A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios pedia uma completa renovação em nossas vidas, tomando como exemplo de pureza os pães sem fermento, e justificava: "Purificai-vos do velho fermento para que sejais nova massa! Porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, Nossa Páscoa, foi imolado." 1 Cor 5,7
Com razão, para estabelecer a Nova Aliança prometida desde os tempos do Livro do Profeta Jeremias (cf. Jr 31,33), em Si mesmo Jesus realizou o Sacrifício Perfeito. É o que os seguidores de São Paulo argumentam na Carta aos Hebreus, citando o Livro de Salmos, ao referirem-se aos sacrifícios que os judeus seguiam oferecendo: "Enquanto todo sacerdote diariamente se ocupa com seu ministério, e inúmeras vezes repete os mesmos sacrifícios que, todavia, não conseguem apagar os pecados, Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício, e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus, onde de ora em diante espera que Seus inimigos sejam postos como um banquinho para Seus pés (Sl 109,1)." Hb 10,11-13
Afirmativamente, se Deus poupou Isaque, o filho de Abraão (cf. Gn 22,11), e tão somente o fato de Ele ter cogitado tal sacrifício parece-nos um absurdo, não hesitou em poupar Seu próprio Filho. No Evangelho Segundo São João, Nosso Senhor mesmo atestou: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu Seu Único Filho, para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a Vida Eterna." Jo 3,16
A Carta de São Paulo aos Romanos também apresentou o Santo Sacrifício como uma prova do amor de Deus, e assim como garantia de tudo que d'Ele receberemos: "Aliás, sabemos que todas coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo Seus desígnios. Aquele que não poupou Seu próprio Filho, mas que por todos nós O entregou, como também não nos dará com Ele todas coisas?" Rm 8,28.32
Por isso, evocando o Livro do Profeta Oseias no Evangelho Segundo São Mateus, Nosso Salvador, mais que rituais, vai pedir compaixão aos fariseus: "Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero a Misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6).'" Mt 9,13
Ora, Ele bem sabia o que a Santa Igreja Católica sofreria, como disse a Apóstolos, discípulos e seguidores na última noite entre eles: "Expulsá-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus. Procederão deste modo porque não conheceram o Pai, nem a Mim." Jo 16,2-3
E por duas vezes pediu ao Príncipe dos Apóstolos que cuidasse dos mais frágeis entre Seu rebanho: "Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, amas-Me mais que a estes?' Respondeu ele: 'Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.' Disse-lhe Jesus: 'Apascenta Meus cordeiros.' Perguntou-lhe outra vez: 'Simão, filho de João, amas-Me?' Respondeu-Lhe: 'Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.' Disse-lhe Jesus: 'Apascenta Meus cordeiros.'" Jo 21,15-16
Pois ele tinha bem claro que o Cordeiro havia redimido nossos pecados diante de Deus. A Primeira Carta de São Pedro vai pregar: "Porque vós sabeis que não é por perecíveis bens, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados de vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais. Mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro Imaculado e sem defeito algum, Aquele que foi predestinado antes da criação do mundo e que nos últimos tempos foi manifestado por amor a vós." 1 Pd 1,18-20
Assim, por tal feito, Ele, o Cordeiro de Deus, é digno de toda Glória perante todos anjos de Deus, como o Livro de Apocalipse de São João registrou: "Eu vi no meio do trono, dos quatro seres e dos anciãos (todos anjos!) um Cordeiro, de pé, como que imolado. Tinha Ele sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus, enviados por toda Terra. Em minha visão também ouvi, ao redor do trono, dos seres e dos anciãos, a voz de muitos anjos, em número de miríades de miríades e de milhares de milhares, bradando em alta voz: 'Digno é o Cordeiro Imolado de receber o poder, a riqueza, a Sabedoria, a força, a Glória, a honra e o louvor.'" Ap 5,6.11-12
