quarta-feira, 30 de abril de 2025

Papa e Padres

    Deus 'católico' também nos deu pais espirituais: nossos Sacerdotes são, por e amor, chamados de Padres, e o Sumo Pontífice de Papa, pois, independentemente de seus erros, plenamente representam o Pai do Céu, como a Carta de São Paulo aos Romanos explicou: "Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." Rm 11,29

    A Carta de São Paulo aos Colossenses atesta que é Jesus Quem age por Seus verdadeiros Ministros: "A Ele (Cristo) é que anunciamos, admoestando todos homens e instruindo-os em toda Sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo. Eis a finalidade de meu trabalho, a razão porque luto, auxiliado por Sua força que em mim poderosamente atua." Cl 1,28-29

    Ele diz do Sacramento da Confissão, o dom de fazer renascer o ser humano, na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo! Tudo isso vem de Deus, que, por Cristo, Consigo nos reconciliou e nos confiou o Ministério desta Reconciliação." 2 Cor 5,17-18

    Afirma o poder do Santo Paráclito em sua obra: "Tenho motivo de gloriar-me em Jesus Cristo, no que diz respeito ao serviço de Deus. Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu Ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela Palavra e pela ação, pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito." Rm 15,17-19a

    Acertadamente, chama-o de Ministério do Espírito Santo: "Ele (Deus) é que nos fez aptos para sermos Ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal Glória... quanto mais glorioso não será o Ministério do Espírito?" 2 Cor 3,6-7a.8

    E para tanto a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios rezava: "Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus." 1 Cor 4,1

    Ora, referindo-se a Jesus, São João Batista atestou a plena presença do Espírito Santo em Seus escolhidos, no Evangelho Segundo São João: "Com efeito, Aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque Ele concede o Espírito sem medidas." Jo 3,34

    Pois não são eles que escolhem seguir Cristo, mas exatamente o contrário, como Ele mesmo disse aos Apóstolos ao garantir-lhes o resultado de seus ofícios: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu escolhi-vos e constituí-vos para que vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça." Jo 15,16a

    Por isso, o Apóstolo dos Gentios questionava qualquer vacilação dos romanos e garantia: "Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus Quem os justifica!" Rm 8,33

    Assumindo sua paternidade espiritual, ele também vai reclamar dos cristãos da cidade de Corinto: "Com efeito, ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos pais. Ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho." 1 Cor 4,15

    Nossos Sacerdotes, ademais, devem viver a pobreza evangélica (cf. Mt 5,3). No Evangelho Segundo São Lucas, desde o chamado dos Apóstolos Jesus pediu seguidor "... que tenha abandonado, por amor ao Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos..." Lc 18,29

    Ele já havia sentenciado: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui, não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33

    Atualmente, eles estudam em média por oito anos e são ordenados por bispos que seguem a mesma e fiel sucessão desde os Apóstolos até os dias de hoje, como a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo lhe determinou: "O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros." 2 Tm 2,2

terça-feira, 29 de abril de 2025

"Primeiro deve Vir a Apostasia"

    A Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses profetizou um tempo especificamente difícil, uma terrível manifestação graças ao poder do inimigo que acontecerá depois da apostasia, quer dizer, depois que uma parte da humanidade renegar a : "Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no Templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. Não vos lembrais de que vos dizia estas coisas, quando ainda estava convosco? Agora perfeitamente sabeis o que o detém, de modo que ele só se manifestará a seu tempo." 2 Ts 2,3-6

    De fato, esse abandono da fé havia sido previsto pelo próprio Jesus, no Evangelho Segundo São Lucas, quando perguntou aos Apóstolos falando de Sua Volta Triunfal: "Mas, quando o Filho do Homem vier, acaso achará fé sobre a Terra?" Lc 18,8b

    Ora, o Apóstolo dos Gentios diz que a prisão do inimigo não faz cessar o mal que aflige a Terra, que se dá pela atividade das pessoas que de alguma forma lhe servem, ou seja, do joio por ele semeado (cf. Mt 13,39): "Porque o mistério do mal já está em ação, apenas esperando o afastamento daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus destruí-lo-á com o sopro de Sua boca, e aniquilá-lo-á com o resplendor de Sua Vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda sorte de enganadores portentos, sinais e prodígios. Ele usará de todas seduções do mal para com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à Verdade que teria podido salvá-los. Por isso, Deus enviá-lhes-á um poder que os enganará e os induzirá a acreditar no erro. Desse modo, serão julgados e condenados todos que não deram crédito à Verdade, mas consentiram no mal." 2 Ts 2,7-12

    Na Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo, ele volta a falar dessa afronta à fé e dessa 'colaboração' dada pelo ser humano: "Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um difícil período. Os homens tornar-se-ão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão de sua autoridade. Como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim estes homens de pervertido coração, reprovados na fé, também tentam resistir à Verdade. Mas não irão longe, porque a todos será manifesta sua insensatez, como o foi a daqueles dois." 2 Tm 3,1-5a.8-9

    A Segunda Carta de São Pedro também apontou: "Antes de tudo sabei o seguinte: nos últimos tempos virão escarnecedores cheios de zombaria, que viverão segundo suas próprias concupiscências. Eles dirão: 'Onde está a promessa de Sua Vinda? Desde que nossos pais morreram, tudo continua como desde o princípio do mundo.' Propositadamente esquecem que desde o princípio existiam os céus e igualmente uma Terra que a Palavra de Deus fizera surgir do seio das águas, no meio da água, e deste modo o mundo de então perecia afogado na água." 2 Pd 3,3-6

    E a Primeira Carta de São João aponta na confirmação da Vinda do Messias a ação do Espírito Santo, bem como a do espírito do mal: "Nisto reconhece-se o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo Se encarnou, é de Deus. E todo espírito que não proclama Jesus, esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e agora já está no mundo." 1 Jo 4,2-3

    Ele já denunciava anticristos nas primeiras décadas, em gente que renegou a Santa Igreja, verdadeiramente falsos profetas, pois a passagem do Cristo é o início dos últimos tempos: "O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente. Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, certamente ficariam conosco. Mas isto dá-se para que se conheça que nem todos são dos nossos. Vós, porém, tendes a Unção dos Santo e sabeis todas coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a Verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da Verdade." 1 Jo 2,17-21

segunda-feira, 28 de abril de 2025

"Uma Só Coisa é Necessária"

    Por Graça do Evangelho Segundo São Lucas, temos o clássico episódio de Santa Marta, símbolo das mulheres que, antes que uma verdadeira conversão, demasiadamente se entregam aos trabalhos, ao ativismo, e descuidam da oração, da reflexão, da contemplação e dos assuntos espirituais, e de Santa Maria de Betânia, sua irmã, que não queria parar de ouvir Jesus, cuidando do que realmente é mais importante: a Salvação da alma. Nosso Salvador ensina: "Marta, Marta, andas muito inquieta e preocupas-te com muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada." Lc 10,41-42

    Ora, falando sobre a verdadeira esperança, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios foi incisiva: "Se é só para esta vida que temos colocado nossa esperança em Cristo, de todos homens somos os mais dignos de lástima." 1 Cor 15,19

    A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios menciona os terríveis percalços que sofreu, e diz da autêntica : "Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio em Ásia. Ali fomos desmedidamente maltratados, além de nossas forças, a ponto de termos perdido a esperança de sair com vida. Dentro de nós mesmos sentíamos a sentença de morte, para que aprendêssemos a pôr nossa confiança não em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos. Ele livrou-nos e livrá-nos-á de tamanhos perigos de morte. Sim, esperamos que ainda nos livrará se vós também nos ajudardes com orações em nossa intenção." 2 Cor 1,8-11a

    E reveladoramente, ele ensina: "Portanto, quem pensa estar de pé, veja que não caia. Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além de vossas forças, mas com a tentação Ele dá-vos-á os meios de suportá-la e dela sairdes." 1 Cor 10,12-13

    Já a Carta de São Paulo aos Romanos lembra os indizíveis auxílios do Divino Paráclito: "Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança. Porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos. Outrossim, o Espírito vem em auxílio a nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém. Mas o próprio Espírito intercede por nós com inefáveis gemidos." Rm 8,24-26

    Ora, o Apóstolo dos Gentios dá esta certeza: "Aliás, sabemos que todas coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos segundo Seus desígnios." Rm 8,28

    E a Carta de São Paulo aos Colossenses quase replica as palavras de Jesus (cf. Lc 12,31): "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Ele está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da Terra." Cl 1,1-2

    Nosso Salvador, ademais, havia garantido: "E Eu digo-vos: pedi, e dá-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abri-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe, todo aquele que procura, acha, e ao que bater, abri-se-lhe-á. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que LhO pedirem." Lc 11,9-10.13

    Por isso, focando o indizível bem da Graça, os seguidores da tradição de São Paulo lembram o próprio Sacrifício de Cristo e asseveram na Carta aos Hebreus: "Temos, portanto, um Grande Sumo Sacerdote que aos Céus chegou: Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme nossa fé. Porque n'Ele não temos um Pontífice incapaz de compadecer-Se de nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Confiantemente aproximemo-nos, pois, do trono da Graça, a fim de alcançar Misericórdia e achar a Graça de um oportuno auxílio." Hb 4,14-16

domingo, 27 de abril de 2025

A Divina Misericórdia

    Para bem fixarmos esse atributo de Deus, o Livro de Salmos 135 repete a cada novo versículo: "... porque eterna é Sua Misericórdia."

    O Livro de Eclesiástico considerou-a tão grande quanto Ele mesmo: "... pois tamanha é Sua grandeza, tão grande é Sua Misericórdia!" Eclo 2,23

    O Segundo Livro de Macabeus vai ainda mais longe, categoricamente dizendo: "... Ele jamais retira de nós Sua Misericórdia. Ainda quando corrige com a desventura, Ele não abandona Seu povo." 2 Mb 6,16

    E como todos já devemos ter percebido, Ele demora a irritar-Se. De seu íntimo contato com Ele, Moisés disse no Livro de Êxodo: "Deus compassivo e misericordioso, lento para a cólera..." Êx 34,6

    Ora, no Livro do Profeta Isaías, por uma sincera conversão Deus prometeu o impensável ao quase sempre empedrado coração humano: "Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!" Is 1,18b

    E Jesus, no Evangelho segundo São Mateus, reafirmou a compaixão como mais valiosa que qualquer ritual, citando palavras de Deus do Livro do Profeta Oseias, perante os fariseus: "Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero Misericórdia e não sacrifício (Os 6,6)'". Mt 9,13

    Para convencer-nos da absoluta importância desta prática, Jesus evocou o exemplo do próprio Pai ainda no início de Sua Missão. Está no Evangelho segundo São Lucas: "Sede misericordiosos, como Vosso Pai também é misericordioso." Lc 6,36

    Foi exatamente isso que Ele pregou no Sermão da Montanha: "Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás teu próximo e poderás odiar teu inimigo.' Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo, sereis os filhos de Vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos." Mt 5,43-45

    Por isso, em últimas pregações em Jerusalém, reclamou dos religiosos de então: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os mais importantes preceitos da Lei: a justiça, a Misericórdia, a fidelidade." Mt 23,23

    Em sua puríssima inspiração, Maria Santíssima também falou sobre a divina compaixão. Foi quando cantou o Magnificat, que ela mesma compôs a partir de suas frequentes leituras das Escrituras: "... e Sua Misericórdia estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem." Lc 1,50

    Já na Carta de São Paulo a São Timóteo, ele, que perseguiu a Santa Igreja, fala de si mesmo como exemplo: "Se encontrei Misericórdia, foi para que Jesus Cristo manifestasse toda Sua longanimidade primeiro em mim, e eu servisse de exemplo para todos aqueles que, a seguir, n'Ele crerem, para a Vida Eterna." 1 Tm 1,16

    Eis que a Carta de São Paulo aos Colossenses vai pedir: "Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada Misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e mutuamente perdoai-vos toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, também perdoai vós." Cl 3,12-13

    Na Carta de São Paulo aos Romanos, ele lista a falta de Misericórdia como resultado da perda da Graça: "Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Ele entregou-os a depravados sentimentos, e daí seu indigno procedimento. São insensatos, desleais, sem coração, sem Misericórdia." Rm 1,28.31

    E a Carta de São Tiago garante que, se usarmos de compaixão para com nossos semelhantes, não precisaremos temer o Juízo: "A Misericórdia triunfa sobre o Julgamento." Tg 2,13b

sábado, 26 de abril de 2025

Deus Católico: Mais Amor!

    Nos termos do Catolicismo, Deus é mais atencioso e mais amoroso Pai. Ele deu-nos mais que especial Mãe, como foi revelado no Livro de Apocalipse de São João: "Cheio de raiva por causa da Mulher, o Dragão então começou a atacar o resto de seus filhos, os que obedecem aos Mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus." Ap 12,17-18

    E desde o Pentecostes, o próprio Espírito de Deus tem-se encarregado de ungir nossos Sacerdotes, nossos pais espirituais, como o São Paulo afirma aos anciãos de Éfeso. É do Livro de Atos dos Apóstolos: "Cuidai de vós mesmos e de todo rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com Seu próprio Sangue." At 20,28

    Pois nossos Padres não casam para que possam levar uma vida plenamente espiritual, e assim dedicar integral atenção à Igreja. No Evangelho segundo São Mateus, o próprio Jesus havia ensinado: "... há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos Céus." Mt 19,12b

    O Apóstolo dos Gentios, que era celibatário, justificava essa prática nestes termos, na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu. Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa." 1 Cor 7,8.32-33

    Somos, pois, uma só Igreja, Unidade só é possível graças à própria Glória de Deus, e é a prova da passagem do Salvador entre nós e do amor do Pai pelos Seus. Jesus rezou a Ele, no Evangelho segundo São João: "Eu dei-lhes a Glória que Tu Me deste, para que eles sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23

    Ela é pura e santa porque Nosso Salvador assim a quer, como se vê na Carta de São Paulo aos Efésios: "... como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela Água do Batismo com a Palavra, para a Si mesmo apresentá-la toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito, mas santa e irrepreensível." Ef 5,25b-27

    Ele também garantiu a constante e eterna presença do Espírito Santo, que é outro Consolador, entre os membros da Igreja, como tem sido pelos séculos: "E Eu rogarei ao Pai e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    Além de Sua própria presença para além de Sua Onipresença. A instantes de Sua Ascensão aos Céus, Ele afirmou: "Toda autoridade foi-Me dada no Céu e na Terra. Eis que convosco estou todos dias, até o fim do mundo." Mt 28,18b.20b

    E que quem realmente O ouve, tem Sua inteira proteção: "Minhas ovelhas ouvem Minha voz, Eu conheço-as e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a Vida Eterna. Elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de Minha mão." Jo 10,27-28

    Também temos mais uma chance de purificação, o Purgatório, onde acontecem as punições intermediárias, diferentes das do inferno, que são totais. No Evangelho segundo São Lucas, Nosso Senhor ensinou: "O servo que, apesar de conhecer a vontade de Seu Senhor, nada preparou e Lhe desobedeceu, será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de Seu Senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes." Lc 12, 47-48a

    Ainda temos os Santos, que intercedem por justiça: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do Altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus, e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da Terra?'" Ap 6,9-10

    Temos, enfim, a proteção de um Anjo da Guarda, como foi dito de São Pedro quando foi preso e miraculosamente solto: "Então é seu anjo." At 12,15b

sexta-feira, 25 de abril de 2025

São Marcos Evangelista

 

    A primeira menção bíblica a São Marcos é quando São Pedro, libertado por seu Anjo da Guarda da prisão imposta por Herodes Antipas, vai deixar um recado numa casa em Jerusalém, onde a Santa Igreja rezava por ele achando que ainda estava preso e seria martirizado (cf. At 12,19). De fato, havia poucos dias mandara matar São Tiago Maior à espada (cf. At 12,2). É do Livro de Atos dos Apóstolos: "Refletiu um momento e dirigiu-se para a casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitos se tinham reunido e faziam oração." At 12,12

    E é certo que São Barnabé e São Paulo já o levavam consigo desde suas primeiras missões: "Tendo Barnabé e Saulo concluído sua missão, voltaram de Jerusalém (para Antioquia), consigo levando João, que tem por sobrenome Marcos." At 12,25

    Ele estava com eles quando partiram de Antioquia para Chipre, sob a guia do Divino Paráclito: "Enquanto celebravam o Culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: 'Separai-Me Barnabé e Saulo para obra a que os tenho destinado.' Chegados a Salamina, pregavam a Palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Com eles tinham João, para auxiliá-los." At 13,2.5

    E foi na região de Panfília que São Marcos, por injustificável motivo segundo São Paulo, abandonou-os: "Paulo e seus companheiros navegaram de Pafos e chegaram a Perge, em Panfília, de onde João, apartando-se deles, voltou a Jerusalém." At 13,13

    Logo após o Concílio de Jerusalém, e a apresentação de sua resolução na cidade de Antioquia, que dizia não ser necessário circuncidar os cristãos vindos do paganismo, São Paulo queixou-se a São Barnabé desta atitude de São Marcos e não mais o queria consigo em missão. Tal fato causou uma momentânea ruptura entre estes 'Apóstolos', mas, como desígnio de Deus, em muito acabou aumentando a área à qual eles serviam, e São Paulo passou a acompanhar-se de São Silas, também chamado São Silvano: "Ao termo de alguns dias, disse Paulo a Barnabé: 'Tornemos a visitar os irmãos por todas cidades onde temos pregado a Palavra do Senhor, para ver como estão passando.' Barnabé queria levar consigo João, que tinha por sobrenome Marcos. Paulo, porém, achava que não devia ser admitido quem se tinha separado deles em Panfília, e não os havia acompanhado no Ministério. Houve tal discussão que se separaram um do outro, e Barnabé, consigo levando Marcos, navegou para Chipre. Paulo, porém, tendo escolhido Silas, e depois de ter sido recomendado pelos irmãos à Graça do Senhor, partiu. Ele percorreu Síria, Cilícia, confirmando as comunidades." At 15,36-40

    Ficou claro, entretanto, que a desavença entre o Apóstolo dos Gentios e São Marcos foi resolvida, pois a Carta de São Paulo aos Colossenses o recomenda, deixando um registro de que nosso Santo lhe servia enquanto esteve preso pela primeira vez. Certamente, cabia-lhe a função de divulgar suas prédicas e manter seu contato com os cristãos de Roma, que viviam a na clandestinidade mas ajudavam a suprir suas necessidades: "Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a respeito do qual já recebestes instruções. Se este for ter convosco, acolhei-o bem." Cl 4,10

    Provavelmente ainda nesta prisão, há menção a São Marcos na Carta de São Paulo a Filêmon, porém deixa claro que ele não estava preso consigo, mas colaborava na divulgação do Evangelho (cf. Fm 13) com o distintivo de primeiro da lista: "Enviam-te saudações Epa­fras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores." Fm 23-24

    Na Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo, nosso Apóstolo, talvez já bem próximo de sua morte, dá bom testemunho de São Marcos e pede que o traga para os serviços da Igreja Católica, seguramente da Palavra: "Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é bem útil para o Ministério." 2 Tm 4,11

    Contudo, o mais importante registro bíblico sobre São Marcos, por ajudar a identificá-lo como o escritor do 'Evangelho Segundo São Pedro', está numa carta do próprio Príncipe dos Apóstolos, a Primeira Carta de São Pedro. Ele fala da igreja de Roma, seu bispado, e a São Marcos refere-se com especial carinho: "A igreja escolhida de Babilônia saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho." 1 Pd 5,13

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A Grande Tribulação

    No Evangelho segundo São Marcos, confirmando as visões dos Profetas, Jesus diz o que acontecerá a Seu povo, ou seja, à Santa Igreja Católica, durante um específico período antes do Juízo Final: "Porque naqueles dias haverá tribulações tais como nunca houve, desde o princípio do mundo que Deus criou até agora, nem jamais haverá. Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria, mas Ele abreviou-os em atenção a Seus escolhidos." Mc 13,19-20

    De fato, ao profetizar os cósmicos abalos, o Livro do Profeta Joel deixa claro que eles antecedem o Dia do Julgamento: "Que multidão, que multidão no vale do Julgamento! Porque está chegando o Dia do Senhor no vale do Julgamento! O sol e a lua obscurecem-se, as estrelas empalidecem. O Senhor rugirá de Sião, trovejará de Jerusalém, os céus e a Terra serão abalados." Jl 4,14-16a

    O Livro do Profeta Ageu igualmente registrou-os como não definitivos abalos, embora generalizados, falando em grande proveito para a verdadeira Igreja de Jesus, certamente conversões: "Porque isto diz o Senhor dos Exércitos: 'Ainda um pouco de tempo, e abalarei céu e Terra, mares e continentes, sacudirei todas nações. Afluirão riquezas de todos povos e encherei de Minha Glória esta Casa', diz o Senhor dos Exércitos." Ag 2,6-7

    E o Livro do Profeta Zacarias deu voz ao anúncio de uma inimaginável mortandade, quando os sobreviventes serão caprichosamente depurados. Deus mesmo diz: "'Em toda Terra', Oráculo do Senhor, 'dois terços dos habitantes serão exterminados e um terço subsistirá. Mas este terço farei passar pelo fogo. Purificá-lo-ei como se purifica a prata, prová-lo-ei como se prova o ouro.'" Zc 13,7-8a

    O Livro do Apocalipse de São João também menciona um enorme hecatombe, mas em invertidas proporções e com a continuação da pecaminosidade. Assim foram as revelações de Jesus: "Então foram soltos os quatro anjos que se conservavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano da matança da terça parte dos homens... O número de soldados desta cavalaria era de duzentos milhões. Eu ouvi seu número. E foi assim que eu vi os cavalos e os que os montavam: estes últimos eram couraçados de uma azul e sulfurosa chama. Os cavalos tinham crina como uma juba de leão, e de suas narinas saíam fogo, fumaça e enxofre. E uma terça parte dos homens foi morta por esses três flagelos que lhes saíam das narinas. Mas o restante dos homens, que não foram mortos por esses três flagelos, não se arrependeu das obras de suas mãos. Não cessaram de adorar o Demônio e os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem andar. Não se arrependeram de seus homicídios, suas magias, suas prostituições e furtos." Ap 9,15-21

    Nosso Salvador igualmente falou em provação, dizendo à diocese de Filadélfia décadas após Sua Ascensão, por certo alegando a perseguição promovida pelos imperadores romanos: "Porque guardaste a Palavra de Minha paciência, Eu também te guardarei da hora da provação, que está para sobrevir ao mundo inteiro, para provar os habitantes da Terra." Ap 3,10

    E no Evangelho segundo São Lucas deu estes detalhes, em Seus últimos dias entre os Apóstolos: "... e Jerusalém será pisada pelos não judeus, até completarem-se os tempos de suas nações. Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na Terra, a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda Terra. As próprias forças dos céus serão abaladas." Lc 21,24-26

    Disse, então, da proximidade da ostensiva instauração do Reino dos Céus, quer dizer, o fim do mundo e o Juízo Final: "'Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai vossas cabeças, porque se aproxima vossa libertação.' Ainda acrescentou esta comparação: 'Olhai para a figueira e para as demais árvores. Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o Verão. Assim, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, também sabereis que se aproxima o Reino de Deus.'" Lc 21,28-31

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Sacerdotes Ordenados e Sacerdotes Leigos

    Dirigindo-se a todos fiéis, a Primeira Carta de São Pedro recomenda compromisso e seriedade, seja ordenado ou leigo Sacerdote: "Como bons dispensadores das diversas Graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu: a Palavra, para anunciar as mensagens de Deus; um Ministério, para exercê-lo com uma divina força, a fim de que em todas coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo." 1 Pd 4,10-11

    De fato, ele convocava todos cristãos às divinas virtudes, sempre vendo neles um sacerdócio: "Vós, porém, sois uma escolhida raça, um régio sacerdócio, uma santa nação, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis as virtudes d'Aquele que vos chamou das trevas à Sua maravilhosa Luz." 1 Pd 2,9

    Pois a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios claramente diz aos fiéis: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso Ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações." 2 Cor 3,3

    Ele bem sabia Quem agia através dele e dos Sacerdotes, e por isso exorta: "Porque é Deus, em Cristo, que Consigo reconciliava o mundo, não mais levando em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação. Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em Nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em Nome de Cristo, rogamo-vos: reconciliai-vos com Deus!" 2 Cor 5,19-20

    E evocando os dons do Espírito Santo, a Carta de São Paulo aos Efésios pede pela Unidade da Igreja, e para isso recita o Livro de Salmos: "Sede um só Corpo e um só espírito, assim como fostes chamados por vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só , um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos. Mas a cada um de nós foi dada a Graça, segundo a medida do dom de Cristo, pelo que diz: 'Quando subiu ao alto, levou muitos cativos, cumulou de dons os homens (Sl 67,19).'" Ef 4,4-8

    A Carta de São Paulo aos Romanos disse dos dons referentes a atribuições sacerdotais: "Temos diferentes dons, conforme a Graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao Ministério, dedique-se ao Ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a Misericórdia, que o faça com afabilidade." Rm 12,6-8

    Já na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, ele foi bem claro quanto ao finalidade de todos dons: sempre a edificação da Santa Igreja. Ou seja, ninguém recebe dom do Espírito Santo apara atacá-la: "Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os Ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Também há diversas operações, mas é o mesmo Deus que tudo opera em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para comum proveito." 1 Cor 12,4-7

    Ele não tinha dúvida quanto aos dons: "Não cesso de agradecer a Deus por vós, pela Divina Graça que vos foi dada em Jesus Cristo. N'Ele fostes ricamente contemplados com todos dons, com os da Palavra e os da ciência, tão solidamente foi confirmado em vós o testemunho de Cristo." 1 Cor 1,4-6

    Por isso, o Príncipe dos Apóstolos, pedra fundamental da Igreja Católica, a todos humildemente propõe a Comunhão dos Santos: "Achegai-vos a Ele (Jesus), Pedra Viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E quais outras pedras vivas, vós também vos tornais os materiais deste espiritual edifício, um santo sacerdócio, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." 1 Pd 2,4-5

    E uma vez nos Céus, este é o papel de nossos Santos, como está no Livro do Apocalipse de São João: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,6

terça-feira, 22 de abril de 2025

As Preocupações do Mundo

    Na parábola do semeador, narrada no Evangelho segundo São Marcos, Jesus diz dos ensinamentos de Deus: "Outros ainda recebem a semente entre os espinhos. Ouvem a Palavra , mas as mundanas preocupações, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e tornam-na infrutífera." Mc 4,18-19

    Literalmente pregava, no Evangelho segundo São Mateus: "Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá suas próprias preocupações. A cada dia basta seu mal." Mt 6,34

    No Evangelho segundo São Lucas, Ele pedia que cuidássemos de estar prontos, seja para o Juízo Particular, seja o Juízo Final: "Velai sobre vós mesmos para que vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, com a embriaguez e com as preocupações da vida. Para que Aquele Dia não vos apanhe de improviso." Lc 21,34

    Disse do total controle e do amor de Deus: "Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de Vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós." Mt 10,29-31

    A própria vida de Jesus, aliás, já demonstrava a condição de auto-abandono em que vivem os verdadeiros servos de Deus: "Nisto, d'Ele aproximou-se um escriba e disse-Lhe: 'Mestre, segui-Te-ei aonde quer que fores.' Respondeu Jesus: 'As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.'" Mt 8,19-20

    Pois só o pleno cumprimento de Sua Missão Lhe saciava, como lemos no Evangelho segundo São João: "Entretanto, os discípulos pediam-Lhe: 'Mestre, come.' Mas Ele disse-lhes: 'Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.' Os discípulos perguntavam uns aos outros: 'Alguém Lhe teria trazido de comer?' Disse-lhes Jesus: 'Meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou, e cumprir Sua obra.'" Jo 4,31-34

    Em compensação, à Santa Igreja Católica Ele prometeu Sua Paz: "Deixo-vos a Paz, dou-vos Minha Paz. Não é à maneira do mundo que Eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize vosso coração." Jo 14,28

    Contra todas atribulações, portanto, Ele recomendou perseverança enquanto Se despedia dos Apóstolos, e que n'Ele crêssemos como cremos em Deus: "Não se perturbe vosso coração. Vós credes em Deus, crede também em Mim." Jo 14,1

    Por sua vez, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo exalta a religiosidade em combinação com o desapego material: "Sem dúvida, de grande proveito é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento. Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto." 1 Tm 6,6-8

    Já a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios ensina da lógica inversa de Jesus: "Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9b-10

    E Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo relembra a Graça que se recebe pelo Sacramento da Crisma: "Por esse motivo, eu exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de tibieza, mas de fortaleza, de amor e de Sabedoria." 2 Tm 1,6-7

    Enfim, apontando os perigos da permissividade, a Primeira Carta de São Pedro exorta à confiante resignação: "Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte em oportuno momento. Confiai-Lhe todas vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda Graça, que em Cristo vos chamou à Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoá-vos-á, torná-vos-á inabaláveis, fortificá-vos-á." 1 Pd 5,6-10

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A Paciência

 

    Ainda que o Livro de Jó seja uma alegoria, sua paciência tornou-se emblemática para todos que creem em Deus, embora este personagem também tenha chegado a momentos de tocante desespero: "Que Deus consinta em esmagar-me, que deixe Suas mãos cortarem meus dias! Pois, que é minha força para que eu espere? Qual é meu fim, para portar-me com paciência? Será que tenho a fortaleza das pedras, e será de bronze minha carne?" Jó 6,9.11-12

    A Carta de São Paulo aos Romanos, pois, vai dizer de nossa Redenção como filhos de Deus: "Nós que esperamos o que não vemos, e é em paciência que o aguardamos." Rm 8,25

    Já a Carta de São Paulo aos Colossenses falou na consolação de Deus: "Para que, em tudo confortados pelo Seu glorioso poder, tenhais a paciência de tudo suportar com longanimidade." Cl 1,9-11

    E sintetizou esta fórmula da verdadeira cristandade: "Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração." Rm 12,12

    Na Segunda Carta de a São Pedro, ela é uma etapa do desenvolvimento espiritual: "Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o fraterno amor, e ao fraterno amor a caridade." 2 Pd 1,5-7

    A Primeira Carta de São Pedro já recomendava e garantia: "Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda Graça, que em Cristo vos chamou à Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoá-vos-á, torná-vos-á inabaláveis, fortificá-vos-á." 1 Pd 5,8-10

   Por isso, a Carta de São Tiago via no enfrentar das provações um exercício para alcançar essa virtude: "... sabendo que a prova de vossa fé produz a paciência." Tg 1,3

    E, com efeito, pelas mãos de Deus tudo tem sua razão de ser: "Mas é preciso que a paciência efetue sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." Tg 1,4

    Pois assim viveram os antigos destinatários da promessa, que foram dignos de Deus: "Tomai, irmãos, por modelo de paciência e de coragem os Profetas, que falaram em Nome do Senhor." Tg 5,10

    Os seguidores da tradição de São Paulo, na Carta aos Hebreus, lembraram os primeiríssimos chamados, antes mesmo da Lei, que veio por Moisés: "Desejamos, apenas, que ponhais todo empenho em guardar intata vossa esperança até o fim, e que, longe de tornarde-vos negligentes, sejais imitadores daqueles que pela fé e paciência se tornam herdeiros das promessas." Hb 6,11-12

    No Livro de Apocalipse de São João, por sinal, um anjo do Apocalipse apontou os Santos como melhores exemplos nesse assunto: "Eis o momento para apelar para a paciência dos Santos, dos fiéis, aos Mandamentos de Deus e à fé em Jesus." Ap 14,12

    Ora, Deus também aguarda por nossas atitudes de efetiva caridade, seja material, seja espiritual. Esse proceder, como o Príncipe dos Apóstolos diz aos fiéis, é prova de Sua intenção de dar a todos oportunidade para a conversão, pois o Juízo, Particular ou Final, é certo: "O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam." 2 Pd 3,9

    São Paulo também o observou, dizendo da necessária Confissão: "Ou desprezas as riquezas da Sua bondade, tolerância e longanimidade, desconhecendo que a bondade de Deus te convida ao arrependimento?" Rm 2,4

    O sagrado autor do Livro de Sabedoria, de fato, já dizia ao Senhor: "Tendes compaixão de todos, porque Vós podeis tudo. E para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens." Sb 11,23

domingo, 20 de abril de 2025

O Domingo da Ressurreição

    Ao ressuscitar, primeiro Jesus apareceu a Santa Maria Madalena, como está no Evangelho segundo São João: "No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro... ... voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu. Perguntou-lhe Jesus: 'Mulher, por que choras? Quem procuras?'. Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: 'Senhor, se tu O tiraste, dize-me onde O puseste e eu irei buscá-Lo.' Disse-lhe Jesus: 'Maria!' Voltando-se ela, exclamou em hebraico: 'Rabôni!' (que quer dizer Mestre)." Jo 20,1.14-16

    Depois, apareceu a São Pedro, como o Evangelho segundo São Lucas registrou: "Todos diziam: 'O Senhor verdadeiramente ressuscitou, e apareceu a Simão.'" Lc 24,34

    Também apareceu a dois discípulos, em seguida: "Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-Se deles e com eles caminhava. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados, e não O reconheceram. Aconteceu que, estando sentados à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-O e serviu-lhO. Então se lhes abriram os olhos e O reconheceram... mas Ele desapareceu." Lc 24,13-16,30-31

    Enfim, apareceu ao Colégio dos Apóstolos, com a exceção de São Tomé: "Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-Se em meio a eles. Disse-lhes Ele: 'A Paz esteja convosco!' Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor." Jo 20,19-20

    De fato, Jesus havia advertido os Apóstolos que Sua Ressurreição, comprovada por Sua aparição, seria a definitiva prova de Sua Divindade, da Santíssima Trindade e de Sua Comunhão com a Santa Igreja Católica: "Ainda um pouco de tempo e o mundo já não Me verá. Vós, porém, tornareis a ver-Me, porque Eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em Meu Pai, vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,19-20

    Ele ainda prometeu que, após Sua dolorosa Paixão, Sua aparição seria a razão da maior alegria que os Apóstolos poderiam ter: "Assim vós: sem dúvida, agora também estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos tirará vossa alegria." Jo 16,22

    E, note-se bem, logo na primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos, cioso da Salvação das almas, Nosso Salvador instituiu o Sacramento da Reconciliação: "Disse-lhes outra vez: 'A Paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.' Depois dessas palavras, soprou sobre eles, dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,21-23

    Assim o domingo passou a ser o dia da celebração da Eucaristia, como os Doze sempre fizeram e ensinaram e São Paulo fazia. No Livro de Atos dos Apóstolos, o Amado Médico apontou: "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o Pão, Paulo, que havia de viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a palestra até a meia-noite." At 20,7

    E a Carta de São Paulo aos Colossenses ensina, dizendo do que representou o Antigo Testamento: "Ninguém vos critique, pois, por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é o Corpo de Cristo." Cl 2,16-17

    Tradição que já estava muito bem consolidada ao tempo das revelações do Livro de Apocalipse de São João, onde vemos que o primeiro dia da semana era chamado de Dia do Senhor: "Revelação de Jesus Cristo, que Lhe foi confiada por Deus para manifestar a Seus servos o que em breve deve acontecer. Num domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, forte voz como de trombeta que dizia: 'O que vês, escreve-o num Livro e manda-o às sete igrejas..." Ap 1a.10-11a

sábado, 19 de abril de 2025

A Ressurreição da Carne

    No Evangelho segundo São Lucas, ao ressuscitar e aparecer aos Apóstolos, Jesus disse-lhes: "Vede Minhas mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho." Lc 24,39

    Chegou mesmo a comer diante deles: "Mas, ainda vacilando eles e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?' Então Lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles." Lc 24,41,43

    Oito dias depois, ou seja, noutro domingo, em nova aparição Ele ofereceu Suas feridas para que São Tomé as tocasse, como se lê no Evangelho segundo São João: "Põe teu dedo aqui e olha Minhas mãos. Estende tua mão e coloca-a em Meu lado. E não sejas incrédulo, mas crê!" Jo 20,27

    Eis que São Pedro atestava no Livro de Atos dos Apóstolos: "Mas Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu que aparecesse, não a todo povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que com Ele comemos e bebemos depois que ressuscitou." At 10,40-41

    Jesus, porém, não ressuscitou sozinho, mas com vários Santos. Está no Evangelho segundo São Mateus: "Os sepulcros abriram-se e muitos corpos de Santos ressuscitaram. Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da Ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas." Mt 27,53

    Ora, Deus havia feito essa promessa no Livro do Profeta Ezequiel: "Eis o que diz o Senhor Javé: 'Ó Meu povo, vou abrir vossos túmulos. Eu fá-vos-ei sair deles... Então sabereis que Eu é que sou o Senhor, ó Meu povo... quando Eu pôr em vós Meu Espírito para fazer-vos voltar à vida...'" Ez 37,12a.13a.14a

    E assim a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios se alegrava nessa espera, citando o Livro do Profeta Isaías e o Livro do Profeta Oseias: "Quando este corpo corruptível estiver revestido de incorruptibilidade, e quando este corpo mortal estiver revestido de imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura: 'A morte foi tragada pela Vitória' (Is 25,8). 'Onde está, ó morte, tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão (Os 13,14)?'" 1 Cor 15,54-55

    A Carta de São Paulo aos Romanos disse o que representa o Pentecostes, a Definitiva Vinda do Santo Paráclito assegurada por Jesus: "Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida aos vossos corpos mortais, por Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,6-7.11

    E esse é um suspiro da Carta de São Paulo aos Filipenses, que vale para todos nós: "Nós, porém, somos cidadãos dos Céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante a Seu Corpo glorioso..." Fl 3,20-21

    O Apóstolo dos Gentios explicou: "Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão." 1 Cor 15,22

    De fato, no dia do Juízo Final, todos terão suas carnes restituídas como Nosso Salvador afirmou, embora com dois diferentes destinos: "Aqueles que praticaram o bem irão para a Ressurreição da Vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados." Jo 5,29

    Isso já estava no Livro do Profeta Daniel, quando pela primeira vez Deus avisou que nem todos ressuscitados terão o mesmo destino: "Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para uma Vida Eterna, outros para a ignomínia, a eterna infâmia. Aqueles que tiverem sido inteligentes fulgirão como o brilho do firmamento, e aqueles que a muitos tiverem introduzido nos caminhos da justiça luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor." Dn 12,2-3

    Por isso, nestes termos Ele alertava para o castigo maior, que também será aplicado à carne ressuscitada: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." Mt 10,28

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A Sexta-Feira Santa

    Pilatos bem que tentou libertar Jesus na Sexta-Feira Santa, mas o povo assim reagiu, como o Evangelho segundo São Mateus narrou: "Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: 'Sou inocente do Sangue deste Homem. Isto é convosco!' E todo povo respondeu: 'Que Seu Sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!' Mt 27,24-25

    São Paulo afirma que essa multidão, além de insuflada pelos líderes religiosos, como São Mateus diz (cf. Mt 27,20), era feita apenas de gente de Jerusalém. Os peregrinos, que aclamaram Jesus no Domingo de Ramos, não se interessavam por esse 'juri popular' promovido por judeus e romanos. Está no Livro de Atos dos Apóstolos: "Com efeito, os habitantes de Jerusalém e seus magistrados não conheceram Jesus, e, sentenciando-O, cumpriram os oráculos dos Profetas, que cada sábado são lidos." At 13,27

    Já o Evangelho segundo São João anotou este revelador diálogo entre Jesus e Pilatos, a respeito do Reino dos Céus e da Verdade: "'Meu Reino não é deste mundo. Se Meu Reino fosse deste mundo, Meus súditos certamente teriam combatido para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas Meu Reino não é deste mundo.' Então Lhe perguntou Pilatos: 'És, portanto, Rei?' Respondeu Jesus: 'Tu o dizes: Eu sou Rei. É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz.'" Jo 18,36-37

    Ele registrou outras importantíssimas informações sobre este dia, como o nome de uma prima de Nossa Senhora, que era a verdeira mãe dos chamados 'irmãos' de Jesus, bem como o momento em que Nosso Salvador fez da Santíssima Virgem Nossa Mãe, representados que fomos por este Amado Discípulo, e desde então ela foi morar com ele porque simplesmente não tinha outros filhos que dela cuidassem. Ora, o quarto Mandamento de Deus determina exatamente honrar pai e mãe (cf. Êx 20,12), e 'Seus irmãos', se os tivesse, não poderiam se escusar: "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu Sua mãe, e perto dela o discípulo que amava, disse à Sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho.' Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe.' E dessa hora em diante o discípulo levou-a para sua casa." Jo 19,25-27

    De fato, ao narrar esta mesma cena, o Evangelho segundo São Marcos nomina dois dos chamados 'irmãos' de Jesus como filhos desta senhora: "Ali também se achavam umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que O tinham seguido e O haviam assistido quando Ele estava em Galileia. E muitas outras que junto a Ele haviam subido a Jerusalém." Mc 15,40-41

    Ademais, São Mateus narrou o exato momento de Sua morte: "Próximo das três da tarde, Jesus exclamou em forte voz: 'Eli, Eli, lammá sabactáni?, que quer dizer: 'Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste (Sl 21,2)?' A estas palavras, alguns dos que lá estavam diziam: 'Ele chama por Elias.' Um deles imediatamente tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-Lha na ponta de uma vara, para que bebesse. Os outros diziam: 'Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-Lo.' Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou o espírito. E eis que o véu do Templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas. O centurião e seus homens, que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: 'Verdadeiramente, este Homem era Filho de Deus!' Mt 27,46-51.54

    Fato profetizado havia muito, o Livro do Profeta Isaías falou pelo próprio Pai: "Eis que Meu Servo há de prosperar, Ele elevar-Se-á, será exaltado, será posto nas alturas. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-Lo, tão desfigurado Ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano, assim numerosas nações ficarão estupefatas a Seu respeito, reis manter-se-ão em silêncio, vendo coisas que não lhes haviam sido contadas e ao tomarem consciência de coisas que não tinham ouvido." Is 52,13-15

    E São João Apóstolo contou o mais importante capítulo da história de São Longuinho, um centurião romano que ele chamou de soldado, mas que seria o centurião romano encarregado da Crucificação, segundo São Marcos (cf. Mc 15,39), São Mateus (cf. Mt 27,54) e São Lucas (cf. Lc 23,47), e que reconheceu Jesus como o Filho de Deus: "Os judeus temeram que os corpos ficassem nas cruzes durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com Ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como O vissem já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-Lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu Sangue e Água." Jo 19,31-34