segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A Ira de Deus

    Embora muito mais se fale do amor de Deus, também se deve ter claro Sua ira, como se viu em punição pelo pecado da idolatria durante o Êxodo. Aliás, pelo pecado da idolatria, a fúria de Deus alcança até mesmo os já falecidos, como é o caso Purgatório, pois Ele mesmo diz no cântico de Moisés, que estava em seus últimos anos, visto no Livro de Deuteronômio: "Eles provocaram Meu ciúme com um falso deus, e irritaram-Me com seus vazios ídolos. O fogo de Minha ira está a arder e vai queimar até à mansão dos mortos, vai devorar a Terra e seus produtos, e abrasar o alicerce das montanhas." Dt 32,21-22

    Pois mesmo com todas frequentes intervenções de Moisés, nem todos israelitas entraram na Terra Santa. Mais tarde, através do Livro de Salmos, Ele mesmo justificou: "Por isso, em Minha ira, jurei que não haveriam de entrar no lugar de descanso que lhes prometera!" Sl 94,11

    E dado que Israel não acolhia Seus Profetas, Ele usou da brutalidade do inimigo exército, os babilônios, para corrigir Seu povo. São registros do Segundo Livro de Crônicas, quando se deu a destruição do Templo de Jerusalém e o exílio em Babilônia: "Em vão o Senhor, Deus de seus pais, havia-lhes enviado avisos sobre avisos por meio de Seus mensageiros, pois tinha compaixão de Seu povo e de Sua própria habitação. Eles zombavam de Seus enviados, desprezavam Seus conselhos e riam de Seus Profetas, até que a ira de Deus se desencadeou sobre Seu povo e não houve mais remédio. Então Deus suscitou contra eles o rei dos caldeus, que, no próprio edifício do Santuário, mandou matar Seus jovens, e não poupou nem o adolescente, nem a donzela, nem o ancião, nem a mulher de cabelos brancos. O Senhor entregou-lhe tudo." 2 Cr 36,15-17

    Ademais, os Profetas também eram encarregados de anunciar Seus castigos, como vemos no Livro do Profeta Isaías, cem anos antes, ao falar do símbolo máximo da ira de Deus: Seu Dia, o Dia do Juízo Final: "Lamentai-vos, porque o Dia do Senhor está próximo como uma devastação provocada pelo Todo-Poderoso. Eis que virá o Dia do Senhor, implacável Dia, de furor e de ardente cólera, para reduzir a Terra a um deserto e dela exterminar os pecadores." Is 13,6.9

    Ora, o atual inferno, para onde seguem as más almas, ainda não é a definitiva condenaçãoE a ira de Deus, de tão real e efetiva, tem-se manifestado de tal forma que os maus anjos, Satanás entre eles, já foram punidos. Diz a Segunda Carta de São Pedro: "Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas precipitou-os nos tenebrosos abismos do inferno onde os reserva para o Julgamento..." 2 Pd 2,24

    Na parábola das ovelhas e dos cabritos, que consta do Evangelho Segundo São Mateus, Jesus, dias antes de Sua última Páscoa, também Se pronunciou nesse sentido: "Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o eterno fogo destinado ao Demônio e aos seus anjos." Mt 25,41

    São João Batista igualmente advertia da ira de Deus, e, como única solução, apontava para a Redenção oferecida na Pessoa de Cristo. É seu discurso antes de ser preso, quando soube que Jesus já havia iniciado Seu Ministério, como está no Evangelho Segundo São João: "Aquele que crê no Filho tem a Vida Eterna. Quem não crê no Filho não verá a Vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus." Jo 3,36

    Em mesmo sentido, a Carta de São Paulo aos Colossenses, chamando-os de insensatos por desvios já dentro do cristianismo, prega a purificação do corpo e da alma para que não mais ofendêssemos o Pai Celeste: "Mortificai vossos membros, pois, no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes." Cl 3,5-6

    Assim, pois, a Carta de São Paulo aos Romanos via no lento vagar dos tempos a paciência de Deus, à espera de nossa Confissão, de nossa sincera conversão: "Ou desprezas as riquezas de Sua bondade, tolerância e longanimidade, desconhecendo que a benignidade de Deus te convida ao arrependimento? Mas por obstinação e impenitente coração, vais acumulando ira contra ti, para o Dia da Cólera e da revelação do justo Juízo de Deus..." Rm 2,4-5