Para Jesus, os valores deste mundo estão em oposição à vontade de Deus. Sobre Seu acolhimento por estrangeiros e rejeição pelos judeus, por exemplo, Ele sentencia no Evangelho Segundo São Mateus: "Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos." Mt 20,16
A Santa Igreja Católica, portanto, por singularidade da Sã Doutrina, tem com verdadeira autoridade não o poder, mas serviço, como Ele determinou no Evangelho Segundo São Lucas: "Os reis dos pagãos dominam como senhores, e aqueles que sobre eles exercem autoridade chamam-se benfeitores. Que não seja assim entre vós, mas o que é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como o servo." Lc 22,25-26
Porque, assim como o racionalismo, que é a grande ilusão da atualidade, o legalismo é uma perigosa armadilha. E Jesus, mais uma vez, inverte a posição das coisas praticadas pelos judeus. Está no Evangelho Segundo São Marcos: "O sábado foi feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado." Mc 2,27
Tocando na vaidade daqueles que se julgam melhores que outros, que é mais um corriqueiro flagrante entre supostos religiosos, Ele deixou claro que terminantemente estava do lado daqueles que se reconhecem errantes: "Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores." Mc 2,17
Também tratou dos mundanos cuidados, que atentam contra a fé, a esperança e o amor. É outra inversão: "Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la. Mas quem perde sua vida por causa de Mim, vai encontrá-la." Mt 16,25
E exaltou os desígnios de Deus, quando atestou a vitória dos Apóstolos sobre os maus espíritos, na primeira missão à qual os enviou: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: 'Pai, Senhor do Céu e da terra, Eu dou-Te graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-Te porque assim foi de Teu agrado.'" Lc 10,21
Para exemplificar os cuidados de Deus para com os mais fracos, o Divino Mestre deixou-nos uma belíssima imagem do amor do Pai e de Sua Misericórdia, onde as coisas também parecem às avessas: "E Eu declaro-lhes: assim, haverá no Céu mais alegria por um só pecador que se converte, que por noventa e nove justos que não precisam de conversão." Lc 15,7
Com efeito, toda comunidade de fé deve dar-se conta que ainda há muito que aprender, pois, quando bem observamos, coisas essenciais são frequentemente deixadas de lado. Cabe crescermos no sincero amor para percebê-las, ao invés de rejeitá-las, porque foi exatamente isso que aconteceu em Israel durante a Vinda de Cristo: Ele invocou o Livro de Salmos: "Então Jesus disse a eles: 'Vós nunca lestes na Escritura: A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a mais importante pedra. Isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos (Sl 117,22s) '?" Mt 21,42
Ainda que um tanto enigmático, Ele não deixava de falar sobre as espirituais recompensas que nos revigoram ainda nessa vida. Referindo-se à inspiração do Espírito Santo e à fé, tão importantes para enfrentar as desilusões, Ele asseverou: "Pois a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância. Mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem." Mt 13,12
Temos a mesma lição quando Ele Se referiu ao Santíssimo Sacramento no Evangelho Segundo São João. Havemos de escolher entre o que parece real e o que realmente tem valor: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a Vida Eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois n'Ele Deus, o Pai, imprimiu Seu sinal." Jo 6,27
A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios bem percebeu: "O que é estulto no mundo, Deus escolheu para confundir os sábios. E o que é fraco no mundo, Deus escolheu para confundir os fortes. E o que é vil e desprezível no mundo, Deus escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são." 1 Cor 1,27-28