
A Primeira Carta de
São João diz que os
pecados se apoderam do ser humano por três más propensões: a exacerbação dos impulsos da
carne, que se faz patente na
luxúria; a cobiça por bens materiais, bem representada pela
avareza e pela
inveja; e os devaneios do ego, presentes na
vaidade, invariavelmente instilada pela
soberba: "Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do
Pai, mas do mundo." 1 Jo 2,16
E
Jesus foi claro ao falar da escravidão do pecado, pois em muitos casos essa situação se arrasta por anos e, na pior delas, o 'verme' causador não morrerá nem mesmo no
inferno. Está no
Evangelho segundo
São Mateus: "Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no
Reino de Deus com um só olho, que, tendo os dois, ser jogado no inferno, onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga." Mt 18,8-9
Por isso, para o
impenitente, a situação ainda é mais difícil. Diz o Livro do Eclesiástico: "Para o mal do
orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende." Eclo 3,30
O Livro de Salmos, portanto, recorria a Quem de fato poderia ajudá-lo: "Tende piedade de mim, Senhor, segundo
Vossa bondade. E conforme a imensidade de Vossa
Misericórdia, apagai minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado." Sl 50,3-4
Ora, essa é a postura de um autêntico
cristão, pois sequer somos plenamente cientes de todos nossos pecados. O salmista segue
cantando: "Ainda que Vosso servo neles atente, com todo cuidado guardando Teus juízos, quem pode, entretanto, ver as próprias faltas? Purificai-me das que me são ocultas." Sl 18,12-13
Pois a
Paixão de Cristo tem como objetivo afastar-nos ou livrar-nos da escravidão do pecado, assim como de todos males que afligem a
alma e eventualmente o
corpo. Foi o que Nosso Senhor disse no 'discurso inaugural' de Sua Vida pública, no Evangelho segundo
São Lucas, lendo o Livro do
Profeta Isaías: "O
Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu. E enviou-Me para anunciar a
Boa Nova aos
pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a Redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em
liberdade os oprimidos, para publicar o ano da
Graça do Senhor. (Is 61,2)" Lc 4,18-19
De fato, no Evangelho segundo
São João, Ele promete a verdadeira liberdade dos
filhos de Deus: "Se o Filho vos libertar, pois, sereis verdadeiramente livres." Jo 8,36
Ciente disso, a Carta de
São Judas rende saudação "Àquele que é poderoso para
preservar-nos de toda queda e apresentar-nos diante de Sua
Glória, imaculados e cheios de
alegria..." Jd 24
Nosso corpo, portanto, como nos oferecemos na
Santa Missa, deve estar morto para o pecado. A Carta de
São Paulo aos Romanos diz: "Ora, se
Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o espírito vive pela justificação." Rm 8,10
E como precisamos da força do
Espírito Santo agindo em nós para vencermos as más inclinações, o
Apóstolo do Gentios celebra a imensa dádiva que foi o
Pentecostes: "A Lei do Espírito de
Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da
lei do pecado e da morte." Rm 8,2
Assim, certos de nossas fraquezas, nosso dever é resistir, porque, conforme a Carta de
São Tiago, delas surgem os pecados: "
Feliz o homem que suporta a
tentação. Porque depois de
sofrer a provação receberá a
coroa da vida, que
Deus prometeu aos que
O amam. Cada um é tentado por sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado. E o pecado, uma vez consumado, gera a morte." Tg 1,12.14-15