quinta-feira, 31 de julho de 2025

A Escravidão do Pecado

    A castidade é liberdade, e Nosso Salvador veio exatamente para libertar-nos do pecado. Está no Evangelho Segundo São João: "... Respondeu Jesus: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Portanto, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.'" Jo 8,34.36

    Por isso, exaltando a Paixão de Cristo, a Carta de São Paulo aos Romanos exorta: "Sabemos que nosso velho homem foi crucificado com Ele (Jesus), para que seja reduzido à impotência o corpo outrora subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado. Pois quem morreu, libertado está do pecado." Rm 6,6-7

    Fala da 'servidão' a Deus: "Não sabeis que, quando vos ofereceis a alguém para lhe obedecer, sois escravos daquele a quem obedeceis, quer seja do pecado para a morte, quer da obediência para a justiça? Graças a Deus, porém, que, depois de terdes sido escravos do pecado, obedecestes de coração à regra da Doutrina na qual tendes sido instruídos. E, libertados do pecado, tornastes-vos servos da justiça." Rm 6,16-18

    A Carta de São Paulo aos Gálatas, no mesmo sentido, convida-nos a passar da escravidão à caridade espiritual, que se expressa quando oferecemos nossa alma purificada àqueles que estão em volta, sem as máculas ou deformidades de tão vis pecados: "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para carnais prazeres. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade..." Gl 5,13

    E pela infusão do Espírito de Deus no Pentecostes, ele assim celebrou a Nova Aliança, em contrate com o Antigo Testamento: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa Carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne a fim de que a justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rm 8,2-4

    Claro, na atualidade tal libertação não é fácil. Basta reparar na devassidão e em seus reflexos disseminados pela vigente cultura, para ter ideia do poder de dominação dos mais vulgares instintos. O Apóstolo dos Gentios diz: "Como não se preocupassem em adquirir conhecimento de Deus, Ele entregou-os a depravados sentimentos, e daí seu indigno procedimento. São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade. Cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus, que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem." Rm 1,28-32

    E é certo, ademais, que muito se agravou o quadro das heresias, leia-se falsas religiões, que acobertam esta devassidão, e assim sobram falsos mestres. Aliás, como a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo profetizou: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da Verdade, e atirar-se-ão às fábulas." 2 Tm 4,3-4

    Pois foi para vencer as fraquezas da carne, entre outras más inclinações, que Jesus nos enviou o Espírito da Promessa em Jerusalém, que nos reveste com 'a força do alto'. É do Evangelho Segundo São Lucas: "Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto." Lc 24,49

    Nosso Senhor atestou, no Evangelho Segundo São Mateus, esta moção e a chegada do Reino dos Céus, dizendo aos fariseus: "Mas se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então para vós chegou o Reino de Deus." Mt 12,28

quarta-feira, 30 de julho de 2025

"Tome Sua Cruz"

    Ei-nos diante de muito especial capítulo na vida dos cristãos, do qual muitos não querem tomar parte, e às vezes nem mesmo conhecimento. São palavras do próprio Jesus, no Evangelho Segundo São Mateus: "Se alguém quiser vir Comigo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me." Mt 16,24

    A cruz significa, desde as mais simples contrariedades da vida, todo sofrimento físico, emocional e moral que pode afligir o ser humano pela aversão ao mundo, pelo amor à Verdade, ao anúncio da Salvação. É aí que a Carta de São Paulo aos Colossenses nos posiciona frente à dor, para que efetivamente sejamos a Santa Igreja Católica: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,24

    Seguir Jesus, pois, não se trata apenas de crer n'Ele, mas de empenhar-se, como Ele fez, em diminuir o sofrimento no mundo, e com Ele suportar toda dor de Sua Missão ainda inacabada. A Carta de São Paulo aos Filipenses diz: "... porque a vós é dado não somente crer em Cristo, mas ainda por Ele sofrer." Fl 1,29

    Nesse sentido, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo vai exortá-lo: "Não te envergonhes, portanto, do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, Seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus." 2 Tm 1,8

    E repete o que pregava com São Barnabé (cf. At 14,22): "Pois todos aqueles que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição." 2 Tm 3,12

    Porque conhecer Cristo é assumir a condição que Ele nos confiou, ajudando a redimir a humanidade através do Sacramento da Penitência. Comungar verdadeiramente de Seu Sangue e Sua carne é conhecê-Lo nesses termos, como nosso Santo diz: "Anseio pelo conhecimento de Cristo... pela participação em Seus sofrimentos..." Fl 3,10

    A Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses revela: "De sorte que nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, por vossa constância e fidelidade em meio a todas perseguições e tribulações que sofreis. Elas constituem um indício do justo Juízo de Deus, e de que sereis considerados dignos do Reino de Deus, pelo qual padeceis." 2 Ts 1,4-5

    Especificamente, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios diz do Ministério dos Sacerdotes da Igreja Católica: "Mas em todas coisas apresentamo-nos como Ministros de Deus, por uma grande constância nas tribulações, nas misérias, nas angústias, nos açoites, nos cárceres, nos tumultos populares, nos trabalhos, nas vigílias, nas privações." 2 Cor 6,4-5

    Referindo-Se aos terríveis sofrimentos que os Apóstolos teriam, assim como tantos outros cristãos, entre os quais devemos incluir-nos, Jesus mesmo disse a São Tiago Maior e a São João Apóstolo no Evangelho Segundo São Marcos: "Vós bebereis o cálice que Eu devo beber, e sereis batizados no batismo em que Eu devo ser batizado." Mc 10,39

    Não haveremos nós, portanto, de beber desse cálice que agora, por crermos em Jesus, também nos é oferecido? Não é essa a vontade de Deus? Cristo não está presente nesse momento, sofrendo com quem sofre e esperando que com Ele compartilhemos de Sua dor? Em autêntico espírito de cristandade, a Primeira Carta de São Pedro luminosamente diz: "Nisto consiste a Graça: injustamente sofrer, suportando as aflições, com a consciência da presença de Deus." 1 Pd 2,19

    E recomenda: "E se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? Assim aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus, também encomendem suas almas ao Fiel Criador, praticando o bem." 1 Pd 4,18-19

    Porque, independente de nossos pecados, o sofrimento de viver nesse mundo de injustiças é uma inexorável realidade. Jesus não enganou ninguém, como se lê no Evangelho Segundo São João: "No mundo tereis aflições. Mas tende coragem!" Jo 16,33

terça-feira, 29 de julho de 2025

Santa Marta

    Na cena a seguir, o Evangelho Segundo São Lucas retrata o lado ativista de Santa Marta, que demasiadamente se apega ao trabalho e esquece a vida espiritual. Mas foi o generoso coração dessa mulher que viu em Jesus uma pessoa a ser acolhida em casa e na alma. Ela abriu-Lhe a porta porque O havia visto pregando, e foi tocada por Sua Palavra. Não resta dúvida, pois, que nossa Santa quis dar um bom acolhimento e uma boa refeição a Nosso Salvador e Seus Apóstolos. E de fato, não era pouco trabalho: eram ao menos 13 pessoas. Entretanto, sua irmã, Santa Maria de Betânia, não queria parar de ouvi-Lo. Estava espiritualmente transportada, o que é muito compreensível. O Amado Médico narra: "Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, O recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-Lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: 'Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.' Respondeu-lhe o Senhor: 'Marta, Marta, andas muito inquieta e preocupas-te com muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.'" Lc 10,38-42

    E é Santa Marta, como consta do Evangelho Segundo São João, que faz uma declaração de suma importância para o reconhecimento da divindade de Jesus. De fato, como ela vai dizer, só o São Pedro havia afirmado: '... Tu és o Cristo... (cf. Mt 16,16)'. E vai acrescentar algo que só ela disse: '... Aquele que devia vir ao mundo.' Ora, isto claramente foi-lhe revelado pelo Pai Celeste (cf. Mt 16,17). E nessa cena inverteram-se os papéis: É Santa Marta que esperançosamente vai ao encontro de Nosso Senhor, dizendo que Deus atenderia qualquer pedido Seu, enquanto Santa Maria de Betânia resignadamente fica em casa. Muito bom, pois, para quem inicialmente teria sido apenas uma 'ativista', como muitos incautos ainda a tratam. Está na passagem da Ressurreição de São Lázaro: "Ora, havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta. As duas irmãs, pois, mandaram dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que Tu amas está enfermo.' A estas palavras, disse Jesus: 'Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a Glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.' Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, ainda Se demorou dois dias no mesmo lugar. À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro. Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-Lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Mas também sei que tudo que agora pedires a Deus, Ele To concederá.' Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressurgirá.' Respondeu-Lhe Marta:' Sei que há de ressurgir na Ressurreição do Último Dia.' Disse-lhe Jesus: 'Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim, jamais morrerá. Crês nisto?' Respondeu ela: 'Sim, Senhor. Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que devia vir ao mundo.' 'Onde o pusestes?' Responderam-Lhe: 'Senhor, vinde ver.' Jesus pôs-Se a chorar. Observaram, então, os judeus: 'Vede como Ele o amava!' Novamente tomado de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: 'Tirai a pedra.' Disse-Lhe Marta, irmã do morto: 'Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...' Respondeu-lhe Jesus: 'Não te disse Eu: Se creres, verás a Glória de Deus?' Tiraram, pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: 'Pai, rendo-Te graças porque Me ouviste. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas assim falo por causa do povo que está em volta, para que creiam que Tu Me enviaste.' Depois destas palavras, exclamou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!' E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Então ordenou Jesus: 'Desligai-o e deixai-o andar.' Muitos dos judeus que tinham vindo a Marta e Maria, e viram o que Jesus fizera, creram n'Ele." Jo 11,1.3-6.17.20-27.34-36.38-45

    Uma muito antiga tradição relata que Santa Marta, Santa Maria e São Lázaro teriam deixado Israel, fugindo dos judeus de Jerusalém, e se instalaram em França. De fato, São João Evangelista relata que a vida de São Lázaro estava em risco bem antes da perseguição iniciada com a morte de Santo Estevão (cf. At 1,8). Aliás, antes mesmo da Crucificação de Jesus, depois que decidiram matá-Lo (cf. Jo 5,18): "Mas os príncipes dos sacerdotes também resolveram tirar a vida de Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus." Jo 12,10-11

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Não ser Católico

    É não estar sob a Graça, que é exclusivamente dispensada pelos Sacerdotes da Santa Igreja Católica, mas tão somente sob a Misericórdia de Deus, pois a Graça é obtida através dos Sacramentos da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Primeira Carta de São Pedro diz sobre o imprescindível Sacerdócio da Igreja: "Como bons dispensadores das diversas Graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu: a Palavra, para anunciar as mensagens de Deus, e o ministério, para exercê-lo com a divina força, a fim de que Deus, em todas coisas, seja glorificado por Jesus Cristo." 1 Pd 4,10-11

    No Evangelho Segundo São João, de fato, São João Batista já apontava a única e exclusiva origem da Graça: "João replicou: 'Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o que lhe foi dado do Céu.'" Jo 3,27

    O próprio Jesus disse aos Apóstolos porque a Igreja Católica seria bem sucedida: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu escolhi-vos e constituí-vos para que vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça." Jo 15,16a

    Pois só por Ele realmente se chega a Deus: "... ninguém vem ao Pai senão por Mim." Jo 14,6b

    Não é verdadeira, pois, a afirmação de que todas religiões estão certas, apesar de todas elas conterem centelhas da Luz de Deus. Como exemplo, e apontando uma única direção, Jesus mesmo apontou o erro dos samaritanos: "Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, porque a Salvação vem dos judeus." Jo 4,22

    Ora, mesmo tendo sido agraciado com uma visão de Jesus, São Paulo não saiu imediatamente pregando, mas por Ele foi submetido aos membros de Sua Igreja, para que através dela recebesse o Santo Paráclito. E, note-se, Nosso Salvador não o acusa de perseguir a Igreja, como ele fazia, mas a Si mesmo. É do Livro de Atos dos Apóstolos: "Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.' Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: 'Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo.'" At 9,5.6b.17

    E só com a Igreja o Espírito Santo tem estado, desde o Pentecostes, sem jamais a abandonar, pois para isso foi enviado pelo Pai, a pedido de Jesus: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    Assim, não ser católico é não ter o Divino Paráclito, pois só e exclusivamente só à Igreja Jesus enviou o Espírito Santo, que é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: "É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,17

    E sem Ele não há divina filiação, como a Carta de São Paulo aos Romanos diz: "Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele." Rm 8,9b

    Porque é por Ele que somos adotados pelo Pai: "Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o Espírito de Adoção, pelo qual clamamos: Aba! Pai!" Rm 8,15

    Este Apóstolo havia estabelecido uma clara distinção: "... pois todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." Rm 8,14

    E não ter o Divino Paráclito é não conhecer a Verdade, e assim a Revelação, o que inclui seus desdobramentos pelos séculos, como Nosso Salvador avisou: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda Verdade. Porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,13

    Recusar-se a ouvir a Igreja, portanto, é excomunhão. Ele disse: "E se também se recusar a ouvir a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano" Mt 18,17

domingo, 27 de julho de 2025

Deus Espírito Santo

    A primeira citação do Divino Paráclito aparece logo nos primeiros versículos da Bíblia, no Livro de Gênesis: "No princípio, Deus criou os céus e a Terra. A Terra estava informe e vazia, as trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas." Gn 1,1-2

    Então, devemos perguntar-nos Quem é este Ser que o próprio Jesus equiparou a Si mesmo e ao inquestionável Pai, que sabemos que é Deus, reunindo todos sob um só Nome. Está no Evangelho Segundo São Mateus, quando Ele ordenou aos Apóstolos a instantes de Sua Ascensão: "Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." Mt 28,19

    Ademais, temos que meditar por que, ao ser batizado por São João Batista, ou seja, ao iniciar Sua vida pública, além de ouvir-se a voz do Pai, Seu Espírito haveria de manifestar-Se sobre Jesus, se não fosse para demonstrar a plenitude de Deus Trino neste singular momento da Revelação, um dos poucos, na Bíblia, de conjunta manifestação das Três Pessoas de Deus: "Depois que Jesus foi batizado, logo saiu da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre Ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. E do Céu baixou uma voz: 'Eis Meu muito Amado Filho, em Quem ponho Minha afeição.'" Mt 3,16-17

    Porque, após o Pentecostes, dia do nascimento da Santa Igreja Católica por obra do próprio Espírito Santo, São Pedro dá-nos uma expressa indicação da divindade do Santo Paráclito. No Livro de Atos dos Apóstolos, ao repreender um vacilante fiel, o Príncipe dos Apóstolos diz que ele não mentiu a um homem da Igreja, mas ao Espírito Santo, ou seja, mentiu ao próprio Deus: "Pedro, porém, disse: 'Ananias, por que Satanás tomou conta de teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus.'" At 5,3-4

    E mesmo antes do Pentecostes, pelos textos bíblicos é possível aferir Sua divindade, claramente expressa por Sua absoluta autonomia, como, no Livro de Jó, um de seus amigos disse: "Foi o Espírito de Deus que me fez, e o sopro do Todo-poderoso que me deu a vida." Jó 33,4

    O Livro de Sabedoria, ao discorrer sobre ela mesma, dá características de um ser claramente divino: "Há nela, com efeito, um inteligente espírito, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que tudo pode, que de tudo cuida, que penetra em todos espíritos: os inteligentes, os puros, os mais sutis." Sb 7,22-23

    É Ele que ilumina Seu próprio Reino de Sacerdotes, que é a Igreja Católica, para a perfeita interpretação da Revelação, cujo ápice está nas palavras de Jesus, que disse no Evangelho Segundo São João: "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu Nome, ensiná-vos-á todas coisas e recordá-vos-á tudo que vos tenho dito." Jo 14,26

    E foi Ele Quem arrematou a Revelação, e assim tem conduzido a Santa Igreja em cada nova situação, nas "coisas que virão". Nosso Senhor disse os Apóstolos: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda Verdade, porque não falará de Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,13

    Por isso, a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses diz da Sã Doutrina e do poder da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Por conseguinte, desprezar estes preceitos é desprezar não a um homem, mas a Deus, que nos deu Seu Santo Espírito." 1 Ts 4,8

    A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios aponta-O como a única e mesma Pessoa de Deus a distribuir os próprios dons de Deus. É mais uma indicação de Sua total autonomia, mas, note-se, sempre para proveito da comunidade da Igreja. Quer dizer, não há dom fora da Igreja Católica: "A cada um é dada a manifestação do Espírito para comum proveito. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como Lhe apraz." 1 Cor 12,7.11

sábado, 26 de julho de 2025

Frutos do Reino dos Céus

    No Evangelho Segundo São Mateus, Jesus recomendou que acreditássemos e nos empenhássemos por uma vida em pleno compromisso com Deus: "Antes buscai o Reino de Deus e Sua justiça..." Mt 6,33

    De fato, Deus já concede experimentarmos os primeiros frutos desse Reino aqui na Terra, mas, por causa de uma verdadeira idolatria a fugazes prazeres, ainda temos um difícil caminho. A Carta de São Paulo aos Romanos discorre: "... nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção de nosso corpo." Rm 8,23

    Essas primícias, contudo, em nada se confundem com os frutos do reino da injustiça: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, Paz e gozo no Espírito Santo." Rm 14,17

    Pois os frutos do Reino de Deus são inigualáveis, como Nosso Salvador assegura no Livro de Apocalipse de São João: "Ao vencedor darei de comer do fruto da árvore da Vida, que se acha no Paraíso de Deus." Ap 2,7

    Esses frutos são com perfeição representados pelo Pão do Céu, o Santíssimo Sacramento, e por uma nova e especial identidade: "Ao vencedor darei o escondido maná e entregá-lhe-ei uma branca pedra, na qual está escrito um novo nome que ninguém conhece, senão aquele que o receber." Ap 2,17

    São promessas de uma vida de Glória: "Sê fiel até a morte e dá-te-ei a Coroa da Vida." Ap 2,10

    Com efeito, Jesus promete um poder que vai vigorar ainda neste mundo, logo após nossa morte, como já é dado aos Santos: "Então ao vencedor, ao que praticar Minhas obras até o fim, dá-lhe-ei poder sobre as pagãs nações." Ap 2,26

    Poder esse que fará representar-se na singela forma de vestes de pureza e santidade: "O vencedor será assim revestido de brancas vestes. Jamais apagarei seu nome do livro da Vida, e proclamá-lo-ei diante de Meu Pai e de Seus anjos." Ap 3,5

    Isso já havia sido prometido através do Livro de Salmos, quando os sagrados autores dizem a Maria Santíssima sobre seus prediletos filhos, os Sacerdotes e os Santos: "Vosso trono, ó Deus, é eterno. De equidade é Vosso cetro real. ... posta-se a Vossa direita a Rainha, ornada de ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza encantar-Se-á o Rei. Ele é Teu Senhor, rende-Lhe homenagens. Tomarão teus filhos o lugar de teus pais, tu estabelecê-lo-ás príncipes sobre toda Terra. Celebrarei teu nome através das gerações. E os povos eternamente louvá-te-ão." Sl 44,7.10b-12.17-18

    E Nosso Senhor igualmente promete-nos uma especial função e lugar: "Farei do vencedor uma coluna no Templo de Meu Deus, de onde jamais sairá, e sobre ele escreverei o Nome de Meu Deus..." Ap 3,12

    Promete, aliás, o inimaginável: "Ao vencedor concederei assentar-se Comigo em Meu trono, assim como Eu venci e sentei com Meu Pai em Seu trono." Ap 3,21

    E o próprio Pai completa: "O vencedor herdará tudo isso. E Eu serei Seu Deus, e ele será Meu filho." Ap 21,6-7

    No Livro de Gênesis também temos algumas imagens do Céu. Ainda no Paraíso, Deus havia dado a Adão e Eva poder para dominar sobre tudo na Terra: "Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos animais que se movem pelo chão." Gn 1,28

    Lá não havia dor nem sofrimento, que só vieram ao mundo após o pecado, como foi dito a Eva: "Multiplicarei os sofrimentos de teu parto. Darás à luz com dores, teus desejos impeli-te-ão para teu marido, e tu estarás sob seu domínio." Gn 3,16

    Também não havia extenuantes trabalhos, como foi dito a Adão: "... maldita seja a Terra por tua causa. Dela com penosos trabalhos tirarás teu sustento todos dias de tua vida. Comerás teu pão com o suor de teu rosto..." Gn 3,17-19

sexta-feira, 25 de julho de 2025

São Tiago Maior, Apóstolo

    São Tiago Maior foi dos primeiros Apóstolos, e é chamado de Maior para diferenciar de São Tiago Menor, que era parente de Jesus, como o Evangelho Segundo São Marcos o nomeou ao relatar a Crucificação do Senhor: "Também se achavam ali umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé..." Mc 15,40

    Foi o primeiro mártir entre os Apóstolos. Após viagem em missão para anunciar a Vinda de Cristo em terras de Espanha, onde havia várias comunidades judaicas (cf. Rm 15,24), ele foi decapitado ao retornar a Jerusalém, pois, sereno e destemido, não mais admitia calar-se justamente na Cidade Santa, como o próprio Jesus não Se calou. Nosso Santo, pois, fielmente seguia o exemplo de Nosso Salvador e de São João Batista, e bravamente enfrentou o martírio. São Lucas, que não chegou a conhecê-lo, registrou no Livro de Atos dos Apóstolos: "Por aquele tempo, o rei Herodes tomou medidas visando maltratar alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João." At 12,1-2

    Por Jesus, este Apóstolo foi chamado junto a seu irmão, São João Evangelista, logo após os chamados de São Pedro e de Santo André, que eram seus companheiros de profissão e de cooperativa (cf. Lc 5,10): "Uns poucos passos mais adiante, (Jesus) viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E logo os chamou." Mc 1,19

    Seu pai, aliás, além de líder na cooperativa pesqueira, como São Pedro que tinha a própria barca (cf. Lc 5,3), era homem de posses naquela pobre região, tinha empregados, o que explica a boa formação que ele e seu irmãos tiveram, a despeito do que pensavam os líderes judeus (cf. At 4,13): "Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus." Mc 1,20

    E desde então não mais parou de seguir o Divino Mestre. Esteve com Jesus na casa de São Pedro, em Cafarnaum, desde a primeira visita, após partirem de Nazaré (cf. Jo 2,12): "Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André." Mc 1,29

    Seu pai Zebedeu também era sacerdote, o que se deduz da amizade de seu irmão, o 'outro discípulo', com o sumo sacerdote, como vemos quando Jesus foi julgado pelo Sinédrio. É do Evangelho Segundo São João: "Mas o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar." Jo 18,16b

    Rigoroso e sério, mereceu de Jesus um significativo apelido: "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais (Jesus) pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão." Mc 3,17

    Isto deu-se por causa de um marcante episódio, quando Cristo e os Apóstolos não foram bem recebidos num povoado de samaritanos, e ele e seu irmão, enraivecidos, não se contiveram. É do Evangelho Segundo São Lucas: "'Senhor, queres que mandemos que desça fogo do Céu e os consuma?' Jesus voltou-Se e severamente repreendeu-os. 'Não sabeis de que Espírito sois animados. O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las.'" Lc 9,54

    Nosso Santo fazia parte de um pequeno grupo mais íntimo de Jesus, junto a São Pedro e São João, seu irmão. Como exemplo, temos o momento em que Nosso Salvador os levou à montanha onde Se transfigurou, no último dia útil da semana em que foi reconhecido por São Pedro como o Messias. Lê-se no Evangelho Segundo São Mateus: "Seis dias depois, Consigo Jesus tomou Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias, conversando com Ele." Mt 17,1-3

    Tamanha intimidade tinham eles com Jesus que, num gesto de descabida pretensão, terminaram causando uma grande discussão entre os Apóstolos: "De Jesus aproximaram-se Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-Lhe: 'Mestre, queremos que nos concedas tudo que Te pedirmos. Concede-nos que nos sentemos em Tua Glória, um a Tua direita e outro a Tua esquerda.' Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João." Mc 10,35.37.41

quinta-feira, 24 de julho de 2025

As Virtudes

    O Livro de Sabedoria aponta quatro CARDEAIS VIRTUDES, aquelas que servem de base para todas outras: "E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; a Sabedoria ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza. Não há nenhum bem que seja mais útil aos homens na vida." Sb 8,7

    A temperança, também chamada de moderação ou sobriedade, virtude que garante o domínio de si e coloca a vontade acima dos instintos, aparece numa proposta de ascese da Segunda Carta de São Pedro: "Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir a vossa a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o fraterno amor, e ao fraterno amor a caridade." 2 Pd 1,5-7

    A prudência é a virtude da reflexão, da ordem, do bom senso e do discernimento. Jesus mesmo apontou, no Evangelho Segundo São Mateus: "Aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as põe em prática, é semelhante a um prudente homem que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa. Ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha." Mt 7,24-25

    A justiça é a virtude do compromisso moral com a Verdade, com a equidade, com a correção. A Carta de São Paulo aos Romanos afirma que só pela obediência a Deus se chega a Sua justiça: "Não sabeis que, quando vos ofereceis a alguém para obedecer-lhe, sois escravos daquele a quem obedeceis, quer seja do pecado para a morte, quer da obediência para a justiça?" Rm 6,16

    A fortaleza é a virtude da firmeza e da perseverança, contra todas dificuldades. É por ela que se resiste ao medo, às injustiças e às tentações. Ela confere destemor perante a própria morte, como demonstram os mártires da Santa Igreja Católica. A Carta de São Paulo aos Filipenses referia-se a si mesmo: "Não é minha penúria que me faz falar. Aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei viver na penúria, e também sei viver na abundância. Estou acostumado a todas vicissitudes: a ter fartura e a passar fome, a ter abundância e a padecer necessidade. Tudo posso n'Aquele que me fortalece." Fl 4,11-13

    Por fim, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios revela as três TEOLOGAIS VIRTUDES, que, ao contrário das morais virtudes, são dons de Deus: "Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a , a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor." 1 Cor 13,13

    A Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, a mais antiga delas, já velava pelas três: "Com efeito, diante de Deus, Nosso Pai, continuamente pensamos nas obras de vossa fé, nos sacrifícios de vosso amor e na firmeza de vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, Nosso Pai." 1 Ts 1,3

    Em belíssima fórmula, e síntese, de seu cunho, ele pede-nos: "Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração." Rm 12,12

    A Primeira Carta de São João diz da fé: "Eis o amor a Deus: que guardemos Seus Mandamentos. E Seus Mandamentos não são penosos, porque todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: nossa fé." 1 Jo 5,3-4

    O Apóstolo dos Gentios diz da esperança: "O Deus da esperança encha-vos de toda alegria e de toda Paz em vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de esperança!" Rm 15,13

    E Nosso Salvador mesmo, rezando ao Pai pelos Apóstolos no Evangelho Segundo São João, diz do amor: "Manifestei-lhes Teu Nome, e ainda hei de manifestar-Lho, para que o amor com que Me amaste esteja neles..." Jo 17,26

    Enfim, falando das MORAIS VIRTUDES, São Paulo recomenda: "Além disso, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, tudo que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos." Fl 4,8

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Imitadores de Deus

    Enquanto grande aspirante da santidade, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios disse: "Tornai-vos meus imitadores, como eu o sou de Cristo." 1 Cor 11,1

    Disse mais a Carta de São Paulo aos Efésios: "Sede, pois, imitadores de Deus, como muito amados filhos." Ef 5,1

    E a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses explicou: "E vós fizeste-vos imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a Palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes modelo para todos fiéis de Macedônia e de Acaia." 1 Ts 1,6-7

    No Evangelho Segundo São Lucas, de fato, Jesus garantiu: "O discípulo não é superior ao Mestre. Mas todo perfeito discípulo será como Seu Mestre." Lc 6,40

    Por isso, no Evangelho Segundo São Mateus, pedia: "Tomai Meu jugo sobre vós e aprendei de Mim, porque Eu sou manso e humilde de Coração, e achareis repouso para vossas almas." Mt 11,29

    Deu luminosos exemplos, como no Evangelho Segundo São João: "Logo, se Eu, Vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, assim também façais vós." Jo 13,14-15

    E estabeleceu Seu amor como parâmetro: "Dou-vos um Novo Mandamento: amai-vos uns aos outros. Como Eu vos tenho amado, assim vós deveis amar uns aos outros." Jo 13,34

    Ora, Ele apontava Qual era Sua fonte de inspiração: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: de Si mesmo o Filho não pode fazer coisa alguma. Ele só faz o que vê o Pai fazer. E tudo que o Pai faz, também faz o Filho." Jo 5,19b

    Já havia dito no Sermão da Montanha: "Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, rezai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis os filhos de Vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos." Mt 5,44-45

    A Primeira Carta de São Pedro, pois, faz-nos recordar nossa real natureza, invocando o Livro de Levítico: "À maneira de obedientes filhos, já não vos amoldeis aos desejos que tínheis antes, no tempo de vossa ignorância. À exemplo da santidade d'Aquele que vos chamou, também sede vós Santos em todas vossas ações, pois está escrito: 'Sede Santos, porque Eu sou Santo (Lv 11,44).'" 1 Pd 1,14-16

    Porque o Pai quer oferecer-nos Sua santidade, como os seguidores da tradição de São Paulo diziam na Carta aos Hebreus: "Aliás, temos na Terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão havemos de submeter-nos ao Pai de nossas almas, o Qual nos dará a Vida? Os primeiros educaram-nos para pouco tempo, segundo sua própria conveniência, ao passo que Este o faz para nosso bem, para comunicar-nos Sua Santidade." Hb 12,9-10

    E como poderíamos viver a sem assumir a paternidade que temos? A Primeira Carta de São João anima-nos: "Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus." 1 Jo 3,1

    Ora, ser acolhido por Deus como filhos é nossa maior realização. A Carta de São Paulo aos Romanos diz: "Por isso, a criação ansiosamente aguarda a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade... todavia com a esperança de ser ela também libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus." Rm 8,19-20a.21

    Eis que o Amado Discípulo aponta a verdadeira e divina filiação, e assim a santidade, pela perfeita ação do Espirito Santo em nós: "Todo aquele que é nascido de Deus não peca, porque nele reside o Divino Germe..." 1 Jo 3,9a

    A Carta de São Paulo aos Filipenses, no mesmo sentido, exorta-nos a uma verdadeira integridade de corpo e alma: "... a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus, íntegros em meio a uma depravada e maliciosa sociedade..." Fl 2,15

terça-feira, 22 de julho de 2025

Santa Maria Madalena

    Ela foi a grande privilegiada, a primeira a ver Jesus ressuscitado, e também a primeira a ser enviada por Ele para anunciar Sua Ressurreição. O Evangelho Segundo São João assim narra: "No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro, correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo, a quem Jesus amava: 'Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram!'" Jo 20,1-2

    E quando os três vieram ao sepulcro, e São Pedro e São João Evangelista, depois de vê-lo vazio, retornaram, ela aí ficou chorando: "Maria, entretanto, conservava-se do lado de fora, perto do sepulcro, e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o Corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram-lhe: 'Mulher, por que choras?' Ela respondeu: 'Porque levaram Meu Senhor, e eu não sei onde O puseram.'" Jo 20,11-13

    Foi quando Jesus lhe apareceu e lhe enviou: "Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu. Perguntou-lhe, então, Jesus: 'Mulher, por que choras? Quem procuras?' Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: 'Senhor, se tu O tiraste, dize-me onde O puseste e eu irei buscá-Lo.' Disse-lhe Jesus: 'Maria!' Voltando-se ela, exclamou em hebraico: 'Rabôni! (Mestre!)' Disse-lhe Jesus: 'Não Me retenhas, porque ainda não subi a Meu Pai. Mas vai a Meus irmãos e dize-lhes: Subo para Meu Pai e Vosso Pai, Meu Deus e Vosso Deus.' Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor, e contou o que Ele lhe tinha falado." Jo 20,14-18

    Além da aparição do Senhor ressuscitado à Santa Maria Madalena, atestada nos quatro Evangelhos, o Evangelho Segundo São Marcos, como São João e São Mateus, só vai mencionar Santa Maria Madalena já na cena da crucificação. Aliás, sua narrativa é muito parecida com as de São Mateus e São Lucas, porque deve ter servido de base para elas. Também atesta que São Tiago Menor e seu irmão José (cf. Mc 6,3) não eram filhos de Maria Santíssima, como falsos ministros e iletrados pretendem, mas de outra Maria, uma parenta sua, que iremos identificar: "Também se achavam ali umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que O tinham seguido e O haviam assistido quando estava na Galileia. E muitas outras que com Ele haviam subido a Jerusalém." Mc 15,40-41

    Mas São João Evangelista, testemunha ocular que estava aos pés da Santa Cruz, portanto de mais preciso relato, diz que ela estava consigo e com Nossa Senhora, o que comprova a coragem de nossa Santa, e que presenciou quando Jesus fez de Maria a Nova Eva, a Mãe Espiritual da humanidade. É o santo episódio que dá nome a uma conhecida 'constelação': as Três Marias: "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu Sua mãe, e perto dela o discípulo que amava, disse a Sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho.' Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe.' E dessa hora em diante, o discípulo levou-a para sua casa." Jo 19,25-27

    E ainda segundo São Marcos, ela ficou com Maria de Cléofas para ver onde seria o Santo Sepulcro: "Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde O depositavam." Mc 15,47

    Por fim, este Evangelista também afirma que Santa Maria Madalena foi a primeira a ver Jesus ressuscitado: "Ora, tendo ressuscitado na madrugada do primeiro dia da semana, Ele primeiro apareceu a Maria Madalena, de quem havia expulso sete demônios." Mc 16,9

    São Lucas, portanto, é o único a mencionar Santa Maria Madalena antes da crucificação, e, note-se, ainda no início de tudo, logo depois da escolha dos Doze Apóstolos, enquanto Jesus ainda fazia pregações pelas cidades e aldeias, o que cedo se tornaria impossível (cf. Mc 1,45). Entretanto, ele relata apenas o mesmo que São Marcos, que dela Jesus expulsara sete demônios: "Os Doze estavam com Ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de malignos espíritos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios..." Lc 8,2

    Esse exorcismo vem sendo doentiamente usado como 'prova' de que Santa Maria Madalena tinha sido prostituta. Coisa da cabeça desse mundo de pervertidos! Sem nenhuma sensata evidência, forçam essa interpretação afirmando que estes sete demônios representariam os sete pecados capitais, e assim, por conta da luxúria, ela também teria chegado à prostituição. Ora, os termos bíblicos simplesmente indicam uma grave possessão. Aliás, como aconteceu com o endemoniado da região dos gerasenos, que por Jesus foi exorcizado e não apenas de sete, mas de uma legião de demônios. Tamanha possessão, no entanto, só o compelia a viver no cemitério (cf. Mc 5,2 e Lc 8,27). Nenhuma palavra sobre pecados capitais.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

"Livrai-nos do Mal"

    No Evangelho Segundo São Mateus, ao ensinar o Pai Nosso, Jesus recomendou-nos pedir: "... livrai-nos do Mal." Mt 6,13

    É exatamente o mesmo que Ele pediu ao Pai no Evangelho Segundo São João, pouco antes no início de Sua Paixão, quando rezou por Seus seguidores. Ele claramente disse o que este Mal significa: o próprio Satanás: "Dei-lhes Tua Palavra, mas o mundo odeia-os porque eles não são do mundo, como Eu também não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do Maligno." Jo 17,14-15

    E o Anjo da Guarda de São José, anunciando-lhe o Nascimento de Jesus, explicou como Ele realizaria a Salvação das almas: "Ela (Maria Santíssima) dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados." Mt 1,21

    O próprio Jesus vai dizer: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Portanto, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres." Jo 8,34.36

    Também deu poder aos Apóstolos, Seus primeiros Sacerdotes: "Jesus reuniu Seus Doze discípulos. Conferiu-lhes o poder para expulsar imundos espíritos, e de curar todo mal e toda enfermidade." Mt 10,1

    Pois, como consta no Livro de Apocalipse de São João, o inimigo arrasta toda humanidade em desgraça, é "... o sedutor do mundo inteiro." Ap 12,9

    Ressalvando apenas a Santa Igreja Católica, a Primeira Carta de São João diz: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno." 1 Jo 5,19

    Ele declara: "Aquele que peca é do Demônio, porque o Demônio peca desde o princípio. Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,18

    Ora, são vários os nomes usados para designar o Inimigo, mas que vemos tratar-se da mesma pessoa: "Então foi precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás... " Ap 12,9

    Há outro nome bastante usado, como se vê no Evangelho Segundo São Lucas, que falsos religiosos, em flagrante perversão, diziam ser a quem Jesus obedecia: "Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios." Lc 11,15

    E na parábola do joio e do trigo, que simboliza o Juízo Final, Nosso Salvador referiu-Se ao primeiro como a uma praga na plantação, uma erva daninha e venenosa: "O joio são os filhos do Maligno." Mt 13,38b

    De fato, ele é falso e assassino, figura que se sobressai do invejoso, do derrotado, do incapaz de bem viver e de dizer a Verdade. Enfim, é o modelo de todos que se afastam de Deus Pai e, na prática, ao Inimigo adotam como pai. Jesus fulminou os líderes religiosos de Jerusalém: "Vós tendes como pai o Demônio, e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na Verdade, porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." Jo 8,44

    É o inimigo que nos incita a não meditar sobre a Palavra de Deus, como vemos na parábola do Semeador, que é o próprio Cristo (cf. Lc 8,11), o Verbo Encarnado (cf. Jo 1,14): "... quando um homem ouve a Palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado em seu coração." Mt 13,19

    Ele tem prazer em oprimir, como São Pedro diz ao descrever a Missão de Jesus, no Livro de Atos dos Apóstolos: "... Ele andou fazendo o bem, e curando todos oprimidos pelo Demônio..." At 10,38

    Prende e subjuga os teimosos e desobedientes a Deus, nas palavras da Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo sobre os opositores da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: "... que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do Demônio, que os mantém cativos e submetidos a seus caprichos." 2 Tm 2,25b-26

domingo, 20 de julho de 2025

JESUS DEUS

    O Evangelho Segundo São Lucas, referindo-se a Jesusjá havia formado plena consciência de Sua Divindade, pois o Arcanjo São Gabriel expressamente disse que São João Batista iria 'adiante de Deus': "Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, Seu Deus, e irá adiante de Deus com o Espírito e poder de Elias... " Lc 1,16-17a

    E antecipando-se ao Amado Médicos em mais de dez anos, o Evangelho Segundo São Mateus, que era levita, diz que os Santos Reis adoraram a Jesus, quando sabemos que só podemos adorar a Deus: "Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se diante d'Ele, adoraram-nO." Mt 2,11a

    Enfim, o Evangelho Segundo São João, o último a ser escrito dos quatro, já sabia muito bem que a Palavra de Deus, ou seja, Jesus, o Verbo Encarnado, era o próprio Deus. São suas primeiríssimas palavras: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus." Jo 1,1

    Por Sua vez, na ocasião em que interrogado no Templo pelos líderes judeus se era realmente o Salvador, sabendo que seus corações não Lhe estavam abertos, Jesus vai mais além e dá uma resposta teológica, na qual explicita a Comunhão da Santíssima Trindade: "Eu e o Pai somos Um." Jo 10,30

    E na noite da Santa Ceia, quanto instituiu a Santa Missa para a celebração do Santíssimo Sacramento, Ele não pediu um culto ao Pai, mas a Si mesmo: "Fazei isto em memória de Mim." Lc 22,19b

    Pois Ele simultaneamente era muito humano, e, entre afirmações e dúvidas, teve que usar de muita didática para revelar Sua natureza divina. É o que se vê quando curou um possesso, mas disse que Deus havia realizado tal milagre: "Nesse momento, pedia-Lhe o homem, de quem tinham saído os demônios, para ficar com Ele. Mas Jesus despediu-o, dizendo: 'Volta para casa, e conta o quanto Deus te fez.'" Lc 8,38-39

    Ora, só Deus, que é absoluto, poderia apresentar-Se como Aquele a Quem deve convergir de toda humanidade: "Quem não está Comigo, está contra Mim..." Mt 12,30a

    E definitivamente afirmou aos judeus em Jerusalém, perante a multidão: "Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo." Jo 8,23

    Mas o próprio Apóstolo São Filipe, entre outros, seguia com dificuldades para entendê-Lo. Mesmo depois de mais de três anos com Ele, na noite em que iniciaria Sua Paixão: "Disse-Lhe Filipe: 'Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.' Respondeu Jesus: 'Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?'" Jo 14,8-9

    E ainda nessa noite, na Oração da Unidade, Ele havia-Se pronunciado diante dos Apóstolos sobre Sua natureza incriada: "Agora, pois, Pai, glorifica-Me junto de Ti, concedendo-Me a Glória que tive junto de Ti antes que o mundo fosse criado." Jo 17,5

    Primeira Carta de São João, de sua elaborada Teologia, quase expressamente diz que Jesus é Deus: "Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que estamos em Seu Filho Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro Deus e a Vida Eterna." 1 Jo 5,20

    Já São Paulo, em palavra aos anciãos de Éfeso no Livro de Atos dos Apóstolos, chega a 'confundir' Deus Pai com Jesus: "Cuidai de vós mesmos e de todo rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com Seu próprio Sangue." At 20,28

    E a Carta de São Paulo a São Tito termina por afirmá-Lo Deus: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa de nossa feliz esperança, a Gloriosa Aparição de Nosso Grande Deus e Salvador, Jesus Cristo..." Tt 2,12-13