Pilatos bem que tentou libertar Jesus na Sexta-Feira Santa, mas o povo assim reagiu, como o Evangelho segundo São Mateus narrou: "Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: 'Sou inocente do Sangue deste Homem. Isto é convosco!' E todo povo respondeu: 'Que Seu Sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!' Mt 27,24-25
São Paulo afirma que essa multidão, além de insuflada pelos líderes religiosos, como São Mateus diz (cf. Mt 27,20), era feita apenas de gente de Jerusalém. Os peregrinos, que aclamaram Jesus no Domingo de Ramos, não se interessavam por esse 'juri popular' promovido por judeus e romanos. Está no Livro de Atos dos Apóstolos: "Com efeito, os habitantes de Jerusalém e seus magistrados não conheceram Jesus, e, sentenciando-O, cumpriram os oráculos dos Profetas, que cada sábado são lidos." At 13,27
Já o Evangelho segundo São João anotou este revelador diálogo entre Jesus e Pilatos, a respeito do Reino dos Céus e da Verdade: "'Meu Reino não é deste mundo. Se Meu Reino fosse deste mundo, Meus súditos certamente teriam combatido para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas Meu Reino não é deste mundo.' Então Lhe perguntou Pilatos: 'És, portanto, Rei?' Respondeu Jesus: 'Tu o dizes: Eu sou Rei. É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz.'" Jo 18,36-37
Ele registrou outras importantíssimas informações sobre este dia, como o nome de uma prima de Nossa Senhora, que era a verdeira mãe dos chamados 'irmãos' de Jesus, bem como o momento em que Nosso Salvador fez da Santíssima Virgem Nossa Mãe, representados que fomos por este Amado Discípulo, e desde então ela foi morar com ele porque simplesmente não tinha outros filhos que dela cuidassem. Ora, o quarto Mandamento de Deus determina exatamente honrar pai e mãe (cf. Êx 20,12), e 'Seus irmãos', se os tivesse, não poderiam se escusar: "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu Sua mãe, e perto dela o discípulo que amava, disse à Sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho.' Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe.' E dessa hora em diante o discípulo levou-a para sua casa." Jo 19,25-27
De fato, ao narrar esta mesma cena, o Evangelho segundo São Marcos nomina dois dos chamados 'irmãos' de Jesus como filhos desta senhora: "Ali também se achavam umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que O tinham seguido e O haviam assistido quando Ele estava em Galileia. E muitas outras que junto a Ele haviam subido a Jerusalém." Mc 15,40-41
Ademais, São Mateus narrou o exato momento de Sua morte: "Próximo das três da tarde, Jesus exclamou em forte voz: 'Eli, Eli, lammá sabactáni?, que quer dizer: 'Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste (Sl 21,2)?' A estas palavras, alguns dos que lá estavam diziam: 'Ele chama por Elias.' Um deles imediatamente tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-Lha na ponta de uma vara, para que bebesse. Os outros diziam: 'Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-Lo.' Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou o espírito. E eis que o véu do Templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas. O centurião e seus homens, que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: 'Verdadeiramente, este Homem era Filho de Deus!' Mt 27,46-51.54
Fato profetizado havia muito, o Livro do Profeta Isaías falou pelo próprio Pai: "Eis que Meu Servo há de prosperar, Ele elevar-Se-á, será exaltado, será posto nas alturas. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-Lo, tão desfigurado Ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano, assim numerosas nações ficarão estupefatas a Seu respeito, reis manter-se-ão em silêncio, vendo coisas que não lhes haviam sido contadas e ao tomarem consciência de coisas que não tinham ouvido." Is 52,13-15
E São João Apóstolo contou o mais importante capítulo da história de São Longuinho, um centurião romano que ele chamou de soldado, mas que seria o centurião romano encarregado da Crucificação, segundo São Marcos (cf. Mc 15,39), São Mateus (cf. Mt 27,54) e São Lucas (cf. Lc 23,47), e que reconheceu Jesus como o Filho de Deus: "Os judeus temeram que os corpos ficassem nas cruzes durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com Ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como O vissem já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-Lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu Sangue e Água." Jo 19,31-34