sexta-feira, 7 de março de 2025

O Sacramento da Confissão

    Chamado de Sacramento da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação, o Livro de Eclesiástico já recomendava esse imprescindível exercício de : "Meu filho, aproveita-te do tempo, evita o Mal. Para o bem de tua alma, não te envergonhes de dizer a Verdade, pois há uma vergonha que conduz ao pecado e uma vergonha que atrai Glória e Graça. Não te mostres parcial, causando tua própria perdição, não mintas em prejuízo de tua alma. De nenhum modo contradigas a Verdade, envergonha-te da mentira cometida por ignorância. Não te envergonhes de confessar teus pecados, não te oponhas à correnteza do rio." Eclo 4,23-26.30-31

    E tão grande é sua importância que, logo ao iniciar Sua vida pública, essas foram as primeiras palavras de Jesus, e assim o primeiro Sacramento que Ele anunciou e exigiu. Está no Evangelho segundo São Marcos: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Fazei penitência e crede no Evangelho." Mc 1,15

    Com efeito, esse também foi o primeiro Sacramento ministrado pelos Apóstolos, quando foram enviados por Jesus na jornada que inaugurava seus ministérios: "Eles partiram e pregaram a penitência." Mc 6,12

    E durante as pregações de Jesus, eles também ministravam o batismo usado por São João Batista, isto é, exigindo prévia confissão de pecados: "Em seguida, foi Jesus com Seus discípulos para os campos de Judeia e ali Se deteve com eles, e batizava. ... se bem que não era Jesus quem batizava, mas Seus discípulos..." Jo 3,22;4,2

    Pois Nosso Salvador constituiu Seus Sacerdotes para que redimissem os pecados da humanidade, e logo em Sua primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos, após ressuscitar, como se lê no Evangelho segundo São João: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,22-23

    Ora, essa já era a prática de São João Batista, como dissemos. O Evangelho segundo São Mateus anotou: "Pessoas de Jerusalém, de toda Judeia e de toda circunvizinhança do Jordão vinham a ele. Confessavam seus pecados e por ele eram batizados nas águas do Jordão." Mt 3,5-6

    No Livro de Atos dos Apóstolos, pois, vemos que São Paulo cumpria seu ministério: "Muitos dos que haviam acreditado vinham confessar e declarar suas obras." At 19,18

    A Segunda Carta de São Pedro explicou que essa é a razão da aparente inatividade de Deus, dizendo sobre o Juízo: "O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas usa de paciência para convosco. Não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam." 2 Pd 3,9

    É por isso que a Carta de São Tiago recomenda essa salutar prática de piedade e humildade, e não só perante os padres. Ora, só falsos mestres ensinam que devemos 'confessar só a Deus.' "Confessai vossos pecados uns aos outros..." Tg 5,16

    E a Primeira Carta de São João garante: "Se confessarmos nossos pecados, Deus está aí, fiel e justo para perdoar-nos os pecados e para purificar-nos de toda iniquidade." 1 Jo 1,9

    Eis que, no Livro de Salmos, o rei Davi já cantava: "Enquanto me conservei calado, entre contínuos gemidos mirravam-se-me os ossos. Pois dia e noite Vossa mão pesava sobre mim, esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão. Então Vos confessei meu pecado, e não mais dissimulei minha culpa. Disse: 'Sim, vou confessar ao Senhor minha iniquidade.' E Vós perdoastes a pena de meu pecado." Sl 31,3-5

    E o Livro de Provérbios atestam: "Quem dissimula suas faltas, não há de prosperar. Quem as confessa e as detesta, obtém Misericórdia." Pr 28,13

    Com efeito, o povo de Israel adotou esse ritual desde a fundação do judaísmo, como foi exigido daqueles que se casavam com estrangeiras, no Livro de Neemias: "No vigésimo quarto dia do mesmo mês, vestidos de sacos e com a cabeça coberta de pó, os israelitas reuniram-se para um jejum. Os que eram de origem israelita estavam separados de todos estrangeiros, e apresentaram-se para confessar seus pecados e as iniquidades de seus pais." Ne 9,1-2