Deus consola-nos desde a afeição que nos dedica, como o Livro dos salmos canta: "Que Teu amor seja minha consolação..." Sl 119,76
E assim Ele foi revelando-Se até abertamente dirigir-Se ao povo após o exílio na Babilônia, dizendo de enfático modo através do Livro do Profeta Isaías: "Eu, Eu mesmo sou Vosso Consolador!" Is 51,12
Prometeu consolar Israel até mesmo em momentos de desobediência, ainda dizendo através deste Profeta: "Como um rebelde, seguiu o caminho que bem queria. Eu vi seu caminho, mas vou curá-lo, guiá-lo e oferecer-lhe consolação." Is 57,17-18
Ora, esta também é uma das funções de Seus Profetas, segundo o Livro do Eclesiástico, que disse dos Doze Maiores: "Quanto aos Doze Profetas, que refloresçam seus ossos em seus túmulos, porque eles consolaram Jacó, eles resgataram-no na fé e na esperança." Eclo 49,12
E Isaías, imbuído desta missão, transmitia a todo povo: "'Consolai, consolai Meu povo', diz Vosso Deus. 'Animai Jerusalém, dizei-lhe bem alto que suas lidas estão terminadas, que sua falta está expiada, que recebeu, da mão do Senhor, pena dupla por todos seus pecados.'" Is 40,1-2
Falando por Deus, este Profeta predisse as emblemáticas palavras que Jesus usaria ao anunciar Sua Missão, quando o Filho de Deus também Se revelou Consolador: "O Espírito do Senhor está sobre Mim... para consolar os que estão tristes..." Is 61,1-2
O Evangelho segundo São Lucas relata que o religioso Simeão viu o cumprimento dessa promessa ao testemunhar a Apresentação do Menino Jesus no Templo, referindo-se por 'Israel' ao verdadeiro povo de Deus, à Santa Igreja, ao Corpo Místico de Cristo: "Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel..." Lc 2,25
Desde o Sermão da Montanha, portanto, Jesus já prometia Seus cuidados. Está no Evangelho segundo São Mateus: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!" Mt 5,4
E momentos antes do início de Sua Paixão, mais uma vez Ele referiu-Se a Si mesmo, assim como ao Espírito Santo, que jamais abandona a Igreja Católica, como Consolador. O Evangelho segundo São João registrou: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Consolador, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16
Enquanto Palavra de Deus, as Escrituras também têm essa específica finalidade. A Carta de São Paulo aos Romanos diz: "Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança." Rm 15,4
É o bem produzido pelos ensinamentos do Livro da Sabedoria, que nos fazem perceber os verdadeiros tesouros de Deus: "Portanto, resolvi tomá-la por companheira de minha vida, cuidando que ela para mim será uma boa conselheira, e minha consolação nos cuidados e na tristeza." Sb 8,9
É certo, pois, que as consolações nos são dadas em proporção às dores e penitências que enfrentamos em nome da Salvação, nossa e de nossos irmãos. A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios argumenta: "Com efeito, à medida que em nós crescem os sofrimentos de Cristo, por Cristo também crescem nossas consolações. Se, pois, somos atribulados, é para vossa consolação e Salvação. Se somos consolados, é para vossa consolação, a qual se efetua em vós pela paciência em tolerar os sofrimentos que nós mesmos suportamos. Nossa esperança a respeito de vós é firme: sabemos que, como sois companheiros de nossas aflições, assim também o sereis de nossa consolação." 2 Cor 1,5-7
E tal qual o Pai devem ser os filhos, para que trabalhemos em nome da união da Igreja. O Apóstolo dos Gentios segue: "O Deus da perseverança e da consolação conceda-vos o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Jesus Cristo, para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo." Rm 15,5-6