A Encarnação do Cristo assim foi descrita no Evangelho segundo São João: "E o Verbo fez-Se carne, e habitou entre nós. E vimos Sua Glória, a Glória que o Único Filho recebe de Seu Pai, cheio de Graça e de Verdade." Jo 1,14
Como se vê, o Verbo, ou seja, a Palavra de Deus, é o próprio Jesus. E o mistério da Comunhão da Santíssima Trindade, aqui mencionados apenas o Pai e o Filho, existe 'desde o início dos tempos'. O Amado Discípulo tentou descrevê-lo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto a Deus, e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito." Jo 1,1.3
Seu Nascimento, portanto, era o pleno cumprimento de mais uma profecia, pois Maria era da tribo de Davi. A Carta de São Paulo aos Romanos diz: "Este Evangelho outrora prometera Deus por Seus Profetas, na Sagrada Escritura, acerca de Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, descendente de Davi quanto à carne..." Rm 1,2-3
E ainda que São José não fosse Seu pai biológico, igualmente tinha essa ascendência, como o Evangelho segundo São Lucas registrou : "José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi... " Lc 2,4
Entretanto, do povo escolhido por Deus para ser mensageiro da Salvação, muitos não acolheram o Cristo, talvez por ser 'humano demais', ou ainda, haveria 'dois deuses'? Imaginem então a compreensão da Terceira Pessoa de Deus, o Espírito Santo? Mas, quanto ao Jesus humano, Deus não nos fez à Sua imagem e semelhança? São João Evangelista testemunhou: "Estava no mundo e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O reconheceu. Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam. Mas a todos aqueles que O receberam, aos que creem em Seu Nome, deu-lhes o poder de tornarem-se filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus." Jo 1,10-13
Os imundos espíritos, contudo, prontamente reconheciam-nO e tentavam revelar Sua identidade, como se viu em seu primeiro dia em Cafarnaum, á frente da casa de São Pedro: "De muitos saíam demônios, dizendo aos gritos: 'Tu és o Filho de Deus.' Mas Ele severamente repreendia-os, não lhes permitindo falar, porque sabiam que Ele era o Cristo." Lc 4,4
O povo de Jerusalém, vendo Seus milagres e como Ele deixava sem palavras os religiosos, também começou a desconfiar de Sua verdadeira identidade. Foi durante a Festa das Tendas: "Algumas das pessoas de Jerusalém diziam: 'Não é Este Aquele a Quem procuram tirar a vida? Todavia, ei-Lo que fala em público e não Lhe dizem coisa alguma. Porventura reconheceram as autoridades que Ele é o Cristo?'" Jo 7,26
Alguns, entretanto, mesmo atestando Suas obras, ficavam em dúvida: "Muitos do povo, porém, creram n'Ele e perguntavam: 'Quando vier o Cristo, fará mais milagres que Este faz?'" Jo 7,31
Entretanto, a maioria dos religiosos de Jerusalém continuavam vacilantes, mesmo em Sua última Festa da Dedicação, quando O abordaram no Templo: "Os judeus rodearam-nO e perguntaram-Lhe: 'Até quando nos deixarás na incerteza? Se Tu és o Cristo, dize-nos claramente.'" Jo 10,24
Sua Revelação, porém, tinha que ser completa, e, em Sua última Páscoa em Jerusalém, Ele mesmo começou a interrogar os fariseus sobre o Messias: "Que pensais vós do Cristo?" Mt 22,42
Já havia perguntado aos próprios Apóstolos o que eles pensavam sobre Sua Pessoa, seis dias antes de Sua Transfiguração (cf. Mt 17,1): "E vós, quem dizeis que Eu sou?" Lc 9,20a
E São Pedro, sempre o primeiro e inspirado por Deus Pai (cf. Mt 16,17), respondeu: "O Cristo de Deus." Lc 9,20b
A verdade é que, para melhor interpretação dos fatos e das Escrituras, acolher Sua Revelação essencialmente passa pela Vontade de Deus, como Nosso Senhor mesmo ensinou em Cafarnaum, na sinagoga, dias depois de multiplicar pães e peixes: "Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o atrair..." Jo 6,44