terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Exércitos de Anjos
Até o inimigo, ao tentar Jesus no deserto, mencionou os anjos de Deus, lembrando seus prestimosos e sobrenaturais socorros. Está no Evangelho segundo São Mateus: "Se Tu és Filho de Deus, joga-Te para baixo! Porque a Escritura diz: 'Deus ordenará aos Seus anjos a Teu respeito, e eles levá-Te-ão nas mãos, para que não tropeces em pedra alguma.'" Mt 4,6
O intransigente ato de renegar Jesus, pois, tem graves consequências, automaticamente vedando os celestes auxílios. Ele mesmo asseverou, como anotado no Evangelho segundo São Lucas: "Digo-vos: todo aquele que Me reconhecer diante dos homens, o Filho do Homem também o reconhecerá diante dos anjos de Deus. Mas quem Me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus." Lc 12,8-9
Pois a eles cabe a tarefa de separar o 'joio do trigo', ou seja, separar os que merecerão a Vida Eterna dos que serão condenados. Nosso Salvador afirmou: "O Filho do Homem enviará Seus anjos, que de Seu Reino retirarão todos escândalos e todos que fazem o mal, e lançá-los-ão na ardente fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes." Mt 13,41-42
Sem dúvida, eles trabalham com grande entusiasmo pela Salvação das almas, como Ele revelou: "Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa." Lc 15,10
Trabalham na guarda das crianças, que é a função dos Anjos da Guarda: "Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque Eu vos digo que no Céu seus anjos contemplam sem cessar a face de Meu Pai, que está nos Céus." Mt 18,10
Na hora de nossa morte, ainda segundo Jesus: "Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão." Lc 16,22a
Até aprendem passo-a-passo com a Igreja, como a Primeira Carta de São Pedro disse: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Revelações estas que os próprios anjos desejam contemplar." 1 Pd 1,10.12b
Nominando altas hierarquias, a Carta de São Paulo aos Efésios diz o mesmo: "Assim, de ora em diante, as celestes dominações e potestades podem conhecer, pela Igreja, a infinita diversidade da Divina Sabedoria, de acordo com o eterno desígnio que Deus realizou em Jesus Cristo, Nosso Senhor." Ef 2,10-11
Eles estão presentes nos momentos dos Sacramentos, como a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo instou: "Eu conjuro-te, diante de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos escolhidos, a que guardes essas regras sem prevenção, nada fazendo por espírito de parcialidade." 1 Tm 5,21
E no dia-a-dia dos membros da Igreja, segundo os seguidores de sua tradição: "Não são todos anjos espíritos a serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a Salvação?" Hb 11,4
Pois é isso que representa acolher a Palavra: "Vós, ao contrário, aproximaste-vos da Montanha de Sião, da Cidade do Deus Vivo, da Jerusalém Celestial, das miríades de anjos..." Hb 12,22
segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
As Bem-Aventuranças
No Sermão da Montanha, Jesus apresentou o Caminho a ser seguido por quem não se ilude com esse mundo. E tudo que Ele recomenda é verdadeira caridade pela Salvação das almas, que é a essência de Sua Doutrina. Está no Evangelho segundo São Mateus, e no núcleo desse 'discurso da instauração do Reino de Deus', Ele fez a proclamação das bem-aventuranças: a síntese da felicidade maior.
"Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!" Mt 5,3 Seja em meio à pobreza ou à riqueza material, quem tem um humilde coração já vivencia o Reino de Deus. Reconhece suas próprias limitações e sabe que os bens materiais não levam a nenhum paraíso. Não pensa em si mesmo, mas procura ajudar onde pode, como pode e a quem pode. Entrega-se nas mãos de Deus e confia em Sua Providência.
"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!" Mt 5,4 Chorar diante de uma grande contrariedade não é fraqueza. É sincera demonstração de sentimentos, aversão aos desenganos, natural lamentação de infortúnios. Destes Deus compadece-Se. Quem comedidamente sofre injustiças, sem se permitir perturbar a paz alheia, comove o Sofredor Coração de Jesus.
"Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!" Mt 5,5 A mansidão permite conhecer mais claramente a Verdade, é reconfortante e perpetua a Paz de Cristo. À sua volta, o ambiente faz-se efetivamente presente, pois sem personalismos se tem melhor percepção da própria natureza e dos acontecimentos em curso. As obras de Deus só chegam plenamente aos sentidos através da porta da serenidade, e só por ela é possível a contemplação e a inspiração.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!" Mt 5,6 Trabalhar pelo bem do próximo, não se deixar levar por rancor ou pessimismo e purificar o próprio coração são provas de fé, esperança e amor. Sutilmente, Deus vai enchendo as mãos e o coração de quem pede Seus socorros contra injustiças. A silente aversão ao mundo é uma sóbria e resistente atitude, virtude de fortaleza.
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão Misericórdia!" Mt 5,7 Dados tão frequentes desacertos da natureza meramente carnal, por excelência a compaixão é a marca de Deus. Perceber e tratar a dor alheia com delicadeza e respeito, faz despertar o amor que se deve ao semelhante e a Deus. É impossível ser feliz virando o rosto aos que sofrem. O coração realmente misericordioso aflige-se até mesmo vendo a tristeza dos maus.
"Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!" Mt 5,8 A pureza, a gratuidade e as boas intenções são as autênticas expressões do amor. Não há como amar competindo, negociando, buscando vantagens, vivendo de aparências e de valores materiais. Não há como perceber o amor de Deus quando se cultua fugazes prazeres, guardando supostos tesouros, agindo por escusos interesses, sustentando embustes, colecionando 'glórias' de injustiça e ilusão, usando e menosprezando o próximo.
"Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!" Mt 5,9 Obter e trazer em si a Paz de Cristo pela vida a fora, é uma das maiores bençãos. Depois do amor, deve ser o maior objetivo do cristão, até mesmo uma obrigação, pois ela nos foi oferecida. Os ativisticamente combativos e rebeldes, na grande maioria das vezes, mais atrapalham que ajudam. Salvo raras exceções, pelo bem deve-se buscar as metas do bem.
"Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!" Mt 5,10 Enquanto se multiplicam as iniquidades, os justos nadam contra a corrente defendendo os direitos dos mais sofridos e dos mais pobres. Enquanto o mundo insiste em ostentar suas efêmeras e vãs conquistas, centenas de milhões de pessoas são massacradas pela pobreza, pela enfermidade, pela fome, pela guerra e pela morte. Uma pequena parte faz festas com as riquezas da injustiça, enquanto a maioria esmola a saciação das mais elementares necessidades.
"Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, perseguirem e falsamente disserem todo mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande vossa recompensa nos Céus, pois assim perseguiram os Profetas que vieram antes de vós." Mt 5,11-12 Hoje, em vários segmentos sociais, falar de fé, de religião ou mesmo de Deus tornou-se sinônimo de ridículo. Tem-se como dever, em nome de uma suposta boa convivência, escolher em que ambiente falar sobre o bem-estar da alma. O mundo dos instantâneos prazeres nada quer ouvir sobre o verdadeiro amor, a adoração a Deus, a contemplação, a reflexão, o crescimento espiritual, a oração, a vigília, o jejum e outras penitências.
domingo, 29 de dezembro de 2024
A Sagrada Família
A Bíblia oferece belas imagens da Sagrada Família. Uma delas é o Nascimento de Jesus, que o Evangelho segundo São Lucas assim narrou: "José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, a Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para alistar-se com sua esposa Maria, que estava grávida. Ali estando eles, completaram-se os dias dela. E deu à luz Seu Filho primogênito, e, envolvendo-O em faixas, reclinou-O num presépio, porque na sala não havia lugar para eles." Lc 2,4-7
Na fuga para o Egito, a Sagrada Família é vista em delicado momento. Mas não deixa de exprimir sua pujante espiritualidade, como o Evangelho segundo São Mateus relata: "Depois de sua partida (dos Reis Magos), um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e Sua mãe e foge para Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para matá-Lo.' José levantou-se durante a noite, tomou o Menino e Sua mãe e partiu para Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo Profeta: 'De Egito, Eu chamei Meu Filho' (Os 11,1)." Mt 13-15
Complementarmente, se São Mateus não registra a passagem da Sagrada Família por Jerusalém para a Apresentação de Jesus no Templo, quando José e Maria, mesmo sob as ameaças de Herodes, fiel e corajosamente vão cumprir suas obrigações religiosas, São Lucas não registra a fuga para o Egito após a Apresentação, indicando apenas o retorno a Nazaré. Sem dúvida, outro luminoso momento: "Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o Menino, foi-Lhe posto o Nome de Jesus, como Lhe tinha chamado o anjo antes de ser concebido no seio materno. Concluídos, segundo a Lei de Moisés (Lv 12,4), os dias da purificação de Sua mãe, levaram-nO a Jerusalém para apresentá-Lo ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: 'Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2)'; e para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos (Lv 12,8). Após terem observado tudo segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, à Sua cidade de Nazaré." Lc 2,21-24,39
Mais um memorável acontecimento na história da Sagrada Família é quando o Menino Jesus permanece em Jerusalém após o final da semana da Páscoa: "Seus pais iam todo ano a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo Ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o Menino Jesus em Jerusalém, sem que Seus pais o percebessem. Pensando que Ele estivesse com Seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e buscaram-nO entre os parentes e conhecidos. Mas não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura d'Ele. Três dias depois acharam-nO no Templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos que O ouviam estavam maravilhados com a Sabedoria de Suas respostas. Quando eles O viram, ficaram admirados. E Sua mãe disse-Lhe: 'Meu filho, que nos fizeste?! Eis que Teu pai e eu andávamos à Tua procura, cheios de aflição.' Respondeu-lhes Ele: 'Por que Me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na Casa de Meu Pai?'" Lc 2,41-49
E mesmo tendo morrido quando Jesus estava no início de Sua juventude, São José não foi esquecido pelo povo de Nazaré. Ao contrário, Jesus, ao iniciar Sua vida pública, ainda era associado a ele. O povo vai perguntar-se em Nazaré: "Não é Este o Filho do carpinteiro?" Mt 13,55a
Além de Judeia (cf. Lc 1,39), Nossa Senhora tinha parentes em Nazaré, como vemos no dia em que, aos 12 anos, Jesus permaneceu em Jerusalém depois da Páscoa, e Seus pais voltaram sem Ele: "Pensando que Ele estivesse com Seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e buscaram-nO entre os parentes e conhecidos." Lc 2,44
São Mateus, pois, vai nomear os primos de Jesus, que chamava de irmãos conforme o costume judaico, pois não havia a palavra 'primo' em seu idioma: "Não são Seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E Suas irmãs não vivem todas entre nós?" Mt 13,55b-56a
Porque Nossa Senhora tinha em Nazaré ao menos uma prima, também chamada de 'irmã' no Evangelho segundo São João, quando narra a cena da crucificação: "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena." Jo 19,25
Vida Itinerante de Jesus
Logo que saiu de Sua terra natal, ainda que levasse vida itinerante, Ele escolheu Cafarnaum para 'morar', como 'base'. Está no Evangelho segundo São Mateus: "Deixando a cidade de Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, à margem do lago, nos confins de Zabulon e Neftali..." Mt 4,13
Aí Ele passou a morar na casa de São Pedro (cf. Mt 8,14), e a população local bem sabia disso: "Alguns dias depois, Jesus novamente entrou em Cafarnaum, e souberam que Ele estava em casa." Mc 2,1
Mas, na verdade, após iniciar Sua vida pública nunca mais teria uma casa, como Ele disse a um que queria ser Seu discípulo: "Respondeu Jesus: 'As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.'" Mt 8,20
Ele mesmo havia declarado que assim haveria de cumprir Sua Missão, após a primeira noite na casa do Príncipe dos Apóstolos, conforme o Evangelho segundo São Lucas: "Ao amanhecer, Ele saiu e retirou-Se para um afastado lugar. As multidões procuravam-nO, foram até onde Ele estava e queriam detê-Lo, para que não as deixasse. Mas Ele disse-lhes: 'É necessário que Eu também anuncie a Boa Nova do Reino de Deus às outras cidades, pois é para isso que fui enviado." Lc 4,42-43
Aliás, logo teve que Se ausentar das cidades, por Seu poder de curar e exorcizar: "Ele retirou-Se dali, pregando em todas sinagogas e expulsando os demônios por toda Galileia. Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-Se fora, em despovoados lugares. E de toda parte vinham ter com Ele." Mc 1,45
E por toda parte era uma vida realmente muito intensa: "Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. Assim que saíram da barca, o povo reconheceu-O. Percorrendo toda aquela região, em leitos começaram a levar os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que Ele Se encontrava. Onde quer que Ele entrasse, fosse nas aldeias, nos povoados ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-Lhe que ao menos os deixassem tocar na orla de Suas vestes. E todos que tocavam em Jesus ficavam sãos." Mc 6,53-56
Mesmo em cidades reconhecidamente pagãs: "Em seguida, deixando aquele lugar foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, pois uma mulher cuja filha possuía um imundo espírito, logo que soube que Ele ali estava, entrou e caiu a Seus pés." Mc 7,24-25
Por isso, a solução era os ermos, inclusive para preservar os Apóstolos: "Ele disse-lhes: 'Vinde à parte, para algum deserto lugar, e descansai um pouco.' Porque eram muitos os que iam e vinham, e nem tinham tempo para comer." Mc 6,31
Improvisava dormidas nos mais inusitados lugares, como dentro da barca de São Pedro, quando foram assolados por uma tempestade de vento: "Jesus achava-Se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-nO e disseram-Lhe: 'Mestre, não Te importa que pereçamos?'" Mc 4,38
Em algumas regiões, porém, por causa do frio, Ele tentava não ficar ao relento: "Enviou diante de Si mensageiros que, tendo partido, entraram em uma povoação dos samaritanos para arranjar-Lhe pousada. Mas não O receberam, por Ele dar mostras de que ia para Jerusalém." Lc 9,52-53
Ou procurava esconder-Se dos judeus após ressuscitar São Lázaro, pouco antes de Sua última entrada em Jerusalém, na leitura do Evangelho segundo São João: "E desde aquele momento resolveram tirar-Lhe a vida. Em consequência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-Se para uma região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali Se detinha com Seus discípulos." Jo 11,53-54
sábado, 28 de dezembro de 2024
Santos Inocentes
Como reação do mundo imerso em pecado, o Nascimento de Jesus provocou grandes manifestações de ira desde os primeiros momentos. No Livro do Apocalipse de São João, vemos que foi concedido a este Apóstolo, por visões, constatar este delicado momento, obra do próprio Demônio contra Nossa Senhora e o Menino Jesus: "Depois apareceu outro sinal no Céu: um grande e vermelho Dragão, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Com sua cauda varria uma terça parte das estrelas do céu, e atirou-as à Terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o Filho." Ap 12,3-4
Sem dúvida, Sua Vinda revelou o que há nos 'corações' como havia previsto Simeão, o religioso de Jerusalém que esperava a 'Consolação de Israel'. Ele disse a Maria Santíssima no dia da Apresentação do Menino Jesus no Templo, na leitura do Evangelho segundo São Lucas: "Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35
A Primeira Carta de São João, de fato, vai fazer uma radical diferenciação: "... todo espírito que não proclama Jesus, não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo, de cuja vinda tendes ouvido e agora já está no mundo." 1 Jo 4,3
O próprio Jesus afirmou, depois que ensinou o Pai Nosso aos Apóstolos: "Quem não está Comigo, está contra Mim. E quem Comigo não recolhe, espalha." Lc 11,23
E o massacre dos Santos Inocentes de Belém, primeiríssimos mártires da Igreja, mostra aonde pode chegar a crueldade das más inclinações humanas que se recusam a acolher o Cristo, como Ele mesmo denunciou em Jerusalém perante Nicodemos, um notável fariseu que O acolheu, ainda no início de Sua Missão: "... a Luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas que a Luz, pois suas obras eram más." Jo 3,19
Ora, Herodes, o Grande, foi descrito por um historiador com essas palavras: "... um louco que assassinou sua própria família..." Refere-se ao fato d'ele ter mandado assassinar, por pura paranoia, dois filhos, um tio, a esposa, a sogra e dois sogros, fatos que demonstram a plena plausibilidade do Massacre dos Inocentes que se deu na cidade de Belém, como veremos.
Mas a própria Paixão de Nosso Senhor e o significado da Santa Cruz não acenam de outra forma para os cristãos. A realidade que vivem os membros da Igreja é exatamente aquela narrada por São João Apóstolo, quando o Dragão percebeu que não poderia vencer Nossa Santíssima Mãe: "Este, então, irritou-se contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os Mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus." Ap 12,17
E essa tristíssima página da História do Catolicismo, a História dos Santos Inocentes, foi narrada no Evangelho segundo São Mateus::"Herodes, então, secretamente chamou os magos e perguntou-lhes sobre a exata época em que o Astro lhes tinha aparecido. E enviando-os a Belém, disse-lhes: 'Ide e informai-vos bem a respeito do Menino. Quando O tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-Lo.' Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que a Estrela, que tinham visto no Oriente, lhes foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o Menino e ali parou. A aparição daquela Estrela encheu-os de profunda alegria. Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se diante d'Ele, adoraram-nO. Depois, abrindo seus tesouros, como presentes Lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. Avisados em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram à sua terra por outro caminho. Então vendo Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado, e em Belém e em seus arredores mandou massacrar todos meninos de dois anos para baixo, conforme o exato tempo que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo Profeta Jeremias: "Em Ramá ouviu-se uma voz, choro e grandes lamentos. É Raquel a chorar seus filhos! Não quer consolação, porque já não existem (Jr 31,15)!" Mt 2,7-12.16-18
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
São João, Apóstolo e Evangelista
Apesar de novo, ainda por volta de seus 20 anos, São João Evangelista já era discípulo de São João Batista. E apesar de não se identificar em seus relatos, é um dos dois primeiríssimos Apóstolos a ter contato com Jesus, logo após Seu Batismo, em companhia de Santo André. Está no Evangelho segundo São João, ele próprio: "No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois de seus discípulos. E avistando Jesus que ia passando, disse: 'Eis o Cordeiro de Deus.' Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Voltando-Se Jesus, e vendo que O seguiam, perguntou-lhes: 'Que procurais?' Disseram-Lhe: 'Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?' 'Vinde e vede', respondeu-lhes Ele. Foram aonde Ele morava e com Ele ficaram aquele dia. Era cerca da hora décima. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que O tinham seguido." Jo 1,35-40
Pescador de uma colônia de Cafarnaum, junto a seu pai e seu irmão São Tiago Maior, São João também foi dos primeiríssimos chamados a seguir Jesus, logo após São Pedro e Santo André, como o Evangelho segundo São Mateus aponta: "Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que com seu pai Zebedeu estavam consertando as redes. Chamou-os, e eles abandonaram a barca e seu pai e seguiram-nO." Mt 4,21-22
O Evangelho segundo São Lucas afirma que São João e São Tiago Maior faziam parte da mesma colônia de pesca de Santo André e São Pedro: "Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão..." Lc 5,10a
Eles frequentavam a casa de São Pedro em Cafarnaum, que Jesus adotou como 'Sua' casa (cf. Mt 4,12): "Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André." Mc 1,29
Nosso Senhor pôs-lhe um cognome: "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão." Mc 3,17
Ele também é dos primeiros na lista dos Apóstolos; sempre um dos quatro, do primeiro dos três grupos: "Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e escolheu Doze dentre eles, que chamou de Apóstolos: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelota; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor." Lc 6,13-16
De fato, São João Evangelista fazia parte dos três Apóstolos mais íntimos de Jesus. Foi assim no Monte das Oliveiras, pouco antes de Jesus ser preso pelos guardas do sumo sacerdote: "Em seguida foram para o lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a Seus discípulos: 'Sentai-vos aqui, enquanto vou orar.' Consigo levou Pedro, Tiago e João, e começou a ter pavor e a angustiar-Se. Disse-lhes: 'Minha alma está numa tristeza mortal. Ficai aqui e vigiai.'" Mc 14,32-34
São João Evangelista também era muito íntimo de São Pedro, formando um parceria que durou muitos anos, e com ele foi mandado por Nosso Salvador ao lugar onde seria preparada a Santa Ceia: "Jesus enviou Pedro e João, dizendo: 'Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa.'" Lc 22,8
Como mascote dos Doze, era o Apóstolo que Jesus amava, o que vai ser dito várias vezes em seu Evangelho! E assim ele estava com a cabeça reclinada sobre Seu peito, quando Ele anunciou que seria traído. Provocado por São Pedro, ele perguntou-Lhe quem seria o traidor: "Dito isso, Jesus ficou perturbado em Seu Espírito e abertamente declarou: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: um de vós há de trair-Me!...' Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saber de quem falava. Um dos discípulos, a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus. Simão Pedro acenou-lhe para instá-lo: 'Dize-nos de quem é que Ele fala.' Reclinando-se este mesmo discípulo sobre o peito de Jesus, interrogou-O: 'Senhor, quem é?'" Jo 13,21-24
Também é ele quem primeiro reconhece Jesus ressuscitado quando estavam pescando, na primeira aparição em Galileia: "Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: 'É o Senhor!' Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas." Jo 21,7
quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Santo Estevão
Primeiro mártir, Santo Estevão era um dos sete primeiros diáconos, ainda jovem escolhido para trabalhar em serviços de auxílio da administração da Igreja. Mais especificamente, para partilhar o Pão entre as viúvas de origem grega, que estavam sendo preteridas, e assim os Apóstolos ficavam mais disponíveis para celebrar e catequizar, como alegaram os Doze durante o debate que levou a instituí-los, no Livro dos Atos dos Apóstolos: "Nós atenderemos sem cessar à oração e ao Ministério da Palavra." At 6,4
E assim foi feita a indicação e a ordenação deles, quando o nome de nosso Santo é citado pela primeira vez: "Esse parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos." At 6,5-6
Mas nosso diácono acabou por destacar-se exatamente no carisma da catequese, como inspirado evangelizador. Suas prédicas eram irresistíveis, muitos judeus converteram-se ao ouvi-lo. Desconcertados, alguns helenistas até tentavam debater com ele: "Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele. Não podiam, porém, resistir à Sabedoria e ao Espírito que o inspirava." At 6,9-10
Ademais, por ele Deus operava maravilhas: "Estêvão, cheio de Graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo." At 6,8
Subornaram, então, algumas testemunhas para incriminá-lo por blasfêmia contra o Templo e contra Moisés, e, amotinando o povo, os anciãos e os escribas, levaram-no ao Sinédrio para julgá-lo: "Apresentaram falsas testemunhas que diziam: 'Este homem não cessa de proferir palavras contra o santo lugar e contra a Lei. Nós ouvimo-lo dizer que Jesus de Nazaré há de destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou.'" At 6,13-14
Nosso Santo, porém, já dava claros sinais da pureza de seu coração: "N'ele fixando os olhos, todos membros do Grande Conselho viram seu rosto semelhante ao de um anjo." At 6,15
E é Santo Estevão que vai fazer uma belíssima explanação do Antigo Testamento, terminando por acusar o sumo sacerdote e os principais dos judeus de rebelarem-se contra o Espírito de Deus, por conta da violenta perseguição que faziam à Igreja, e assim a Jesus: "Homens de dura cerviz, e de incircuncisos corações e ouvidos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam vossos pais, também procedeis vós! A qual dos Profetas não perseguiram vossos pais? Mataram aqueles que prediziam a Vinda do Justo, do Qual agora vós tendes sido traidores e homicidas! Vós que recebestes a Lei pelo ministério dos anjos, e não a guardastes..." At 7,51-53
A reação do Sinédrio, então, foi furiosa: "Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e contra ele rangiam os dentes. Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o Céu e viu a Glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de Deus: 'Eis que vejo, disse ele, os Céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.'" At 7,54-56
E lançaram mão da mais extrema punição, depositando seus mantos junto àquele que viria a ser São Paulo: "Levantaram, então, um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos atiraram-se furiosos contra ele. Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo." At 7,58
Santo Estevão, no entanto, tinha o dom da fortaleza, e em seus últimos momentos não hesitou em seguir Jesus em Seu Sacrifício e palavras, entregando-se, porém, a Ele mesmo, não ao Pai, o que é mais uma prova da divindade de Jesus: "E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: 'Senhor Jesus, recebe meu espírito.' Posto de joelhos, exclamou em alta voz: 'Senhor, não lhes leves em conta este pecado...' A estas palavras, expirou." At 7,59-60
quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Natal de Jesus
A data do Nascimento de Nosso Senhor é dada pelo dia da concepção de São João Batista, apontado no Evangelho segundo São Lucas. Zacarias, pai do Batista, era sacerdote da classe de Abias, a oitava dentre as 24 (cf. 1 Cro 24,10), e por estes tempos servia no Templo de Jerusalém na última semana de setembro. E, logo no primeiro dia, deu-se um marcante acontecimento: "Nos tempos de Herodes, rei da Judeia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias... Ora, ao exercer Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem de sua classe... Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé, à direita do Altar do perfume. Vendo-o, Zacarias ficou perturbado e o temor assaltou-o. Mas o anjo disse-lhe: 'Não temas, Zacarias, porque tua oração foi ouvida: Isabel, tua mulher, dá-te-á um filho, e chamá-lo-ás João.'" Lc 1,5.8.11-13
Em seguida, São Lucas registra a Anunciação do Arcanjo São Gabriel havia seis meses deste fato, ou seja, no primeiro dia da última semana de março, de onde se afere que Jesus nasceu no início da última semana de dezembro: "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria." Lc 1,26-27
O Evangelho segundo São Mateus, pois, assim narrou: "Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, Sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor e lhe disse: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois Aquele que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados.'" Mt 1,18-21
E esta é a narração do Amado Médico: "Naqueles tempos veio um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda Terra. Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino na Síria. Todos iam alistar-se, cada um em sua cidade. José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para alistar-se com sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz Seu Filho primogênito, e, envolvendo-O em faixas, reclinou-O num presépio, porque não havia lugar para eles na sala." Lc 2,1-7
Foi o Livro do Profeta Isaías que anunciou, 700 anos antes, que Nosso Salvador nasceria de uma virgem: "Ouvi, casa de Davi: não vos basta fatigar a paciência dos homens? Também pretendeis cansar Meu Deus? Por isso, o próprio Senhor dá-vos-á um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um Filho, e chamá-Lo-á Deus Conosco." Is 7,13-14
E como predito por Deus Pai no Livro dos Salmos, a Majestade de Jesus é divina, portanto eterna: "Desde Sião, o Senhor estenderá Teu poderoso cetro. 'Dominarás', disse Ele, 'até em meio a Teus inimigos. No dia de Teu Nascimento, já possuis a realeza no esplendor da santidade. Semelhante ao orvalho, Eu gerei-Te antes da aurora.'" Sl 109,2-3
Seu Virginal Nascimento igualmente foi prescrito pelo salmista, que cantou palavras de Jesus a Deus Pai: "Sim, fostes Vós que Me tirastes das entranhas de Minha mãe, e, seguro, fizestes-Me repousar em seu seio. Fui-Vos entregue desde Meu nascer, desde o ventre de Minha mãe Vós sois Meu Deus." Sl 21,9-11
Ademais, a Carta de São Paulo aos Gálatas fez uma belíssima síntese do que esse glorioso momento representou, dizendo do tempo de Deus, da submissão de Jesus, do Antigo Testamento e de nossa condição de filhos adotados do Pai (cf. Rm 8,15): "Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, que nasceu de uma mulher e submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos Sua adoção." Gl 4,4-5
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
"Cantai ao Senhor"
A Bíblia é repleta de menções ao uso da música como forma de manifestação de fé e culto a Deus. Logo depois de cruzarem o Mar Vermelho, por exemplo, Moisés e os israelitas cantaram para comemorar o fim da escravidão no Egito, uma dádiva que Deus acabava de conceder-lhes, como lemos no Livro de Êxodo: "Então, em honra ao Senhor, Moisés e os israelitas entoaram o seguinte cântico:
Deus mesmo ditou a Moisés um cântico, no Livro do Deuteronômio, para que o povo de Israel não se escusasse de suas obrigações de louvá-Lo: "E agora, escrevei este cântico, ensinai-o aos israelitas e ponde-o em seus lábios, para que Me sirva de testemunho contra eles. Nesse mesmo dia, Moisés redigiu o cântico e o ensinou aos israelitas:
E o Profeta Eliseu, no Segundo Livro de Reis, pediu o som da harpa para proferir os conselhos de Deus a Josafá, rei de Judá: "'Mas agora me trazei um tocador de harpa.' Apenas fez o tocador vibrar as cordas, veio a mão do Senhor sobre Eliseu, e ele disse: 'Eis o que diz o Senhor...'" 2 Rs 3,15
Ao entrar com a Arca da Aliança no pavilhão, que havia construído para oferecer sacrifícios a Deus, Davi encarregou Asaf de fazer celebrações com cânticos de Glória. Está no Primeiro Livro de Crônicas: "Celebrai o Senhor, aclamai Seu Nome, apregoai entre as nações Suas obras. Cantai-Lhe hinos e cânticos, anunciai todas Suas maravilhas. Cantai ao Senhor, ó terra inteira, anunciai cada dia a Salvação que Ele nos trouxe." 1 Cr 16,8-9.23
O Livro dos Salmos, na verdade, é feito de hinos, vários dos quais composições atribuídas a Davi. Não por acaso, neles é fácil perceber seu jovial espírito e sua alegria. Esses versos ecoaram em várias passagens das Escrituras e ainda ecoam em inúmeras canções e orações: "Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-Lhe hinos na harpa de dez cordas. Cantai-Lhe um novo cântico, acompanhado de instrumentos de música, porque a Palavra do Senhor é reta, em todas Suas obras resplandece a fidelidade. Ele ama a justiça e o direito, da bondade do Senhor está cheia a Terra." Sl 32,2-5
O Livro de Cântico dos Cânticos, outro sinal da Graça, é um hino ao amor vivido por um casal, cujo amado era Salomão, embora saibamos que nem todos tenham sido escrito por ele. De toda forma, o Livro é atribuído a ele: "O mais belo dos Cânticos de Salomão." Ct 1,1
A alegria pascal expressa pela música, no mesmo sentido, teve lugar reservado desde os tempos de Moisés, e quase todos Profetas registraram-na, positivamente ou não. Até o Livro do Profeta Isaías, reconhecido por seu grave tom, diz: "Vós, porém, fareis retumbar vossos cânticos, como na noite em que se celebra festa. E tereis alegria no coração como aquele que caminha ao som da flauta, para vir ao monte do Senhor, junto ao rochedo de Israel." Is 30,29
E na Carta de São Paulo aos Efésios, ele, quase sempre tão cerebral, também recomendou religiosos cânticos como prática de fé: "Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo coração os louvores do Senhor." Ef 5,19
Ora, os Céus revelados no Livro do Apocalipse de a São João são embalados por encantadores hinos e coros, em grandiosos momentos: "Quando recebeu o Livro, os quatro seres e os vinte e quatro anciãos (todos anjos!) prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume (que são as orações dos Santos). Cantavam um novo cântico, dizendo: 'Tu és digno de receber o Livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado e, por Teu Sangue, resgataste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e raça. E deles fizeste, para Nosso Deus, um Reino de Sacerdotes, e eles reinam sobre a Terra.'" Ap 5,8-10
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Detalhes sobre Jesus
Apesar de tudo que é divulgado, muitos e importantes detalhes da vida de Jesus acabam passando despercebidos. Por exemplo, no Evangelho segundo São João, Ele apresentou-Se como Aquele que por Si mesmo realizará a Ressurreição dos Mortos, sem mencionar o Pai: "Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a Vida Eterna. E Eu ressuscitá-lo-ei no Último Dia." Jo 6,54
Prometeu total proteção às ovelhas sob Sua Graça: "... e ninguém as roubará de Minha mão." Jo 10,28b
Ele demonstrou Onisciência logo na primeira Páscoa em vida pública na Cidade Santa: "Mas Jesus mesmo não Se fiava neles, porque a todos conhecia. Ele não necessitava que dessem testemunho de homem algum, pois bem sabia o que havia no homem." Jo 2,24-25
Ou ainda o poder de clarividência, visto no primeiro encontro com São Bartolomeu: "Porque Eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Verás coisas maiores que esta!" Jo 1,50
Por várias vezes foi bem explícito, revelando-Se absoluto, ou seja, o próprio Deus, como disse aos Apóstolos em despedida, pouco antes do início de Sua Paixão: "... sem Mim, nada podeis fazer." Jo 15,5
Deu um significativo aviso, em resposta aos fariseus, aos que esperam um reino de vanglória, conforme o Evangelho segundo São Lucas: "O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós." Lc 17,20-21
E pela instauração da Igreja, Ele mesmo intensamente trabalhou, como vemos no Evangelho segundo São Mateus: "Jesus percorria todas cidades e aldeias ensinando em suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino de Deus, enquanto curava toda sorte de doenças e enfermidades." Mt 9,35
Esteve ao extremo norte de Israel, nas proximidades do Monte Hermon, nascentes do Jordão, onde foi identificado por São Pedro como o Cristo: "Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a Seus discípulos: 'No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?'" Mt 16,13
Foi para os mais isolados lugares, como no episódio da multiplicação dos pães e peixes: "Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-Lhe: 'Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num deserto lugar.'" Lc 9,12
Os ermos igualmente eram usados em Suas práticas de oração, como desde o segundo dia na casa de São Pedro, ainda em Cafarnaum, na narrativa do Evangelho segundo São Marcos: "De manhã, tendo-Se levantado muito antes do amanhecer, Ele saiu e foi para um deserto lugar, e ali Se pôs em oração." Mc 1,35
Ele e os Apóstolos ficavam até mesmo sem comer, como aconteceu após a convocação dos Doze: "Em seguida, dirigiram-se a uma casa. De novo afluiu aí tanta gente, que nem podiam tomar alimento." Mc 3,20
Até fariseus zelavam por Sua vida: "No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: 'Sai e vai-Te daqui, porque Herodes quer matar-Te.'" Lc 13,31
Um deles, além de muito importante, tornou-se Seu seguidor (cf. Jo 19,39): "Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: 'Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele.'" Jo 3,1-2
E desde o início já era acompanhado por São Tiago Menor e São Judas Tadeu, chamados de 'Seus irmãos' e que viriam a ser Seus Apóstolos, além da Santíssima Virgem, que sempre esteve ao Seu lado: "Depois disso, desceu para Cafarnaum, com Sua mãe, Seus irmãos e Seus discípulos. E ali só demoraram poucos dias." Jo 2,12
domingo, 22 de dezembro de 2024
O Mistério de Cristo
Antes da Ressurreição e da Ascensão ao Céu, o mais grandioso fenômeno realizado por Jesus diante dos Apóstolos certamente foi a Transfiguração, quando plenamente lhes manifestou Sua divina condição. Por isso, pediu que os Apóstolos aguardassem o devido tempo para começar a divulgá-la. O Evangelho segundo São Mateus assim narrou, referindo-se ao dia em que Jesus foi identificado por São Pedro como o Cristo: "Seis dias depois, Consigo Jesus tomou Pedro, Tiago e João, seu irmão, e à parte conduziu-os a uma alta montanha. Lá Se transfigurou em presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias, conversando com Ele. E quando desciam, Jesus fez-lhes esta proibição: 'Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.'" Mt 17,2-3.9
Mas mesmo tendo esperado o oportuno momento, não foi fácil divulgar tão desconcertante Revelação. Num suspiro, a Carta de São Paulo aos Colossenses fala dos esforços que ele fazia para anunciar a Encarnação do Cristo àqueles que não o conheciam. Sem dúvida, o maior Mistério de Deus: "Tudo sofro para que seus corações sejam reconfortados, e que, estreitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência, para conhecerem o Mistério de Deus, isto é, Cristo, no Qual estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da ciência." Cl 2,2-3
E sabendo que tinha em mãos uma tarefa que ia muito além de suas capacidades, humildemente pedia por orações: "Também orai por nós. Pedi a Deus que dê livre curso à nossa palavra, para que possamos anunciar o Mistério de Cristo." Cl 4,3
Desta forma, o Evangelho, tanto quanto o próprio Cristo, é uma manifestação de divinos mistérios, como a Carta de São Paulo aos Efésios afirma ao final: "E também orai por mim, para que me seja dado corajosamente anunciar o mistério do Evangelho..." Ef 6,19
Jesus mesmo havia dito que só revelaria o Pai a quem Ele quisesse, de onde se entende que Ele O revela de pessoa em pessoa. É do Evangelho segundo São Lucas: "Ninguém conhece quem é o Filho, senão o Pai, nem quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelá-Lo." Lc 10,22
Em igual sentido, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios afirma que só se pode dar conta de que Jesus é Deus com o auxílio da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: "... ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo." 1 Cor 12,3
Nosso Salvador, portanto, promete manifestar-Se de um em um aos que O amam, falando em particular a cada coração. Foi logo depois da Santa Ceia, no Evangelho segundo São João: "Aquele que tem Meus Mandamentos e os guarda, esse é que Me ama. E aquele que Me ama será amado por Meu Pai, e Eu amá-lo-ei e a ele manifestar-Me-ei." Jo 14,21
Movido por sincera curiosidade, nessa mesma ocasião São Judas Tadeu perguntou o porquê de Suas manifestações pessoais: "Pergunta-Lhe Judas, não o Iscariotes: 'Senhor, por que razão hás de manifestar-Te a nós e não ao mundo?'" Jo 14,22
Mas Ele tão somente respondeu garantindo vir com o Pai morar no coração de quem O Ama, ou seja, sem fazer menção, nessa resposta, à Parusia, ou seja, Sua Definitiva Volta: "Respondeu-lhe Jesus: 'Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E Nós viremos a ele e nele faremos Nossa morada.'" Jo 14,23
Por vezes, de fato, deixou de fora a multidão: "Os discípulos aproximaram-Se d'Ele, então, para dizer-Lhe: 'Por que lhes falas em parábolas?' Respondeu Jesus: 'Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não.'" Mt 13,10-11
E já havia dito ainda na sinagoga de Cafarnaum: "Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair." Jo 6,44a
sábado, 21 de dezembro de 2024
Igreja: Sinal da Revelação e do Mistério
Na Primeira Carta de São Pedro, vemos que os sagrados autores do Antigo Testamento tentavam entender como se daria a Salvação, através da manifestação do Messias, mas isso não lhes foi concedido. Até mesmo os anjos tiveram que aguardar Sua Revelação para compreendê-la: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Eles investigaram a época e as circunstâncias indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava e que profetizava os sofrimentos do mesmo Cristo e as Glórias que deviam segui-los. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu. Revelações estas que os próprios anjos desejam contemplar." 1 Pd 1,10-12
A Carta de São Paulo aos Efésios vai reafirmar que as 'riquezas de Cristo' estão muito além de nossos conhecimentos, e também diz que classes de anjos precisam contemplar Sua principal obra, a Igreja, para melhor entender os planos de Deus: "A mim, o mais insignificante dentre todos santos, coube-me a Graça de entre os pagãos anunciar a inexplorável riqueza de Cristo, e a todos manifestar o salvador desígnio de Deus, mistério desde a eternidade oculto em Deus, que tudo criou. Assim, de ora em diante, as celestes dominações e as potestades podem conhecer, pela Igreja, a infinita diversidade da Divina Sabedoria, de acordo com o eterno desígnio que Deus realizou em Jesus Cristo, Nosso Senhor." Ef 3,8-11
Ainda sustenta que só podemos fazer parte do Corpo Místico de Cristo, ou seja, da Igreja, se conduzidos pelo Espírito Santo, pois só a ela foi revelada, e também pelo Espírito, a Doutrina da Salvação: "É em Cristo que vós também entrais, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus. Foi por revelação que me foi manifestado o mistério que acabo de esboçar. Lendo-me, podereis entender a compreensão que me foi concedida do Mistério de Cristo, que em outras gerações não foi manifestado aos homens da maneira como agora tem sido revelado pelo Espírito a Seus Santos Apóstolos e profetas." Ef 2,22; 3,3-5
Ele arremata: "Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja." Ef 5,32
Exorta, pois, a Carta de São Paulo aos Colossenses: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima e não às da Terra, porque estais mortos e vossa Vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, Vossa Vida, aparecer, então vós também aparecereis com Ele na Glória." Cl 3,1-4
Na Carta de São Paulo aos Romanos, o Apóstolo dos Gentios assentou que, se estivermos dispostos a cumprir Seu projeto, Cristo já pode ser conhecido, embora sempre segundo Seus desígnios em revelar-Se. Por isso, ele rende graças "Àquele que é poderoso para confirmar-vos, segundo meu Evangelho, na pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em segredo durante séculos, mas agora manifestado por ordem do Eterno Deus e, por meio das proféticas Escrituras, dado a conhecer a todas nações, a fim de levá-las à obediência da fé..." Rm 16,25-26
Isso significa que continuamos carentes dos auxílios de Seu Espírito para perceber sempre mais a Revelação, como a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios ensina: "Pregamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Ele predeterminou antes de o tempo existir, para nossa glória. Todavia, Deus revelou-nos por Seu Espírito, porque o Espírito tudo penetra, mesmo as profundezas de Deus. Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as Graças que Deus nos prodigalizou, e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais." 1 Cor 2,7.10.13
sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Profecias sobre Jesus
Falando pelo Profeta Natã, dirigindo-se ao rei Davi, Deus anuncia que Sua definitiva Casa, ou seja, a Igreja, só seria erguida por Jesus, que desde então passou a ser esperado pelos judeus como o 'Filho de Davi'. Tal projeto, contudo, ainda passaria por Salomão com a construção do Templo de Jerusalém, como lemos no Primeiro Livro de Crônicas: "Vai e dize a Davi, Meu servo: Eis o que diz o Senhor: 'Não és tu que Me construirás a Casa em que habitarei. Quando se acabarem teus dias e tiveres ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti, num de teus filhos, e firmarei Seu Reino. É Ele que Me construirá uma casa e para sempre firmarei Seu Trono. Serei para Ele um Pai, e Ele será para Mim um Filho. E d'Ele nunca retirarei Meu favor, como retirei daquele que reinou antes de ti. Para sempre Eu estabelecê-Lo-ei em Minha Casa e em Meu Reino, e Seu Trono será firme por todos séculos.'" 1 Cro 17,4.11.14
Com precisão, falando de Deus, o Livro do Profeta Isaías indica a região, a Galileia das Nações (cf. Mt 4,15), em que Jesus vai viver até iniciar Sua vida pública: "No passado, Ele humilhou a terra de Zabulon e de Neftali, mas no futuro cobrirá de honras o Caminho do Mar, o Além do Jordão e o distrito das nações. O povo que andava nas trevas viu uma Grande Luz. Uma Luz raiou sobre aqueles que habitavam uma tenebrosa região, como a da morte." Is 8,23;9,1
De fato, Isaías não anunciava a vinda de um Profeta, como fez Moisés (cf. Dt 18,15), mas do próprio Deus, para em torno de Si reunir Seu povo. Também prenunciou São João Batista e sua missão: "Grita uma voz: 'Abri no deserto caminho para o Senhor! Rasgai no ermo estrada para Nosso Deus!' A Glória do Senhor então vai aparecer e todos verão que foi o Senhor Quem falou! Subi a uma alta montanha para anunciar a Boa Nova a Sião. Elevai com força a voz para anunciar a Boa Nova a Jerusalém. Elevai a voz sem receio, dizei às cidades de Judá: 'Eis Vosso Deus!' ... vem com poder, soberanamente estendendo os braços... como um Pastor vai apascentar Seu rebanho, reunir os animais dispersos... " Is 40,3.5.9-11
Profetizou que Ele nasceria de uma virgem: "Ouvi, casa de Davi: não vos basta fatigar a paciência dos homens? Também pretendeis cansar Meu Deus? Por isso, o próprio Senhor dá-vos-á um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um Filho, e chamá-Lo-á Deus Conosco." Is 7,13-14
E sempre evocando a descendência de Davi, aqui mencionando especificamente seu pai, anuncia os dons do Espírito Santo, que com Ele estará: "Um Renovo sairá do tronco de Jessé, um Rebento brotará de suas raízes. Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de Sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de fortaleza, Espírito de ciência e de temor ao Senhor." Is 11,1-2
Ainda através de Isaías, Deus sentencia que Jesus fará a Glória de Israel, que é a semente de Seu Reino de Sacerdotes: "Prestai-Me atenção e vinde a Mim. Escutai, e vossa alma viverá. Convosco quero concluir uma Eterna Aliança, outorgando-vos os favores prometidos a Davi. De ti farei um testemunho para os povos, um Soberano Condutor das nações. Conclamarás povos que nunca conheceste, e nações que te ignoravam acorrerão a ti, por causa do Senhor Teu Deus e do Santo de Israel que fará tua Glória." Is 55,3-5
Na visão que temos no Livro do Profeta Daniel, o Cristo já Se apresenta diante de Deus Pai para reinar sobre a Terra. Ou seja, como a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade: "Sempre olhando a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do Céu. Dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
E o Livro dos Salmos proclamou Sua imortalidade, que Ele seria fonte de justiça e Paz, e por elas reinaria sobre a Terra: "Ele viverá tão longamente como dura o sol, tanto quanto ilumina a lua, através das gerações. Descerá como a chuva sobre a relva, como os aguaceiros que embebem a terra. Florescerá em Seus dias a justiça e a abundância da Paz, até que a lua cesse de brilhar. Ele dominará de um mar ao outro, desde o grande rio até os confins da Terra." Sl 71,5-8