quarta-feira, 2 de abril de 2025

Fé e Razão

 

    Em sua Encíclica e Razão, vemos que o amado Papa São João Paulo II bem atendia ao concurso da lógica na compreensão da Palavra de Deus, pois fielmente seguia a recomendação do Divino Mestre que evocou o Livro de Deuteronômio, quando posto à prova por um doutor da Lei no Evangelho segundo São Mateus. Ele recita, pois, o imprescindível "entendimento": "Respondeu Jesus: 'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento (Dt 6,5).'" Mt 22,37

    Ou a esta recomendação da Primeira Carta de São Pedro, a quem sucedeu como Bispo de Roma: "Estai sempre prontos a responder, para vossa defesa, a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito." 1 Pd 3,15

    Nesta encíclica, ele menciona uma bela síntese da Missão do Messias, da Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II: "Cristo Senhor, 'na própria revelação do mistério do Pai e de Seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe sua sublime vocação' (Gaudium et spes), que é participar no mistério da trinitária vida de Deus." E oportunamente cita o Livro de Provérbios: "O Senhor é Quem dirige os passos do homem. Como poderá o homem compreender seu próprio destino?" Pr 20,24

    Também citou a Carta de São Paulo aos Efésios, para tratar da patente realidade que é a Divina Revelação: "Aprouve a Deus, em Sua bondade e Sabedoria, revelar-Se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da Sua vontade." Ef 1,9

    E completa: "Pela fé, o homem presta assentimento a este divino testemunho. Isto significa que plena e integralmente reconhece a Verdade de tudo que foi revelado, porque é o próprio Deus que o garante..."

    Porque a fé é a mais elevada capacidade humana: "No acreditar é que a pessoa realiza o mais significativo ato da sua existência..."

    Para que se chegue ao auto-conhecimento, então, ao qual a própria Revelação abre caminho, ele viu e resumiu o processo em três passos: "A primeira regra é ter em conta que o conhecimento do homem é um caminho que não permite descanso; a segunda nasce da consciência de que não se pode percorrer tal caminho com o orgulho de quem pensa que tudo seja fruto de conquista pessoal; a terceira regra funda-se no 'temor a Deus', de Quem a razão deve reconhecer tanto a soberana transcendência como o solícito amor no governo do mundo."

    Ora, falando sobre seu colaborador Epafras, a Carta de São Paulo aos Colossenses diz que a verdadeira só se alcança pela clareza de entendimento: "Ele não cessa de lutar por vós em suas orações, para que, numa perfeita e plena convicção, permaneçais plenamente submissos à divina vontade." Cl 4,12b

    Já a Carta de São Paulo aos Romanos fazia uma construtiva crítica que à passional religiosidade dos judeus, que seguiam renegando o Cristo: "Pois lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas um zelo sem discernimento." Rm 10,2

    Autêntico pastor, porque testemunha de Cristo, ele dizia sobre os cristãos da cidade de Laodiceia e todos aqueles que ainda não o conheciam pessoalmente: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de plenitude de inteligência para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, no Qual estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2-3

    Até advertia de esotéricas especulações: "Vede que ninguém vos engane com falsas e vãs filosofias, fundadas em humanas tradições, em elementos do mundo, e não em Cristo." Cl 2,8

    Afirmava que o bom entendimento se obtém pelo bem ouvir do autêntico Evangelho: "Logo, a provém da pregação, e a pregação exerce-se em razão da Palavra de Cristo." Rm 10,17

    Ora, a instantes de Sua Ascensão aos Céus, Jesus determinou a transmissão da Palavra a todas nações, mas, foi claro, em sua inteireza!: "Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi." Mt 28,20a