Ao iniciar Sua vida pública, essas foram as primeiras palavras de Nosso Salvador, no Evangelho segundo São Mateus: "Desde então Jesus começou a pregar: "Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo." Mt 4,17
Com idêntico propósito, Ele enviou os Apóstolos, desde a primeira missão. Está no Evangelho segundo São Marcos: "Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois... Eles partiram e pregaram a penitência." Mc 6,7.12
E no Evangelho segundo São Lucas, como Jesus explicou aos Apóstolos em aparição no Domingo da Ressurreição, falando em terceira Pessoa, a missão da Santa Igreja é trazer o povo de Deus à contrição espiritual, pela Confissão: "E que em Seu Nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas nações, começando por Jerusalém." Lc 24,47
Ora, assim faziam os Profetas, como está no Livro de Daniel, nos mais difíceis momentos da História de Israel: "Naquele tempo, eu, Daniel, fiz penitência durante três semanas. Não provei alimento delicado algum: não passou em minha boca nem carne nem vinho; absolutamente não me ungi de óleo durante o transcurso dessas três semanas." Dn 10,2-3
Conforme o Livro de Eclesiástico, essa também era a missão dos líderes de Israel, como o rei Josias: "Foi divinamente destinado a levar o povo à penitência, e robusteceu a piedade numa época de pecado." Eclo 49,1
Nesse sentido, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios diz dessa prática, em nome de sua própria Salvação: "Ao contrário, castigo meu corpo e mantenho-o em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de ter pregado aos outros." 1 Cor 9,27
De fato, Jesus descreveu o que a conversão de um pecador significa para Deus: "Digo-vos que assim haverá maior júbilo no Céu por um só pecador, que fizer penitência, que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lc 15,7
E o Livro de Salmos canta: "Meu sacrifício, ó Senhor, é um contrito espírito. Um arrependido e humilhado coração, ó Deus, que não haveis de desprezar." Sl 50,19
Pois só assim podemos achegar-nos a Jesus, como dizem os seguidores tradição de São Paulo na Carta aos Hebreus: "E dado que temos um Sumo-Sacerdote estabelecido sobre a Casa de Deus, a Ele acheguemo-nos com sincero coração, com plena firmeza da fé, o mais íntimo da alma isento de toda mácula de pecado e o corpo lavado com a purificadora Água do Batismo." Hb 10,21-22
Com efeito, antes mesmo de Jesus iniciar Sua Missão, era São João Batista, o Profeta do Altíssimo, que, revelando a vontade de Deus, exigia de todo povo uma sincera conversão: "Dai frutos, pois, de verdadeira penitência." Mt 3,8
O Livro de Sabedoria já dizia que Deus pacientemente espera por nosso arrependimento: "... inspirastes a Vossos filhos a boa esperança de que, após o pecado, dá-lhe-eis tempo para a penitência..." Sb 12,19
E constatou: "Tendes compaixão de todos, porque Vós podeis tudo. E para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens." Sb 11,23
Foi o mesmo que a Segunda Carta de São Pedro ensinou: "O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Ele não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam." 2 Pd 3,9
A mais comum forma de penitência é a oração, seguida de jejum e esmola. O Arcanjo São Rafael falou dessas práticas no Livro de Tobias, dizendo a Tobit, seu pai: "Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos escondidos tesouros de ouro. Porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a Misericórdia e a Vida Eterna..." Tb 12,8-9
Qualquer sensata pessoa, portanto, sabe que não há como nos aproximarmos de Deus sem que antes reconheçamos nossos pecados e busquemos purificar-nos. O salmista admitia: "Se não perdoardes nossas iniquidades, Senhor Javé, quem poderá subsistir diante de Vós?" Sl 129,3