A Transfiguração do Senhor, como um sinal de Sua divindade, é um fenômeno que transcende nossa compreensão. Trata-se de Deus em Sua plena Glória, Deus em Seu Corpo Glorioso. Foi logo após São Pedro, inspirado por Deus, identificar Jesus como Cristo. O Evangelho Segundo São Marcos anotou: "Seis dias depois, Jesus tomou Consigo Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E transfigurou-Se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a Terra pode fazê-las assim tão brancas." Mc 9,2-3
Em certo aspecto, deu-se o mesmo quando Santa Maria Madalena viu Jesus ressuscitado pela primeira vez, pois de imediato não pôde reconhecê-Lo, embora não refulgisse. Está no Evangelho Segundo São João: "Maria conservava-se do lado de fora, perto do sepulcro, e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o Corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram-lhe: 'Mulher, por que choras?' Ela respondeu: 'Porque levaram Meu Senhor, e não sei onde O puseram.' Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu." Jo 20,11-4
E quando Se apresentou de modo que ela pudesse reconhecê-Lo, Ele pediu-lhe: "Não Me abraces, porque ainda não subi a Meu Pai..." Jo 20,17
Ora, quando Se apresentou aos discípulos no caminho de Emaús, eles também não puderam reconhecê-Lo: "... os olhos estavam-lhes como que vendados e não O reconheceram." Lc 24,16
A Transfiguração, pois, sinaliza para a passageira condição da carne, que haverá de ser transformada. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios atesta: "Eis que vos revelo um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta, porque a trombeta soará. Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. É necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista da imortalidade." 1 Cor 15,51-53
Segundo este Apóstolo, de fato, os corpos dos que ressuscitarem para a Vida Eterna serão igualmente gloriosos: "Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível; semeado no desprezo, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso; semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual." 1 Cor 15,42-44
Já a Carta de São Paulo aos Filipenses dá detalhes que permitem entender a Transfiguração. "Nós, porém, somos cidadãos dos Céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante a Seu Corpo Glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a Si toda criatura." Fl 3,20-21
E mais que a transfiguração do rosto de Moisés (cf. Êx 34,29), Maria Santíssima, como Nosso Senhor, também se apresentou em corpo glorioso em toda sua figura. É a visão registrada no Livro do Apocalipse de São João: "Abriu-se o Templo de Deus no Céu e apareceu, em Seu Templo, a Arca de Seu Testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Em seguida, apareceu no Céu um grande sinal: uma Mulher revestida do Sol, a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas Seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e de Seu trono." Ap 11,19;12,1.5
