sábado, 23 de novembro de 2024

A Paciência de Cristo

    Nosso resgate não foi um acontecimento qualquer. Conforme a Primeira Carta de São Pedro, nossa teimosia acabou custando muito caro: "Porque vós sabeis que não é por perecíveis bens, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados de vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo..." 1 Pd 1,18

    Ele abertamente afirma o Sacrifício do Cristo, para que não seja menosprezado: "Eis a exortação que dirijo aos anciãos que entre vós estão. Porque como eles sou ancião, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo..." 1 Pd 5,1

    Pois em Seu sofrer, que era absolutamente humano, Jesus aprendeu e ensinou que com obediência aceitemos os desígnios de Deus, em especial os mais difíceis. Os seguidores da tradição de São Paulo dizem na Carta aos Hebreus: "Assim também Cristo não atribuiu a Si mesmo a Glória de ser Pontífice. Esta foi-Lhe dada por Aquele que Lhe disse: 'Tu és Meu Filho, hoje Te gerei (Sl 2,7).' Nos dias de Sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que podia salvá-Lo da morte, e foi atendido por Sua Misericórdia. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." Hb 5,5.7-8

    De fato, em profundidade Ele experimentou a condição humana, como se viu enquanto agonizava na Cruz do Monte Calvário, na leitura do Evangelho segundo São Marcos: "E à hora nona Jesus bradou em alta voz: 'Elói, Elói, lammá sabactáni?', que quer dizer: 'Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste (Sl 21,2)?'" Mc 15,34

    Diante destes fatos, eis que a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses reza: "Quanto a vós, temos plena certeza no Senhor de que estareis cumprindo e continuareis a cumprir o que vos prescrevemos. Que o Senhor dirija vossos corações para o amor de Deus e para a paciência de Cristo." 2 Ts 3,4-5

    Pois as divinas dádivas operam muito mais que uma simples melhora na terrena vida. É muito maior, como a Carta de São Paulo aos Romanos diz: "... o dom de Deus é a Vida Eterna em Cristo Jesus, Nosso Senhor." Rm 6,23

    Tudo isso, portanto, encerra-se no grande plano do Pai. A Carta de São Paulo aos Efésios registrou: "Em Seu amor, predestinou-nos a sermos adotados como Seus filhos por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua livre vontade..." Ef 1,5

    Tocado por tanta benevolência, e absolutamente convicto da nossa vitória pela Redenção oferecida por Jesus, o Último Apóstolo pergunta: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? ... nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, Nosso Senhor." Rm 8,35.39

    Não estamos, pois, nem sozinhos nem ao sabor de uma vida sem sentido. Cristo é uma grande prova do amor de Deus e de Seus cuidados para conosco, como ele diz aos cristãos da cidade de Éfeso: "Mas Deus, que é rico em Misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a Vida junto a Cristo. É por Graça que fostes salvos! Junto a Ele, ressuscitou-nos e fez-nos assentar nos Céus, com Cristo Jesus. Ele assim demonstrou pelos futuros séculos a imensidão das riquezas de Sua Graça, pela bondade que tem para conosco, em Jesus Cristo." Ef 2,4-7

    Pregam, pois, os discípulos de São Paulo: "Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, Ele também participou a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o Demônio, e libertar aqueles que, por medo da morte, toda vida estavam sujeitos a uma verdadeira escravidão. Veio em socorro, não dos anjos, e sim da raça de Abraão, e por isso convinha que em tudo Se tornasse semelhante a Seus irmãos, para ser um Compassivo e Fiel Pontífice no serviço de Deus, capaz de expiar os pecados do povo. De fato, por ter Ele mesmo suportado tribulações, está em condição de vir em auxílio dos que são atribulados." Hb 2,14-18