Além de toda violência usada contra os inimigos de Israel, e por isso chamado de Senhor dos Exércitos, Deus disse dos castigos que jurava contra Seu próprio povo em caso de transgressão. Está no Livro de Levítico: "Farei cair sobre vós a espada para vingar Minha Aliança. Se vos ajuntardes em vossas cidades, lançarei a peste em meio a vós e sereis entregues nas mãos de vossos inimigos. Tirá-vos-ei o pão, vosso sustentáculo, de tal sorte que dez mulheres o cozerão em um só forno e vos entregarão por peso. Comereis e não ficareis saciados. Se, apesar disso, não Me ouvirdes, e ainda Me resistirdes, marcharei contra vós em Meu furor e castigá-vos-ei sete vezes mais, por causa de vossos pecados. Comereis a carne de vossos filhos e de vossas filhas." Lv 26,23-29
E como sinal de seriedade, a Aliança de Deus com Abraão, ao conceder-lhe a Terra Santa, já havia envolvia sacrifícios: "'Toma uma novilha de três anos,' respondeu-lhe o Senhor, 'uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho.' Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas metades uma defronte da outra, mas não cortou as aves." Gn 15,9-10
No mesmo sentido, alguns séculos mais tarde em Egito, a libertação do povo judeu não foi nem um pouco pacífica. E uma vez mais temos em cena a imolação de primogênito, como no sacrifício pedido por Deus a Abraão, de seu filho Isaque, agora levada a termo. No Livro de Êxodo, Deus diz: "Naquela noite, passarei através de Egito. E ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei Minha justiça contra todos deuses de Egito. Eu sou o Senhor." Êx 12,12
Sem dúvida, nessa atmosfera de constantes convulsões dos primeiros séculos de Israel, o Livro de Salmos instantemente canta ódio aos inimigos, como neste do rei Davi, reconhecendo a proteção de Deus: "Pela vossa bondade, destruí meus inimigos e exterminai todos que me oprimem, pois sou Vosso servo." Sl 142,12
E Deus chega a prometer-lhe o sangue e a carne de seus adversários: "... para que no sangue deles banhes teus pés, e a língua de teus cães receba os inimigos como ração." Sl 67,24
Ora, se Deus poupou Isaque, filho de Abraão, enquanto primogênitos não poupou São João Batista nem o próprio Jesus, que tiveram trágicos fins. Aliás, no Evangelho Segundo São Lucas, Nosso Salvador mesmo previa este destino para Seus opositores: "Quanto aos que Me odeiam, e que não Me quiseram por Rei, trazei-os e massacrai-os em Minha presença." Lc 19,27
Contou algo semelhante na parábola das Bodas do Filho do Rei, quando os servos, enviados para chamar os convidados, foram ignorados, insultados e até assassinados. É do Evangelho Segundo São Mateus: "O Rei soube e ao extremo indignou-Se. Enviou Suas tropas, matou aqueles assassinos e incendiou-lhes a cidade." Mt 22,7
De fato, Ele prometeu Sua Paz somente a Sua Igreja, mas, como esse dom é espiritual, alertava-a de sua difícil ventura neste mundo: "Não julgueis que vim trazer a Paz à Terra. Vim trazer não a Paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa." Mt 10,34-36
O inferno também não é exatamente um lugar de amenidades, como vemos o juízo de Deus na parábola dos talentos: "Mau e preguiçoso servo! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. ... esse inútil servo, jogai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes." Mt 25,26.30
A Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, ademais, apontou o Mistério do Mal, pelo qual se tem a impressão de que o Maligno prevalece neste mundo: "Porque o mistério da iniquidade já está em ação, apenas esperando o afastamento daquele que o detém." 2 Ts 2,7
O inimigo, com efeito, após a Ascensão de Jesus destila toda sua fúria contra os filhos de Maria Santíssima, ou seja, a Santa Igreja Católica: "Este, então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de seus filhos, aos que guardam os Mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus." Ap 12,17