terça-feira, 5 de agosto de 2025

Amor de Salvação

    O amor que nos salva não é apenas afeição. Vai muito além e está bem expresso no primeiro Mandamento. Trata-se do amor a Deus, também chamado de salvífico amor, no qual o amor a nossos semelhantes se inclui, pois é a total doação, como Jesus exaltou ao ser questionado por um doutor da Lei, no Evangelho Segundo São Mateus, citando o Livro de Deuteronômio e o Livro de Levítico: "'Mestre, qual é o maior Mandamento da Lei?' Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de toda tua força (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro Mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Nesses dois Mandamentos resumem-se toda a Lei e os Profetas.'" Mt 22,36-40

    Não por acaso, numa das vezes em que Se revelou Deus, Nosso Salvador pregou um amor que ia além de nossa melhores relações pessoais: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim. Quem ama seu filho mais que a Mim, não é digno de Mim." Mt 10,37

    Tendo exclusivamente como objetivo a Salvação das almas, determinou o dever de amar nossos inimigos, porque, para um cristão, oposição não significa ódio: "Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás teu próximo e poderás odiar teu inimigo.' Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei bem àqueles que vos odeiam, rezai pelos que vos maltratam e perseguem. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?" Mt 5,43-44.46

    Portanto não é apenas com afeto, mas principalmente por perfeita obediência aos Mandamentos de Deus, capaz do santo sacrifício, que devemos amar uns aos outros. Exatamente como Cristo fez, no Evangelho Segundo São Joãoquando estabeleceu Seu amor por nós como parâmetro: "Este é Meu Mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amo. Ninguém tem maior amor que aquele que dá sua vida por seus amigos." Jo 15,12-13

    Ele também acusava os líderes judeus, que não acreditavam em Suas obras nem tinham o amor de Deus, exatamente por não guardarem a Palavra. Ele disse de São João Batista: "Mas tenho maior testemunho que o de João, porque as obras que Meu Pai Me deu para executar, essas mesmas obras que faço, testemunham a Meu respeito que o Pai Me enviou. Vós nunca ouvistes Sua voz nem vistes Sua face... e não tendes permanentemente Sua Palavra em vós, pois não credes n'Aquele que Ele enviou. Não espero Minha Glória dos homens, mas sei que não tendes em vós o amor de Deus." Jo 5,36.37b-38.41-42

    A Primeira Carta de São João bem sintetizou o que representa o amor mundano: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, nele não está o amor do Pai." 1 Jo 2,15

    E esclarece: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros porque o amor vem de Deus. E todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus." 1 Jo 4,7

    Assim, pela guarda dos Mandamentos, o amor com que Deus nos ama, passa a ser o mesmo que temos por Ele. É, de fato, um sobrenatural amor, como se depreende do pedido de Jesus ao Pai, quando intercedia pelos Apóstolos na Oração da Unidade: "Manifestei-lhes Teu Nome, e ainda hei de manifestá-lhO, para que o amor com que Me amaste neles esteja, e Eu neles." Jo 17,26

    E o Amado Discípulo afirma que o Santo Paráclito é o selo de amor que temos de Deus, citando a Comunhão: "Se mutuamente nos amarmos, Deus permanece em nós e Seu amor em nós é perfeito. Nisto é que conhecemos que n'Ele estamos e Ele em nós, por Ele ter-nos dado Seu Espírito." 1 Jo 4,12b-13

    Pois só pela ação do Espírito de Deus, "que o mundo não pode receber (cf. Jo 14,17)", nos é dado conhecer esse amor. A Carta de São Paulo aos Romanos revelou: "E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado." Rm 5,5