domingo, 13 de abril de 2025

O Domingo de Ramos

    A última chegada de Jesus a Jerusalém foi narrada assim no Evangelho segundo São Mateus: "Aproximavam-se de Jerusalém. Quando chegaram a Betfagé, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de Seus discípulos, dizendo-lhes: 'Ide à aldeia que está à frente. Logo encontrareis uma jumenta amarrada e com ela seu jumentinho. Desamarrai-os e trazei-Mos. Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei-lhe que o Senhor necessita deles e que sem demora Ele os devolverá.'" Mt 21,1-3

    E a narrativa a seguir explica o nome que deram ao Domingo de Ramos: "Os discípulos foram e executaram a ordem de Jesus. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, cobriram-nos com seus mantos e fizeram-nO montar. Então a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada. E toda aquela multidão, que O precedia e que O seguia, clamava: 'Hosana ao Filho de Davi! Bendito seja Aquele que vem em Nome do Senhor! Hosana no mais alto dos Céus!'" Mt 21,6-9

    No Evangelho segundo São João, também participaram desta acolhida judeus peregrinos que já estavam na Cidade Santa para celebrar a Páscoa, certamente das regiões por onde Ele havia pregado: "No dia seguinte, uma grande multidão que tinha vindo à festa em Jerusalém ouviu dizer que Jesus ia aproximando-Se. Saíram-Lhe ao encontro com ramos de palmas, exclamando: 'Hosana! Bendito O que vem em Nome do Senhor, o Rei de Israel!'" Jo 12,12-13

    E não só peregrinos, mas muitos judeus de Jerusalém juntaram-se a esse cortejo, pois testemunharam a ressurreição de São Lázaro e por isso acreditavam em Jesus: "Todos, pois, que se achavam com Ele quando chamara Lázaro do sepulcro e o ressuscitara, aclamavam-nO. Por isso, o povo saía-Lhe ao encontro, porque tinha ouvido que Jesus fizera aquele milagre." Jo 12,17-18

    Já no Evangelho de São Lucas, antes de começarem a descer o monte das Oliveiras para entrar na Cidade Santa, deu-se outro marcante episódio: a profecia da destruição de Jerusalém:"Aproximando-Se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela, dizendo: 'Oh! Se tu, ao menos neste dia que te é dado, também conhecesses Aquele que pode trazer-te a Paz!... Mas não. Isso está oculto a teus olhos. Sobre ti virão dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te atacarão por todos lados. Destruí-te-ão a ti e a teus filhos que estiverem dentro de ti, e em ti não deixarão pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada.'" Lc 19,41-44

    Nos registros do Evangelho segundo São Marcos, neste dia Jesus não teria pernoitado em Jerusalém, nem se recolheu no monte das Oliveiras, como era de Seu costume, mas retornou para um vilarejo próximo. Contudo, logo teria tratado de 'inspecionar' o Templo: "Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-Se ao Templo. Aí lançou olhos a tudo. Depois, como já fosse tarde, voltou para Betânia com os Doze." Mc 11,11

    E, diferente de São Mateus e São Lucas, este evangelista diz que só na seguinte manhã Ele expulsaria os vendilhões do Templo, citando o Livro do Profeta Isaías e o Livro do Profeta Jeremias: "Chegaram a Jerusalém e Jesus entrou no Templo. E começou a expulsar aqueles que no Templo vendiam e compravam. Derrubou as mesas dos trocadores de moedas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não consentia que ninguém transportasse objeto algum pelo Templo. E ensinava-lhes nestes termos: 'Porventura não está escrito: Minha Casa chamar-se-á Casa de Oração para todas nações (Is 56,7)'? Mas dela vós fizestes um 'covil de ladrões (Jr 7,11).'"Mc 11,15-18

    Enfim, em oposição à multidão que acolheu Jesus neste dia, a multidão que através de Pilatos vai condená-Lo e libertar Barrabás só era composta, segundo São Paulo, de gente de Jerusalém, que não conhecia Nosso Senhor (cf. Mt 21,11). Aliás, tal rejeição havia sido profetizada pelo próprio Jesus, como vimos acima, quando chorou pela Cidade Santa (cf. Lc 19,41-42). Os peregrinos, pois, menos envolvidos e mais refratários à dominação estrangeira, nada viam nesse arremedo de caridade que era o 'indulto pascal' oferecido pelos romanos. Conforme o Livro de Atos dos Apóstolos, o Apóstolo dos Gentios pregou em Antioquia da Pisídia: "Com efeito, os habitantes de Jerusalém e seus magistrados não conheceram Jesus, e, sentenciando-O, cumpriram os oráculos dos Profetas, que cada sábado são lidos." At 13,27