sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A interpretação das Escrituras dada por Jesus

    Muitos aventuram-se a 'interpretar' a Bíblia. Mas cabe perguntar: isso é minimamente sensato? Sabendo que as Sagradas Escrituras são registros do processo de Revelação que remonta 3 milênios, e levaram ao menos 13 séculos para serem escritas, poderíamos desprezar tudo que foi compreendido simultaneamente aos fatos, somado ao que já foi inspirado, meditado e assimilado desde então? Os seguidores da tradição de São Paulo já provocavam, como que tentando despertar incautos: "... cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas..." Hb 12,1a

    E São João Evangelista diz da postura da Igreja: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a

    Pois foi o que Jesus garantiu, referindo-Se à comunidade cristã que Ele mesmo havia reunido e que os Apóstolos manteriam: "Se guardaram Minha Palavra, também hão de guardar a vossa." Jo 15,20b

    Ele até advertiu: "Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou." Lc 10,16

    Ora, Nosso Salvador dava aos Sagrados Livros uma única e linear interpretação, sempre no sentido Cristocêntrico, como fez perante os dois discípulos que partiram para Emaús no Domingo da Ressurreição: "E começando por Moisés, percorrendo todos Profetas, explicava-lhes o que d'Ele se achava dito em todas Escrituras." Lc 24,27

    Também o fez quando apareceu ao Colégio dos Apóstolos pela primeira vez, neste mesmo dia: "Isto é o que Eu vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos." Lc 24,44

    E foi assim que a Igreja se estabeleceu, porque aos Apóstolos foi confiada a Palavra da Salvação, que só mais tarde seria escrita: "Perseveravam eles na Doutrina dos Apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações." At 2,42

    São Pedro, pois, falando sobre São Paulo e suas cartas, denunciou as heresias que já eram postuladas a seu tempo: "É o que ele faz em todas suas cartas, nas quais fala sobre estes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os ignorantes ou pouco fortalecidos espíritos deturpam para sua própria ruína, como também fazem com as demais Escrituras." 2 Pd 3,16

    Nosso Senhor mesmo já exigia fidelidade à divina inspiração: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os mais importantes preceitos da Lei: a justiça, a Misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, contudo sem deixar o restante." Mt 23,23

    Pois só há uma forma de entender o que diz a Bíblia: sob a guia do Espírito de Deus, tomando o Cristo como essência da Revelação e meditando a inspiração por Ele confiada a São Pedro, a qual compõe o Magistério da Igreja. De fato, só ao Príncipe dos Apóstolos Jesus fez essa promessa: "Eu dá-te-ei as chaves do Reino dos Céus..." Mt 16,19

    E defendendo a Tradição Messiânica expressa no Antigo Testamento, cuja realização se deu na Pessoa de Jesus, o Amado Discípulo vai dizer: "Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro. Nisto é que conhecemos que estamos n'Ele e Ele em nós, por Ele ter-nos dado Seu Espírito." 1 Jo 4,6.13

    Porque Nosso Senhor sempre usou do auxílio do Divino Paráclito para transmitir Suas revelações aos Apóstolos, como São Lucas afirmou: "... contei toda sequência das ações e dos ensinamentos de Jesus, depois de ter dado pelo Espírito Santo Suas instruções aos Apóstolos que escolhera, desde o princípio até o dia em que foi arrebatado." At 1,1-2