A palavra 'caritas', em latim, de onde nos vem a palavra 'caridade', é a tradução de amor. Mas pelo largo e atual uso, caridade passou a designar atitude, gestos concretos do amor que se sente, quando verdadeiramente altruístico. Já no sentido teológico, significa encarnar o salvífico amor, isto é, por intervenção de Deus, em nossa humanidade viver o divino amor. Esse é o Mandamento de Jesus, dado em Sua última noite entre os Apóstolos, conforme leitura do Evangelho segundo São João. Ele coloca Seu amor como parâmetro para o nosso: "Dou-vos um novo Mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos tenho amado, vós também deveis amar-vos uns aos outros." Jo 13,34
E Ele cita a caridade, material e espiritual, como único critério para separar ovelhas de cabritos no Dia do Juízo, como Evangelho segundo São Mateus registrou: "Então o Rei dirá aos que estão à direita: 'Vinde, benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a Criação do mundo. Porque tive fome e Me deste de comer; tive sede e Me deste de beber; era peregrino e Me acolheste; nu e Me vestiste; enfermo e Me visitaste; estava na prisão e viestes a Mim.'" Mt 25,34-36
Eis que a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios a indica como imperativo em toda obra de um cristão: "Tudo que fazeis, fazei na caridade." 1 Cor 16,14
Grande teólogo, ele com frequência falou da caridade. Seja para distingui-la, ao denunciar o racionalismo de certas 'economias': "Porém, a ciência incha, a caridade constrói." 1 Cor 8,1
Seja para pontualmente conceituá-la, como também se usa para o próprio amor: "A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Não é escandalosa. Não cuida de seus interesses, não se irrita, não guarda rancor, não suspeita mal. Não se alegra com a injustiça, mas com a Verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." 1 Cor 13,4-7
Ou para prever a efetividade de sua prática, que sem dúvida é eterna: "A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará." 1 Cor 13,8
Ele destaca-a entre as outras virtudes teologais: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade." 1 Cor 13,13
Porque somos conhecedores do mais perfeito exemplo a ser seguido, como a Carta de São Paulo os Efésios diz: "Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós Se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável perfume." Ef 5,2
Foi este Santo que estabeleceu a autêntica meta de todo cristão, na Carta de São Paulo os Efésios: "... conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo entendimento, para que sejais cheios de toda plenitude de Deus." Ef 3,19
A Carta de São Paulo aos Colossenses ainda a apresenta como o caminho da excelência: "Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição." Cl 3,14
Citando o Livro de Provérbios, a Primeira Carta de São Pedro aponta-a como a maior das indulgências: "Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre uma multidão de pecados (Pr 10,12)." 1 Pd 4,8
O Livro de Eclesiástico pregou a generosidade para com todos em carência, para nossa melhor relação com Deus: "Estende a mão ao pobre, a fim de que sejam perfeitos teu sacrifício e tua oferenda. Dá de boa vontade a todos os vivos, e não recuses esse benefício a um morto. Não deixes de consolar os que choram, aproxima-te dos que estão aflitos. Não tenhas preguiça de visitar um doente, pois é assim que te firmarás na caridade." Eclo 7,36-39
Entretanto, pregando em Jerusalém na Páscoa em que seria sacrificado, Nosso Salvador profetizou a respeito dos últimos tempos: "E ante o crescente progresso da iniquidade, a caridade de muitos esfriará." Mt 24,12