Dentre os 14 Apóstolos de Jesus, é de quem temos menos registros, o que não significa que teve menos ativo ministério. Seu nome aparece no Livro dos Atos dos Apóstolos logo após o discurso de São Pedro, defendendo que alguém deveria ser indicado para ocupar o lugar de Judas Iscariotes, que traiu Nosso Salvador e acabou cometendo suicídio. Para tanto, o Príncipe dos Apóstolos fundamentou sua argumentação usando passagens do Antigo Testamento: "Por que está escrito no Livro dos Salmos: 'Fique deserta sua habitação, e não haja quem nela habite'; e: 'Que outro receba seu cargo' (Sl 68,26; 108,8)." At 1,20
Ainda segundo São Pedro, o critério a ser usado para recompor o Colégio dos Doze deveria basear-se em específicas qualidades. Nos primeiríssimos anos da Igreja, com efeito, o anúncio dos Apóstolos essencialmente constituía-se em testemunhar a Ressurreição de Jesus. Suas aparições eram a definitiva prova de que Ele realmente era o Cristo, Revelação que eles sempre proclamavam fazendo referência às profecias do Antigo Testamento. Depois também passaram a narrar os detalhes de Sua Paixão, e só pouco mais tarde Seus ensinamentos. Nesse sentido, as narrativas de toda Sua história, incluindo genealogia, Nascimento e infância, só se tornaram praxe passadas quase duas décadas, quando se fez necessário pôr por escrito os Evangelhos.
O Príncipe dos Apóstolos, portanto, queria uma testemunha ocular, como eram os Onze, para o lugar de Judas Iscariotes. Principalmente da Ressurreição, como vimos, mas também de toda vida pública de Jesus. O que não era difícil de achar por aqueles tempos, porque muita gente O havia seguido, embora naquela reunião em Jerusalém estivessem apenas cerca de cento e vinte pessoas (cf. At 1,15). É o que São Pedro vai determinar: "Convém que destes homens que têm estado em nossa companhia todo tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do Batismo de João até o dia em que de nosso meio foi arrebatado, um deles torne-se conosco testemunha de Sua Ressurreição." At 1,21-22
É nessa circunstância que aparece o nome do nosso Apóstolo: "Propuseram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome Justo, e Matias." At 1,23
Em seguida, eles voltaram-se ao próprio Jesus: "E oraram nestes termos: 'Ó Senhor, que conheces os corações de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para tomar neste ministério e apostolado o lugar de Judas, que se transviou para ir para seu próprio lugar.'" At 1,24-26
E logo após esta oração, "Deitaram sorte e caiu em Matias, que foi incorporado aos Onze Apóstolos." At 1,26
Isso aconteceu depois da Ascensão do Senhor e antes do Pentecostes, ou seja, São Matias estava presente no dia do Nascimento da Igreja, quando sobre ela foi derramado o Espírito Santo. De fato, no capítulo imediatamente posterior, logo no primeiro versículo, São Lucas diz que todos eles estavam no Cenáculo: "Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar." At 2,1
E como ele acompanhou Jesus desde Seu Batismo, estava entre os 72 discípulos por Ele enviados às aldeias e cidades para evangelizar, conforme o registro do Amado Médico: "Depois disso, designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de Si, por todas cidades e lugares aonde Ele tinha que ir." Lc 10,1
Além do título de Apóstolo, ele também é tido como o Primeiro Bispo da Igreja, pelo fato de ter sido o primeiro constituído pelos Apóstolos para suceder um deles. De fato, o título de Apóstolo coube apenas aos pessoalmente chamados por Jesus, como era seu caso pois estava entre os 72, e este epíteto, que significa 'enviado', foi exclusivamente conferido pelo próprio Mestre: "Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e aí passou toda noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e escolheu Doze dentre eles, que chamou de Apóstolos." Lc 6,12-13