Não resta dúvida de que a fase do "crescei e multiplicai-vos" (Gn 1,28) tenha levado o ser humano a colonizar distantes terras, formando diversas nações: "Quando o Altíssimo dividia os povos e dispersava os filhos dos homens, fixou limites aos povos, segundo o número dos filhos de Deus." Dt 32,8
Mas, como aconteceu com Adão e Eva no Paraíso, não era Sua vontade que os povos se voltassem contra Ele. Ora, Moisés esbraveja contra os próprios israelitas: "Pecaram contra Ele. Já não são Seus filhos, mas degenerada raça, perversa, depravada geração. É assim que agradeceis ao Senhor, frívola e insensata gente? Não é Ele Teu Pai, Teu Criador, que te fez e te estabeleceu? Lembra-te dos antigos dias, considera os anos das passadas gerações. Interroga teu pai e ele contá-te-á, teus anciãos e eles di-te-ão." Dt 32,5-7
Entretanto, a promessa que Deus fez a Abraão foi rigorosamente mantida: "... em ti serão benditas todas famílias da Terra." Gn 12,3
Assim Abraão se tornou pai carnal, embora nem todos viessem a guardar as tradições hebreias, e, pela fé, também pai espiritual de muita gente. Disse Nosso Criador: "... de ti farei o pai de uma multidão de povos... de ti farei nascer nações..." Gn 17,5b-6a
Pois mesmo que a tradição só considere como hebreu o filho de uma hebreia, na ascendência do próprio Jesus há três mulheres estrangeiras: "Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute." Mt 1,1.3a.5a
E já na visão de Daniel, Cristo apresenta-Se diante de Deus Pai para reinar sobre todos povos: "Sempre olhando a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do Céu: dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e povos de todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
São Mateus bem percebeu esse alcance que só o Espírito Santo daria à Palavra de Jesus, e invocou uma profecia de Isaías. Ele disse, referindo-se a Nosso Salvador: "Uma grande multidão seguiu-O, e Ele curou todos seus doentes. Proibia-lhes formalmente de falar disso, para que se cumprisse o anunciado pelo Profeta Isaías: 'Eis Meu Servo a Quem escolhi, Meu bem-amado em Quem Minha alma pôs toda Sua afeição. Farei repousar sobre Ele Meu Espírito, e Ele anunciará a justiça aos pagãos. Em Seu Nome as pagãs nações porão sua esperança (Is 42,1-4)." Mt 12,15b-18.21
Por isso, segundo São Paulo, a Nova e Eterna Aliança não deveria causar estranheza aos judeus: estava predita havia séculos por Deus mesmo através de Seus mais importantes Profetas: "E ainda pergunto: Acaso Israel não o compreendeu? Já lhes havia dito Moisés: 'Eu despertá-vos-ei ciúmes com um povo que não merece este nome, provocá-vos-ei a ira contra uma insensata nação (Dt 32,21).' E Isaías abalança-se a dizer: 'Fui achado pelos que não Me buscavam. Manifestei-Me aos que não perguntavam por Mim (Is 65,1).' Ao passo que, a respeito de Israel, Ele diz: 'Todo dia estendi Minhas mãos a um desobediente e teimoso povo (Is 65,2).'" Rm 10,19-21
Ademais, este Apóstolo já havia dito, mais uma vez citando palavras de Deus: "Porque nem todos que descendem de Israel são verdadeiros israelitas, como nem todos descendentes de Abraão são filhos de Abraão. Mas: 'É em Isaac que terás uma descendência que trará teu nome (Gn 21,12).' Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que serão considerados como descendentes." Rm 9,6b-8
Ora, em oração o longínquo Livro de Reis já reconhecia: "... Vós sois o Deus de todos reinos da Terra." 2 Rs 19,15b