A palavra 'escândalo' vem do grego 'skandalon', que significa obstáculo ou desvio. O atual e corriqueiro sentido é de indecoroso comportamento, atitude que provoca indignação, que chama atenção pela agressão à moral e aos bons costumes. Jesus, pois, usou esse termo para denotar desvio moral ou perversão É do Evangelho segundo São Mateus: "Quem escandalizar um destes pequeninos que acreditam em Mim, melhor seria pendurar uma pedra de moinho ao pescoço e ser lançado ao fundo do mar." Mt 18,6
Também o usou com sentido de descumprimento das leis religiosas, no caso sonegação de tributo do Templo de Jerusalém, pois julgava que só deveria ser cobrado dos estrangeiros. Ele vai dizer a São Pedro: "Mas para não provocar escândalo, vai ao mar e lança o anzol. Na boca do primeiro peixe que apanhares encontrarás uma moeda para pagar o imposto. Toma-o e dá-lho por Mim e por ti." Mt 17,27
Ele ainda o usou com sentido de grave e vexaminoso pecado, às vezes criminoso, como comportamento que gera comentário público, tumulto e delito, estimulando sua prática e tornando-o justificativa. É o caso de maus exemplos, como imposturas de celebridades que pervertem a boa formação dos mais jovens, ou de reais desvios de conduta, como desmandos e corrupção de autoridades em abuso de poder, disseminando delinquência e constituindo-se em obstáculos aos bens sociais, ou em verdadeiros promotores de barbárie. Jesus até reconhece que esses delitos e mazelas continuarão até o fim dos tempos, porém avisa: "Ai do mundo por causa dos escândalos! É inevitável que aconteçam escândalos, mas ai do homem que causa escândalo!" Mt 18,7
Já a Carta de São Paulo aos Romanos falou de escândalo com um novo sentido: não propriamente como um erro, mas afronta ou desrespeito à fragilidade de algumas consciências: "Por causa de um alimento, não destruas a obra de Deus! Certamente, tudo é puro, mas é errado comer alguma coisa dando escândalo." Rm 14,20
Ora, ele zelava pelo comportamento de cada um dos fieis, sempre pensando na credibilidade da Santa Igreja. Está na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "A ninguém damos motivo de escândalo, para que Nosso Ministério não seja desacreditado." 2 Cor 6,3
Contudo, e principalmente, ele pensava na Salvação das almas, pois a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios já dizia: "Não vos torneis causa de escândalo, nem para os judeus, nem para os gentios, nem para a Igreja de Deus. Fazei como eu: em todas circunstâncias procuro agradar a todos. Não busco meus próprios interesses, mas os interesses dos outros, para que todos sejam salvos." 1 Cor 10,32-33
Por isso, a crucificação não lhe causava nenhuma contrariedade, e ele seguia anunciando o Salvador: "Nós, porém, proclamamos Cristo Crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos." 1 Cor 1,23
Assim este Apóstolo apaixonadamente abraçou o 'Escândalo da Cruz'. E mesmo sob tão perniciosa perseguição, entre a circuncisão como símbolo do judaísmo e a Cruz como símbolo do cristianismo, ele não tinha dúvida, como está na Carta de São Paulo aos Gálatas: "Quanto a mim, irmãos, se ainda pregasse a circuncisão, por que, então, seria perseguido? Pois, neste caso, estaria eliminado o escândalo da Cruz." Gl 5,11
Pois Nosso Senhor disse, após anunciar Sua Paixão pela primeira vez, no Evangelho segundo São Lucas: "Se alguém se envergonhar de Mim e de Minhas palavras, o Filho do Homem também se envergonhará dele quando vier em Sua Glória, na Glória de Seu Pai e dos santos anjos." Lc 9,26
Ora, num mundo sem Deus, paradoxalmente é a própria Missão de Jesus que é tratada como um escândalo, como supostos religiosos entendiam: "Então aproximaram-se d'Ele Seus discípulos e disseram-Lhe: 'Sabes que os fariseus se escandalizaram com as palavras que ouviram?' Jesus respondeu: 'Toda planta que Meu Pai Celeste não plantou será arrancada pela raiz. Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, ambos tombarão na mesma vala.'" Mt 15,12-14