domingo, 28 de setembro de 2025

O 'Evangelho' do Espírito Santo

    Juntos, o Evangelho Segundo São Lucas e o Livro de Atos dos Apóstolos, também deste autor, podem ser chamados de 'Evangelho' do Espírito Santo, tão oportunas e frequentes são as citações que nosso Amado Médico Lhe faz. Os Atos dos Apóstolos, por excelência, já o seria pura e simplesmente por representar o 'Tempo da Igreja', ou o 'Tempo dos Sacramentos', ou, bem mais especificamente, o 'Tempo do Espírito Santo', que veio 'suceder' o 'Tempo de Jesus', 'manifesto' após o 'Tempo do Pai'. Ele revela, por exemplo, que Nosso Senhor instruía os Apóstolos através do Divino Paráclito: "... contei toda sequência das ações e dos ensinamentos de Jesus, desde o princípio até o dia em que, depois de ter dado pelo Espírito Santo Suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu." At 1,2

    Em seu Evangelho, ele registrou o discurso inaugural da Missão de Jesus, que anuncia a presença d'Ele sobre Si, como foi antecipado no Livro do Profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu. E enviou-Me para anunciar a Boa Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da Graça do Senhor (Is 61,1-2a)." Lc 4,18-19

    É n'Ele que Jesus expressa Sua alegria, quando constata o sucesso da missão dos 72 discípulos, em triunfo contra Satanás: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: 'Pai, Senhor do Céu e da Terra, Eu dou-Te graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos.'" Lc 10,21

    Nosso Salvador afirma que Ele é o maior presente que o Criador quer oferecer-nos: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que LhO pedirem." Lc 11,13

    E pouco antes de Sua Ascensão aos Céus, Ele pediu aos Apóstolos que ficassem em Jerusalém, para que, com o auxílio do Divino Paráclito, eles continuassem Seu salvífico projeto: "Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto." Lc 24,49

    Finalmente, veio o grande dia, no qual a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo já nasceu católica, quer dizer, universal, falando para o mundo: "Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, do céu veio um ruído, como se soprasse um impetuoso vento, e encheu toda casa onde estavam sentados. Então lhes apareceu uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." At 2,1-4

    Ora, diligente na guarda do Ministério da Igreja Cristo, São Pedro, que vai repreender a falsidade de um fiel, revelou que mentir aos Sacerdotes da Igreja é mentir ao Espírito Santo, é mentir a Deus, assim indicando a Divindade do Santo Paráclito: "Ananias, por que Satanás tomou conta de teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus." At 5,3-4

    E num testemunho que dá de Jesus diante do Sinédrio, quando os Doze foram presos, São Pedro, sempre à frente dos Apóstolos, reafirma a necessidade do Sacramento da Confissão e da obediência a Deus para que se possa viver sob a Graça do Espírito Santo, que é testemunha e corrobora a obra da Santa Igreja Católica: "O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-O num madeiro. Deus elevou-O pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. Destes fatos, nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que Lhe obedecem." At 5,31-33

    Enfim, São Tiago Menor, então Bispo de Jerusalém (cf. At 12,17), ao pronunciar-se sobre o decisivo voto de São Pedro (cf. At 15,7), anunciou em carta à igreja de Antioquia a decisão do Concílio que rejeitava o rito de ex-judeus que exigiam a circuncisão dos pagãos convertidos. Mas claramente mencionou Quem a havia inspirado: "Com efeito, bem pareceu ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do indispensável seguinte..." At 15,28