segunda-feira, 31 de março de 2025

O Exorcismo

    Através do anúncio da Boa Nova e da Vinda do Espírito Santo, Jesus declarou o fim do império de Satanás, bem como a instauração de Seu Reino de Sacerdotes. É do Evangelho segundo São Mateus: "Apresentaram-Lhe, depois, um possesso cego e mudo. Jesus curou-o de tal modo que de pronto ele falava e via. 'Mas se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.'" Mt 12,22.28

    Ora, essa realmente era parte de Sua Missão, e desde quando deixou Cafarnaum, como o Evangelho segundo São Marcos aponta: "Ele retirou-Se dali, pregando em todas sinagogas e por toda Galileia, e expulsando os demônios." Mc 1,39

    Aliás, foi o que Ele fez logo nos primeiros dias de vida pública, quando Se instalou na casa de São Pedro: "Pela tarde, apresentaram-Lhe muitos possessos de demônios. Com uma Palavra, expulsou Ele os espíritos e curou todos enfermos." Mt 8,16

    Antes mesmo de começar a pregar, enquanto esteve no deserto, o próprio Jesus foi tentado, pois Satanás dominava os poderosos da Terra. O Evangelho segundo São Lucas narrou: "Em seguida, o Demônio levou-O a um alto monte e num só momento mostrou-Lhe todos reinos da Terra, e disse-Lhe: 'Dá-Te-ei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero.'" Lc 4,6

    E assim a Primeira Carta de São João resumiu Sua passagem entre nós: "Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8b

    De fato, como uma das formas de afligir, os demônios se apossam de seres humanos, como Nosso Salvador explicou, dizendo do grave pecado que cometiam aqueles que O conheceram mas não O acolheram: "Quando o impuro espírito sai de um homem, ei-lo errante por áridos lugares à procura de um repouso que não acha. Diz ele, então: 'Voltarei para a casa donde saí.' E, voltando, encontra-a vazia, limpa e enfeitada. Então vai buscar sete outros espíritos piores que ele, e entram nessa casa e aí se estabelecem. E o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro. Tal será a sorte desta perversa geração." Mt 12,43-45

    A Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo também falou da dominação que acontece àqueles que caem nos "... laços do Demônio, que a seus caprichos os mantém cativos e submetidos." 2 Tm 2,26b

    Ora, que nós enfrentamos poderosas classes de anjos caídos, é o alerta da Carta de São Paulo aos Efésios, citando duas delas: "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste tenebroso mundo, contra as forças espirituais do Mal espalhadas nos ares." Ef 6,10-12

    Já a Carta de São Paulo aos Colossenses mencionou a própria Vitória de Jesus, resgatando muitas almas do domínio de maus espíritos: "Espoliou os principados e potestades e expô-los ao ridículo, deles triunfando pela Cruz." Cl 2,15

    Mas na casa do centurião, onde o primeiro grupo de não judeus receberia o Divino Paráclito, no chamado 'Pentecostes dos Gentios', São Pedro tão somente falou em casos de opressão, uma genérica forma destes assédios. Está no Livro de Atos dos Apóstolos: "Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como Ele andou fazendo o bem e curando todos oprimidos do Demônio, porque Deus estava com Ele." At 10,38

    Nesse sentido, para bem cumprir Sua Missão, Jesus deu poder aos Apóstolos, fundamentos da Santa Igreja Católica: "Reunindo Jesus os Doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos demônios, e para curar enfermidades." Lc 9,1

    Ora, mesmo gente que viria a ser Santa havia-se tornado refém de maus espíritos: "Os Doze estavam com Ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de malignos espíritos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios..." Lc 8,2

    Aliás, um de Seus Apóstolos tornou-se vítima do próprio inimigo, como se viu noite da Santa Ceia, no Evangelho segundo São João: "Em seguida, Jesus molhou o pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele." Jo 13,26-27

domingo, 30 de março de 2025

A Comunhão

    O Corpo de Cristo, isto é, a Comunhão Eucarística, é o verdadeiro maná oferecido pelo Pai. No Evangelho segundo São João, referindo-Se ao maná (cf. Êx 16,14) que os israelitas comeram no deserto, Jesus apontou para Si e disse aos judeus em Cafarnaum, depois que multiplicou pães e peixes numa região desértica: "Este é o Pão que desceu do Céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste Pão viverá eternamente.'" Jo 6,58

    E assim Ele rezou ao Pai, na noite do início de Sua Paixão, derramando Sua Glória sobre os Apóstolos, porque a Santa Igreja.Católica é a prova de Sua passagem entre nós e do amor do Deus. É a Oração da Unidade, da comunhão da Igreja: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade, e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23

    Ora, Revelando-Se Deus nessa mesma ocasião, momentos antes Ele havia afirmado que essa Unidade com Ele, o que inclui o Pai e o Divino Espirito Santo, pela indivisibilidade da Trindade Santa, é imprescindível à efetiva vida espiritual: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto..." Jo 15,5a

    Sempre dizendo-Se essencial, Ele sentenciou: "... porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5b

    E pouco depois da Santa Ceia, Ele havia dito sobre o dia de Sua Ressurreição, afirmando a Comunhão dos Santos: "Naquele dia, conhecereis que estou em Meu Pai, vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,20

    A Primeira Carta de São João, de fato, diz que o anúncio do Evangelho tem como finalidade a comunhão, com Deus e com os irmãos na Igreja: "O que vimos e ouvimos, isso agora vos anunciamos para que estejais em comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo." 1 Jo 1,3

    Também disse que só o Espírito de Deus, que conduz a Santa Igreja (cf. Jo 16,13), pode levar-nos à verdadeira comunhão: "Quem observa Seus (Jesus) Mandamentos permanece em Deus, e Deus permanece nele. E que Ele permanece em nós, sabemos pelo Espírito que nos deu." 1 Jo 3,24

    E lembrando o purificador poder do Sangue de Cristo, ele pediu discernimento aos que participam da Santa Ceia: "Se dizemos que estamos em comunhão com Deus, e no entanto andamos em trevas, somos mentirosos e não praticamos a Verdade. Mas se caminhamos na Luz, como Ele está na Luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus, Seu Filho, purifica-nos de todo pecado." 1 Jo 1,6-7

    Pois a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios alerta, quem está em pecado grave, da necessária Confissão antes de comungar da Santa Eucaristia: "Portanto, todo aquele que indignamente comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba desse Cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe sua própria condenação. Esta é a razão porque entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos." 1 Cor 11,27-30

    Ferrenho defensor da Unidade, ele diz que os membros da Igreja, ao participar do Rito Eucarístico, entram em perfeita Comunhão com Cristo, quer dizer, vivem em verdadeira Unidade com Ele e tornam-se um só Corpo: "O Cálice de bênção, que benzemos, não é a Comunhão do Sangue de Cristo? E o Pão, que partimos, não é a Comunhão do Corpo de Cristo? E como há um único Pão, nós, embora muitos, somos um só Corpo, pois todos participamos desse único Pão." 1 Cor 10,16-17

    Com veemência, portanto, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios pedia que usássemos de discernimento, porque respeitar é diferente de participar: "Não vos atreleis ao mesmo jugo que os infiéis! Pois que afinidade poderia existir entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão entre a Luz e as trevas?" 2 Cor 6,14

    Enfim, mencionando a Graça Sacramental, enquanto Sacerdote da Igreja pedia o devido respeito a todos Sacramentos: "Na qualidade de colaboradores de Deus, exortamo-vos a que não recebais Sua Graça em vão." 2 Cor 6,1

sábado, 29 de março de 2025

O Antigo Testamento

    Foi Jesus mesmo Quem anunciou o fim da Antiga Aliança, apontando São João Batista como seu último marco, no Evangelho segundo São Lucas: "A Lei e os Profetas duraram até João." Lc 16,16

    Contudo, no Evangelho segundo São Mateus, Ele diz: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17

    Com constância, portanto, Ele vai invocá-la. Sobre os Mandamentos, cita o Livro de Deuteronômio e o Livro de Levítico: "'Mestre, qual é o maior Mandamento da Lei?' Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro Mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Nesses dois Mandamentos resumem-se toda a Lei e os Profetas.'" Mt 22,37-40

    Contudo, o próprio Jesus exortou a Santa Igreja a 'garimpar' o Antigo Testamento, dizendo de verdadeiros estudiosos entre os judeus: "Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos Céus é comparado a um pai de família, que de seu tesouro tira novas e velhas coisas." Mt 13,52

    Pois, desde o início, o Catolicismo preservou a importância do Antigo Testamento. Quando ouviram os relatos de sucesso da pregação de São PauloSão Tiago Menor, então bispo de Jerusalém, e os anciãos reafirmaram esse vínculo. É o que se lê no Livro de Atos dos Apóstolos: "Ouvindo isso, glorificaram a Deus e disseram a Paulo: 'Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus abraçaram a  sem abandonar seu zelo pela Lei.'" At 21,20

    A Segunda Carta de São Pedro, por sua vez, exalta as profecias pelo cumprimento da passagem de Cristo, que confirma os projetos de Deus: "Assim demos ainda maior crédito à Palavra dos Profetas, à qual bem fazeis em atender como a uma lâmpada que brilha em um tenebroso lugar, até que desponte o dia e a Estrela da Manhã Se levante em vossos corações." 2 Pd 1,19

    De fato, no Evangelho segundo São João, Jesus afirmou perante os líderes judeus de Jerusalém: "Vós perscrutais as Escrituras, nelas julgando encontrar a Vida Eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de Mim. Pois se crêsseis em Moisés, certamente creríeis em Mim, porque ele escreveu a Meu respeito. Mas se não acreditais em seus escritos, como acreditareis em Minhas Palavras?" Jo 5,39.46-47

    E seguindo a lógica do Príncipe dos Apóstolo em valorização do Antigo Testamento, a Carta de São Paulo aos Romanos argumenta: "Ou Deus só o é dos judeus? Também não o é Deus dos pagãos? Sim, Ele também o é dos pagãos. Porque não há mais que um só Deus, o Qual pela fé justificará os circuncisos e, também pela fé, os incircuncisos. Destruímos então a Lei pela fé? De modo algum. Pelo contrário, damos-lhe toda sua força." Rm 3,29-31

    O Apóstolo dos Gentios, pois, exulta com o feito da Vinda do Santo Paráclito, Terceira Pessoa de Deus, o Espírito do Novo Testamento: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne a fim de que a justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito." Rm 8,2-4

    Como o próprio Cristo, na Carta de São Paulo aos Gálatas, ele também se diz crucificado: "Na realidade, pela eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à Cruz de Cristo." Gl 2,19

    E assim ele garante a força da Graça: "O pecado já não vos dominará, porque agora não mais estais sob a Lei, e sim sob a Graça." Rm 6,14

    Ora, o Amado Discípulo atestou nas primeiras palavras de seu Evangelho: "Pois a Lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo." Jo 1,17

sexta-feira, 28 de março de 2025

O Mal do Dinheiro

    Falando sobre a sandice por bens materiais, Jesus, em Suas primeiras pregações no Evangelho segundo São Mateus, faz recordar o sentido de nossas vidas: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro." Mt 6,24

    E no Evangelho segundo São Lucas, logo advertiu àqueles que acreditam encontrar satisfação em bens materiais: "Mas ai de vós, ricos, porque tendes vossa consolação!" Lc 6,24

    Para desfazer uma tradição dos judeus, de ver em toda riqueza uma dádiva de Deus. Ele enfatizou o quanto os ricos dependem da Divina Misericórdia para salvar-se: "Eu repito-vos: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Reino de Deus." Mt 19,24

    Ora, Ele ensinava exatamente o inverso: "Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem as traças nem a ferrugem os consomem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está teu tesouro, lá também está teu coração." Mt 6,19-21

    É nesse fértil terreno do coração, justamente por seu evidente potencial para o bem, que Jesus mais lamenta a semente desperdiçada: "O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que bem ouviu a Palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas sufocam-na e tornam-na infrutuosa." Mt 13,22

    Pois contra qualquer impressão, Ele deixou claro que a vida humana depende tão somente da vontade de Deus: "Escrupulosamente guardai-vos de toda avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas." Lc 12,15

    Suas recomendações eram patentes: nesse mundo ferido por injustiças e ganância, as mundanas riquezas tornam-se verdadeiras desgraças se não usadas para diminuir o sofrimento: "Eu digo-vos: fazei amigos com a injusta riqueza, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos eternos tabernáculos." Lc 16,9

    Os verdadeiros Sacerdotes da Igreja, portanto, após a devida preparação, leia-se Sacramento da Ordenação, devem abandonar-se nas mãos da Divina Providência. Ele sentenciou: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui, não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33

    De fato, ao enviar os Apóstolos em primeira missão, Suas recomendações não haviam sido diferentes. Eles tinham que se entregar por completo nas mãos de Deus, como se lê no Evangelho segundo São Marcos: "Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão. Nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto..." Mc 6,8

    Como se podia imaginar, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo aponta a influência do Maligno por trás da conduta da ganância: "Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto. Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do Demônio e em muitos insensatos e nocivos desejos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição." 1 Tm 6,7-9

    E explica: "Porque a raiz de todos males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da  e se enredaram em muitas aflições." 1 Tm 6,10

    Por isso, dava essa diretriz de catequese: "Exorta os ricos deste mundo a não serem orgulhosos nem ponham sua esperança nas volúveis riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas coisas para delas fruirmos. Que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, comunicativos, ajuntem um sólido e excelente tesouro para seu futuro, a fim de conquistarem a verdadeira Vida." 1 Tm 6,17-19

    Quando concebeu do Espírito Santo, apesar de muito jovem, Maria Santíssima já sabia como Deus distribuía Suas Graças. Ele cantou no Magnificat, em casa de Santa Isabel, sua parenta: "Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos." Lc 1,53

quinta-feira, 27 de março de 2025

A Preguiça

    Tomando como referência o profícuo agir do Pai, sempre atento à obra da Salvação, Jesus sentencia, com palavras do Criador, aquele que não faz uso de seus talentos para a construção do Reino dos Céus, numa parábola que contou no Evangelho segundo São Mateus: "Mau e preguiçoso servo! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei." Mt 25,26

    E no Evangelho segundo São Lucas, Ele reclamou daqueles cujas consciências demoram em reconhecer a Verdade, como dois de Seus discípulos se portaram partindo para Emaús, no Domingo da Ressurreição, sem acreditar nos relatos daqueles que O tinham visto ressuscitado: "Jesus disse-lhes: 'Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo que anunciaram os Profetas!'" Lc 24,25

    Os seguidores da tradição de São Paulo, na Carta aos Hebreus, também farão duras críticas a essa postura de quase indiferença perante as coisas de Deus: "Teríamos muita coisa a dizer sobre isso, e coisas bem difíceis de explicar, dada vossa lentidão em compreender... A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestres! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da Palavra de Deus. E tornaste-vos tais que precisais de leite em vez de sólido alimento!" Hb 5,11-12

    Baseando-se no exemplo dos Santos, eles vão exortar: "Desejamos, apenas, que ponhais todo empenho em guardar intacta vossa esperança até o fim, e que, longe de tornardes negligentes, sejais imitadores daqueles que pela e paciência tornam-se herdeiros das promessas." Hb 6,11-12

    Eles lembram o exemplo do próprio Cristo"Atentamente considerai, pois, Aquele que tantas contrariedades sofreu dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo." Hb 12,1-3

    A Carta de São Tiago, conforme o próprio Jesus, falou da importância do testemunho através da forma de agir. Ele expressamente diz que devemos ser ativos cumpridores dos bíblicos preceitos, em específico os do Evangelho: "Mas aquele que com atenção procura meditar a perfeita Lei da liberdade e nela persevera, não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como fiel cumpridor do preceito, este será feliz em seu proceder." Tg 1,25

    E a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses mesmo diz: "Irmãos, em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo ordenamos: afastai-vos de todo irmão que vive sem nada fazer e não segue a Tradição que de nós recebeu. Vós sabeis como deveis imitar-nos: nós não ficamos ociosos quando estivemos entre vós, nem pedimos a ninguém o pão que comemos. Ao contrário, trabalhamos com fadiga e esforço, noite e dia, para não sermos pesados para nenhum de vós." 2 Ts 3,6-8

    Pois a Carta de São Paulo aos Gálatas lembra que o tempo é curto, o Juízo se aproxima e devemos servir à Igreja Católica, que é o principal instrumento de Deus para a Salvação: "Onde está agora aquele vosso entusiasmo? Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos homens, mas particularmente aos irmãos na fé." Gl 4,15a;6,9-10

    Falando sobre Jesus, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo afirma: "Antes é preciso que o lavrador trabalhe com afinco, se quer boa colheita. Se soubermos perseverar, com Ele reinaremos." 2 Tm 2,6.12

    Ora, o Livro de Provérbios diz da virtuosa mulher: "... procura lã e linho e trabalha com alegre mão. Levanta-se ainda de noite, distribui a comida à sua casa e a tarefa às suas servas. Estende os braços ao infeliz e abre a mão ao indigente. Ela não teme a neve em sua casa, porque toda sua família tem duplas vestes. Vigia o andamento de sua casa e não come o pão da ociosidade." Pr 31,13.15.20.21.27

    O Livro de Eclesiástico, por sua vez, denuncia os pecados que a preguiça traz: "... a ociosidade ensina muita malícia." Eclo 33,29

    E no Livro do Profeta Ezequiel, vale notar, Deus diz que os pecados de Sodoma não eram os escândalos sexuais. Estes eram consequências de outros graves erros, como Ele mesmo acusou Jerusalém: "Eis em quem consistia a iniquidade de tua irmã Sodoma: opulência, glutoneria, indolência, ociosidade..." Ez 16,49

quarta-feira, 26 de março de 2025

A Ciência nega Deus?

    Alguns 'cientistas', acompanhados de segmentos da atual sociedade, querem negar a existência de Deus usando como argumentos a origem do Universo pelo Big Bang e a Teoria da Evolução. Para eles, o Livro do Gênesis, por exemplo, seria apenas estória infantil. Na verdade, nas Escrituras as coisas não são nem um pouco assim tão simplórias. No Livro de Jó, um dos mais antigos da Bíblia, há uma sofisticada descrição do Universo e da Terra em comparação às míticas concepções dos antigos, e extremamente pertinente com nosso atual conhecimento, embora então não se tivesse a menor noção do que viria a ser da Lei da Gravitação Universal. Um amigo dele diz: "É Deus que estende o Firmamento sobre o vazio, e suspende a Terra sobre o nada." Jó 26,7

    Esse mesmo livro, ao falar da morte o próprio Jó menciona a 'duração dos céus', uma hipótese por demais improvável para que fosse levantada àqueles tempos, e só compatível com hodiernos estudos: "... assim o homem se deita para não mais levantar. Durante toda duração dos céus, ele não despertará..." Jó 14,12

    O Livro de Salmos, quando se referiu ao Nome de Jesus, falou da duração da luz do sol, hoje um dado de cálculo científico, mas algo igualmente insondável em passados séculos: "Seu Nome será eternamente bendito, e durará tanto quanto a luz do sol. N'Ele serão abençoadas todas tribos da Terra, bem-aventurado proclamá-Lo-ão todas nações." Sl 71,17

    E dirigindo-se a Deus, o Livro de Sabedoria demostra acurado conhecimento das proporções cósmicas: "Diante de Vós, o mundo inteiro é como um grão de areia na balança, ou como uma gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra." Sb 11,22

    Na Carta aos Hebreus, dos seguidores da tradição de São Paulo, também aparece uma impressionante ideia da origem do Universo. Tal qual no Big Bang, tudo que aí está simplesmente surgiu do nada, ou do quase nada, mas da Antimatéira ou da Matéria Escura só se veio a falar em recentes anos: "... e que as coisas visíveis se originaram do invisível." Hb 11,3b

    A Carta de São Paulo aos Romanos havia dito algo parecido, mencionando o próprio Autor: "... Deus que aos mortos dá Vida, e à existência chama as coisas que estão no nada." Rm 4,17b

    Ora, o Bóson de Higgs, recente descoberta da Física Quântica, foi chamado de 'partícula de Deus' porque é ela que dá massa, e diferenciada, a tudo que é conhecido como matéria. Pois bem, a Sabedoria já falava de 'algo' assim: "Com efeito, o Espírito do Senhor enche o Universo, dá consistência a todas coisas, não ignora nenhum som." Sb 1,7

    E ao falar da renovação do céu e da Terra, dado inimaginável até décadas atrás, a Carta aos Hebreus menciona uma imutável parte da matéria, coisa que simplesmente desconhecemos. Seria a 'essência' da eternidade? "A Palavra ainda uma vez indica o desaparecimento do que é caduco, do que foi criado, para que só o que é imutável subsista." Hb 12,27

    De fato, Jesus falou do céu e da Terra como contingentes coisas, em oposição à perenidade de Suas palavras. Foi no Evangelho segundo São Mateus, em Suas últimas pregações em Jerusalém, na Páscoa de Seu Sacrifício: "O céu e a Terra passarão, mas Minhas palavras não passarão." Mt 24,35

    Ora, há até pouco tempo cientista algum sequer tinha elementos para tratar do fim ou do recomeço do Universo, mas isso também já era cantado num Salmo a Deus: "No começo criastes a Terra, e o céu é obra de Vossas mãos. Um e outro passarão, enquanto Vós ficareis. Tudo acaba-se pelo uso como um traje. Como uma veste, Vós substituí-los e eles hão de sumir." Sl 101,26-27

    Quanto à origem da humanidade, milênios antes da descoberta do 'dna mitocondrial', cujo hominídeo pelos próprios cientistas foi chamado de 'Eva Mitocondrial', feito que confirmou toda humanidade como descendente de um mesmo ancestral, já estava no Livro de Gênesis: "Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos viventes." Gn 3,20

terça-feira, 25 de março de 2025

Anunciação do Senhor

    Sabemos que a aparição de São Gabriel Arcanjo a Maria Santíssima se deu em março, porque era o sexto mês da gravidez de Santa Isabel, parenta de Nossa Senhora e mãe de São João Batista. O Evangelho segundo São Lucas apontou: "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade de Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem que se chamava José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria." Lc 1,27-28

    Esses seis meses foram contados a partir da aparição deste Arcanjo em Jerusalém ao sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, que se deu na última semana do setembro, pois era uma das duas vezes em que a "classe de Abias" (cf. 1 Crô 24,10), à qual ele pertencia, entrava no Templo ("na ordem de sua classe"): "Nos tempos de Herodes, rei de Judeia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias. Sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem de sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o incenso." Lc 1,5.8-9

    Era o início da realização da maior promessa das Escrituras: Deus vinha habitar entre nós. Desde os primórdios, como o Livro de Levítico registra, Ele havia firmado: "Andarei entre vós: serei Vosso Deus e vós sereis Meu povo." Lv 26,11

    Havia alguns séculos, o Livro do Profeta Isaías antecipara detalhes de Sua chegada: "Por isso, o próprio Senhor dá-vos-á um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um Filho, e chamá-Lo-á Deus Conosco." Is 7,14

    Assim o Evangelho segundo São João, dos primeiríssimos Apóstolos de Jesus, sem maiores detalhes históricos logo tratou de atestar o Advento: "E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. E vimos Sua Glória, a Glória que o Único Filho recebe de Seu Pai, cheio de Graça e de Verdade." Jo 1,14

    E pelas Graças de que Nossa Senhora já era depositária, antes de anunciar-lhe a Concepção de Jesus, o Arcanjo São Gabriel declarou: "Ave, agraciada, o Senhor é contigo." Lc 1,29

    Ela instantaneamente deixou envolver-se, sem estranhar a aparição. Porém, por sua autêntica humildade, não imaginava que algum dia o anjo do Senhor lhe diria tão singelas palavras: "Admirou-se ela com estas palavras, e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação." Lc 1,30

    Ouviu ela, então, a Anunciação"Não te preocupes, Maria, pois encontraste Graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um Filho e Lhe porás o Nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus dá-Lhe-á o trono de Seu pai Davi. Ele reinará eternamente na Casa de Jacó. Seu Reino não terá fim." Lc 1,31-34

    Mas como desde a infância tinha sido consagrada ao Senhor, o que incluía o voto de castidade, e seu futuro marido estava consciente dessa condição, ela vai indagar-lhe: "Como se fará isso, pois não conheço homem?'" Lc 1,34b

    É então que ele confirma a guarda de sua virgindade: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo envolvê-te-á com sua sombra. Por isso, o Ente Santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus." Lc 1,35

    Assim, a Santíssima Virgem prontamente concordou em servir a tão sublime projeto: "Então disse Maria: 'Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra.'" Lc 1,39

    Apesar de jovem, Nossa Mãe Celeste era perfeitamente esclarecida em assuntos de , como atestam as inspiradas palavras ditas a ela por Santa Isabel, que tanto se referem à Anunciação feita pelo Arcanjo Gabriel como às profecias e à judaica tradição da Vinda do Messias: "Bem-aventurada és tu que creste, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!" Lc 1,45

    Consciente de tamanha dádiva, em seguida Santa Isabel agradece a Maria pela visita, dando-lhe o título máximo com o qual ela passou a ser conhecida em todo mundo: "De onde me vem esta honra de vir a mim a Mãe do Meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu seio." Lc 1, 43-44

segunda-feira, 24 de março de 2025

A Luxúria

    A Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses diz com todas letras: "Que vos aparteis da luxúria; que cada um de vós saiba possuir santa e honestamente seu corpo, sem se deixar levar por desregradas paixões, como os pagãos que não conhecem a Deus..." 1 Ts 4,3b-5

    E a Carta de São Paulo aos Gálatas explica, advertindo ao final: "Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas previno-vos, como já vos preveni: aqueles que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!" Gl 5,19-21

    Ora, Jesus apontou apenas o coração como origem desses males, quando denunciou no Evangelho segundo São Marcos: "Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez." Mc 7,21-22

    Ele tornou mais rigorosa a Lei de Moisés, ao condenar perversões como o adultério e o divórcio. Foi no Sermão da Montanha, que o Evangelho segundo São Mateus apontou: "Ouvistes que foi dito aos antigos: 'Não cometerás adultério.' Eu, porém, digo-vos: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. Também foi dito: 'Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.' Eu, porém, digo-vos: todo aquele que rejeita sua mulher, fá-la tornar-se adúltera, a não ser que se trate de falso matrimônio. E todo aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete um adultério." Mt 5,27-28.31-32

    Especificamente referindo-se a adúlteros, São Rafael Arcanjo havia dito no Livro de Tobias, falando a este protagonista: "Ouve-me, e eu mostrá-te-ei sobre quem o Demônio tem poder: são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e entregam-se à sua paixão como um cavalo e um burro, que não têm entendimento. Sobre estes o Demônio tem poder." Tb 6,16-17

    A Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo até previu que muita gente buscaria 'religiões' que tolerassem seus pecados: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, para si ajustarão mestres." 2 Tm 4,3

    A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios já condenava a conjunção carnal entre homem e mulher enquanto solteiros: "Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra seu próprio corpo." 1 Cor 6,18

    Também denunciava a prostituição, usando uma passagem do Livro de Gênesis: "Ou não sabeis que o que se ajunta a uma prostituta torna-se com ela um só corpo? Está escrito: 'Os dois serão uma só carne (Gn 2,24).'" 1 Cor 6,16

    E torna a perguntar aos membros da Santa Igreja: "Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus." 1 Cor 6,9-10

    A Carta de São Paulo aos Colossenses, pois, expressamente recomenda penitências: "Portanto, mortificai vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria." Cl 3,5

    Já a Primeira Carta de São Pedro diz de que se trata a luxúria: "Caríssimos, rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma." 1 Pd 2,11

    Por isso, estimula a lutar com determinação contra a escravidão do pecado: "Assim como Cristo padeceu na carne, pois, armai-vos deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo humanas paixões, mas segundo a vontade de Deus. Baste-vos que no tempo passado tenhais vivido segundo os caprichos dos pagãos, em luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias." 1 Pd 4,1-3

domingo, 23 de março de 2025

A Luz do Mundo

    No Livro do Profeta Isaías, Cristo foi prometido pelo Pai Eterno não apenas como o restaurador de Israel: Ele haveria de ser a Luz do mundo: "Não basta que sejas Meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel. Vou fazer de Ti a Luz das Nações, para propagar Minha Salvação até os confins do mundo... diante de Ti, reis levantar-se-ão e príncipes prostrar-se-ão..." Is 49,6-7b

    E foi isso que o religioso Simeão afirmou, durante a Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém, ainda que Ele também não deixasse de representar a Glória de Israel. O Evangelho segundo São Lucas anotou: "Agora, Senhor, deixai ir em Paz Vosso servo, segundo Vossa Palavra. Porque meus olhos viram Vossa Salvação, que preparastes diante de todos povos como Luz para iluminar as nações, e para a Glória de Vosso povo de Israel." Lc 2,29-32

    Deus também falou no Livro do Profeta Malaquias, dirigindo-Se a todo temente a Ele: "Mas, sobre vós que temeis Meu Nome, levantar-Se-á o Sol de justiça que traz a Salvação em Seus raios. Saireis e saltareis, livres como os bezerros ao saírem do estábulo." Ml 3,20

    De fato, o Livro de Salmos já cantava nestes termos: "Porque o Senhor Deus é Nosso Sol..." Sl 83,12a

    E o sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, ao falar do Messias havia dito algo semelhante: "Graças à ternura e Misericórdia de Nosso Deus, que vai trazer-nos do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir nossos passos no Caminho da Paz." Lc 1,78-79

    Já o Evangelho segundo São João assim descreve Jesus em primeiras linhas: "N'Ele havia a Vida, e a Vida era a Luz dos homens. A Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam." Jo 1,4-5

    Ora, Nosso Salvador assim Se apresentou perante os judeus no Templo de Jerusalém: "Eu sou a Luz do Mundo! Aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida." Jo 8,12

    Advertiu, entretanto, que não teríamos indefinidamente Sua Luz. Falava das tribulações pessoais, da iminência de Sua própria Morte e dos difíceis tempos da Grande Tribulação. E assim ensinou que devemos praticar as boas obras enquanto podemos, e sempre guardar a fé: "Ainda por pouco tempo, a Luz estará em vosso meio. Andai enquanto tendes a Luz, para que as trevas não vos surpreendam, pois quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a Luz, crede na Luz, e assim vos tornareis filhos da Luz. Eu vim como Luz ao mundo. Assim, todo aquele que crer em Mim não ficará nas trevas." Jo 12,35-36.46

    Ele havia-Se pronunciado sobre o Juízo, seja o Particular ou o Final, e sobre a manifestação da Verdade perante o notável fariseu Nicodemos, em Sua primeira visita a Cidade Santa em vida pública: "Ora, este é o Julgamento: a Luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas que a Luz, pois suas obras eram más. Mas aquele que pratica a Verdade, vem para a Luz." Jo 3,19.21a

    E conclamava à obediência a Deus, dizendo como se pode percebê-la: "O olho é a lâmpada do corpo. Se teu olho é são, todo corpo será bem iluminado. Se, porém, estiver em mau estado, teu corpo estará em trevas. Vê, pois, que a luz que está em ti não seja trevas. Se, pois, todo teu corpo estiver na Luz, sem mistura de trevas, ele será inteiramente iluminado, como sob a brilhante luz de uma lâmpada." Lc 11,34-36

    Pedia, enfim, testemunho de vida às pessoas que formariam Sua Igreja. Foi logo no Sermão da Montanha, registrado no Evangelho segundo São Mateus: "Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo de um caixote, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe para todos que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem Vosso Pai que está nos Céus." Mt 5,14-16

    Ora, a Carta de São Paulo aos Filipenses apontou como é possível essa fidelidade ao projeto de Deus: "Fazei todas coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, íntegros filhos de Deus no meio de uma depravada e maliciosa sociedade, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a Palavra da Vida." Fl 2,14-16a

sábado, 22 de março de 2025

A Salvação

    A Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses diz: "... porque desde o princípio Deus vos escolheu para dar-vos a Salvação, pela santificação do Espírito e pela na Verdade. E pelo anúncio do nosso Evangelho chamou-vos para tomardes parte na Glória de Nosso Senhor Jesus Cristo." 2 Ts 2,13-14

    Fala, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo, de um projeto universal: "Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todas pessoas... Isto é bom e agradável diante de Deus, Nosso Salvador, o Qual deseja que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade." 1 Tm 1.1.3-4

    Aliás, foi bem específico quanto aos destinatários: "Eis uma verdade absolutamente certa e merecedora de : Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores..." 1 Tm 1,15a

    E apesar de sua notória santidade, de tantas Graças alcançadas, entre os agraciados com a Palavra a Carta de São Paulo aos Filipenses segue pregando tenaz dedicação para que se chegue aos Céus: "Não pretendo dizer que já alcancei a Salvação, e que cheguei à perfeição. Não. Mas empenho-me em conquistá-la..." Fl 3,12

    Ora, o religioso Simeão, quando da Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém, já havia dito no Evangelho segundo São Lucas: "Agora, Senhor, deixai ir em Paz Vosso servo, segundo Vossa Palavra. Porque meus olhos viram Vossa Salvação, que preparastes diante de todos povos, como Luz para iluminar as nações e para a glória de Vosso povo de Israel." Lc 2,29-32

    De fato, no Evangelho segundo São Mateus, Nosso Salvador vai afirmar durante a Santa Ceia: "Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lhO, dizendo: 'Bebei dele todos, porque isto é Meu Sangue, o Sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens para a remissão dos pecados.'" Mt 26,27-28

    Porém, ainda no Sermão da Montanha, Ele pregou: "Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus." Mt 5,20

    Alertava, portanto, que o inferno é uma gritante realidade: "Alguém Lhe perguntou: 'Senhor, são poucos os homens que se salvam?' Ele respondeu: 'Procurai entrar pela estreita porta, porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não conseguirão. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos Profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançado para fora.'" Lc 13,23-24-28

    E além de recomendar a observância das Divinas Revelações, nas últimas pregações Ele falou em perseverança espiritual: "É por vossa constância que alcançareis vossa Salvação." Lc 21,19

    Portanto, se algumas pessoas fazem pouco da Revelação do Cristo e, acreditando apenas na caridade material, não se empenham religiosamente em purificar a alma, temos uma séria palavra sobre as já milenares mensagens de Deus no Antigo Testamento e sua veracidade. Jesus disse à samaritana junto ao poço de Jacó, no Evangelho segundo São João: "... nós adoramos O que conhecemos, porque a Salvação vem dos judeus." Jo 4,22b

    Eis que São Pedro corajosamente disse no Sinédrio, aos sacerdotes e anciãos judeus, conforme o Livro de Atos dos Apóstolos: "Esse Jesus, Pedra que por vós edificadores foi desprezada, tornou-Se a Pedra Angular. Em nenhum outro há Salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo Qual devamos ser salvos." At 4,11-12

    A Primeira Carta de São Pedro, pois, fala da verdadeira felicidade, lembrando que a Salvação é dada às almas: "Este Jesus vós amais sem O terdes visto, n'Ele credes ainda sem O verdes, e isto é para vós a fonte de uma inefável e gloriosa alegria, porque vós estais certos de obter, como preço de vossa fé, a Salvação de vossas almas." 1 Pd 1,8-9

    E evocando patentes tribulações pelas quais passam os cristãos, ele levanta pertinente questão sobre o destino dos que se desencaminham: "E se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador?" 1 Pd 4,18

sexta-feira, 21 de março de 2025

Sinais do Invisível

    Quando a Igreja celebra um Sacramento, é Deus que dele Se serve para firmar compromisso e derramar Suas Graças. Eles são, portanto, visíveis sinais de Suas invisíveis manifestações, isto é, continuam mesmo sendo mistérios, o que é muito adequado, pois a realidade que vivemos se dá nesse limiar: do visível para o invisível. Na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo dizem do ministério de Moisés: "Foi pela que ele deixou Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança como estivesse vendo o invisível." Hb 11,27

    O Livro do Eclesiástico até adverte: "Nunca te glories de tuas vestes, nem te engrandeças no dia em que fores homenageado, pois só as obras do Altíssimo são admiráveis, dignas de Glória, misteriosas e invisíveis." Eclo 11,4

    Contudo, mesmo operando coisas muito além de suas compreensões, por obediência os Apóstolos e os membros da Igreja continuaram celebrando os Sacramentos deixados por Jesus. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios suspira: "Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos Mistérios de Deus." 1 Cor 4,1

    De fato, mesmo com a Vinda de Jesus não é difícil constatar que nem tudo nos foi revelado. Ele mesmo avisou da tarefa que caberia ao Espírito Santo logo após Sua Ascensão aos Céus, numa nova fase, dos tempos finais, que se convencionou chamar de Tempo do Espírito Santo, da Igreja ou dos Sacramentos. O Evangelho segundo São João anotou estas Suas palavras, em última noite entre os Apóstolos: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,12-13

    Noutra situação, Nosso Salvador prometeu revelar alguns mistérios aos Apóstolos, mas intencionalmente deixou de fora pessoas que ainda tinham que meditar, como a semente que só brota se houver o devido cuidado. É da leitura do Evangelho segundo São Lucas: "A vós é concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros fala-se-lhes por parábolas, de forma que olhando não vejam, e ouvindo não entendam." Lc 8,10

    E mesmo dentre o que foi revelado por Jesus e pelas Escrituras, ainda há muita coisa que ainda não entendemos. A verdade é que toda nossa vida é cercada de mistérios, assim como é o comando de Deus e Suas interferências. Na Carta de São Paulo aos Romanos, porém, ele não se mostrava incomodado com isso e até percebia a conveniência de que tudo assim continuasse. Extasiado, ele dizia: "Ó abismo de riqueza, de Sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são Seus juízos e inexploráveis Seus caminhos!" Rm 11,33

    Ora, a Carta de São Paulo aos Colossenses mostra que ele sentia na pele que não é fácil anunciar tão delicadas riquezas, pois disse sobre aqueles que pessoalmente ainda não o conheciam: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência, para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, no qual estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2

    A Divina Sabedoria, pois, enquanto condição de Sua Onisciência, não está ao nosso alcance. E assim muitos dos desígnios de Deus continuam sendo mistérios para nós, como o Apóstolo dos Gentios ensina: "Pregamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Ele predeterminou, antes de existir o tempo, para nossa Glória." 1 Cor 2,7

    Portanto, a também é um mistério, como os discípulos de São Paulo afirmam: "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a Glória dos nossos antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela Palavra de Deus, e que as coisas visíveis se originaram do invisível." Hb 11,1-3

    E entre etapas da Revelação e revelações pessoais, o Livro de Eclesiástico já havia percebido, dizendo de Deus: "Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que Ele revela Seus mistérios." Eclo 3,20b

quinta-feira, 20 de março de 2025

A Gula

    A Carta de São Paulo aos Romanos acertadamente coloca a bebida junto aos pecados da gula, aos quais também se incluem as drogas: "A noite está quase passando, o dia vem chegando: abandonemos as obras das trevas e vistamos as armas da Luz. Honestamente procedamos, como em pleno dia: nada de glutonerias e bebedeiras..." Rm 13,12-13

    E ao exortar-nos à constante vigilância, em Suas últimas pregações Jesus deixou uma palavra sobre esse assunto, um dos três mais graves do fim dos tempos, avisando deste Dia, seja pelo Juízo Particular ou pelo Final, em que haveremos de prestar contas a Deus. O Evangelho segundo São Lucas anotou: "Velai sobre vós mesmos, para que vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, com a embriaguez e com as preocupações da vida. Para que Aquele Dia não vos apanhe de improviso." Lc 21,34

    Realmente pregava a temperança"Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber, e não andeis com vãs preocupações. Porque os homens do mundo é que se preocupam com todas estas coisas. Mas Vosso Pai bem sabe que precisais de tudo isso." Lc 12,29-30

    Ele evocou uma expressiva passagem do Livro de Deuteronômio, ao ser tentado pelo Demônio no deserto, que Lhe sugeria transformar pedras em pães. Está no Evangelho segundo São Mateus: "Jesus respondeu: 'Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3).'" Mt 4,4

    E no Pai Nosso ensinou-nos a pedir, além do diário Pão da Vida Eterna, tão somente o bastante para o presente dia, ou seja, com autêntica frugalidade: "O Pão Nosso de cada dia dai-nos hoje..." Mt 6,11

    Já a Primeira Carta de São Pedro recomendou a sobriedade como constante postura espiritual, e abertamente disse o porquê: "Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar." 1 Pd 5,8

    O Livro de Eclesiástico, pois, já ensinava: "Nunca sejas guloso em banquete algum. Não te lances sobre tudo que se serve, pois o excesso no alimento é causa de doença e a intemperança leva à cólica. Pela insaciável gula muitos pereceram. Quem é sóbrio, porém, prolonga a vida." Eclo 37,32-34

    Assim como os Provérbios: "Ouve, meu filho: sê sábio, dirige teu coração pelo reto caminho. Não te juntes aos bebedores de vinho, com aqueles que devoram carnes, pois o ébrio e o glutão se empobrecem e a sonolência se veste com andrajos." Pr 23,19-21

    E fulmina: "Zombeteiro é o vinho e amotinadora a cerveja. Quem quer que a isso se apegue não será sábio." Pr 20,1

    Ora, o Livro do Profeta Isaías advertia: "Ai daqueles que desde a manhã procuram a bebida, e que à noite se retardam nas excitações do vinho! Amantes da cítara e da harpa, do tamborim e da flauta, e do vinho em seus banquetes, mas para as obras do Senhor não têm sequer um olhar, e não enxergam a obra de Suas mãos." Is 5,11-12

    Aliás, segundo o Livro do Profeta Ezequiel, o grande pecado de Sodoma não teria sido o que mais comumente se conhece, mas uma consequência de outros: "O crime da tua irmã Sodoma era este: opulência, glutoneria, indolência, ociosidade..." Ez 16,49

    E no Livro de Tobias, a ele e a seu pai Tobit, o Arcanjo São Rafael, bem depois da reconstrução de Jerusalém, seguiu recomendando uma prática que Nosso Salvador iria consagrar: "Boa coisa é a oração acompanhada de jejum..." Tb 12,8

    Ora, assim a temperança, também chamada de moderação ou sobriedade, já era demonstrada pelo povo de Israel nas práticas de jejum feitas desde os primeiros tempos. No deserto, após a saída de Egito, Deus determinou a Moisés no Livro de Números: "No dia dez desse sétimo mês, tereis uma santa assembleia, um jejum e a suspensão de todo servil trabalho." Nm 29,7