobre aqueles a quem ainda não tinha pregado: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, no Qual estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2-3

    E não deixou de n'Ele ver, para além da imagem, a própria plenitude de Deus: "Porque a Deus aprouve n'Ele fazer habitar toda plenitude..." Cl 1,19

    Atestando a superioridade da Nova Aliança, ele coloca o Antigo Testamento em seu devido lugar por força da manifestação de Deus na Pessoa de Jesus, que claramente foi preservada para um tempo em que a humanidade melhor pudesse acolher Seus ensinamentos: "... as Escrituras limitam-se a dar o conhecimento do pecado. Mas agora... manifestou-se a justiça de Deus, predita pela Lei e pelos Profetas... a obra da Redenção. Deus destinou o Cristo para ser, por Seu Sangue, instrumento de expiação... deixando sem castigo os pecados anteriormente cometidos, no tempo de Sua tolerância." Rm 3,20-21.24-26

    Pois como os seguidores de sua tradição revelam, Deus tudo criou tomando o Cristo como medida, e Sua Palavra, fonte de Salvação, é o maior sinal de Seu poder: "Muitas vezes e de diversos modos, outrora falou Deus aos nossos pais pelos Profetas. Ultimamente falou-nos por Seu Filho, que constituiu universal herdeiro, por Quem criou todas coisas. Esplendor da Glória de Deus e imagem de Seu ser, Ele sustenta o universo com o poder de Sua Palavra." Hb 1,1-4

    Assim pôs termo ao exagerado valor que se dá à terrena vida, pois através de Sua Paixão somos animados à Vida Eterna por Seu Santo Espírito. O Apóstolo dos Gentios escreve: "Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o espírito vive pela justificação. Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida a vossos corpos mortais, por Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,10-11

    Ora, os divinos desígnios acatados por Jesus são cabais demonstrações que nos ensinam a viver nossa condição em plenitude, isto é, abraçando a necessária espiritualidade, inarredável dimensão da vida. Ele mesmo afirmou: "Eu vim para que as ovelhas tenham Vida, e para que a tenham em abundância." Jo 10,10b

    E em importantíssimo capítulo, Ele disse do Mistério do Sacrifício Pascal: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis a Vida em vós mesmos." Jo 6,53b