quinta-feira, 13 de julho de 2023

A Condição da Carne (II)

 

    São Paulo bem reconhecia nossa condição de vivente, mesmo que cristão: "Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo." Rm 7,18

    Sabia que as fraquezas da carne estavam ali, latentes: "Assim, pois, de um lado, por meu espírito, sou submisso à Lei de Deus. De outro lado, por minha carne, sou escravo da lei do pecado." Rm 7,26

    Mas também apontava nossa vocação, segundo os planos de Deus: "Depositários de tais promessas, caríssimos, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, plenamente realizando nossa santificação no temor a Deus." 2 Cor 7,1

    Por isso, pregava: "Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites." Rm 13,14

    E, denunciando a vida pagã, diz: "Vós, porém, não foi para isto que vos tornastes discípulos de Cristo, se é que O ouvistes e d'Ele aprendestes, como convém à Verdade em Jesus. Renunciai à vida passada, despojai-vos do velho homem, corrompido por enganadoras concupiscências." Ef 4,20-22

    Anunciava, então, que somos o Corpo Místico de Cristo: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um de seus membros." 1 Cor 12,27

    E dizia da Ressurreição da Carne: "Quando este corpo corruptível estiver revestido da incorruptibilidade, e quando este corpo mortal estiver revestido da imortalidade, então se cumprirá a Palavra da Escritura: 'A morte foi tragada pela vitória' (Is 25,8). 'Onde está, ó morte, tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão?' (Os 13,14)" 1 Cor 15,54-55

    De fato, ao ressuscitar Jesus assim apresentou Seu corpo glorioso: "Vede Minhas mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho." Lc 24,39

    São Pedro, pois, viu na Ressurreição de Jesus o cumprimento da promessa da Vida Eterna, que era profecia de um Salmo: "Alegrou-se, por isso, Meu coração, e Minha língua exultou. Sim, Minha carne também repousará na esperança... (Sl 15,9)." At 2,26

    Essa é a Ressurreição da carne, da qual São Paulo nos assegurava: "Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida aos vossos corpos mortais, pelo Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,11

    Ele suspira: "Nós, porém, somos cidadãos dos Céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo tornando-o semelhante a Seu Corpo Glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a Si toda criatura." Fl 3,20-21

    A esperança suscitada pelo Divino Paráclito, portanto, é em si uma grande virtude. E ao mal, mesmo com todo sofrimento, só nos cabe opor resistência. Este Apóstolo escreve: "Com efeito, sabemos que toda Criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto, e não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a filial condição, a Redenção de nosso corpo. Pois é na esperança que fomos salvos." Rm 8,22-24