Nosso Santo não deixava enredar-se no 'paradoxo de Deus morto', que para atávicas mentalidades faz de sua pregação um despropósito. Na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, lê-se: "... mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos..." 1 Cor 1,23
E nela, pela reverente submissão aos projetos do Pai, Jesus acusou e também venceu as arrogantes maquinações de classes de anjos de Satanás: "Espoliou os principados e potestades, expondo-os ao ridículo, deles triunfando através da Cruz." Cl 2,15
Tal qual São Paulo, porém, e como nos oferecemos em sacrifício espiritual na Santa Missa (cf. Rm 12,1), é nessa condição que devemos considerar-nos perante o mundo: "Na realidade, pela fé eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à Cruz de Cristo." Gl 2,19
Não há, assim, nenhum absurdo em piedosamente abraçar e carregar a própria cruz. Ao contrário, temos a Igreja Católica que por este Caminho (cf. Jo 14,6) se vê repleta de Santos, e por isso colocamos toda nossa confiança não numa meramente mundana realização, mas no grandioso projeto de Deus, como a Carta de São Paulo aos Filipenses exorta: "Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora digo chorando, que se portam como inimigos da Cruz de Cristo, cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno. Nós, porém, somos cidadãos dos Céus." Fl 3,18-20a
Ele só admitia gloriar-se da ruptura com o pecado e dos sofrimentos que padecia pela Redenção da humanidade, pois tal Glória só via na Santa Cruz: "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." Gl 6,14
Ora, o significado da Cruz na mensagem deixada por Jesus é absoluto. Ela é o sinal maior do amor de Deus, por representar o Sacrifício de Seu Filho, pelo qual temos a redenção de nossos pecados. De fato, no Evangelho Segundo São João, Nosso Salvador já predizia Seu destino desde Sua primeira manifestação pública em Jerusalém: "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que n'Ele crer tenha a Vida Eterna." Jo 3,14-15
E advertia: "Quem não toma sua cruz e não Me segue, não é digno de Mim. Aquele que tentar salvar sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por causa de Mim, reencontrá-la-á." Mt 10,38-39
