terça-feira, 30 de setembro de 2025

A Imprescindível Ajuda dos Céus

    Conforme a Carta de São Paulo aos Gálatas, devemos colaborar com o Divino Paráclito que vem em nosso socorro, para nos ajudar a renegar às más inclinações da carne: "Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne, pois são contrários uns aos outros." Gl 5,16-17

    Renegando toda vaidade, pois, ele assim se explicava na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9b-10

    Ora, no Evangelho Segundo São João, o próprio Jesus havia dito na sinagoga de Cafarnaum, quando ofereceu Sua Carne e Seu Sangue para que se tenha a Vida Eterna e muitos de Seus discípulos se escandalizaram: "... a carne de nada serve." Jo 6,63

    Referindo-se a essa sentença, a Primeira Carta de São Pedro recorda o que está no Livro do Profeta Isaías, e garante a Vitória: "'Porque toda carne é como a erva, e toda sua glória como a flor da erva. Seca-se a erva e cai a flor, mas a Palavra do Senhor eternamente permanece (Is 40,6s).' Ora, esta Palavra é a que vos foi anunciada pelo Evangelho." 1 Pd 1,24

    E ele dá à Igreja um recado, lembrando que estamos todos no mesmo combate, mas assegura os infalíveis auxílios de Deus àqueles que Lhe obedecem: "Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda Graça, que vos chamou em Cristo a Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoá-vos-á, torná-vos-á inabaláveis, fortificá-vos-á." 1 Pd 5,8-10

    Por isso, exorta que cuidemos da alma: "Caríssimos, rogo-vos, como estrangeiros e peregrinos nesse mundo, que vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma." 1 Pd 2,11

    E pede vigilância e perseverança: "Cingi, portanto, os rins do vosso espírito, sede sóbrios e colocai toda vossa esperança na Graça que vos será dada no Dia em que Jesus Cristo aparecer." 1 Pd 1,13

    Pois Nosso Salvador, instando-nos à ComunhãoSe revelou essencial a nossas vidas, momentos antes do início de Sua Paixão: "Quem permanecer em Mim e Eu n'ele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5b

    De fato, só fielmente guardando Sua Palavra podemos resistir às inevitáveis tribulações da vida. No Evangelho Segundo São Lucas, Ele advertiu Apóstolos e discípulos em Seus últimos dias entre eles, advertindo do Juízo, seja o Particular, seja o Final: "Velai sobre vós mesmos, para que vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, com a embriaguez e com as preocupações da vida... Vigiai todo tempo, pois, e rezai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de apresentar-vos de pé diante do Filho do Homem." Lc 21,34a.36

    E se a batalha parece grande demais, e numerosos são os inimigos, lembremos o que o levita Jaaziel disse aos habitantes de Judá, de Jerusalém e ao rei Josafá, quando amonitas, moabitas e maonitas se levantaram contra eles, ainda nos tempos dos primeiros reis de Israel. Está no Segundo Livro de Crônicas: "Eis o que vos diz o Senhor: 'Não temais, não vos deixeis atemorizar diante dessa imensa multidão!' Pois essa guerra não é vossa, mas de Deus." 2 Crô 20,15b

    Não por acaso,  o rei Davi já cantava no Livro de Salmos: "Aparta-te do mal e faze o bem, busca a Paz e vai em seu encalço. Os olhos do Senhor estão voltados para os justos, e Seus ouvidos atentos a seus clamores." Sl 33,15-16

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

São Miguel, São Gabriel e São Rafael Arcanjos

    O nome Miguel significa 'ninguém é como Deus' ou 'semelhança de Deus'. São Miguel Arcanjo é o grande protetor do trono celeste, que é sustentado por querubins (cf. 2 Rs 19,15). Ele é o supremo chefe dos Celestiais Exércitos, o Arcanjo da Divina Justiça e, portanto, maior combatente contra as forças do Maligno. É o anjo da nação de Israel, como o 'homem vestido de linho (cf. Dn 10,5)' explicou no Livro do Profeta Daniel, quando menciona o príncipe de uma nação inimiga de então, Grécia: "'Sabes bem', prosseguiu ele, 'por que vim a ti? Agora vou voltar para lutar contra o príncipe de Pérsia, e no momento em que eu partir virá o príncipe de Javã. Contra esses adversários, não há ninguém que me preste auxílio a não ser Miguel, vosso príncipe." Dn 10,20.22

    Ele também é o protetor de todo povo de Deus, ou seja, da Igreja Católica Apostólica Romana, como mais precisamente se verá durante a Grande Tribulação, nos últimos tempos. Seguem as revelações do 'homem vestido de linho': "Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande chefe, o protetor dos filhos de teu povo. Será uma época de tal desolação, como jamais houve igual desde que as nações existem até aquele momento." Dn 12,1

    E preparando a chegada de Jesus aos Céus, ele encarregou-se de expulsar Satanás e seus anjos das proximidades do trono de Deus, aonde com frequência ia para acusar e pedir para tentar os homens como pediu para tentar a Santa Igreja Católica desde sua fundação na pessoa de São Pedro (cf. Lc 22,31). São as visões que o Livro de Apocalipse de São João registrou: "Houve uma batalha no Céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E para eles já não houve lugar no Céu. Eu ouvi no Céu uma forte voz que dizia: 'Agora chegou a Salvação, o poder e a realeza de Nosso Deus, assim como a autoridade de Seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que dia e noite os acusava diante de Nosso Deus.'" Ap 12,7-8.10

    Gabriel significa 'Deus é Meu Protetor' ou 'homem de Deus'. São Gabriel Arcanjo é o encarregado dos Anúncios e das Divinas Revelações, é o Arcanjo da trombeta do Último Dia (1 Ts 4,16). É ele, por ordem de Deus, que explica as celestiais visões a Daniel: "Ora, enquanto eu contemplava essa visão e procurava o significado, vi, de pé diante de mim, um ser em humana forma, e ouvi uma humana voz vinda do meio do Rio Ulai: 'Gabriel', gritava, 'explica-lhe a visão.'" Dn 8,15-16

    Anjo da Palavra, ele é o grande mensageiro de Deus para os mais importantes eventos. E de mais que especial modo, foi ele o mensageiro da mais importante notícia, que a humanidade esperou por séculos, seis meses depois da aparição ao sacerdote São Zacarias para anunciar o nascimento de São João Batista, seu filho. Está no Evangelho Segundo São Lucas: "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade de Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria." Lc 1,26-27

    Segundo o Amado Médico, foi este Arcanjo que incumbiu Nossa Senhora de dar Nome a Jesus, assim como afirmou Seu Eterno Reinado, na Terra representado pela Igreja Católica. Ou seja, o Nome de Jesus foi revelado, foi uma determinação de Deus: "O anjo disse-lhe: 'Não temas, Maria, pois encontraste Graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um Filho, e dá-Lhe-ás o Nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus dá-Lhe-á o trono de Seu pai Davi. Eternamente reinará na Casa de Jacó, e Seu Reino não terá fim.'" Lc 1,30-33

    Rafael significa 'Deus te cura' ou 'cura de Deus'. São Rafael Arcanjo foi o único anjo que fisicamente esteve por um razoável período entre nós. É o Arcanjo de nossa guarda e nossa guia, o Grande Guardião de nossa saúde física e espiritual. Protagonista no Livro de Tobias, sua missão foi curar dois justos, o pai e a futura esposa de Tobias, que clamavam a Deus: "Estas duas orações foram ouvidas ao mesmo tempo, diante da Glória de Deus Altíssimo. E um santo anjo do Senhor, Rafael, foi enviado para curar Tobit e Sara, cujas preces tinham sido simultaneamente dirigidas ao Senhor." Tb 3,24-25

    Realmente poderoso, é ele que vai afastar e prender o Demônio, que matava os homens com quem Sara desposava (cf. Tb 3,8): "Nesse momento, o anjo Rafael tomou o Demônio e prendeu-o no deserto de Alto Egito." Tb 8,3

    É muito provavelmente dele, portanto, que Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses fala ao profetizar a manifestação do 'ímpio', um destacado anticristo que agirá pelo poder de Satanás durante a Grande Tribulação. Por enquanto, nosso Arcanjo estaria detendo-o: "Porque o Mistério do Mal já está em ação, apenas esperando o afastamento daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará." 2 Ts 2,7-8a

    Apesar de ser um arcanjo, pois ainda há outras sete classes de anjos que lhes são superiores, junto a São Miguel e São Gabriel, São Rafael Arcanjo, como ele mesmo vai identificar-se perante Tobit ao fim de sua missão, é um dos sete mais importantes anjos que constantemente estão diante de Deus: "Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor." Tb 12,15

domingo, 28 de setembro de 2025

O 'Evangelho' do Espírito Santo

    Juntos, o Evangelho Segundo São Lucas e o Livro de Atos dos Apóstolos, também deste autor, podem ser chamados de 'Evangelho' do Espírito Santo, tão oportunas e frequentes são as citações que nosso Amado Médico Lhe faz. Os Atos dos Apóstolos, por excelência, já o seria pura e simplesmente por representar o 'Tempo da Igreja', ou o 'Tempo dos Sacramentos', ou, bem mais especificamente, o 'Tempo do Espírito Santo', que veio 'suceder' o 'Tempo de Jesus', 'manifesto' após o 'Tempo do Pai'. Ele revela, por exemplo, que Nosso Senhor instruía os Apóstolos através do Divino Paráclito: "... contei toda sequência das ações e dos ensinamentos de Jesus, desde o princípio até o dia em que, depois de ter dado pelo Espírito Santo Suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu." At 1,2

    Em seu Evangelho, ele registrou o discurso inaugural da Missão de Jesus, que anuncia a presença d'Ele sobre Si, como foi antecipado no Livro do Profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu. E enviou-Me para anunciar a Boa Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da Graça do Senhor (Is 61,1-2a)." Lc 4,18-19

    É n'Ele que Jesus expressa Sua alegria, quando constata o sucesso da missão dos 72 discípulos, em triunfo contra Satanás: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: 'Pai, Senhor do Céu e da Terra, Eu dou-Te graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos.'" Lc 10,21

    Nosso Salvador afirma que Ele é o maior presente que o Criador quer oferecer-nos: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que LhO pedirem." Lc 11,13

    E pouco antes de Sua Ascensão aos Céus, Ele pediu aos Apóstolos que ficassem em Jerusalém, para que, com o auxílio do Divino Paráclito, eles continuassem Seu salvífico projeto: "Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto." Lc 24,49

    Finalmente, veio o grande dia, no qual a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo já nasceu católica, quer dizer, universal, falando para o mundo: "Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, do céu veio um ruído, como se soprasse um impetuoso vento, e encheu toda casa onde estavam sentados. Então lhes apareceu uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." At 2,1-4

    Ora, diligente na guarda do Ministério da Igreja Cristo, São Pedro, que vai repreender a falsidade de um fiel, revelou que mentir aos Sacerdotes da Igreja é mentir ao Espírito Santo, é mentir a Deus, assim indicando a Divindade do Santo Paráclito: "Ananias, por que Satanás tomou conta de teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus." At 5,3-4

    E num testemunho que dá de Jesus diante do Sinédrio, quando os Doze foram presos, São Pedro, sempre à frente dos Apóstolos, reafirma a necessidade do Sacramento da Confissão e da obediência a Deus para que se possa viver sob a Graça do Espírito Santo, que é testemunha e corrobora a obra da Santa Igreja Católica: "O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-O num madeiro. Deus elevou-O pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. Destes fatos, nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que Lhe obedecem." At 5,31-33

    Enfim, São Tiago Menor, então Bispo de Jerusalém (cf. At 12,17), ao pronunciar-se sobre o decisivo voto de São Pedro (cf. At 15,7), anunciou em carta à igreja de Antioquia a decisão do Concílio que rejeitava o rito de ex-judeus que exigiam a circuncisão dos pagãos convertidos. Mas claramente mencionou Quem a havia inspirado: "Com efeito, bem pareceu ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do indispensável seguinte..." At 15,28

sábado, 27 de setembro de 2025

O Pecado e a Pregação

    Ao tempo de Jesus, apontar os desvios do povo de Deus, mesmo dos religiosos, não era uma novidade. No Livro de Salmos, através do levita Asaf, o próprio Deus havia-Se pronunciado: "Escutai, ó Meu povo, que Eu vou falar. Israel, vou testemunhar contra ti. Deus, Teu Deus, sou Eu." Sl 49,7

    E após citar alguns graves pecados, Ele pergunta: "Eis o que fazes! E Eu? Hei de calar-Me? Pensas que Eu sou igual a ti? Não, mas vou repreender-te e lançar-te em rosto teus pecados." Sl 49,21

    Pois, mesmo em Sua natureza humana, Nosso Salvador conhecia o coração da criatura humana e garantiu que Seu Juízo era o de Deus, como disse aos fariseus no Templo de Jerusalém, no Evangelho Segundo São João: "Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e o que d'Ele ouvi Eu digo ao mundo." Jo 8,26

    Seus ensinamentos, portanto, como prometeu aos judeus que n'Ele creram, tem o dom de emancipar-nos do pecado: "Se permanecerdes em Minha Palavra, sereis Meus verdadeiros discípulos. Conhecereis a Verdade, e a Verdade libertá-vos-á." Jo 8,31-32

    Eles vão muito além de simples questões morais: tratam da própria vida espiritual: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: quem ouve Minha Palavra e crê n'Aquele que Me enviou, tem a Vida Eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a Vida." Jo 5,24

    E afirmando a insensibilidade do mundo e defendendo a importância da pregação, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios diz: "Já que o mundo, com sua sabedoria, não reconheceu a Deus na divina Sabedoria, aprouve a Deus salvar aqueles que creem pela loucura de Sua Mensagem." 1 Cor 1,21

    Loucura, dizia ele, porque reconhecia que anunciar a Cristo é anunciar um Mistério. Está na Carta São Paulo aos Colossenses: "Também orai por nós. Pedi a Deus que dê livre curso à nossa palavra para que possamos anunciar o Mistério de Cristo. É por causa deste Mistério que estou preso." Cl 4,3

    Por isso, a Carta de São Paulo aos Romanos argumenta, citando o Livro do Profeta Isaías: "Porém, como invocarão Aquele em Quem não têm ? E como crerão n'Aquele de Quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: 'Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)'? Mas não são todos que prestaram ouvido à Boa Nova. É o que exclama Isaías: 'Senhor, quem acreditou em nossa pregação (Is 53,1)?' Logo, a fé provém da pregação e a pregação exerce-se em razão da Palavra de Cristo." Rm 10,14-17

    Na verdade, sustenta ele, a verdadeira pregação não acontece se não for por obra do Divino Espírito Santo. A Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses fez relembrar-lhes: "Nosso Evangelho foi-vos pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção." 1 Ts 1,5

    Ora, o Livro de Provérbios já havia avisado: "Aquele que afasta o ouvido para não ouvir a Lei, até mesmo sua oração torna-se abominável." Pr 28,9

    Porque, seja por Suas obras ou por Si mesmo, Deus sempre Se dá a conhecer, como Moisés garantiu no Livro de Deuteronômio: "Então procurarás o Senhor, Teu Deus e O encontrarás, contanto que O busques de todo teu coração e de toda tua alma." Dt 4,29

    A Carta de São Tiago, por fim, veementemente deixou-nos essa pérola sobre a Palavra da Vida: "Sede cumpridores da Palavra, e não apenas ouvintes. Isto equivaleria a enganardes a vós mesmos. Aquele que escuta a Palavra sem a praticar, assemelha-se a alguém que contempla num espelho a fisionomia que a natureza lhe deu: contempla-se e, mal sai dali, esquece-se de como era. Mas aquele que procura meditar com atenção a Lei Perfeita da Liberdade e nela persevera, não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como fiel cumpridor do preceito, este será feliz em seu proceder." Tg 1,22-25

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Inspirador e Intérprete da Palavra, Autor da Graça e da Unidade

    A Igreja Católica Apostólica Romana sempre, note bem, sempre!, tem presente o Santo Espírito, que lhe dá Sua assistência e Seus cuidados exatamente como foi prometido por Jesus no Evangelho Segundo São João: "Se Me amais, guardareis Meus Mandamentos. E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Consolador, para que convosco fique eternamente." Jo 14,15-16

    Conforme a Primeira Carta de São Pedro, é o próprio Santo Paráclito que tem franqueado o Evangelho: "... revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu. Revelações estas que os próprios anjos desejam contemplar." 1 Pd 1,12b

    A Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, de fato, faz relembrá-los: "Nosso Evangelho foi-vos pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo..." 1 Ts 1,5a

    É Ele, pois, que desde o Pentecostes tem dado Vida e mantém a Igreja Viva, continuamente sob Sua inspiração, e não uma igreja congelada no passado, escrava de literais ou pessoais interpretações das Escrituras. A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios afirma: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso Ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser Ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face, embora transitório, quanto mais glorioso não será o Ministério do Espírito?" 2 Cor 3,3.5-8

    Aliás, condenando as pessoais interpretações, que na prática são verdadeiras heresias, a Segunda Carta de São Pedro já nos alertava que só havia uma interpretação correta: aquela que procede da inspiração do próprio Espírito Santo: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de pessoal interpretação. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus." 2 Pd 1,20-21

    Porque foi o próprio Deus que enviou Seu Espírito, para, após a Ascensão do Senhor, nos lembrar e ensinar a Verdade em cada nova situação, como se viu pelos séculos, até o Dia do Juízo. Nosso Salvador disse na noite que ia ser entregue: "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu Nome, ensiná-vos-á todas coisas e recordá-vos-á tudo que vos tenho dito. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 14,16;16,13

    Assim, apesar de serem muitos os dons de Deus, todos são distribuídos pelo Santo Paráclito. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios revelou: "Há diversidade de dons... Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como Lhe apraz." 1 Cor 12,4a.11

    Pois todos eles sempre estão, e sempre estarão, voltados para edificar a Santa Igreja Católica, o Corpo Místico de Cristo. Ou seja, o Espírito de Deus jamais deu de Seus dons a quem quer que seja para a atacar: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12

    E só através d'Ele, que o mundo não pode receber (cf. Jo 14,17), temos as Graças de Deus, como os seguidores da tradição de São Paulo afirmaram na Carta aos Hebreus: "... o Espírito Santo, Autor da Graça!" Hb 10,29

    Por isso, a Carta de São Paulo aos Efésios pede pela Única e Verdadeira União, só existente na Santa Igreja, que nos é facultada pelo próprio Espírito Santo: "Exorto-vos, pois, prisioneiro que sou pela causa do Senhor, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda humildade e amabilidade, com grandeza de alma, mutuamente suportando-vos com caridade. Sede solícitos em conservar a Unidade do Espírito no vínculo da Paz." Ef 4,1-3

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A Sã Doutrina

    Maior manifestação de Deus, Jesus deixou-nos mais que sólida Doutrina, que Ele mesmo assegurava ser a Doutrina do Pai. Foi o que disse aos chefes dos judeus que ficaram admirados com Seus ensinamentos no Templo de Jerusalém, durante uma Festa dos Tabernáculo. É da leitura do Evangelho Segundo São João: "Minha Doutrina não é Minha, mas d'Aquele que Me enviou." Jo 7,16b

    Também o havia afirmado pregando à multidão, quando disse que só Ele poderia revelar-nos o Pai, no Evangelho Segundo São Mateus: "Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-Lo. Tomai Meu jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração, e achareis o repouso para vossas almas." Mt 11,28b-29

    Ora, o povo logo percebeu algo mais que palavras nos ensinamentos de Nosso Senhor, como se deu em Cafarnaum em Seus primeiros dias de vida pública. O Evangelho Segundo São Lucas apontou: "Maravilharam-se de Sua Doutrina, porque Ele ensinava com autoridade." Lc 4,32

    A Revelação, pois, que teve seu ápice no Advento, ainda em Galileia foi tratada pelo Evangelho Segundo São Marcos como Sua Doutrina. Ele estava pregando sentado na barca de São Pedro (Lc 5,3), que é símbolo da Santa Igreja Católica: "Jesus pôs-Se novamente a ensinar, à beira do mar, e junto d'Ele aglomerou-se tão grande multidão que Ele teve que entrar numa barca, no mar, e toda multidão ficou em terra, na praia. E ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. Dizia-lhes em Sua Doutrina..." Mc 4,1-2

    Até tinha proposto uma experiência aos judeus de Jerusalém: "Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se Minha Doutrina é de Deus ou se falo de Mim mesmo." Jo 7,17

    Era, enfim, a Doutrina dos Apóstolos, da Igreja Católica Apostólica Romana, como São Lucas disse, no Livro de Atos dos Apóstolos, dos cristãos ainda nos primeiros dias da nascente comunidade. E desde então ele já apontava os quatro elementos da Santa Missa: "Perseveravam eles na Doutrina dos Apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações." At 2,42

    E a Carta de São Paulo aos Efésios, portanto, afastava qualquer heresia"Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus enganadores artifícios." Ef 4,14

    Porque a Carta de São Paulo aos Romanos apontava na Sagrada Tradição, oralmente transmitida enquanto os Evangelhos não estavam escritos, a verdadeira Doutrina: "Graças a Deus que vós, depois de terdes sido escravos do pecado, passastes a obedecer de coração à Doutrina à qual Deus vos confiou." Rm 6,17

    Dizia daqueles que atentam contra a Unidade da Igreja: "Rogo-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da Doutrina que recebestes. Evitai-os!" Rm 16,17

    A Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo vai chamá-la de Sã Doutrina: "Pois tudo que Deus criou é bom, e nada há de reprovável quando se usa com ação de graças. Porque se torna santificado pela Palavra de Deus e pela oração. Recomenda esta Doutrina aos irmãos, e serás bom Ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da e da Sã Doutrina que até agora seguiste com exatidão." 1 Tm 4,4-6

    E ao contrário da esperada submissão a Deus, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo profetizou a escolha de líderes que sejam tolerantes com certos pecados, como tanto se vê nas atuais décadas: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da Verdade e atirar-se-ão às fábulas." 2 Tm 4,3-4

    Ora, Nosso Salvador denunciava as 'tradições' de escribas e fariseus, pois humanos preceitos já contaminavam a Revelação desde o Antigo Testamento, como Ele invocou o Livro do Profeta Isaías, que falava por Deus: "Jesus disse-lhes: 'Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-Me com os lábios, mas seu coração está longe de Mim. Em vão, pois, cultuam-Me, porque ensinam humanos doutrinas e preceitos (Is 29,13). Deixando o Mandamento de Deus, apegai-vos à tradição dos homens.'" Mc 7,6-8

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

O Dom da Fé

    A Carta de São Paulo aos Romanos, ao convidá-los à humildade, claramente diz que a é um dom e por Deus é distribuído em diferentes graus: "Em virtude da Graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não tenham de si mesmos mais elevado conceito do que convém, mas uma justa estima, ditada pela Sabedoria, de acordo com o grau de fé que Deus lhes distribuiu." Rm 12,3

    E aponta que ela é especificamente dada pela Pessoa do Santo Paráclito, atestando Sua autonomia, conforme a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "A um é dada pelo Espírito uma palavra de Sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito... Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, a cada um repartindo como Lhe apraz." 1 Cor 12,8-9a.11

    Já a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses claramente falava em progressão na fé: "Sentimo-nos na obrigação de incessantemente dar graças a Deus a respeito de vós, irmãos. Aliás, com muita razão, visto que vossa fé vai progredindo sempre mais e se desenvolve a caridade que tendes uns para com os outros." 2 Ts 1,3

    é-nos facultada por nossa boa vontade em conhecer: "Logo, a fé provém da pregação, e a pregação exerce-se em razão da Palavra de Cristo." Rm 10,17

    Por isso, o Apóstolo dos Gentios pedia paciência com os iniciantes, deixando Deus agir: "Acolhei aquele que é fraco na fé, com bondade, sem discutir suas opiniões." Rm 14,1

    Quanto àqueles que sinceramente O indagavam, a resposta de Nosso Senhor era sucinta. Está no Evangelho Segundo São João: "Perguntaram-Lhe: 'Que faremos para praticar as obras de Deus?' Respondeu-lhes Jesus: 'A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou." Jo 6,28-29

    Ao mencionar os milagres realizados por Nosso Senhor, São João diz o motivo que o levou a relatá-los em seu Evangelho: "Mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a Vida em Seu Nome." Jo 20,31

    Pois enquanto rezava ao Pai pelos Apóstolos após a Santa Ceia, em nome da missão que eles estavam assumindo, Nosso Salvador também pediu por nós, que receberíamos o testemunho que eles dariam: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em Mim." Jo 17,20

    De São Tomé, entretanto, que tantos milagres havia presenciado, Ele cobrou após ressuscitar: "Põe aqui teu dedo e olha Minhas mãos. Estende tua mão e coloca-a no Meu lado. E não sejas incrédulo, mas crê!" Jo 20,27

    E finalizou dizendo-lhe e exaltando a pura fé, a fé do simples conceber, para muito além de provas materiais: "Creste porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!" Jo 20,29

    Ora, Ele exalta a fé por Deus concedida aos mais humildes. Lê-se no Evangelho Segundo São Mateus: "Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: 'Eu bendigo-Te, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos.'" Mt 11,25

    E no comportamento dos principais dos judeus de então, tão ciosos de vanglória e bens materiais, denunciou a razão da incredulidade, numa de Suas passagens por Jerusalém: "Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a Glória que é só de Deus?" Jo 5,44

    Portanto, enquanto dom, a fé é mais um mistério. Contudo, para aqueles que a buscam e a alimentam, também é uma grande conquista, a vitória do povo de Deus. É ela que nos dá o dom da ciência, o saber além da mera e humana ciência. Na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo magistralmente vão apontar: "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória de nossos antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela Palavra de Deus, e que as coisas visíveis se originaram do invisível." Hb 11,1-3

    A Carta de São Paulo aos Gálatas, contudo, lembra que a verdadeira fé age pelos inconfundíveis atos de amor: "... a fé que opera pela caridade." Gl 5,6

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Algumas Passagens da Bíblia

    A Carta de São Paulo aos Romanos exorta: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada e o que é perfeito." Rm 12,2

    E em luminosa lição, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo recomendou-lhe: "Exercita-te na piedade. Se o corporal exercício traz algum pequeno proveito, a piedade, esta sim, para tudo é útil, porque tem a promessa da presente e da futura Vida." 1 Tm 4,8

    A Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo foi mais adiante, fazem menção ao Livro de Números e ao Livro do Profeta Isaías: "Procura esquivar-te das frívolas conversas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena. Contudo, o sólido fundamento de Deus mantém-se firme, porque vem selado com estas palavras: 'O Senhor conhece aqueles que são Seus (Nm 16,5)'; e: 'Renuncie à iniquidade todo aquele que pronuncia o Nome do Senhor (Is 26,13).'" 2 Tm 2,16-17a.19

    E determinou-lhe, exaltando a Santa Igreja Católica, que é o Corpo Místico de Cristo: "Foge das paixões da mocidade, com empenho busca a justiça, a , a caridade, a Paz, com aqueles que invocam o Senhor com pureza de coração." 2 Tm 2,22

    Exigindo profético espírito, a Carta de São Paulo aos Efésios prega: "Vivei como filhos da Luz. E o fruto da Luz chama-se: bondade, justiça, Verdade. Discerni o que agrada ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas infrutíferas obras das trevas. Pelo contrário, abertamente condenai-as." Ef 5,8b-11

    Porque temos uma missão, como está na Primeira Carta de São João: "Eis como sabemos que O (Jesus) conhecemos: se guardamos Seus Mandamentos. Aquele que diz conhecê-Lo, e não guarda Seus Mandamentos, é mentiroso e nele não está Verdade. Aquele, porém, que guarda Sua Palavra, nele o amor a Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos n'Ele: aquele que n'Ele afirma permanecer, também deve viver como Ele viveu." 1 Jo 2,3-6

    Ora, a Carta de São Paulo a São Tito acuradamente vai dizer"Para os puros, todas coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro, até sua mente e consciência são corrompidas. Proclamam que conhecem a Deus, mas na prática renegam-nO, detestáveis que são, rebeldes e incapazes de qualquer boa obra." Tt 1,15-16

    Sobre a inspiração que guia a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios tratou de esclarecer: "Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as Graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais. Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem pode compreendê-las, porque é pelo Espírito que devem ponderá-las." 1 Cor 2,12-14

    Deu este detalhe do poder dos Sacerdotes de Cristo, invocando a queda as muralhas de Jericó (cf. Js 6,20), na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "Não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-lo à obediência a Cristo." 2 Cor 10,4-5

    O próprio Jesus dirigiu-Se aos cristãos de uma das sete dioceses de Ásia de então, como o Livro de Apocalipse de São João registrou: "Pois dizes: 'Sou rico, faço bons negócios, de nada necessito', e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de Mim compres ouro provado ao fogo, para ficares rico; alvas roupas para vestir-te, a fim de que não apareça a vergonha de tua nudez; e um colírio para ungir os olhos, de modo que possas ver claro." Ap 3,17-18

    E o Apóstolo dos Gentios disciplinou: "Do mesmo modo, quero que as mulheres usem honesto traje, ataviando-se com modéstia e sobriedade. Seus enfeites não consistam em primorosos penteados, ouro, pérolas, vestidos de luxo, e sim em boas obras, como convém a mulheres que professam a piedade." 1 Tm 2,9-10

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

O Inimigo e Seus Maus Espíritos

    Como bem demonstram toda presunção e promiscuidade que devassam a humanidade, a Carta de São Paulo aos Efésios expressamente alerta para duas classes de anjos caídos que enfrentamos, a princípio na forma de tentações: "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste tenebroso mundo, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares." Ef 6,12

    Para esse enfrentamento Nosso Senhor preparou a Santa Igreja Católica, como está no Evangelho Segundo São Lucas: "Reunindo Jesus os Doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos demônios..." Lc 9,1

    E eles não seriam poucos, segundo alguns teólogos, que viram um terço de todos anjos seguindo Satanás neste registro do Livro de Apocalipse de São João: "Depois apareceu outro sinal no Céu: um grande e vermelho Dragão, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e atirou-as à Terra." Ap 12,3-4

    Ora, a Primeira Carta de São João assim resumiu a Missão de Jesus"Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8b

    E a devassidão não é uma situação a ser verificada apenas nos últimos tempos, pois ele já afirmava: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno." 1 Jo 5,19

    Porque falando aos Apóstolos, no Evangelho Segundo São Mateus, Jesus havia confirmado a ação do inimigo no mundo e como ele arrebata os seus. Mas o Demônio jamais impedirá a ostensiva instauração do Reino de Deus: "Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo, que o semeia, é o Demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. E assim como se recolhe o joio para o jogar no fogo, assim será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará Seus anjos, que de Seu Reino retirarão todos escândalos e todos que fazem o mal, e os lançarão na ardente fornalha onde haverá choro e ranger de dentes." Mt 13,37-42

    De fato, aqueles que não praticam a Verdade e vivem para as glórias do mundo, não podem viver a caridade e a divina justiça, como Ele acusou no Evangelho Segundo São João: "Vós tendes como pai o Demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na Verdade, porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." Jo 8,44

    E é bem sabido que no deserto o inimigo tentou o próprio Salvador: "Cheio do Espírito Santo, Jesus voltou do Jordão e pelo Espírito foi levado ao deserto, onde foi tentado pelo Demônio durante quarenta dias. Durante este tempo Ele nada comeu, e terminados estes dias teve fome." Lc 4,1-2

    Ora, se o inimigo tentou Cristo, também tentaria destruir a Igreja Católica na pessoa de São Pedro e dos demais Apóstolos. Jesus alertou-o, revelando que o inimigo precisa de permissão de Deus nos para tentar: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para peneirar-vos como o trigo." Lc 22,31

    Mas Nosso Salvador já havia prometido, na pessoa do Príncipe dos Apóstolos, absoluta proteção a Sua Igreja: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18

    A Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo, pois, pedia comedimento para com aqueles que se opõem à Sã Doutrina: "É com brandura que devemos corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do Demônio, que os mantém cativos e submetidos a seus caprichos." 2 Tm 2,25-26

    A Carta de São Tiago, enfim, recomenda a todos: "Sede submissos a Deus. Resisti ao Demônio, e ele fugirá para longe de vós." Tg 4,7

domingo, 21 de setembro de 2025

São Mateus, Apóstolo e Evangelista

    No Evangelho Segundo São Mateus, ele mesmo registrou seu chamado por Jesus. Foi logo após a cura de um paralítico em Cafarnaum, descido pelo telhado da casa de São Pedro (cf. Mc 2,4). E convidado por ele para uma grande ceia (cf. Lc 5,29), Jesus vai citar o Livro do Profeta Oseias em resposta a Seus detratores e anunciar Sua Paixão aos seguidores de São João Batista: "Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto de pagamento de impostos. Disse-lhe: 'Segue-Me.' O homem levantou-se e seguiu-O. Como estivesse Jesus à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com Ele e Seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: 'Por que Vosso Mestre come com os publicanos e com os pecadores?' Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: 'Não são os que estão sãos que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero a Misericórdia, não o sacrifício (Os 6,6).' Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.'" Mt 9,9-13

    O Evangelho Segundo São Marcos conta a mesma passagem, nomina a cidade e seu pai, mas, assim como o Evangelho Segundo São Lucas, chama São Mateus por outro nome, para assinalar sua condição de levita, isto é, membro da classe de sacerdotes de Israel, por critério de descendência, os filhos de Levi, instituída por Deus desde os tempos Moisés (cf. Dt 18,1): "Alguns dias depois, Jesus novamente entrou em Cafarnaum... Quando ia passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de arrecadação, e disse-lhe: 'Segue-Me.' E Levi, levantando-se, seguiu-O." Mc 2,1a.13

    De fato, São Mateus era cobrador de impostos, quer dizer, recolhia parte das riquezas de seu povo para o Império Romano, àquela época representado em Galileia por Herodes Antipas. No entanto, embora vivesse um drama de consciência, pois bem sabia da desumana exploração, exercia sua profissão com perfeita lisura. E já havia ouvido falar de Jesus e ouvido Jesus falar, pois Seu primeiro dia em Missão nessa cidade começou na sinagoga, onde causou admiração a todos com Sua Doutrina (cf. Mc 1,22) e exorcizando um endemoniado (cf. Mc 1,25). E assim sua alma encontrou a Paz que todos buscamos. Ora, como o Evangelho Segundo São João narrou, os próprios guardas enviados para prender Jesus percebiam que havia 'algo diferente' no Mestre: "Voltaram os guardas para junto dos príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: 'Por que não O trouxestes?' Os guardas responderam: 'Ninguém jamais falou como este homem!'" Jo 7,46

    Ademais, Jesus conhece os corações das pessoas e não iria desprezar um cobrador de impostos só por sua profissão. Não foi à toa que Se sentou à mesa com eles, e não o fez porque fossem 'doentes'. Com esse gesto, Ele alerta àqueles que já se julgam 'sadios', 'limpos'. Aliás, os cobradores de impostos seriam apenas tão pecadores quanto os saduceus, mancomunados com os romanos até em assuntos de (cf. At 23,8), ou quanto os fariseus, que contra Jesus maquinavam com os herodianos (cf. Mt 22,16 e Mc 3,6). Por isso, Nosso Salvador vai desmascarar a falta de humildade dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo perante a fulgurosa manifestação de São João Batista, e defender conhecidos pecadores por serem conscientes de seus erros: "Em Verdade, digo-vos: os cobradores de impostos e as prostitutas entrarão antes de vós no Reino de Deus! João veio a vós no caminho da justiça e não crestes nele. Porém, os coletores e as prostitutas nele creram. E vós, vendo isto, nem fostes tocados de arrependimento para nele crerdes." Mt 21,31-32

    Na lista dos Doze, enfim, São Mateus sempre é citado no segundo grupo de quatro Apóstolos, não por acaso junto aos estudiosos São Filipe, São Bartolomeu e São Tomé, e sempre à frente deste último, exceto em seu próprio Evangelho. Aqui temos a lista de São Marcos: "Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele quis. E foram a Ele. Designou Doze dentre eles para ficar em Sua companhia. Ele enviá-los-ia a pregar, com o poder de expulsar os demônios. Escolheu estes Doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele também escolheu André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu Tadeu, Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que O entregou." Mc 3,13-19

sábado, 20 de setembro de 2025

"Aumentai-nos a Fé!"

    Na noite em que o vento e as ondas açoitaram com força o barco dos Apóstolos, eles tiveram muito medo e, desesperados, acordaram Jesus. E Ele, que tantos sinais já havia realizado diante de seus olhos, fez-lhes uma pergunta que cabe a muitos cristãos. Está no Evangelho Segundo São Lucas: "Onde está vossa ?" Lc 8,25

    Mas os cegos que clamavam por Nosso Senhor, confiantemente chamando-O de 'Filho de Davi', logo foram pedindo que por Misericórdia fossem curados. Ele respondeu-lhes com uma pergunta e, em seguida, realizou as curas correspondentes à fé que Lhe tinham, pelos relatos que ouviam a Seu respeito. Lê-se no Evangelho Segundo São Mateus: "Disse-lhes: 'Credes que Eu vos posso fazer isso?' 'Sim, Senhor', responderam eles. Ele então lhes tocou nos olhos, dizendo: 'Seja-vos feito segundo vossa fé.' No mesmo instante, seus olhos abriram-se." Mt 9,28b-30a

    Para que se chegue a tal fé, contudo, carece-se de uma sincera iniciativa, de uma antecipada simpatia, porque equivale a chegar-se a Deus mesmo, nas palavras dos seguidores da tradição de São Paulo, na Carta aos Hebreus: "... pois para achegar-se a Ele é necessário que primeiro se creia que Ele existe, e que recompensa aqueles que O procuram." Hb 11,6b

    Como todas santas coisas, pois, o dom da fé, entre outros, deve ser pedido a Deus. Nosso Salvador ensinou: "Pedi e dar-se-vos-á. Buscai e achareis. Batei e sê-vos-á aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á." Mt 7,7-8

    Os Apóstolos, aliás, desde logo entenderam essa lição. Tanto que, entre uma pregação e outra, pediram-Lhe: "Aumentai-nos a fé!" Lc 17,5

    Na Primeira Carta de São João, este Apóstolo explicou: "A confiança que n'Ele (Jesus) depositamos é esta: em tudo quanto Lhe pedirmos, se for conforme Sua vontade, Ele atendê-nos-á. E se sabemos que Ele nos atende em tudo quanto Lhe pedirmos, daí sabemos que já recebemos o que pedimos." 1 Jo 5,14-15

    Nesse sentido, não podemos deixar seduzir-nos pelo individualismo, exigindo manifestações e sinais ao sabor de nossa vontade, aliás, como São Tomé equivocadamente fez (cf. Jo 20,27), desmerecendo tantos testemunhos dados por tantas pessoas. E tenhamos uma certeza: é Jesus mesmo, por Sua inteira e soberana vontade, que pode semear e fazer crescer a fé em nossos corações: "Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das correntes do pecado. Corramos com perseverança ao proposto combate, com o olhar fixo no Autor e Consumador de nossa fé: Jesus." Hb 12,1-2a

    E a segunda Carta de São Paulo a São Timóteo recomenda-lhe empenho para alcançá-la. Mas, note-se, em companhia de quem verdadeiramente cultua a Deus: "Foge das paixões da mocidade, busca com empenho a justiça, a fé, a caridade, a Paz, com aqueles que invocam o Senhor com pureza de coração." 2 Tm 2,22

    A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios também faz uma radical síntese da vida cristã: "Andamos pela fé, e não pela visão." 2 Cor 5,7

    No entanto, a Carta de São Paulo aos Tessalonicenses indicou de Quem vem esse dom: "Não cessamos de rezar por vós, para que Nosso Deus vos faça dignos da Sua vocação. Que Ele, por Seu poder, realize todo bem que desejais e torne ativa vossa fé." 2 Ts 1,11

    Por isso, o Amado Discípulo garante: "... porque todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: nossa fé." 1 Jo 5,4

    Ora, a perda da fé será o grande problema dos últimos tempos. Ao falar da efetiva realização da justiça de Deus, Jesus perguntou à multidão enquanto subia à Jerusalém pela última vez: "Mas quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a Terra?" Lc 18,8b