quinta-feira, 29 de junho de 2023

São Pedro

 

    São Mateus, o mais judeu e conservador dos Apóstolos, da tribo que trouxera no sangue a tradição de sacerdotes e da indicação do sumo sacerdote, a dos levitas, ao mencionar a lista dos Apóstolos não hesita em declarar que São Pedro era o primeiro: "Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,2-4

    Nosso Santo foi o único Apóstolo a quem Jesus atribuiu um novo nome, uma tradição iniciada por Deus para com Abrão, a quem deu o nome de Abraão, passou por Jacó, que se tornou Israel, perpetuou-se entre os rabinos e inclui o próprio São Paulo, que antes de converter-se chamava-se Saulo. E, vale notar, o novo nome de São Pedro, segundo São João Evangelista, privilegiada testemunha ocular, foi dado já no primeiro encontro com Jesus, dois dias após o Batismo do Senhor por São João Batista, quando Ele lhe disse: "Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)." Jo 1,42

    Além do nome de seu pai, por especial deferência mencionado por Jesus, sabemos que ele era um fiel cumpridor das Sagradas Escrituras, como vemos em sua declaração sobre a estrita alimentação dos judeus, dada durante a visão que teve em Jope, pouco antes do 'Pentecostes dos Gentios': "De nenhum modo, Senhor, pois em minha boca nunca entrou coisa profana ou impura." At 11,8

    Ele também era sempre o primeiro do pequeno grupo mais próximo de Nosso Salvador, que se compunha com São Tiago Maior e São João Evangelista. Foi assim, na Transfiguração, no último dia 'útil' da semana em que declarou Jesus como o Messias. São Pedro já não dependia de um milagre, de um testemunho ou das Escrituras para atestá-lo, pois ele mesmo O tinha visto: "Seis dias depois, Jesus tomou Consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Ele." Mt 17,1-3

    De tamanha intimidade com Jesus, dos Apóstolos é São Pedro, e só ele, que vai tentar andar sobre as águas: "Pedro tomou a palavra e falou: 'Senhor, se és Tu, manda-me ir sobre as águas até junto a Ti!' Ele disse-lhe: 'Vem!' Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus." Mt 14,28-29

    Realmente inspirado por Deus Pai, São Pedro foi o primeiro a afirmar com plena convicção Quem era Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Mt 16,16

    Inspiração, aliás, que o próprio Jesus confirmou: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está nos Céus." Mt 16,17

    Como portador de divinas revelações, São Pedro ouviu de Jesus a declaração de sua Primazia como pedra fundamental da Igreja, que o próprio Cristo constrói e lhe garante a vitória contra o Maligno: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18

    Não por acaso, ele foi o único Apóstolo a receber de Jesus as Chaves dos Céus, ou seja, a inspiração para nas Escrituras reconhecer as palavras-chaves que indicam a verdadeira vontade de Deus: "Eu dá-te-ei as Chaves do Reino dos Céus..." Mt 16,19a

    Ora, o poder dado por Jesus a São Pedro aqui na terra, para decidir a respeito de assuntos de Doutrina e de Comunhão, era total: "... tudo que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos Céus." Mt 16,19b

    E a clara prova de sua vital importância para a Igreja é que Jesus, prevendo as tentações do inimigo aos Apóstolos, e assim à Igreja, optou por reforçar a de São Pedro: 'Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para peneirar-vos como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que tua confiança não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma teus irmãos.'" Lc 22,32