segunda-feira, 30 de setembro de 2024

O Pecado e a Pregação

    Ao tempo de Jesus, apontar os desvios do povo de Deus, mesmo dos religiosos, não era uma novidade. No Livro dos Salmos, o próprio Deus havia-Se pronunciado: "Escutai, ó Meu povo, que Eu vou falar. Israel, vou testemunhar contra ti. Deus, Teu Deus, sou Eu." Sl 49,7

    E após citar alguns graves pecados, Ele pergunta: "Eis o que fazes! E Eu? Hei de calar-Me? Pensas que Eu sou igual a ti? Não, mas vou repreender-te e lançar-te em rosto teus pecados." Sl 49,21

    Pois, mesmo em Sua natureza humana, Nosso Salvador conhecia o coração da criatura humana e garantiu que Seu Juízo era o de Deus, como disse aos fariseus no Templo de Jerusalém: "Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e o que d'Ele ouvi Eu digo ao mundo." Jo 8,26

    Seus ensinamentos, portanto, como prometeu aos judeus que n'Ele creram, tem o dom de emancipar-nos do pecado: "Se permanecerdes em Minha Palavra, sereis Meus verdadeiros discípulos. Conhecereis a Verdade, e a Verdade libertá-vos-á." Jo 8,31-32

    Eles vão muito além de simples questões morais: tratam da própria vida espiritual: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: quem ouve Minha Palavra e crê n'Aquele que Me enviou, tem a Vida Eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a Vida." Jo 5,24

    E São Paulo, afirmando a insensibilidade do mundo e defendendo a importância da pregação, diz na Primeira Carta aos Coríntios: "Já que o mundo, com sua sabedoria, não reconheceu a Deus na Divina Sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura de Sua Mensagem." 1 Cor 1,21

    Loucura, dizia ele, porque reconhecia que anunciar a Cristo é anunciar um Mistério. Ele pediu na Carta aos Colossenses: "Também orai por nós. Pedi a Deus que dê livre curso à nossa palavra para que possamos anunciar o Mistério de Cristo. É por causa deste Mistério que estou preso." Cl 4,3

    Por isso, argumenta na Carta aos Romanos, citando o Livro de Isaías, grande Profeta de Israel: "Porém, como invocarão Aquele em Quem não têm ? E como crerão n'Aquele de Quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: 'Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)'? Mas não são todos que prestaram ouvido à Boa Nova. É o que exclama Isaías: 'Senhor, quem acreditou em nossa pregação (Is 53,1)?' Logo, a fé provém da pregação e a pregação exerce-se em razão da Palavra de Cristo." Rm 10,14-17

    Ora, o Livro dos Provérbios já havia avisado: "Aquele que afasta o ouvido para não ouvir a Lei, até mesmo sua oração torna-se abominável." Pr 28,9

    Porque, seja por Suas obras ou por Si mesmo, Deus sempre Se dá a conhecer, como Moisés garantiu no Livro do Deuteronômio: "Então procurarás o Senhor, Teu Deus e O encontrarás, contanto que O busques de todo teu coração e de toda tua alma." Dt 4,29

    São Tiago Menor, por fim, em veemente inspiração do Espírito Santo, deixou-nos essa pérola sobre a Palavra da Vida: "Sede cumpridores da Palavra, e não apenas ouvintes. Isto equivaleria a enganardes a vós mesmos. Aquele que escuta a Palavra sem a praticar, assemelha-se a alguém que contempla num espelho a fisionomia que a natureza lhe deu: contempla-se e, mal sai dali, esquece-se de como era. Mas aquele que procura meditar com atenção a Lei Perfeita da Liberdade e nela persevera, não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como fiel cumpridor do preceito, este será feliz em seu proceder." Tg 1,22-25