No Evangelho segundo São Lucas, o sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, foi bem específico quando profetizou a respeito de Cristo, dizendo que Sua Missão seria "... dirigir nossos passos no caminho da Paz." Lc 1,79
No mesmo sentido, quando anunciaram o Nascimento de Jesus aos pastores de Belém, os anjos já desejavam à humanidade a indizível Paz que Ele ofereceria: "Glória a Deus no mais alto dos Céus e Paz na Terra aos homens por Ele amados." Lc 2,14
Com efeito, compartilhando entre nós uma condição categoricamente só Sua, Jesus ensinou desde o Sermão da Montanha, início de Seu Ministério, que o Evangelho segundo São Mateus apontou: "Felizes os que promovem a Paz, porque serão chamados filhos de Deus." Mt 5,9
Pois ao enviar os Apóstolos em missão pela primeira vez, Ele recomendou uma saudação que se tornaria Sua marca, e deixou claro que tal prática é sobrenatural, não consiste apenas de palavras: "Em qualquer casa em que entrardes, primeiro dizei: 'A Paz esteja nesta casa.' Se ali morar algum amigo da Paz, vossa Paz repousará sobre ele. Senão, ela retornará a vós." Lc 10,5-6
E no Evangelho segundo São João, pouco antes de Sua Crucificação, falando aos Apóstolos sobre a singularidade de Sua Paz, mais uma vez Ele afirmou seu sobrenatural caráter: "Eu deixo-vos a Paz, Eu dou-vos Minha Paz. A Paz que Eu vos dou não é a paz que o mundo dá." Jo 14,27
Pois na lógica inversa de Jesus, para alcançar Sua Paz é necessário opor-se até mesmo à paz meramente mundana, inclusive em meio à própria família. Ora, Sua Paz é uma pessoal oferta, exclusiva aos membros da Santa Igreja, jamais ao mundo: "Não julgueis que vim trazer a Paz à Terra. Vim trazer não a Paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa." Mt 10,34-36
De fato, foi derramando, e por duas vezes, Sua Paz exclusivamente sobre Apóstolos, discípulos e seguidores que Ele instituiu a Igreja, para assim a enviar ao mundo. É o que vemos logo no Domingo da Ressurreição: "Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-Se no meio deles. Disse-lhes Ele: 'A Paz esteja convosco!' Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: 'A Paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, Eu envio a vós.'" Jo 20,19-21
Afirmativamente, com a Vinda de Jesus foi-nos concedido experimentar na Terra a Paz que será vivida na eternidade, como o Livro do Profeta Isaías anunciou 700 anos antes: "A soberania repousa sobre Seus ombros, e Ele chama-Se: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Seu império será grande, e sem fim a Paz sobre o trono de Davi e em Seu Reino. Ele firmá-lo-á e mantê-lo-á pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre." Is 9,5b-6a
E dias antes de Sua Ascensão aos Céus, à margem do Mar de Galileia, Nosso Salvador deu exatamente essa incumbência à Sua Igreja, então representada pela pessoa de São Pedro: "Apascenta Meus cordeiros. Apascenta Minhas ovelhas." Jo 21,16b.17b
Essa Paz que só Jesus concede, pois, é impossível de ser descrita em palavras. A Carta de São Paulo aos Filipenses diz: "E a Paz de Deus, que excede toda compreensão, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus." Fl 4,7
No entanto, os Divinos Sacramentos assim podem ser resumidos, como está na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "Deus chamou-nos a viver em Paz." 1 Cor 7,15
Não por acaso, dirigindo-se à Igreja, o Apóstolo dos Gentios vai usar essa saudação no início de todas suas cartas, sem exceção, como vemos na Carta de São Paulo aos Romanos: "... Graça e Paz..." Rm 1,7
Da mesma forma faz Príncipe dos Apóstolos em suas duas cartas, indicando na Segunda Carta de São Pedro o modo de obtê-la: "... Graça e Paz em abundância vos sejam dadas por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor!" 2 Pd 1,2