quarta-feira, 31 de julho de 2024

Frutos do Reino dos Céus

     Jesus recomendou que acreditássemos e nos empenhássemos por uma vida em pleno compromisso com Deus: "Antes buscai o Reino de Deus e Sua justiça..." Mt 6,33

    De fato, Deus já concede experimentarmos os primeiros frutos desse Reino aqui na Terra, mas, por causa de uma verdadeira idolatria a fugazes prazeres, ainda temos um difícil caminho. São Paulo diz: "... nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo." Rm 8,23

    Essas primícias, contudo, em nada se confundem com os frutos do reino da injustiça: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, Paz e gozo no Espírito Santo." Rm 14,17

    Pois os frutos do Reino de Deus são inigualáveis, como Nosso Salvador assegura: "Ao vencedor darei de comer do fruto da árvore da Vida, que se acha no Paraíso de Deus." Ap 2,7

    Esses frutos são com perfeição representados pelo Pão do Céu, o Santíssimo Sacramento, e por uma nova e especial identidade: "Ao vencedor darei o escondido maná e entregá-lhe-ei uma branca pedra, na qual está escrito um novo nome que ninguém conhece, senão aquele que o receber." Ap 2,17

    São promessas de uma vida de Glória: "Sê fiel até a morte e dá-te-ei a Coroa da Vida." Ap 2,10

    Com efeito, Jesus promete um poder que vai vigorar ainda neste mundo, logo após nossa morte, como já é dado aos Santos: "Então ao vencedor, ao que praticar Minhas obras até o fim, dá-lhe-ei poder sobre as pagãs nações." Ap 2,26

    Poder esse que fará representar-se na singela forma de vestes de pureza e santidade: "O vencedor será assim revestido de brancas vestes. Jamais apagarei seu nome do livro da Vida, e proclamá-lo-ei diante de Meu Pai e de Seus anjos." Ap 3,5

    Ele igualmente promete-nos uma especial função e lugar: "Farei do vencedor uma coluna no Templo de Meu Deus, de onde jamais sairá, e sobre ele escreverei o Nome de Meu Deus..." Ap 3,12

    Promete, aliás, o inimaginável: "Ao vencedor concederei assentar-se Comigo em Meu trono, assim como Eu venci e sentei com Meu Pai em Seu trono." Ap 3,21

    E o próprio Pai completa: "O vencedor herdará tudo isso. E Eu serei Seu Deus, e ele será Meu filho." Ap 21,6-7

    No Livro do Gênesis também temos algumas imagens do Céu. Ainda no Paraíso, Deus havia dado a Adão e Eva poder para dominar sobre tudo na Terra: "Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos animais que se movem pelo chão." Gn 1,28

    Lá não havia dor nem sofrimento, que só vieram ao mundo após o pecado, como foi dito a Eva: "Multiplicarei os sofrimentos de teu parto. Darás à luz com dores, teus desejos impeli-te-ão para teu marido, e tu estarás sob seu domínio." Gn 3,16

    Também não havia extenuantes trabalhos, como foi dito a Adão: "... maldita seja a Terra por tua causa. Dela com penosos trabalhos tirarás teu sustento todos dias de tua vida. Comerás teu pão com o suor de teu rosto..." Gn 3,17-19

terça-feira, 30 de julho de 2024

"Tome Sua Cruz"

    Ei-nos diante de muito especial capítulo na vida dos cristãos, do qual muitos não querem tomar parte, e às vezes nem mesmo conhecimento. São palavras do próprio Jesus: "Se alguém quiser vir Comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me." Mt 16,24

    A cruz significa, desde as mais simples contrariedades da vida, todo sofrimento físico, emocional e moral que pode afligir o ser humano pela aversão ao mundo, pelo amor à Verdade, ao anúncio da Salvação. É aí que São Paulo nos posiciona frente à dor, para que efetivamente ergamos a Igreja: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,24

    Seguir Jesus, pois, não se trata apenas de crer n'Ele, mas de empenhar-se, como Ele fez, em diminuir o sofrimento no mundo, e com Ele suportar toda dor de Sua Missão ainda inacabada. O Último Apóstolo diz: "... porque a vós é dado não somente crer em Cristo, mas ainda por Ele sofrer." Fl 1,29

    Ele vai exortar São Timóteo: "Não te envergonhes, portanto, do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, Seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus." 2 Tm 1,8

    E repete o que pregava com São Barnabé: "Pois todos aqueles que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição." 2 Tm 3,12

    Para nosso Santo, conhecer Cristo é assumir a condição que Ele nos confiou para que ajudemos a redimir a humanidade através do Sacramento da Penitência. Comungar verdadeiramente de Seu Sangue e Sua carne é conhecê-Lo nesses termos, como nosso Apóstolo diz: "Anseio pelo conhecimento de Cristo... pela participação em Seus sofrimentos..." Fl 3,10

    Ele revela aos tessalonicenses: "De sorte que nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, pela vossa constância e fidelidade em meio a todas perseguições e tribulações que sofreis. Elas constituem um indício do justo Juízo de Deus, e de que sereis considerados dignos do Reino de Deus, pelo qual padeceis." 2 Ts 1,4-5

    Referindo-Se ao sofrimento que os Apóstolos teriam, assim como tantos outros cristãos, entre os quais devemos incluir-nos, Jesus mesmo disse: "Vós bebereis o cálice que Eu devo beber, e sereis batizados no batismo em que Eu devo ser batizado." Mc 10,39

    Não haveremos nós, portanto, de beber desse cálice que agora, por crermos em Jesus, também nos é oferecido? Não é essa a vontade de Deus? Cristo não está presente nesse momento, sofrendo com quem sofre e esperando que com Ele compartilhemos de Sua dor? Em autêntico espírito de cristandade, luminosamente diz São Pedro: "Nisto consiste a Graça: injustamente sofrer, suportando as aflições, com a consciência da presença de Deus." 1 Pd 2,19

    Ele cita nosso maior exemplo: "Aliás, é melhor padecer por fazer o bem, se Deus assim o quiser, que por fazer o mal. Pois Cristo também morreu uma vez por nossos pecados, o Justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus." 1 Pd 3,17-18a

    E recomenda: "E se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? Assim também aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus, encomendem suas almas ao Fiel Criador, praticando o bem." 1 Pd 4,18-19

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Santa Marta

    Na cena a seguir, São Lucas retrata o lado ativista de Santa Marta, que demasiadamente se apega ao trabalho e esquece a vida espiritual. Mas foi o generoso coração dessa mulher que viu em Jesus uma pessoa a ser acolhida em casa e na alma. Ela abriu-Lhe a porta porque O havia visto pregando, e foi tocada por Sua Palavra. Não resta dúvida, pois, que nossa Santa quis dar um bom acolhimento e uma boa refeição a Nosso Salvador e Seus Apóstolos. E de fato, não era pouco trabalho: eram ao menos 13 pessoas. Entretanto, sua irmã, Santa Maria de Betânia, não queria parar de ouvi-Lo. Estava encantada, e com toda razão. O Amado Médico narra: "Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, O recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-Lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: 'Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.' Respondeu-lhe o Senhor: 'Marta, Marta, andas muito inquieta e preocupas-te com muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.'" Lc 10,38-42

    E é Santa Marta, como consta do quarto Evangelho, que vai fazer uma declaração de suma importância para o perfeito reconhecimento da Divindade de Jesus. De fato, como ela declarou, só o Príncipe dos Apóstolos havia afirmado: '... Tu és o Cristo... (cf. Mt 16,16)'. E vai acrescentar algo que só ela disse: '... Aquele que devia vir ao mundo.' Ora, isto claramente foi-lhe revelado pelo Pai Celeste (cf. Mt 16,17). Nada mal, pois, para quem inicialmente teria sido apenas uma 'ativista', como muitos incautos ainda a tratam. Está a passagem da ressurreição de São Lázaro: "Ora, havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta. As duas irmãs, pois, mandaram dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que Tu amas está enfermo.' A estas palavras, disse Jesus: 'Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a Glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.' Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, ainda Se demorou dois dias no mesmo lugar. À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro. Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-Lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Mas também sei que tudo que agora pedires a Deus, Deus To concederá.' Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressurgirá.' Respondeu-Lhe Marta:' Sei que há de ressurgir na Ressurreição do Último Dia.' Disse-lhe Jesus: 'Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim, jamais morrerá. Crês nisto?' Respondeu ela: 'Sim, Senhor. Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que devia vir ao mundo.' 'Onde o pusestes?' Responderam-Lhe: 'Senhor, vinde ver.' Jesus pôs-Se a chorar. Observaram, então, os judeus: 'Vede como Ele o amava!' Novamente tomado de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: 'Tirai a pedra.' Disse-Lhe Marta, irmã do morto: 'Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...' Respondeu-lhe Jesus: 'Não te disse Eu: Se creres, verás a Glória de Deus?' Tiraram, pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: 'Pai, rendo-Te graças porque Me ouviste. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas assim falo por causa do povo que está em volta, para que creiam que Tu Me enviaste.' Depois destas palavras, exclamou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!' E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Então ordenou Jesus: 'Desligai-o e deixai-o andar.' Muitos dos judeus que tinham vindo a Marta e Maria, e viram o que Jesus fizera, creram n'Ele." Jo 11,1.3-6.17.20-27.34-36.38-45

domingo, 28 de julho de 2024

Deus Espírito Santo

    A primeira citação do Divino Paráclito aparece logo nos primeiros versículos da Bíblia"No princípio, Deus criou os céus e a Terra. A Terra estava informe e vazia, as trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas." Gn 1,1-2

    Pelos textos bíblicos, portanto, é possível aferir Sua divindade, claramente expressa por Sua absoluta autonomia, como um dos amigos de Jó disse: "Foi o Espírito de Deus que me fez, e o sopro do Todo-poderoso que me deu a vida." Jó 33,4

    O Livro da Sabedoria, ao discorrer sobre ela mesma, dá características de um ser claramente divino: "Há nela, com efeito, um inteligente espírito, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que tudo pode, que de tudo cuida, que penetra em todos espíritos: os inteligentes, os puros, os mais sutis." Sb 7,22-23

    Ao ser batizado por São João Batista, claramente temos com Jesus as duas outras manifestações de Deus: "Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre Ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. E do Céu baixou uma voz: 'Eis Meu muito Amado Filho, em Quem ponho Minha afeição.'" Mt 3,16-17

    E quando mandou evangelizar e batizar, Nosso Salvador bem distinguiu as Três Pessoas de Deus: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." Mt 28,19

    É o Santo Espírito, pois, que faz a Igreja compreender a realidade e corretamente interpretar a Palavra de Jesus. Ele disse: "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu Nome, ensiná-vos-á todas coisas e recordá-vos-á tudo que vos tenho dito." Jo 14,26

    Ele realmente complementou os ensinamentos de Jesus, que garantiu: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda a Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,13

    Por isso, São Paulo diz da Sã Doutrina e do autoridade da Igreja"Por conseguinte, desprezar estes preceitos é desprezar não a um homem, mas a Deus, que nos deu Seu Santo Espírito." 1 Ts 4,8

    Ele diz de Sua autonomia, ao citá-Lo como único e livre distribuidor dos dons de Deus: "Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como Lhe apraz." 1 Cor 12,11

    Afirma que foi Ele Quem estabeleceu Jesus, enquanto ser humano, como Filho de Deus: "... que, segundo o Espírito de Santidade, foi estabelecido Filho de Deus no poder por Sua Ressurreição dos mortos... " Rm 1,4

    E diz de Seu Ministério: "Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face, embora transitório, quanto mais glorioso não será o Ministério do Espírito?" 2 Cor 3,7-8

sábado, 27 de julho de 2024

A Vida Eterna

    A promessa de Vida Eterna aparece na Bíblia desde o Livro do Profeta Daniel: "A multidão que dorme no pó da terra despertará: uns para uma Vida Eterna, outros para a ignomínia, a eterna infâmia." Dn 12,2

    E o Livro da Sabedoria diz: "Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e fê-lo à imagem de Sua própria natureza. É por inveja do Demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao Demônio prová-la-ão." Sb 2,22-24

    Ora, a expulsão do Paraíso, pois aí dela usufruíam Adão e Eva, deu-se exatamente para efetivar um castigo: "E o Senhor Deus disse: 'Eis que o homem se tornou como um de Nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda sua mão e também tome do fruto da árvore da Vida e o coma, e viva eternamente.'" Gn 3,22

    Jesus, por Sua vez, sintetizou: "Aquele que crê no Filho tem a Vida Eterna. Quem não crê no Filho não verá a Vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus." Jo 3,36

    Quanto à imortalidade da alma, já estava escrito: "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é julgado como uma desgraça e sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na Paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a Esperança deles era portadora de imortalidade. E por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, os achou dignos de Si. Ele provou-os como ouro na fornalha, e acolheu-os como holocausto." Sb 3,1-6

    E, nesse mesmo sentido, Nosso Salvador exortou: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Aquele que pode precipitar a alma e o corpo no inferno." Mt 10,28

    Ele disse que a Vida Eterna consiste em conhecer a Deus e a Seu Filho: "Ora, a Vida Eterna é esta: que conheçam a Ti, Único e Verdadeiro Deus, e a Jesus Cristo, que enviaste." Jo 17,3

    E em participar da Comunhão Eucarística"Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a Vida Eterna, e Eu ressuscitá-lo-ei no Último Dia." Jo 6,54

    Por isso, testemunhando a Vinda do Salvador, São João Evangelista exalta a Missão de Jesus: "Eis a promessa que Ele nos fez: a Vida Eterna." 1 Jo 2,25

    E afirma Sua Divindade logo no início de seu Evangelho: "N'Ele havia a Vida, e a Vida era a Luz dos homens." Jo 1,4

    Ao tempo de Jesus, pois, os questionamentos do povo sobre esse assunto eram muito frequentes. São Lucas registra este episódio: "Levantou-se um doutor da Lei e, para pô-Lo à prova, perguntou: 'Mestre, que devo fazer para possuir a Vida Eterna?'" Lc 10,25

    Mas se a prática dos Mandamentos já era uma pedra de tropeço para muitos mal intencionados, Nosso Senhor vai entrar num ainda mais complicado assunto: Sua Paixão, pela qual se tem a Redenção da humanidade. É o paradoxo do 'Deus morto', um grande empecilho para os racionalistas e tantos outros religiosos: "... o Filho do Homem deve ser levantado, para que todo aquele que n'Ele crer tenha a Vida Eterna." Jo 3,15

sexta-feira, 26 de julho de 2024

A Luta na Carne

    Sabemos que São Paulo só conseguiu cumprir sua missão porque acreditava no amor de Deus, como ele mesmo afirmou a São Timóteo: "Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a . Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, Justo Juiz, me dará naquele Dia. E não somente a mim, mas a todos aqueles que com amor aguardam Sua Aparição." 2 Tm 4,7-8

    E alertando para as armadilhas do Demônio, ele recomendou-lhe: "Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão." 1 Tm 6,11

    Pois abertamente reconhecia suas limitações: "Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo." Rm 7,18

    Isso se dava a despeito dos êxtases de sua alma: "Deleito-me na Lei de Deus, no íntimo de meu ser. Sinto, porém, em meus membros outra lei, que luta contra a lei de meu espírito e me prende à lei do pecado, que está em meus membros." Rm 7,22-23

    Sabia que as fraquezas da carne estavam ali, latentes: "Assim, pois, de um lado, por meu espírito, sou submisso à Lei de Deus. De outro lado, por minha carne, sou escravo da lei do pecado." Rm 7,26

    E também tinha sempre presente o inalienável caminho da Cruz: "E é a vontade de Deus, porque a vós é dado não somente crer em Cristo, mas ainda por Ele sofrer." Fl 1,28b-29

    Em condescendência com os que ainda vivem no engano, no entanto, ele admitia seus erros passados: "Todos nós também éramos deste número, quando outrora vivíamos nos carnais desejos, fazendo a vontade da carne e da concupiscência. Éramos como os outros, por natureza, verdadeiros objetos da divina ira." Ef 2,3

    Por isso, exortava: "Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo, mas o impuro peca contra seu próprio corpo." 1 Cor 6,18

    Na Carta aos Gálatas, ele listou graves erros: "Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas previno-vos, como já vos preveni: aqueles que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!" Gl 5,19-21

    E afirmando a Vida que está do Espírito Santo, advertia: "Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no espírito, do Espírito colherá a Vida Eterna." Gl 6,8

    Porque Deus é Deus de justiça, como ele advertia aos romanos: "Mas, pela tua obstinação e impenitente coração, contra ti vais acumulando ira, para o Dia da Cólera e da Revelação do justo Juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo suas obras: a Vida Eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a Glória, a honra e a imortalidade; mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à Verdade e seguidores do Mal." Rm 2,5-8

    E se o Juízo Final parece longe, o Particular não tarda: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o Juízo." Hb 9,27

quinta-feira, 25 de julho de 2024

São Tiago Maior, Apóstolo

    São Tiago foi dos primeiros Apóstolos. Também é chamado de São Tiago Maior, para diferenciar de São Tiago, chamado Menor, que era parente de Jesus, como o nomeou São Marcos ao relatar a crucificação: "Também se achavam ali umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé..." Mc 15,40

    Foi o primeiro mártir entre os Apóstolos. Após viagem em missão para anunciar a Vinda de Cristo em terras da Espanha, onde havia várias comunidades judaicas, ele foi decapitado ao retornar a Jerusalém, pois, sereno e destemido, não mais admitia calar-se justamente na Cidade Santa, como o próprio Jesus não Se calou. Nosso Santo, pois, apenas seguia fielmente o exemplo de Nosso Salvador e de São João Batista, e bravamente enfrentou o martírio. São Lucas, que não chegou a conhecê-lo, registrou: "Por aquele tempo, o rei Herodes tomou medidas visando maltratar alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João." At 12,1-2

    Por Jesus, este Apóstolo foi chamado junto a seu irmão, São João Evangelista, logo após os chamados de São Pedro e de Santo André, que eram seus companheiros de profissão e de cooperativa: "Uns poucos passos mais adiante, (Jesus) viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E logo os chamou." Mc 1,19

    Seu pai, aliás, era homem de posses naquela pobre região, tinha empregados, o que explica a boa formação que ele e seu irmãos tiveram: "Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus." Mc 1,20

    E desde então não mais parou de seguir o Mestre. Esteve com Jesus na casa de São Pedro, em Cafarnaum, desde a primeira visita, após partirem de Nazaré: "Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André." Mc 1,29

    Rigoroso e sério, filho de sacerdote, e portanto levita, mereceu de Jesus um significativo apelido: "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais (Jesus) pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão." Mc 3,17

    Isto se deu por causa de um marcante episódio, quando Cristo e os Apóstolos não foram bem recebidos num povoado de samaritanos, e ele e seu irmão, enraivecidos, não se contiveram: "'Senhor, queres que mandemos que desça fogo do Céu e consuma-os?' Jesus voltou-Se e severamente repreendeu-os. 'Não sabeis de que espírito sois animados. O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las.'" Lc 9,54

    Nosso Santo fazia parte de um pequeno grupo mais íntimo de Jesus, junto a São Pedro e São João, seu irmão. Como exemplo, temos o momento em que Nosso Salvador os levou à montanha onde Se transfigurou, no último dia útil da semana em que foi reconhecido por São Pedro como o Messias: "Seis dias depois, Consigo Jesus tomou Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Ele." Mt 17,1-3

    Tamanha intimidade tinham eles com Jesus que, num gesto de descabida pretensão, terminaram causando uma grande discussão entre os Apóstolos. É o que São Marcos relata: "De Jesus aproximaram-se Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-Lhe: 'Mestre, queremos que nos concedas tudo que Te pedirmos. Concede-nos que nos sentemos na Tua Glória, um à Tua direita e outro à Tua esquerda.' Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João." Mc 10,35.37.41

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Não ser Católico

    É não estar sob a Graça, que é exclusivamente dispensada pelos Sacerdotes da Igreja, como São Pedro diz: "Como bons dispensadores das diversas Graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu: a Palavra, para anunciar as mensagens de Deus, e o ministério, para exercê-lo com a divina força, a fim de que Deus, em todas coisas, seja glorificado por Jesus Cristo." 1 Pd 4,10-11

    Segundo São João Batista, de fato, ninguém pode proclamar-se Sacerdote: "Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o que lhe foi dado do Céu." Jo 3,27

    Pois a Igreja é feita pelos escolhidos da própria Igreja. Jesus disse aos Apóstolos porque ela seria bem sucedida: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu escolhi-vos e constituí-vos para que vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça." Jo 15,16a

    O próprio São Paulo, mesmo tendo falado pessoalmente com Jesus, não saiu imediatamente pregando, mas por Ele foi submetido à Igreja. E, note-se, Nosso Salvador não o acusa de perseguir a Igreja, como ele de fato fazia, mas a Si mesmo: "Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.' Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: 'Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo.'" At 9,5.6b.17

    E só com a Igreja o Espírito Santo tem estado, desde o Pentecostes, sem jamais a abandonar, pois para isso foi enviado pelo Pai, a pedido de Jesus: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16

    Ora, não ser católico é não ter o Divino Paráclito, pois o mundo não pode recebê-Lo, ainda segundo Jesus: "É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,17

    E sem Ele não há divina filiação, como o Apóstolo dos Gentios diz: "Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele." Rm 8,9b

    Assim, em cumprimento da missão da Igreja, São Pedro e São João Evangelista não vacilavam em crismar aqueles já batizados. E aí se vê a diferença entre Crisma e Batismo: "Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas somente tinham sido batizados em Nome do Senhor Jesus. Então os dois Apóstolos lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo." At 8,14-17

    E não ter o Divino Paráclito é não conhecer a Verdade, como Nosso Salvador avisou: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda Verdade. Porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,13

    Recusar-se a ouvir a Igreja, portanto, é excomunhão. Jesus disse: "E se também recusar ouvir a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano" Mt 18,17

terça-feira, 23 de julho de 2024

O Verdadeiro Culto a Cristo

    Em seus últimos anos, São Pedro disse com todas letras que estamos apenas de passagem por esse mundo: "Caríssimos, rogo-vos, como estrangeiros e peregrinos, que vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma." 1 Pd 2,11

    O Livro da Sabedoria já apontava: "... o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados." Sb 9,15

    E São Paulo expressamente recomenda: "... que cada um de vós saiba santa e honestamente possuir seu corpo... " 1 Ts 4,4

    Movido pelo Espírito Santo, ele declarava que Cristo, e especificamente Sua crucificação, são nosso inarredável Caminho: "Pois aqueles que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências." Gl 5,24

    Ele pregava: "Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus, para que a Vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo. Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Jesus, para que a Vida de Jesus também apareça em nossa carne mortal." 2 Cor 4,10-11

    Em extremo caso, ele chega a pedir a excomunhão de um pecador que não se arrependia, um sacrifício da carne para a Salvação da alma: "... seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação de seu corpo, a fim de que sua alma seja salva no Dia do Senhor Jesus." 1 Cor 5,5

    Pois o verdadeiro culto a Deus, ou seja, a Santa Missa, é celebrado em nossas almas sob o auxílio do Espírito Santo: "Porque os verdadeiros circuncisos somos nós, que prestamos culto a Deus pelo Espírito de Deus, e pomos nossa glória em Jesus Cristo, e não confiamos na carne." Fl 3,3

    O cego de nascença, curado por Jesus, ao argumentar com os judeus que se recusavam em acreditar neste milagre, também disse sob inspiração: "Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem Lhe presta culto e faz Sua vontade." Jo 9,31

    Aliás, o próprio Jesus sentenciou: "... os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e Verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja." Jo 4,23

    E ao contrário do hedonismo difundido no mundo moderno, a verdadeira piedade, que é a efetiva prática religiosa, leva-nos a sofrer com os que sofrem. E essa é a essência da Santa Missa: que em nossa carne revivamos e atualizemos o Sacrifício de Cristo. O Apóstolo dos Gentios diz: "Eu exorto-vos, pois, irmãos, pelas Misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em vivo, santo e agradável sacrifício a Deus: é este vosso culto espiritual." Rm 12,1

    Assim, ele clama pela guarda e pela Glória do Espírito de Deus: "Ou não sabeis que vosso corpo é Templo do Espírito Santo, que em vós habita, o Qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus em vosso corpo." 1 Cor 6,19-20

    Por isso, como Caminho, o Príncipe Apóstolos indica não apenas o não satisfazer dos impuros desejos do corpo, mas voluntariamente abraçar as penitências: "Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, também vos armai deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo as humanas paixões, mas segundo a vontade de Deus." 1 Pd 4,1-2

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Santa Maria Madalena

    Ela foi a grande privilegiada, a primeira a ver Jesus ressuscitado, e também a primeira a ser enviada por Ele para anunciar Sua Ressurreição. São João Evangelista narra assim: "No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro, correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo, a quem Jesus amava: 'Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram!'" Jo 20,1-2

    E quando os três voltaram ao sepulcro, e São Pedro e São João Evangelista partiram, ela aí ficou chorando: "Maria, entretanto, conservava-se do lado de fora, perto do sepulcro, e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o Corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram-lhe: 'Mulher, por que choras?' Ela respondeu: 'Porque levaram Meu Senhor, e eu não sei onde O puseram.'" Jo 20,11-13

    Foi quando Jesus lhe apareceu e lhe enviou: "Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu. Perguntou-lhe, então, Jesus: 'Mulher, por que choras? Quem procuras?' Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: 'Senhor, se tu O tiraste, dize-me onde O puseste e eu irei buscá-Lo.' Disse-lhe Jesus: 'Maria!' Voltando-se ela, exclamou em hebraico: 'Rabôni! (Mestre!)' Disse-lhe Jesus: 'Não Me retenhas, porque ainda não subi a Meu Pai. Mas vai a Meus irmãos e dize-lhes: Subo para Meu Pai e Vosso Pai, Meu Deus e Vosso Deus.' Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor, e contou o que Ele lhe tinha falado." Jo 20,14-18

    Além da aparição do Senhor ressuscitado a Santa Maria Madalena, atestada nos 4 Evangelhos, São Marcos, como São João Evangelista e São Mateus, só vai mencionar Santa Maria Madalena já na cena da crucificação. Aliás, sua narrativa é muito parecida com as de São Mateus e São Lucas: "Também se achavam ali umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que O tinham seguido e O haviam assistido quando estava na Galileia. E muitas outras que com Ele haviam subido a Jerusalém." Mc 15,40-41

    Mas São João Evangelista, testemunha ocular que estava aos pés da Santa Cruz, diz que ela estava consigo e com Nossa Senhora, o que atesta sua coragem, e testemunhou quando Jesus fez de Maria a Nova Eva, a Mãe Espiritual da humanidade: "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu Sua mãe, e perto dela o discípulo que amava, disse à Sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho.' Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe.' E dessa hora em diante, o discípulo levou-a para sua casa." Jo 19,25-27

    E ainda segundo São Marcos, ela ficou com Maria de Cléofas para ver onde seria o Santo Sepulcro: "Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde O depositavam." Mc 15,47

    Por fim, este Evangelista também afirma que Santa Maria Madalena foi a primeira a ver Jesus ressuscitado: "Ora, tendo ressuscitado na madrugada do primeiro dia da semana, Ele apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem havia expulso sete demônios." Mc 16,9

    São Lucas, portanto, é o único a mencionar Santa Maria Madalena antes da crucificação, e, note-se, ainda no início de tudo, logo depois da escolha dos Doze Apóstolos, enquanto Jesus ainda fazia pregações pelas cidades. Entretanto, ele relata apenas o mesmo que São Marcos, que dela Jesus expulsara sete demônios: "Os Doze estavam com Ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de malignos espíritos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios..." Lc 8,2

domingo, 21 de julho de 2024

7 Milagres em São João Evangelista

    Para mais claramente demonstrar que Jesus é o Salvador, São João relata em seu Evangelho 7 milagres, que distintivamente chama de sinais. Esses sinais são extremamente significativos para que se tenha uma noção da onipotência de Deus.

    1 - A TRANSFORMAÇÃO DA ÁGUA EM VINHO - "Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordenou-lhes: 'Enchei as talhas de água.' Eles encheram-nas até a borda. 'Agora tirai' - disse-lhes Jesus -, 'e levai ao chefe dos serventes.' E levaram. Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo e disse-lhe: 'É costume servir primeiro o bom vinho e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o melhor vinho até agora.'" Jo 2,6-10

    Assim Jesus sacramentou com vinho, que representa Seu Sangue, o Matrimônio, e trouxe-o para a Nova e Eterna Aliança, onde não mais vale a carta de divórcio de Moisés. Esse Sacramento, portanto, a despeito da prática corriqueiramente observada, não pode ser usado como simples festa ou cerimônia social.

    2 - A CURA DO FILHO DE UM OFICIAL DO EXÉRCITO ROMANO - "Então havia em Cafarnaum um oficial do rei, cujo filho estava doente. Ao ouvir que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi a Ele e rogou-Lhe que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a morrer. Disse-lhes Jesus: 'Se não virdes milagres e prodígios, não credes...' Pediu-Lhe o oficial: 'Senhor, desce antes que meu filho morra!' 'Vai' - disse-lhe Jesus -, 'teu filho vive!' O homem acreditou na Palavra de Jesus e partiu." Jo 4,46a-50

    O Coração de Jesus aqui não se permitiu demorar, dado que diante de Si tinha um pai exasperado pela vida do filho. Pudera! A que ele tinha em Seus poderes era realmente verdadeira, apenas desconhecia o completo significado de Sua Vinda, e ainda vacilava, como os demais, diante da sombra da morte.

    3 - A CURA DE UM PARALÍTICO - "Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: 'Queres ficar curado?' O enfermo respondeu-Lhe: 'Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada. Enquanto vou, outro já desceu antes de mim.' Ordenou-lhe Jesus: 'Levanta-te, toma teu leito e anda.' No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou seu leito e foi andando." Jo 5,5-8a

    Num gesto que valoriza os santuários, Jesus está visitando um sagrado lugar, conhecido pelos milagres que ali aconteciam. Esse pobre homem já não tem sequer quem lhe ajude: está paralítico e só. 38 anos de sofrimento é tempo demais. Estar ali era uma prova de fé, mas Jesus vai perguntar-lhe se realmente acredita e deseja a cura, quer ouvir sua voz.

    4 - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES - "Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus. Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com Ele e disse a Filipe: 'Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer?' Um de Seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-Lhe: ' Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes... Mas que é isto para tanta gente?' Disse Jesus: 'Fazei-os assentar.' Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens, em número de uns cinco mil. Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes deu-lhes o quanto queriam." Jo 6,4-5.8-11

    Aqui Jesus faz com que, a partir de uns poucos pães e peixes, milhares se materializem. É o poder de replicar, de multiplicar algo pré-existente, e Ele escolhe multiplicar alimento. Mas primeiro era necessário que os Apóstolos se dispusessem a partilhar dos pães e dos peixes que possuíam, mesmo que fossem poucos. O real objetivo de Jesus, porém, era sinalizar para o Pão da Vida Eterna, que impreterivelmente só se faz presente pela caridade, pelo amor que partilha.

    5 - JESUS ANDA SOBRE AS ÁGUAS - "Chegada a tarde, Seus discípulos desceram à margem do lago. Subindo a uma barca, atravessaram o lago rumo a Cafarnaum. Já era escuro, e Jesus ainda não Se tinha reunido a eles. O mar, entretanto, agitava-se, porque soprava um rijo vento. Tendo eles remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que Se aproximava da barca, andando sobre as águas, e ficaram atemorizados. Mas Ele disse-lhes: 'Sou Eu, não temais.' Quiseram recebê-Lo na barca, mas pouco depois a barca chegou a seu destino." Jo 6,16-21

    Nesse milagre, outra vez Jesus demonstra Sua divina condição, muito além das propriedades da matéria como nós a conhecemos. Em nossa incipiente especulação, apenas podemos imaginar: ou manipulou o estado físico da água, tornando-a sólida onde pisava, ou alterou as condições da gravidade sobre Si mesmo, anulando o peso de Seu Corpo, ou, ainda, alterou as condições físicas de Seu Corpo, como na Transfiguração do Monte Tabor, quando O fez reluzir. Mas o recado é: não temos o que temer. Temos Deus. Ele está conosco.

    6 - A CURA DE UM CEGO DE NASCENÇA - "Caminhando, viu Jesus um cego de nascença. Seus discípulos indagaram d'Ele: 'Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?' Jesus respondeu: 'Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus. Enquanto for dia, cumpre-Me terminar as obras d'Aquele que Me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar.' Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com ele ungiu os olhos do cego. Depois, disse-lhe: 'Vai, lava-te na piscina de Siloé (esta palavra significa Enviado).' O cego foi, lavou-se e voltou vendo." Jo 9,1-4.6-7

    Curar um cego de nascença é um sinal que remete à formação do corpo humano durante a gestação. É um ainda maior milagre, diferente de restituir a visão a quem já havia enxergado antes. É dar algo que alguém jamais possuiu. Jesus acena para o poder de Deus sobre as sutilezas de nossos mais ínfimos e admiráveis órgãos, em microscópicas dimensões, mesmo que assim eles não tenham sido gerados. E aqui não há como fugir à imagem do Criador e a criatura: quando Jesus manipula o lodo, lembramos do barro, vemos Deus 'refazendo' Sua Criação.

    7 - A RESSURREIÇÃO DE SÃO LÁZARO - "Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: 'Tirai a pedra.' Disse-Lhe Marta, irmã do morto: 'Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...' Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: 'Pai, rendo-Te graças, porque Me ouviste.' Depois destas palavras, exclamou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!' E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: 'Desligai-o, e deixai-o livre.'" Jo 11,38a-39.41.43-44

    Nesse milagre, certamente o mais grandioso e mais impressionante dos 7, somos confrontados pelo poder de curar, de manipular a matéria e de restituir a vida. Todos a um só tempo. Deus sobrepõe-Se a biológicos etapas e processos. Se curou o filho do oficial à distância, agora Jesus faz questão de vir ao sepulcro de um amigo mesmo que isso pusesse em risco Sua vida, pela perseguição que sofria dos religiosos, e opera a ressurreição ainda que o último suspiro tenha se dado havia um grande lapso de tempo: 4 dias. Quis mostrar que o temor à morte, que era bem real, não poderia ser nenhum empecilho à Sua Missão, e assim às Suas demonstrações de amor.

sábado, 20 de julho de 2024

A Castidade

    Ela é comandada pela cardeal virtude da temperança, que é um dos frutos do Divino Espírito. São Paulo diz: "... o fruto do Espírito é caridade, alegria, Paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança." Gl 5,22-23

    Ele ensina: "Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a Vida e a Paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à Lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele." Rm 8,6-9

    Diz mais: "Que cada um de vós saiba possuir santa e honestamente seu corpo, sem se deixar levar por desregradas paixões, como os pagãos que não conhecem a Deus." 1 Ts 4,4-6

    E arremata: "Ou não sabeis que vosso corpo é Templo do Espírito Santo, que habita em vós, o Qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai a Deus, pois, em vosso corpo." 1 Cor 6,19-20

    Há, portanto, apenas três modos de viver a castidade: na virgindade, no Matrimônio ou no celibato. A virgindade é uma condição física e espiritual, que não há como ser mantida numa mente cheia de fantasias. Só uma vida de oração e comunhão espiritual pode preservar esse estado. Em geral, ela só se perpetua através de consagração religiosa. Não sendo essa a vocação, a Palavra de Deus expressamente recomenda o Matrimônio, e que assim se viva a castidade conjugal. Diz o Apóstolo dos Gentios: "... se não podem guardar a continência, casem-se." 1 Cor 7,9

    Por isso, nos primeiros anos da Igreja, quando o celibato ainda não era exigido dos Sacerdotes, ele falava do são Matrimônio como essencial requisito à conduta de um bispo: "... deve saber bem governar sua casa, educar seus filhos na obediência e na castidade." 1 Tm 3,4

    Já a importância da virgindade é claramente demonstrada no Livro do Apocalipse, pois os que são virgens são vistos como Santos no Céu: "Estes são aqueles que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens. São eles que acompanham o Cordeiro por onde quer que Ele vá. Foram resgatados dentre os homens, como primícias oferecidas a Deus e ao Cordeiro. Em sua boca não se achou mentira, pois são irrepreensíveis." Ap 14,4-5

    O celibatário também vive a continência. É uma grande benção de Deus, a fina flor da devoção e do Sacerdócio, mas, infelizmente, o próprio Jesus já havia previsto a dificuldade e a incompreensão do mundo para com essa condição sexual. Contudo, Ele patentemente recomendou-o a Seus Sacerdotes: "Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda." Mt 19,12

    Isso é uma antecipação da futura condição dos fiéis, como Ele disse: "Na Ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos. Mas serão como os anjos de Deus no Céu." Mt 22,30

    E por Seu evidente apreço pela castidade, Deus não Se permitiu violar a virgindade de Maria nem mesmo ao gerar Seu Filho. De fato, se Ele a preservou antes do parto, por que não a preservaria durante e depois dele? Não teria poder para tanto? Dizia a profecia de Isaías: "Por isso, o próprio Senhor dá-vos-á um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um Filho, e chamá-Lo-á Deus Conosco." Is 7,14

sexta-feira, 19 de julho de 2024

"Livrai-nos do Mal"

    Jesus ensinou-nos a pedir no Pai Nosso: "... livrai-nos do Mal." Mt 6,13

    Ele referia-Se a Satanás, como vemos em Sua oração ao Pai antes de Sua Paixão, quando pediu por Seus seguidores: "Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do Maligno." Jo 17,15

    Pois essa é a Missão de Jesus, como disse o Anjo da Guarda de São José, falando de Nossa Senhora: "Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados." Mt 1,21

    O próprio Jesus vai dizer: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Portanto, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres." Jo 8,34.36

    Pois, como consta no Livro do Apocalipse, o inimigo arrasta toda humanidade em desgraça, é "... o sedutor do mundo inteiro." Ap 12,9

    Ressalvando apenas a Igreja, São João Evangelista diz: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno." 1 Jo 5,19

    Ele declara: "Aquele que peca é do Demônio, porque o Demônio peca desde o princípio. Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,18

    Ora, são vários os nomes usados para designar o inimigo, mas que vemos tratar-se da mesma pessoa: "Então foi precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás... " Ap 12,9

    E na parábola do joio e do trigo, que simboliza o Juízo Final, Nosso Salvador referiu-Se ao primeiro como a uma praga na plantação, erva daninha certamente venenosa: "O joio são os filhos do Maligno." Mt 13,38b

    De fato, ele é mentiroso e homicida, figura que se sobressai do derrotado, do invejoso, do incapaz de bem viver e de dizer a Verdade. Enfim, é o modelo de todos que renegam a Divina Paternidade e, na prática, a ele adotam como pai. Jesus fulminou os líderes religiosos de Jerusalém: "Vós tendes como pai o Demônio, e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na Verdade, porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." Jo 8,44

    É o inimigo, pois, que nos incita a não meditar sobre a Palavra de Deus, como vemos na parábola da semente: "... quando um homem ouve a Palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado em seu coração." Mt 13,19

    Ele tem prazer em oprimir, como São Pedro diz ao apontar a Missão de Jesus: "... Ele andou fazendo o bem, e curando todos oprimidos pelo Demônio..." At 10,38

    Prende e subjuga os teimosos e desobedientes a Deus, nas palavras de São Paulo: "... que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do Demônio, que os mantém cativos e submetidos a seus caprichos." 2 Tm 2,25b-26