segunda-feira, 30 de junho de 2025

A Trindade Santa quer Habitar em Nós

    No Evangelho Segundo São João, Jesus prometeu que, se fôssemos verdadeiramente fiéis a Sua Palavra, Ele e o Pai viriam fazer morada em nós: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E Nós viremos a ele e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23

    Pois a moção do Santo Paráclito, Ele já havia assegurado: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,16-17

    E é assim que nos tornamos a Santa Igreja Católica, conforme a Carta de São Paulo aos Efésios: "E vós também sois integrados nesta construção, para tornarde-vos morada de Deus pelo Espírito." Ef 2,22

    Porque, como se lê na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, o Divino Espírito também vem para habitar em nós: "Ou não sabeis que vosso corpo é Templo do Espírito Santo, que habita em vós, o Qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?" 1 Cor 6,19

    Ora, enquanto primícia dos filhos de Deus, Jesus também foi humano, e n'Ele Deus habitou. A Carta de São Paulo aos Colossenses diz: "Ele (Jesus) é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda Criação. Porque aprouve a Deus fazer n'Ele habitar toda plenitude e por Seu intermédio reconciliar Consigo todas criaturas..." Cl 1,15.19-20

    Nosso Salvador mesmo disse do poder de Sua Ressurreição, que atestaria a Comunhão dos Santos: "Naquele dia conhecereis que estou em Meu Pai, e vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,20

    E esse era o poder de Sua Palavra: "E, se julgo, Meu julgamento é conforme a Verdade, porque não estou sozinho, mas Comigo está o Pai que Me enviou." Jo 8,16

    Com efeito, o Espírito de Deus sempre esteve com Jesus, como vemos logo após Seu Batismo, quando foi tentado. Está no Evangelho Segundo São Lucas: "Cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e pelo Espírito foi levado ao deserto..." Lc 4,1

    Era o Espírito de Deus que Lhe dava poder: "Mas, se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então para vós chegou o Reino de Deus." Mt 12,28

    Ademais, Ele deixou ordenado o Sacramento do Batismo em Nome das Três Pessoas de Deus: "Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." Mt 28,19

    E nestes termos atestou a Comunhão da Santíssima Trindade, na última noite entre os Apóstolos: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir e anunciá-vos-á as coisas que virão. Ele glorificá-Me-á, porque receberá do que é Meu, e anunciá-vos-á. Tudo que o Pai possui é Meu. Por isso, Eu disse: 'Há de receber do que é Meu, e anunciá-vos-á.'" Jo 16,12-15

    Versando sobre nossa aptidão para a caridade, portanto, a Carta de São Paulo aos Romanos afirma: "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Rm 5,5

    Sem dúvida, Jesus garantiu: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que LhO pedirem." Lc 11,13

    Por fim, é da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios esta inspiração que retrata as Três Pessoas de Deus naquelas que seriam Suas mais características manifestações: "A Graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a Comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!" 2 Cor 13,13

domingo, 29 de junho de 2025

São Pedro

    O Evangelho Segundo São Mateus, o mais judeu e conservador dos Apóstolos, da tribo que trouxera no sangue a tradição de sacerdotes e da indicação do sumo sacerdote, a dos levitas, ao mencionar a lista dos Apóstolos não hesita em declarar que São Pedro era o primeiro: "Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,2-4

    Nosso Santo foi o único Apóstolo a quem Jesus atribuiu um novo nome, uma tradição iniciada por Deus para com Abrão, a quem deu o nome de Abraão, passou por Jacó, que se tornou Israel, perpetuou-se entre os rabinos e inclui o próprio São Paulo, que antes de converter-se se chamava Saulo. E, vale notar, o novo nome de São Pedro, conforme o Evangelho Segundo São João, privilegiada testemunha ocular, foi dado já no primeiro encontro com Jesus, dois dias após o Batismo do Senhor, quando Ele lhe disse logo ao ser trazido por Santo André: "Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)." Jo 1,42

    Além do nome de seu pai, por especial deferência mencionado por Jesus, sabemos que ele era um fiel cumpridor das Sagradas Escrituras, como vemos em sua declaração sobre a estrita alimentação dos judeus, dada durante a visão que teve em Jope, pouco antes do 'Pentecostes dos Gentios'. Está no Livro de Atos dos Apóstolos: "De nenhum modo, Senhor, pois em minha boca nunca entrou coisa profana ou impura." At 11,8

    Ele também era sempre o primeiro do pequeno grupo dos três mais próximos Apóstolos de Nosso Salvador, que compunha com São Tiago Maior e São João Evangelista. Foi assim na Transfiguração, no último dia 'útil' da semana em que declarou Jesus como o Messias. São Pedro já não dependia de milagre, de testemunho ou das Escrituras para atestá-lo, pois ele mesmo O tinha visto. Um indizível privilégio, pois antecipadamente Cristo lhes revelava a plenitude de Sua Glória: "Seis dias depois, Jesus tomou Consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias, conversando com Ele." Mt 17,1-3

    De tamanha intimidade com Jesus, dos Apóstolos é São Pedro, e só ele, que vai tentar andar sobre as águas: "Pedro tomou a palavra e falou: 'Senhor, se és Tu, manda-me ir sobre as águas até junto a Ti!' Ele disse-lhe: 'Vem!' Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus." Mt 14,28-29

    Realmente inspirado por Deus Pai, São Pedro foi o primeiro a afirmar com plena convicção Quem era Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Mt 16,16

    Inspiração, aliás, que o próprio Jesus confirmou: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está nos Céus." Mt 16,17

    Como portador de divinas revelações, São Pedro ouviu de Jesus a declaração de sua Primazia como pedra fundamental da Santa Igreja Católica, que o próprio Cristo constrói e lhe garante a vitória contra o Maligno: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18

    Não por acaso, ele foi o único Apóstolo a receber de Jesus as Chaves dos Céus, ou seja, a inspiração para nas Escrituras reconhecer as palavras-chaves que indicam a verdadeira vontade de Deus: "Eu dá-te-ei as Chaves do Reino dos Céus..." Mt 16,19a

    Ora, o poder dado por Jesus a São Pedro aqui na terra, para decidir a respeito de assuntos de Doutrina e de Comunhão, era total: "... tudo que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo que desligares na Terra será desligado nos Céus." Mt 16,19b

    E a clara prova de sua vital importância para a Igreja Católica é que Jesus, prevendo as tentações do inimigo aos Apóstolos, e assim à Igreja, optou por reforçar a de São Pedro. O Evangelho Segundo São Lucas traz: 'Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para peneirar-vos como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que tua confiança não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma teus irmãos.'" Lc 22,32

São Paulo Apóstolo

 

    Um radical e religioso jovem ajudou na execução de Santo Estevão, segurando os mantos daqueles que o apedrejavam. Seu nome era Saulo. Tinha assistido ao belíssimo e contundente sermão, no qual este Santo diácono responsabilizava o conselho do judeus pela Crucificação de Jesus, mas não lhe deu razão e acabou concordando com sua brutal punição. Na verdade, já havia algum tempo que ele alimentava raiva aos cristãos, e em seguida, usando da influência de seu grupo religioso, vai encampar uma verdadeira guerra aos seguidores de Cristo, conforme o Livro de Atos dos Apóstolos: "Saulo, porém, devastava a Igreja. Entrando pelas casas, arrastava para fora homens e mulheres e entregava-os à prisão." At 8,3

    Tamanho era seu ódio, que São Lucas vai dizer: "... Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor." At 9,1

    E respirava morte porque a de Santo Estevão não foi a única da qual foi culpado. Aliás, foram muitas, como confessou perante o rei Agripa, assumindo que os surrava para que blasfemassem e assim fossem sentenciados à morte: "Que pensais vós? É incrível coisa que Deus ressuscite os mortos? Também eu acreditei que devia fazer a maior oposição ao Nome de Jesus de Nazaré. Assim procedi, de fato, em Jerusalém e tinha encerrado muitos irmãos em cárceres, havendo recebido poder dos sumos sacerdotes para isso. Quando os sentenciavam à morte, eu dava minha plena aprovação. Muitas vezes, perseguindo-os por todas sinagogas, eu maltratava-os para obrigá-los a blasfemar. Enfurecendo-me mais e mais contra eles, eu perseguia-os até em cidades estrangeiras." At 26,8-11

    Porém, numas destas viagens, pois não foi só uma como relatou acima, ouviu uma voz que o acusava de estar perseguindo não a Igreja, mas o próprio Jesus: "... estando já perto de Damasco, subitamente cercou-o uma resplandecente Luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: 'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.'" At 9,3-5.6b

    De perseguidor, então, passou a ser perseguido, pois pregando com poder demonstrava que Jesus era o Cristo, o que despertou a ira dos judeus. E foi jurado de morte ainda na cidade de Damasco: "Decorridos alguns dias, os judeus deliberaram, em conselho, matá-lo. Estas intenções chegaram ao conhecimento de Saulo. Eles guardavam dia e noite as portas da cidade, para matá-lo. Mas os discípulos, tomando-o de noite, fizeram-no descer pela muralha da cidade dentro de um cesto." At 9,23-25

    Segundo o próprio São Paulo, em Jerusalém Jesus apareceu-lhe outra vez, dizendo que permanecia a resistência por parte dos cristãos e indicando o campo de missão que o faria o 'Apóstolo dos Gentios': "Voltei para Jerusalém e, rezando no Templo, fui arrebatado em êxtase. E vi Jesus, que me dizia: 'Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão teu testemunho a Meu respeito.' Eu repliquei: 'Senhor, eles sabem que eu encarcerava e açoitava com varas nas sinagogas aqueles que creem em Ti. E quando se derramou o sangue de Estêvão, Tua testemunha, eu estava presente, consentia nisso e guardava os mantos daqueles que o matavam.' Mas Ele respondeu-me: 'Vai, porque Eu te enviarei para longe, às nações...'" At 22,17-21

    E com grande poder de argumentação, ele saiu visitando cidades e convertendo multidões. Já no Chipre, acompanhado por São Marcos Evangelista, Paulo, como começava a ser conhecido, amaldiçoou um mago e falso profeta judeu que iludia o procônsul: "Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, cravou nele os olhos e disse-lhe: 'Filho do Demônio, cheio de todo engano e de toda astúcia, inimigo de toda justiça! Não cessas de perverter os retos caminhos do Senhor! Eis que agora está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego. Não verás o sol até nova ordem!' Logo caíram sobre ele a escuridão e as trevas, e, andando em voltas, buscava quem lhe desse a mão." At 13,9-11

    O Amado Médico registrou até mesmo o valor de suas relíquias: "Deus fazia extraordinários milagres por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado seu corpo eram levados aos enfermos. E afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os malignos espíritos." At 19,11-12

sábado, 28 de junho de 2025

Contra todas Chances

    Se os Doze Apóstolos pareciam muito pequena comunidade para ajudar a salvar tanta gente pelo mundo, e assim iniciar a construção do Reino de Deus, Jesus disse no Evangelho Segundo São Mateus: "O Reino do Céu é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia em seu campo. Embora ela seja a menor de todas sementes, quando cresce, fica maior que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros do céu vêm e fazem ninhos em seus ramos." Mt 13,31-32

    Explicitamente falando quanto ao pequeno número de Seus seguidores no Evangelho Segundo São Lucas, Ele estimula-nos: "Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de Vosso Pai dar-vos o Reino!" Lc 12,32

    E o que poderia fazer tão pequena comunidade diante de um tão violento mundo? Isso certamente é mais um contrassenso, mas mesmo assim Jesus nos encoraja: "Eu envio-vos como ovelhas em meio a lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas." Mt 10,16

    Ou ainda: se a Ressurreição da Carne parece um absurdo, temos aí mais um projeto de Deus com base em opostas naturezas. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios traz: "O mesmo acontece com a Ressurreição dos Mortos: o corpo é semeado corruptível, mas ressuscita incorruptível; é semeado desprezível, mas ressuscita glorioso; é semeado na fraqueza, mas ressuscita cheio de força; é semeado corpo animal, mas ressuscita corpo espiritual." 1 Cor 15,42-44

    E foi nestes termos que a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios expressou o poder do Evangelho nas mãos de meros seres humanos: "Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que claramente transpareça que este extraordinário poder provém de Deus e não de nós. Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos. Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. Sempre trazemos em nosso corpo os traços da Morte de Jesus, para que a Vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo. Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Jesus, para que a Vida de Jesus também apareça em nossa carne mortal. Assim em nós opera a morte, e em vós a Vida." 2 Cor 4,7-12

    Sobre sua espiritual condição, pois, ele vai concluir: "Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9b-10

    Por isso, declarou: "O que é estulto no mundo, Deus escolheu para confundir os sábios. E o que é fraco no mundo, Deus escolheu para confundir os fortes. E o que é vil e desprezível no mundo, Deus escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são." 1 Cor 1,27-28

    Pois, conforme o Evangelho Segundo São João, foi na Cruz que Nosso Salvador chegou à Glória: "Respondeu-lhes Jesus: 'É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado.'" Jo 12,23

    Nela Ele atingiria o ápice de Sua Missão: "E quando Eu for levantado da terra, a Mim atrairei todos homens." Jo 12,32

    E por Suas indizíveis dores temos o bálsamo da Redenção, como a Primeira Carta de São Pedro relembrou o Livro do Profeta Isaías: "Por fim, por Suas chagas fomos curados (Is 53,5)." 1 Pd 1,24b

    Pois Cristo oferecerá total alento para todos males àqueles que enfrentarem as tribulações, como foi registrado da celestial visão do Livro de Apocalipse de São João: "Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum os abrasará, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será Seu Pastor e os levará às fontes de Águas Vivas..." Ap 7,15b-16a

    Ele realmente promete um grande poder sobre esse mundo: "Então ao vencedor, àquele que praticar Minhas obras até o fim, lhe darei poder sobre as pagãs nações. Ele regê-las-á com cetro de ferro, como se quebra um vaso de argila, assim como Eu mesmo recebi o poder de Meu Pai..." Ap 2,26-28a

sexta-feira, 27 de junho de 2025

A Fraqueza dos Fiéis

    Desde o início, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios já acusava os fiéis pelos desvios da Sã Doutrina, pela falta de compromisso com os Apóstolos e por facilmente abraçarem as 'novidades' que apareciam: "Porque quando aparece alguém pregando-vos outro Jesus, diferente daquele que vos temos pregado, ou se trata de receber outro espírito, diferente dO que haveis recebido, ou outro evangelho, diverso do que haveis abraçado, de boa mente aceitai-o." 2 Cor 11,4

    E por tal impostura igualmente cobrou a Carta de São Paulo aos Gálatas, quando se mostrou irredutível: "Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para um diferente evangelho. De fato, não há dois evangelhos: apenas há pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém, nós ou um anjo baixado do Céu, vos anunciasse um diferente evangelho do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar diferente doutrina da que recebestes, seja ele excomungado!" Gl 1,6-9

    A Carta de São Paulo aos Efésios rebate meras ingenuidades e frivolidades, afirma a hierarquia da Igreja e exorta à caridade espiritual como dom maior para a edificação da Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo: "A uns Ele (Jesus) constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade, da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus enganadores artifícios. Mas, pela sincera prática da caridade, cresçamos em todos sentidos n'Aquele que é a Cabeça, Cristo." Ef 4,11-15

    Ao aproximar-se de seu martírio, sabendo que o rebanho ficaria mais vulnerável, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo ainda advertiu que muitas pessoas, por devassidão ou mera falsidade, escolheriam mestres que fossem tolerantes com seus pecados: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, para si ajustarão mestres. Apartarão os ouvidos da Verdade e atirar-se-ão às fábulas." 2 Tm 4,3-4

    A Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo atestou que suas revelações vinham do Espírito Santo, enquanto as falsas doutrinas eram obra do Maligno, que deprava consciências: "O Espírito expressamente diz que, nos vindouros tempos, alguns hão de apostatar da dando ouvidos a embusteiros espíritos e a diabólicas doutrinas, de hipócritas e impostores, marcados na própria consciência com o ferrete da infâmia..." 1 Tm 4,1-2pe

    E se a Palavra de Cristo é caluniada, especificamente por causa de tantas 'igrejas' que não se entendem, a Segunda Carta de São Pedro diz que isso se dá pela má conduta de falsos mestres, cuja marca é a cobiça, bem como de seus seguidores, que pecam contra a Unidade e semeiam rebeldia e ódio entre os irmãos. Por causa deles, o Evangelho é desacreditado: "Assim como entre o povo houve falsos profetas, entre vós também haverá falsos doutores que disfarçadamente introduzirão perniciosas seitas. Eles, assim renegando o Senhor que os resgatou, sobre si atrairão repentina ruína. Muitos segui-los-ão em suas desordens e deste modo serão a causa de o Caminho da Verdade ser caluniado. Movidos por cobiça, eles hão de explorar-vos por palavras cheias de astúcia." 2 Pd 2,1-3

    Ora, no Evangelho Segundo São Mateus, o próprio Jesus predisse que ao longo dos séculos muitos seriam enganados: "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e seduzirão a muitos." Mt 24,11

    E combatendo heréticos, havia dito diz o que acontece com aqueles mais deslumbrados que os seguem: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, dele fazeis um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos." Mt 23,15

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Jesus Submisso

 

    A Carta de São Paulo aos Gálatas anotou a submissão e a estrita condição de Jesus como judeu: "... Deus enviou Seu Filho, que nasceu de uma mulher e submetido a uma lei..." Gl 4,4

    Também era submisso a São José e Nossa Senhora, como vemos na Páscoa em que tinha 12 anos, no Evangelho Segundo São Lucas: "Em seguida, desceu com eles a Nazaré e era-lhes submisso." Lc 2,51

    Tanto que, no Evangelho Segundo São Mateus, São João Batista estranhou Seu gesto ao vim batizar-se consigo, mas logo acatou porque Jesus agia em cumprimento da Lei: "João recusava-se: 'Eu devo ser batizado por Ti e Tu vens a mim?' Mas Jesus respondeu-lhe: 'Deixa por agora, pois convém que cumpramos a completa justiça.' Então João cedeu." Mt 3,14-15

    E enquanto mero ser humano, era reverente à Palavra de Deus que anunciava. Ele diz no Evangelho Segundo São João: "Em Verdade, não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Ele mesmo prescreveu-Me o que devo dizer e o que devo ensinar. E sei que Seu Mandamento é Vida Eterna. Portanto, o que digo, digo-o segundo Me falou o Pai." Jo 12,49-50

    Disse mais: "Se glorifico a Mim mesmo, Minha glória não é nada. Meu Pai é Quem Me glorifica, Aquele que dizeis ser Vosso Deus e, no entanto, não O conheceis." Jo 8,54b-55a

    Era por piamente corresponder aos preceitos do Pai, portanto, que Jesus Se apresentava como exemplo a ser seguido: "De Mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço, e Meu julgamento é justo porque não busco Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 5,30

    Ele ensinou-nos a agir do mesmo modo: "E se o servo tiver feito tudo que lhe ordenara, porventura o Senhor fica devendo-lhe alguma obrigação? Assim vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, também dizei: 'Somos inúteis servos. Apenas fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 17,9-10

    Pregou desde o início, ainda no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!" Mt 5,5.9

    Deu um prático exemplo de caridade: "Logo, se Eu, Vosso Senhor e Mestre, lavei vossos pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros." Jo 13,14

    Enfim, antecipou-nos o critério que usará em Seu Dia: "Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado." Mt 23,12

    E, por Sua Paixão, plenamente cumpriu os desígnios de Deus. Ele rezou enquanto agonizava no Monte das Oliveiras: "Pai, se é de Teu agrado, afasta de Mim este cálice! Não se faça, todavia, Minha vontade, mas sim a Tua." Lc 22,42

    Ora, Ele morreu por dizer a Verdade, como os religiosos de Jerusalém O acusavam perante Pilatos: "Responderam-lhe os judeus: 'Nós temos uma lei, e segundo essa lei Ele deve morrer porque Se declarou Filho de Deus.'" Jo 19,7

    Eis que a Carta de São Paulo aos Filipenses convenientemente recita o Hino Cristológico: "Sendo Ele de condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens. E exteriormente sendo reconhecido como homem, humilhou-Se ainda mais, tornando-Se obediente até a morte, e morte de Cruz." Fl 2,6-8

    Seus discípulos também atestaram na Carta aos Hebreus: "Nos dias de Sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que podia salvá-Lo da morte, e foi atendido por Sua submissão. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." Hb 5,7-8

    A Carta de São Tiago, no mesmo sentido, recomenda-nos: "Sede submissos a Deus. Resisti ao Demônio, e ele fugirá para longe de vós. Aproximai-vos de Deus, e Ele aproximar-Se-á de vós." Tg 4,7-8a

quarta-feira, 25 de junho de 2025

A Obra do Espírito Santo

    No Evangelho Segundo São João, Jesus bem descreveu a missão de Seu Espírito, que Se manifestaria logo após Sua Ascensão: "Ele convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim. Ele convencê-lo-á a respeito da justiça, porque Eu Me vou para junto de Meu Pai e vós já não Me vereis. E convencê-lo-á a respeito do Juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado." Jo 16,9-11

    Por isso, derramou-O sobre os Apóstolos, que são os fundamentos da Santa Igreja Católica, para que ela nos conceda, mediante o Sacramento da Confissão, a remissão dos pecados: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,22-23

    Ora, é o Santo Paráclito que arremata a Revelação, como o próprio Jesus avisou aos Apóstolos: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, Ele ensiná-vos-á toda a Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,12-13

    É Ele, pois, que para sempre caminha com a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, confortando-nos no bom combate da , tal qual Nosso Salvador prometeu: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Consolador, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    Assim, para um perfeito entendimento da Comunhão da Santíssima Trindade, Deus Pai confirma-nos pela Palavra de Seu Filho e marca-nos pelo fogo de Seu Espírito, o Qual é o selo, a garantia de nossa Salvação. A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios ensina: "Ora, Quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele marcou-nos com Seu selo e a nossos corações deu o penhor do Espírito." 2 Cor 1,21-22

    De fato, a Primeira Carta de São João diz da Comunhão dos Santos: "É nisto que reconhecemos que Ele (Deus) permanece em nós: pelo Espírito que nos deu." 1 Jo 3,24b

    E a Carta de São Paulo aos Romanos comemora a ação do Divino Paráclito iniciada no Pentecostes: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne a fim de que a justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós que vivemos não segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rm 8,2-4

    Mas também adverte: "Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele." Rm 8,9b

    É necessário, pois, através da unidade promovida na Igreja pela Santíssima Trindade, que, conforme os seguidores da tradição de São Paulo na Carta aos Hebreus, clamemos ao "... Espírito Santo, Autor da Graça!" Hb 10,29

    A Carta de São Paulo aos Efésios expressamente recomenda o uso da oração: "Intensificai vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no Qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos cristãos." Ef 6.18

    Pois é no Santo Paráclito que temos a Comunhão com Deus, como ele diz: "... e a Comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!" 2 Cor 13,13

    Só através d'Ele realmente podemos amar: "E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Rm 5,5

    Afinal, a Primeira Carta de São Pedro diz que a Unção do Espírito de Deus tem por fim exatamente a obediência a Jesus, Cujo Sacrifício Pascal nos purifica. O Príncipe dos Apóstolos reza para que os fiéis sejam: "... santificados pelo Espírito para obedecer a Jesus Cristo, e receber sua parte da aspersão de Seu Sangue." 1 Pd 1,2b

terça-feira, 24 de junho de 2025

São João Batista

 

    Hoje se comemora o nascimento de São João Batista. O Evangelho Segundo São Lucas diz que seu pai Zacarias, sacerdote (cf. Lc 1,5), era um santo, e sua mãe Isabel também era uma religiosa judia: "Ambos eram justos diante de Deus e irrepreensivelmente observavam todos Mandamentos e preceitos do Senhor. Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de avançada idade." Lc 1,6-7

    E quando o Arcanjo São Gabriel apareceu a Zacarias no Templo, deixou-o assustado: "Mas o anjo disse-lhe: 'Não temas, Zacarias, porque tua oração foi ouvida: Isabel, tua mulher, dá-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos alegrar-se-ão com seu nascimento. Porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo. Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, Seu Deus, e irá adiante de Deus com o Espírito e poder de Elias, para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à Sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto." Lc 1,13-17

    Ainda em seu sexto mês de gestação, Santa Isabel recebeu a visita de Nossa Senhora, sua parenta, que, embora apenas engravidara de Jesus, foi ajudá-la. Esse episódio já mostrava o quanto a presença e a voz de Maria Santíssima eram especiais: traziam em si o Espírito de Deus. E assim se cumpriu a unção de São João Batista, anunciado por São Gabriel Arcanjo (cf. Lc 1,15): "Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se às pressas a uma cidade de Judeia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo." Lc 1,39-41

    E quando ele nasceu, seu pai recuperou a voz e começou a louvar a Deus, pois fora punido com mudez por não ter acreditado nas palavra de São Gabriel. Os habitantes da Judeia ficaram ainda mais admirados: "E logo se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua, e ele falou, bendizendo a Deus. O temor apoderou-se de todos seus vizinhos. O fato divulgou-se por todas montanhas de Judeia. Todos que o ouviam, conservavam-no no coração, dizendo: 'Quem será este menino?' Porque a mão do Senhor estava com ele." Lc 1,66

    Pelo registro do lugar onde ele habitaria, temos a indicação de que São João Batista era essênio: "O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel." Lc 1,80

    Vemos, no Evangelho Segundo São Mateus, que suas vestes e alimentação também indicavam hábitos essênios: "João usava uma vestimenta de pelos de camelo, e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre." Mt 3,4

    Assim como seu desprendimento material e doutrina de partilha: "Perguntava-lhe a multidão: 'Que devemos fazer?' Ele respondia: 'Quem tem duas túnicas, dê uma ao que não tem. E quem tem o que comer, faça o mesmo.'" Lc 3,10-11

    Nosso eremita falava com Deus, como se depreende de seu comentário que fez sobre Jesus depois de batizá-Lo, do Evangelho Segundo São João: "Eu não O conhecia, mas Aquele que me mandou batizar em água, disse-me: 'Sobre Quem vires descer e repousar o Espírito, este é Quem batiza no Espírito Santo.'" Jo 1,33

    E como podia esperar-se, ele mostrava-se absolutamente intransigente com a falta de compromisso com Deus, advertindo da aproximação do Juízo Particular: "Dizia, pois, ao povo que vinha para ser batizado por ele: 'Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da iminente ira? Fazei uma realmente frutuosa conversão, e não comeceis a dizer: 'Temos Abraão por pai.' Pois, digo-vos: Deus tem poder para destas pedras suscitar filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e lançada ao fogo.'" Lc 3,7-9

    Depois de batizar Nosso Senhor, pois, ele deu o testemunho para o qual foi incumbido por Deus: "No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a Ele e disse: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.' João havia declarado: 'Vi o Espírito descer do Céu em forma de uma pomba, e repousar sobre Ele. Eu não O conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que Ele Se torne conhecido em Israel... dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus.'" Jo 1,29.31-32.34

segunda-feira, 23 de junho de 2025

A Violência nos Desígnios de Deus

    Além de toda violência usada contra os inimigos de Israel, e por isso chamado de Senhor dos Exércitos, Deus disse dos castigos que jurava contra Seu próprio povo em caso de transgressão. Está no Livro de Levítico: "Farei cair sobre vós a espada para vingar Minha Aliança. Se vos ajuntardes em vossas cidades, lançarei a peste em meio a vós e sereis entregues nas mãos de vossos inimigos. Tirá-vos-ei o pão, vosso sustentáculo, de tal sorte que dez mulheres o cozerão em um só forno e vos entregarão por peso. Comereis e não ficareis saciados. Se, apesar disso, não Me ouvirdes, e ainda Me resistirdes, marcharei contra vós em Meu furor e castigá-vos-ei sete vezes mais, por causa de vossos pecados. Comereis a carne de vossos filhos e de vossas filhas." Lv 26,23-29

    E como sinal de seriedade, a Aliança de Deus com Abraão, ao conceder-lhe a Terra Santa, já havia envolvia sacrifícios: "'Toma uma novilha de três anos,' respondeu-lhe o Senhor, 'uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho.' Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas metades uma defronte da outra, mas não cortou as aves." Gn 15,9-10

    No mesmo sentido, alguns séculos mais tarde em Egito, a libertação do povo judeu não foi nem um pouco pacífica. E uma vez mais temos em cena a imolação de primogênito, como no sacrifício pedido por Deus a Abraão, de seu filho Isaque, agora levada a termo. No Livro de Êxodo, Deus diz: "Naquela noite, passarei através de Egito. E ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei Minha justiça contra todos deuses de Egito. Eu sou o Senhor." Êx 12,12

    Sem dúvida, nessa atmosfera de constantes convulsões dos primeiros séculos de Israel, o Livro de Salmos instantemente canta ódio aos inimigos, como neste do rei Davi, reconhecendo a proteção de Deus: "Pela vossa bondade, destruí meus inimigos e exterminai todos que me oprimem, pois sou Vosso servo." Sl 142,12

    E Deus chega a prometer-lhe o sangue e a carne de seus adversários: "... para que no sangue deles banhes teus pés, e a língua de teus cães receba os inimigos como ração." Sl 67,24

    Ora, se Deus poupou Isaque, filho de Abraão, enquanto primogênitos não poupou São João Batista nem o próprio Jesus, que tiveram trágicos fins. Aliás, no Evangelho Segundo São Lucas, Nosso Salvador mesmo previa este destino para Seus opositores: "Quanto aos que Me odeiam, e que não Me quiseram por Rei, trazei-os e massacrai-os em Minha presença." Lc 19,27

    Contou algo semelhante na parábola das Bodas do Filho do Rei, quando os servos, enviados para chamar os convidados, foram ignorados, insultados e até assassinados. É do Evangelho Segundo São Mateus: "O Rei soube e ao extremo indignou-Se. Enviou Suas tropas, matou aqueles assassinos e incendiou-lhes a cidade." Mt 22,7

    De fato, Ele prometeu Sua Paz somente a Sua Igreja, mas, como esse dom é espiritual, alertava-a de sua difícil ventura neste mundo: "Não julgueis que vim trazer a Paz à Terra. Vim trazer não a Paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa." Mt 10,34-36

    O inferno também não é exatamente um lugar de amenidades, como vemos o juízo de Deus na parábola dos talentos: "Mau e preguiçoso servo! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. ... esse inútil servo, jogai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes." Mt 25,26.30

    A Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, ademais, apontou o Mistério do Mal, pelo qual se tem a impressão de que o Maligno prevalece neste mundo: "Porque o mistério da iniquidade já está em ação, apenas esperando o afastamento daquele que o detém." 2 Ts 2,7

    O inimigo, com efeito, após a Ascensão de Jesus destila toda sua fúria contra os filhos de Maria Santíssima, ou seja, a Santa Igreja Católica: "Este, então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de seus filhos, aos que guardam os Mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus." Ap 12,17

domingo, 22 de junho de 2025

Reviver e Atualizar o Sacrifício Pascal

    No Evangelho Segundo São Lucas, primeiro Jesus ofereceu o Vinho, que materialmente é Seu Sangue derramado na Santa Cruz para a remissão de nossos pecados e como prova de Seu amor por nós. E expressamente pediu que a Santa Igreja Católica O partilhasse: "Pegando o Cálice, deu graças e disse: 'Tomai este Cálice e reparti-O entre vós. Pois, digo-vos: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.'" Lc 22,17-18

    Depois ofereceu o Pão, que, pela mesma transubstanciação que ocorre ao vinho, torna-se Sua Carne, alimentos que nos dão a Vida Eterna: "Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-O e deu-lhO, dizendo: 'Isto é Meu Corpo, que é dado em favor de vós. Fazei isto em memória de Mim.'" Lc 22,19

    Pois a ação de graças, em grego 'Eucaristia', é uma questão de reconhecimento a Deus pela dádiva que é a Invencível Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, como os seguidores da tradição de São Paulo afirmam na Carta aos Hebreus: "Sim, possuindo nós um Inabalável Reino, dediquemos a Deus um reconhecimento que Lhe torne agradável nosso culto..." Hb 12,28a

    O sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, sabia que tal culto seria possível graças ao Advento: "... de conceder-nos que, sem temor, libertados de mãos inimigas, possamos servi-Lo em santidade e justiça, em Sua presença, todos dias da nossa vida." Lc 1,73b-75

    Nesse sentido, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios exorta para estarmos em reais condições de comungar, com os pecados devidamente confessados, perdoados e penitenciados: "Portanto, todo aquele que indignamente comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor, será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba desse Cálice. Aquele que O come e O bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe sua própria condenação." 1 Cor 11,27-29

    Ele não tem dúvida quanto ao lugar onde devemos agradecer a Deus: "... a Ele seja dada Glória na Igreja..." Ef 3,21

    Porque para isso o Pai nos reuniu em Cristo, como está na Carta de São Paulo aos Efésios: "N'Ele é que fomos escolhidos, predestinados segundo o desígnio d'Aquele que tudo realiza por um deliberado ato de Sua vontade, para servirmos à celebração de Sua Glória, nós que desde o começo voltamos nossas esperanças para Cristo." Ef 1,11-12

    Enfatizando a Paixão de Cristo, ele pede-nos: "Como amados filhos, pois, sede imitadores de Deus. Progredi na caridade segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós Se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor." Ef 5,1-2

    Por isso, os discípulos de São Paulo exortam mencionando, o Livro do Profeta Oseias: "Por Jesus ofereçamos a Deus, sem cessar, sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram Seu Nome (Os 14,2)." Hb 13,15

    E tal Comunhão deve realizar-se na Igreja Católica, instituída nas pessoas dos Apóstolos, e por estrito intermédio de Seus obedientes Sacerdotes, como a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios ensina: "... podereis exercer toda espécie de generosidade que, por nosso intermédio, será ocasião de agradecer a Deus. ... que se multipliquem as ações de graças a Deus. ... pela obediência que professais ao Evangelho de Cristo..." 2 Cor 9,11-13

    A Comunhão Eucarística, portanto, é o maior dos Sacramentos, ao qual todos demais estão ordenados, como Jesus mesmo asseverou no Evangelho Segundo São João: "... se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis a Vida em vós mesmos." Jo 6,53

    Ora, no Livro de Êxodo, diz um versículo na sequência dos 10 Mandamentos, quando Deus nos promete vital proteção: "Prestarás culto ao Senhor Teu Deus, e então Eu abençoarei teu pão e tua água, e preservá-te-ei da enfermidade." Êx 23,25

sábado, 21 de junho de 2025

A Missão de Jesus

    São João Batista, o Profeta do Altíssimo, assim declarou a Missão de Jesus no Evangelho Segundo São João: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Jo 1,29

    Também foi o que disse a São José seu Anjo da Guarda, no Evangelho Segundo São Mateus, ao explicar a gravidez de Nossa Senhora: "Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados." Mt 1,21

    Igualmente disse São Pedro após o Pentecostes, no Livro de Atos dos Apóstolos, quando pregava aos judeus no Templo de Jerusalém: "Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou Seu Servo, para abençoar-vos, a fim de que cada um se aparte de sua iniquidade." At 3,26

    A Primeira Carta de São João foi mais sucinta: "Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8b

    E o próprio Jesus afirmou no Evangelho Segundo São Lucas: "O Filho do Homem não veio para condenar as almas, mas para salvá-las." Lc 9,56

    Disse do Antigo Testamento: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17

    E disse a Pilatos, quando foi 'julgado': "É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz." Jo 18,37

    Atestando o antigo dilema entre o poder e o amor, a matéria e o espírito, a manifestação de Cristo haveria mesmo de denunciar a cobiça e o hedonismo, e assim dividir o mundo. E isso foi previsto com absoluta precisão por Simeão, ainda na Apresentação do Menino Jesus, quando disse a Maria Santíssima: "Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35

    Para a surpresa da Mãe Celeste e de São José, a Missão de Jesus começou muito cedo. Aos doze anos, ao ser encontrado no Tempo de Jerusalém interrogando os doutores da Lei, Ele vai dizer a Sua Mãe e a São José, que O procuraram por três dias: "Não sabíeis que devo estar na Casa de Meu Pai?" Lc 2,49

    Já o Príncipe dos Apóstolos deu este testemunho, falando mesmo em exorcismo: "Ele andou fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo Demônio, porque Deus estava com Ele." At 10,38b

    E o Livro de Apocalipse de São João diz da Santa Igreja Católica, Sua principal obra, aclamando: "Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados em Seu Sangue e que fez de nós um Reino de Sacerdotes para Deus e Seu Pai, Glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém." Ap 1,5b-6

    A Carta de São Paulo a São Tito, pois, fala em renúncia da irreligiosidade: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa de nossa feliz esperança, a Gloriosa Aparição de Nosso Grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, a fim de resgatar-nos de toda iniquidade, purificar-nos e constituir-nos Seu povo de predileção, zeloso na prática do bem." Tt 2,12-14

    Ora, Nosso Salvador foi previsto como a Luz, o Libertador da escravidão do pecado, porque Deus Pai Lhe disse no Livro do Profeta Isaías: "Eu, o Senhor, realmente chamei-Te, Eu segurei-Te pela mão, Eu formei-Te e designei para ser a Aliança com os povos, a Luz das nações. Para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas." Is 42,6-7

    Jesus, de fato, vai confirmar essa profecia em pregação no Templo de Jerusalém: "Eu sou a Luz do mundo. Aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida." Jo 8,12

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Jesus rezava

    O Evangelho Segundo São Lucas relata que, desde o início de Sua vida pública, Nosso Salvador Se apresentava rezando: "Quando todo povo ia sendo batizado, Jesus também foi. E estando Ele a orar, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em corpórea forma, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: 'Tu és Meu Filho. Hoje Eu Te gerei (Sl 2,7).'" Lc 3,21-22

    E logo que Ele foi para Cafarnaum, à casa de São Pedro, na primeira madrugada Ele acordou para rezar. Está no Evangelho Segundo São Marcos: "De manhã, tendo-Se levantado muito antes do amanhecer, Ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali Se pôs em oração." Mc 1,35

    Esses retiros eram uma constante: "Entretanto, espalhava-se mais e mais Sua fama e concorriam grandes multidões para ouvi-Lo e ser curadas de suas enfermidades. Mas Ele costumava retirar-Se a solitários lugares para orar." Lc 5,15-16

    Assim também foi quando escolheu os Apóstolos: "Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e aí passou toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e dentre eles escolheu Doze, que chamou de Apóstolos..." Lc 6,12-13

    E ainda no dia de Sua Transfiguração: "... Jesus Consigo tomou Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, Seu rosto transformou-se e Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura." Lc 9,28-29

    Ou quando lhes ensinou o Pai Nosso"Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-Lhe um de Seus discípulos: 'Senhor, ensina-nos a rezar, como João também ensinou a seus discípulos.'" Lc 11,1

    Ora, momentos antes de ser identificado por São Pedro como o Messias, Jesus tinha-os afastado das multidões para que pudessem rezar: "Num dia em que Ele estava a orar a sós com os discípulos, perguntou-lhes: 'Quem diz o povo que Eu sou? E vós, quem dizeis que Eu sou?'" Lc 9,18.20

    Depois do grande milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, quando a multidão quis fazê-Lo rei, humildemente Jesus retirou-Se mais uma vez para rezar. É do Evangelho Segundo São Mateus: "Logo depois, Jesus obrigou Seus discípulos a entrar na barca e a passar antes d'Ele para a outra margem, enquanto despedia a multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, lá estava sozinho." Mt 14,22-23

    Para que a Santa Igreja Católica permanecesse inabalavelmente unida, Ele também rezou ao Pai, no Evangelho Segundo São João. É a Oração da Unidade, e aqui citamos quando Ele Se refere aos Apóstolos e a nós, que os seguiríamos: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que, por sua palavra, hão de crer em Mim. Para que todos sejam Um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti. Para que eles também estejam em Nós e o mundo creia que Tu Me enviaste." Jo 17,20-21

    Ensinava, ademais, que era necessário constantemente orar, sem cessar: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo." Lc 18,1

    Para aqueles que criticam as orações repetidas, o próprio Jesus rezou por três vezes, enquanto esteve no Horto das Oliveiras antes de ser preso, a mesma oração: "Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras." Mt 26,44

    E quando repetia as mesmas palavras, ainda no Monte das Oliveiras, Jesus fazia-o com tanta intensidade que chegou a suar sangue, porque por Seu Anjo da Guarda o Pai confirmava, em resposta a Suas orações, que Ele deveria morrer na Cruz: "Apareceu-Lhe então um anjo do Céu para confortá-Lo. Ele entrou em agonia e ainda com mais instância orava, e Seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra." Lc 22,44

    Na Santa Cruz, enfim, Suas últimas palavras também são orações. E assim Ele deu a prova maior de Seu amor pela errante humanidade: "Pai, perdoa-lhes. Porque não sabem o que fazem." Lc 23,34

    E antes de morrer, Ele proferiu Sua última oração: "Pai, em Tuas mãos entrego Meu espírito." Lc 23,46