A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios reveladoramente registrou que a carne corruptível em que vive o cristão é apenas um passageiro afastamento de Deus: "Sabemos que todo tempo que passamos no corpo é um exílio, longe do Senhor. Andamos na fé e não na visão. Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor. Também é por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-Lhe. Porque teremos de comparecer diante do Tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo." 2 Cor 5,6b-10
Por isso, apontava nossa vocação segundo os planos de Deus, pedindo pela purificação não apenas no corpo: "Depositários de tais promessas, caríssimos, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, plenamente realizando nossa santificação no temor a Deus." 2 Cor 7,1
E apontando nossas más inclinações, a Carta de São Paulo aos Efésios dizia: "Vós, porém, não foi para isto que vos tornastes discípulos de Cristo, se é que O ouvistes e d'Ele aprendestes, como convém à Verdade em Jesus. Renunciai à vida passada, despojai-vos do velho homem, corrompido por enganadoras concupiscências." Ef 4,20-22
A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, então, anunciava que somos o Corpo Místico de Cristo: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um de Seus membros." 1 Cor 12,27
E citando passagens do Livro do Profeta Isaías e do Livro do Profeta Oseias, diz da Ressurreição da Carne: "Quando este corpo corruptível estiver revestido da incorruptibilidade, e quando este corpo mortal estiver revestido da imortalidade, então se cumprirá a Palavra da Escritura: 'A morte foi tragada pela Vitória' (Is 25,8). 'Onde está, ó morte, tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão?' (Os 13,14)" 1 Cor 15,54-55
No Evangelho Segundo São Lucas, de fato, Jesus assim apresentou Seu Corpo Glorioso ao ressuscitar: "Vede Minhas mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho." Lc 24,39
No Livro de Atos dos Apóstolos, pois, São Pedro viu na Ressurreição de Jesus o cumprimento da promessa da Vida Eterna, profetizada no Livro de Salmos pelo rei Davi, que falou por Nosso senhor: "Alegrou-se, por isso, Meu Coração, e Minha língua exultou. Sim, Minha Carne também repousará na esperança, porque Vós não abandonareis Minha alma na habitação dos mortos, nem permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção. (Sl 15,9s)." At 2,26-27
Essa é a Ressurreição da Carne, a realizar-se no Último Dia, da qual a Carta de São Paulo aos Romanos nos assegurava: "Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida a vossos corpos mortais, por Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,11
Já a Carta de São Paulo aos Filipenses suspira: "Nós, porém, somos cidadãos dos Céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo tornando-o semelhante a Seu Corpo Glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a Si toda criatura." Fl 3,20-21
A esperança suscitada pelo Divino Paráclito, portanto, é em si uma grande virtude, uma das três virtudes teologais. E ao mal, mesmo com todo sofrimento, só nos cabe opor resistência. O Apóstolo dos Gentios escreve aos cristãos de Roma: "Com efeito, sabemos que toda Criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto, e não somente ela, mas nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nosso íntimo, esperando a filial condição, a Redenção de nosso corpo. Pois é na esperança que fomos salvos." Rm 8,22-24
Por fim, nos Céus Deus promete aos homens o fim de todo sofrimento característico da terrena vida. No Livro de Apocalipse de São João, foi registrada a visão do Novo Céu e Nova Terra, onde Ele mesmo "Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição." Ap 21,4