Por muito que se fala na Misericórdia de Deus, muitos ignoram que Ele também é Deus de Justiça. A Carta de São Paulo aos Romanos diz dos erros dos judeus, que são os de muitos: "Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque a finalidade da Lei é Cristo, para justificar todo aquele que crê." Rm 10,3-4
De fato, o mundo segue em sua loucura, como Livro de Salmos canta: "O pecador gloria-se até de sua cupidez, o cobiçoso blasfema e despreza a Deus. Em sua arrogância, o ímpio diz: 'Não há castigo, Deus não existe.' É tudo e só o que ele pensa." Sl 9,24-25
No Livro de Jó, porém, seu amigo via nas pequenas correções uma bem-aventurança: "Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige! Não desprezes a lição do Todo-poderoso, pois Ele fere e cuida. Se golpeia, Sua mão cura." Jó 5,17-18
E o próprio Jesus falou à igreja de Laodiceia, no Livro de Apocalipse de São João: "Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima teu zelo, pois, e arrepende-te." Ap 3,19
A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, referindo-se ao Senhor, explicou: "... Ele castiga-nos para não sermos condenados com o mundo." 1 Cor 11,32
Já na Carta aos Hebreus, os seguidores de sua tradição relembram severas punições, referindo-se aos 40 anos que Israel passou no deserto, enquanto se dirigia à Terra Santa: "A Palavra anunciada por intermédio dos anjos era a tal ponto válida, que toda transgressão ou desobediência recebeu o justo castigo." Hb 2,2
Eles anotaram: "Aliás, Temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, olhamo-los com respeito. Com quanto mais razão havemos de submeter-nos ao Pai de nossas almas, o Qual nos dará a Vida? Os primeiros educaram-nos para pouco tempo, segundo sua própria conveniência, ao passo que Este o faz para nosso bem, para comunicar-nos Sua santidade. É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de Paz." Hb 12,9-11
E no Livro de Tobias, seu pai Tobit reconhecia a razão dos castigos a Israel: "Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte, e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos Vossas leis. Agora Vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo Vossos preceitos e não temos sido leais para Convosco." Tb 3,4-5
Por isso, o Livro do Profeta Jeremias encarecidamente pedia em prece: "Castigai-nos, Senhor, mas com equidade, e não com furor, para que não sejamos reduzidos a nada." Jr 10,24
Ora, o livro de Sabedoria diz daqueles que cometem as mais graves ofensas a Deus: "Mas os ímpios terão o castigo que merecem seus pensamentos, uma vez que desprezaram o justo e se separaram do Senhor. Desgraçado é aquele que rejeita a Sabedoria e a disciplina! A esperança deles é vã, seus sofrimentos, sem proveito, e as obras deles, inúteis. Suas mulheres são insensatas e seus filhos malvados. A raça deles é maldita." Sb 3,10-12
Diz dos inimigos de Israel, dirigindo-se a Deus: "Portanto, quando nos corrigis, mil vezes mais castigais nossos inimigos, para que em nossos julgamentos nos lembremos de Vossa bondade, e para que esperemos em Vossa indulgência quando somos julgados." Sb 12,22
Mas o pior castigo, sem dúvida, é o próprio inferno, como a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses diz dos recalcitrantes e dos rebeldes no dia Juízo Final: "Eles sofrerão como castigo a eterna perdição, longe da face do Senhor e de Sua Suprema Glória. Naquele Dia, Ele virá e será a Glória de Seus Santos e a admiração de todos fiéis, e também vossa, porque crestes no testemunho que vos demos." 2 Ts 1,9-10