Foi coroando o primeiro versículo da Anunciação do Senhor, que o Evangelho Segundo São Lucas, o Evangelista do Espírito Santo, citou o Nome da Mãe de Nosso Senhor pela primeira vez. Essa datação tinha por referência o anúncio do Nascimento de São João Batista: "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade de Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi, e o Nome da virgem era Maria." Lc 1,26-7
Esse feito era antecipadamente cantado no Livro de Salmo, que aponta Maria como Rainha, dizendo que, por sua perfeita piedade, seus autênticos filhos, os Santos e Sacerdotes, reinariam sobre a Terra, e que seu Santíssimo Nome seria eternamente celebrado: "Vosso trono, ó Deus, é eterno. De equidade é Vosso cetro real. ... posta-se a Vossa direita a Rainha, ornada de ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza encantar-Se-á o Rei. Ele é Teu Senhor, rende-Lhe homenagens. Tomarão teus filhos o lugar de teus pais, e tu estabelecê-lo-as príncipes sobre toda Terra. Celebrarei Teu Nome através das gerações, e os povos eternamente louvá-te-ão." Sl 44,7.10b-12.17-18
E no Livro de Judite, vemos que esta viúva e heroína, que decapitou o inimigo de Israel, o general assírio Holofernes, foi uma pré-figura bíblica de Nossa Senhora. Não só por sua exemplar castidade, mas principalmente por sua eterna bendição, publicamente aclamada pelo sumo sacerdote, pelos anciãos e pelo povo de Jerusalém: "Deste prova de vigorosa alma e valente coração. Amaste a castidade e não quiseste, depois da morte de teu marido, conhecer outro homem. Então, o Senhor fortaleceu-te e por isso serás eternamente bendita." Jt 15,11
Ademais, por algum tempo de Sua vida pública, o Nome de Maria foi a principal referência do próprio Jesus entre Sua gente. O Evangelho Segundo São Marcos apontou: "Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria?" Mc 6,3a
Tão singular e sagrado é seu Nome que o Arcanjo São Gabriel não o pronunciou em suas primeiras palavras, ao cumprimentá-la, preferindo chamá-la de 'agraciada', em referência às tantas Graças das quais ela já havia sido cumulada (cf. Lc 1,49) e uma ainda maior, que ele estava por anunciar: de ser a Mãe do esperado Messias: "Ave, agraciada, o Senhor é contigo." Lc 1,28
Aliás, São João Evangelista, Apóstolo que com ela mais conviveu e melhor a conheceu (cf. Jo 19,27), vivendo os alvores do Ministério da Mulher Coroada (cf. Ap 15,1), jamais menciona seu Nome, seja em seu Evangelho, em suas epístolas ou no Livro de Apocalipse. A ela refere-se como 'Sua Mãe' ou a 'Mulher', como o fez o próprio Jesus no episódio da transformação da água em vinho (cf. Jo 2,4), certamente para relacioná-la com 'a Mulher' que esmaga a cabeça da Serpente, como previsto no Livro de Gênesis (cf. Gn 3,15).
O Arcanjo São Gabriel, entretanto, como não poderia deixar de pronunciar Seu Santíssimo Nome, logo em seguida O empregou com distinção, na primeira oportunidade, ao explicar-lhe a Graça que recebera. E ele vai usar a mais marcante expressão dos bíblicos Livros para designar uma grande benção e os divinos auxílios: 'encontrar Graça diante de Deus' (cf. Gn 6,8;18,3;etc): "Não temas, Maria, pois encontraste Graça diante de Deus." Lc 1,30
