quarta-feira, 30 de julho de 2025

"Tome Sua Cruz"

    Ei-nos diante de muito especial capítulo na vida dos cristãos, do qual muitos não querem tomar parte, e às vezes nem mesmo conhecimento. São palavras do próprio Jesus, no Evangelho Segundo São Mateus: "Se alguém quiser vir Comigo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me." Mt 16,24

    A cruz significa, desde as mais simples contrariedades da vida, todo sofrimento físico, emocional e moral que pode afligir o ser humano pela aversão ao mundo, pelo amor à Verdade, ao anúncio da Salvação. É aí que a Carta de São Paulo aos Colossenses nos posiciona frente à dor, para que efetivamente sejamos a Santa Igreja Católica: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,24

    Seguir Jesus, pois, não se trata apenas de crer n'Ele, mas de empenhar-se, como Ele fez, em diminuir o sofrimento no mundo, e com Ele suportar toda dor de Sua Missão ainda inacabada. A Carta de São Paulo aos Filipenses diz: "... porque a vós é dado não somente crer em Cristo, mas ainda por Ele sofrer." Fl 1,29

    Nesse sentido, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo vai exortá-lo: "Não te envergonhes, portanto, do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, Seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus." 2 Tm 1,8

    E repete o que pregava com São Barnabé (cf. At 14,22): "Pois todos aqueles que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição." 2 Tm 3,12

    Porque conhecer Cristo é assumir a condição que Ele nos confiou, ajudando a redimir a humanidade através do Sacramento da Penitência. Comungar verdadeiramente de Seu Sangue e Sua carne é conhecê-Lo nesses termos, como nosso Santo diz: "Anseio pelo conhecimento de Cristo... pela participação em Seus sofrimentos..." Fl 3,10

    A Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses revela: "De sorte que nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, por vossa constância e fidelidade em meio a todas perseguições e tribulações que sofreis. Elas constituem um indício do justo Juízo de Deus, e de que sereis considerados dignos do Reino de Deus, pelo qual padeceis." 2 Ts 1,4-5

    Especificamente, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios diz do Ministério dos Sacerdotes da Igreja Católica: "Mas em todas coisas apresentamo-nos como Ministros de Deus, por uma grande constância nas tribulações, nas misérias, nas angústias, nos açoites, nos cárceres, nos tumultos populares, nos trabalhos, nas vigílias, nas privações." 2 Cor 6,4-5

    Referindo-Se aos terríveis sofrimentos que os Apóstolos teriam, assim como tantos outros cristãos, entre os quais devemos incluir-nos, Jesus mesmo disse a São Tiago Maior e a São João Apóstolo no Evangelho Segundo São Marcos: "Vós bebereis o cálice que Eu devo beber, e sereis batizados no batismo em que Eu devo ser batizado." Mc 10,39

    Não haveremos nós, portanto, de beber desse cálice que agora, por crermos em Jesus, também nos é oferecido? Não é essa a vontade de Deus? Cristo não está presente nesse momento, sofrendo com quem sofre e esperando que com Ele compartilhemos de Sua dor? Em autêntico espírito de cristandade, a Primeira Carta de São Pedro luminosamente diz: "Nisto consiste a Graça: injustamente sofrer, suportando as aflições, com a consciência da presença de Deus." 1 Pd 2,19

    E recomenda: "E se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? Assim aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus, também encomendem suas almas ao Fiel Criador, praticando o bem." 1 Pd 4,18-19

    Porque, independente de nossos pecados, o sofrimento de viver nesse mundo de injustiças é uma inexorável realidade. Jesus não enganou ninguém, como se lê no Evangelho Segundo São João: "No mundo tereis aflições. Mas tende coragem!" Jo 16,33