A Graça é a gratuidade que caracteriza as ações de Deus. Mas como d'Ele tudo procede, em geral usa-se o termo Graça para designar Suas grandiosas e especiais dádivas, às vezes a todos notórias, que exclusivamente partem de Sua iniciativa. O Evangelho segundo São João, por exemplo, vai dizer da manifestação de Cristo: "Todos nós recebemos de Sua plenitude Graça por Graça..." Jo 1,16
Toda Graça, portanto, é sinal da onipotência, onisciência e onipresença de Deus, para que se perceba o estabelecimento e a vigência do Reino de Céus. É algo sobrenatural, e por isso esplendoroso, ainda que também possa ser sutil e pessoal. E é pela Graça que conhecemos o Espírito Santo (cf. Jo 14,17), a 'sempre atuante mão de Deus'. Mesmo antes de Sua 'oficial' manifestação no Pentecostes, as ações do Pai já se faziam cumprir por Seu intermédio. Com toda propriedade, na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo chamam-nO "... Autor da Graça." Hb 10,29
São 5 'tipos' de Graça. A primeira é a Graça Santificante, da qual toda humanidade pode usufruir tão somente por força da Encarnação do Cristo, e que recebemos através do Sacramento no Batismo. A Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo diz: "Portanto, tu, meu filho, fortifica-te na Graça que está em Jesus Cristo." 2 Tm 2,1
A segunda é a Graça Sacramental, obtida por cada um dos Sacramentos que nos acompanham pelas etapas da verdadeira vida cristã, dos quais a Eucaristia é o Sacramento por excelência, que é a essência de nossa Santa Missa. A Carta de São Paulo aos Efésios pregou: "Mas a cada um de nós foi dada a Graça, segundo a medida do dom de Cristo... para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,7.12-13
A terceira é a Graça Habitual, dada a todos Santos, ou seja, aos que com honestidade buscam as 'coisas do alto', para que permanentemente façam a vontade de Deus. Exaltando a Nova e Eterna Aliança, na qual se tem o Ministério do Espírito Santo, a Carta de São Paulo aos Romanos convoca: "Oferecei-vos a Deus, como vivos, salvos da morte, para que vossos membros sejam instrumentos do bem a Seu serviço. O pecado já não vos dominará, porque agora não mais estais sob a Lei, e sim sob a Graça." Rm 6,13-14
A quarta é a Graça Especial, também conhecida como carisma, que pode ser prodigiosa, como o dom de curas e milagres. Como exemplo, no Livro dos Atos dos Apóstolos, nós temos Santo Estevão, um diácono escolhido para auxiliar os Apóstolos: "Estevão, cheio de Graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo." At 6,8
Uma das Graças Especiais é a Graça de Estado, que totalmente está voltada para o pleno êxito dos ministérios da Santa Igreja. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios apontou que o Espirito Santo sempre o faz tendo em vista o bem de toda comunidade de fé: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
A quinta é a Graça Atual, uma extraordinária intervenção de Deus, como uma aparição, por exemplo, que direcionadamente se realiza na vida de um cristão, e pode acontecer desde sua conversão até que se complete sua santificação, pois nestes sinais consistem a Comunhão e o agir com o Pai: "Confiantemente aproximemo-nos, pois, do trono da Graça, a fim de alcançar Misericórdia e achar a Graça de um oportuno auxílio." Hb 4,16