
Foi um dos mais reservados Apóstolos, de quem poucos registros ficaram, mas nem por isso se pode deduzir que tenha sido menos ativo. De fato, não é muito mencionado. E aparece nas listas dos Apóstolos nos Evangelhos sempre entre os últimos dos Doze. O Evangelho Segundo São Mateus, por exemplo, apontou: "Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro, depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,2-4
E o Evangelho Segundo São Lucas, que não o chama de Tadeu, mas de Judas, seu primeiro nome, só o menciona à frente de Judas Iscariotes: "Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e dentre eles escolheu Doze, que chamou de Apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelota; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor." Lc 6,13-16
Parente de
Jesus, ele é citado como um de
Seus irmãos por São Mateus e no Evangelho Segundo
São Marcos, que reproduzimos:
"Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?" Mc 6,3
É São Judas que questiona Jesus, no Evangelho Segundo
São João, quanto a Seu modo de
manifestar-Se pessoa a pessoa, pois gostaria de vê-Lo manifestando-Se o quanto antes ao mundo todo, de forma
gloriosa e em definitivo. Nessa passagem, fica evidente o respeito com que ele trata Jesus, chamando-O de Senhor, detalhe que também desmistifica a ideia de que seria Seu irmão, como pretendem alguns, e assim simplesmente pela absoluta falta de intimidade: "Pergunta-Lhe Judas, não o Iscariotes: 'Senhor, por que razão hás de manifestar-Te a nós e não ao mundo?' Respondeu-lhe Jesus: 'Se alguém
Me ama, guardará Minha
Palavra e Meu
Pai amá-lo-á. E
Nós viremos a ele, e nele faremos Nossa morada.'" Jo 14,22-23
Ele ainda tem seu nome nas listas dos Onze presentes no
Cenáculo, pouco antes da vinda do
Espírito Santo por ocasião do
Pentecostes, conforme o Livro de Atos dos Apóstolos, onde mais uma vez (cf. Lc 6,16) São Lucas exclusivamente o indica como irmão de
São Tiago Menor, não de Jesus, e de novo como o último deles, atrás até de São Simão Zelota, que dos Doze é o menos citado. Ademais, nosso evangelista aponta a presença da Santíssima Virgem, Mãe da
Santa Igreja Católica: "Tendo entrado no Cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelota, e Judas, irmão de Tiago. Todos eles unanimemente perseveravam em
oração, juntamente às mulheres, entre elas
Maria,
Mãe de Jesus, e os
irmãos d'Ele." At 1,13-14
Por fim, n
osso Santo assina uma epístola na qual providencialmente se identifica com irmão de São Tiago Menor, assim como São Lucas
, de expresso modo, o identificou por duas vezes. Essa passagem deixa ainda mais claro que ele não era irmão de Jesus, nem filho de
Nossa Senhora ou sequer de
São José, como ainda mais delirantes pretendem. Ele mesmo faz questão de apresentar-se, talvez justamente para esclarecer esse assunto, diz-se irmão de Tiago, filho da Maria esposa de Cleófas, ou Alfeu
(cf. Mc 3,18), seu equivalente hebraico, e parenta de
Maria Santíssima. Ele não se identifica como irmão de Jesus, como seguramente faria se o fosse, mas como Seu servo: "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago..." Jd 1
A Carta de São Judas também não é extensa. Ele justifica-a apenas para corroborar o que 'os Apóstolos' ensinavam, como se não fosse um deles, para deixar seu
testemunho sobre Cristo e já alertar das correntes
heresias, exortando os fiéis a não desanimarem com o
escárnio que sofriam. E deixa um importante registro de que a
Revelação já estava encerrada, portanto só cabe ser explicitada, chamando-a de '
fé'': "Caríssimos, estando eu muito preocupado em escrever-vos a respeito de nossa comum
Salvação, senti a necessidade de dirigir-vos esta carta para vos exortar a pelejar pela fé, de uma vez para sempre confiada aos
Santos. Pois certos ímpios furtivamente se introduziram entre nós, os quais desde muito tempo estão destinados para este
Julgamento. Eles transformam em dissolução a
Graça de Nosso Deus, e negam Jesus Cristo, Nosso Único Mestre e Senhor. Mas vós, caríssimos, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: 'No
fim dos tempos virão
impostores, que viverão segundo suas ímpias
paixões.
Homens que semeiam a discórdia,
homens sensuais que não têm o Espírito Santo.'" Jd 3-4.17-19
Nela, demonstrando o mesmo respeito que se viu no Evangelho Segundo São João, por seis vezes ele menciona o
Nome de Jesus, e em todas chama-O de
Cristo. E, como visto, também O chama de 'Nosso Único Mestre e Senhor', ou seja, nenhum resquício de familiar intimidade, muito menos de sanguínea irmandade.