sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Entre o Céu e a Terra

 

    Seguidores muito próximos de Jesus, mesmo vendo Seus milagres e presenciando o cumprimento das profecias, vacilaram. O maior flagrante deu-se quando Ele anunciou que Seu Sangue e Sua Carne são o alimento da Vida Eterna: "Desde então, muitos de Seus discípulos retiraram-se e já não andavam com Ele. Então Jesus perguntou aos Doze: 'Quereis vós também retirar-vos?' Respondeu-Lhe Simão Pedro: 'Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da Vida Eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus!'" Jo 6,66-69

    São Marcos, noutro exemplo, relata a cena da primeira aparição conjunta aos Apóstolos, ressaltando a repreensão que Ele lhes faz por não terem acreditado nos testemunhos de Santa Maria Madalena, de São Pedro e dos discípulos que estavam a caminho de Emaús: "Por fim, apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem naqueles que O tinham visto ressuscitado." Mc 16,14

    Também São Tomé, que não estava presente na primeira aparição aos Dez Apóstolos, quando ainda estavam em Jerusalém, recebeu a devida correção por sua impertinente teimosia: "Oito dias depois, estavam Seus discípulos outra vez no mesmo lugar, e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-Se no meio deles e disse: 'A Paz esteja convosco!' Depois disse a Tomé: 'Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de .' Respondeu-Lhe Tomé: 'Meu Senhor e Meu Deus!' Disse-lhe Jesus: 'Creste, porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!'" Jo 20,26-27

    Como grande mestre, São Paulo, que inicialmente também não acreditou em Cristo Jesus e até combateu a Igreja, reconhece nossas inconstâncias na Caminhada até Deus: "Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que queria, mas faço o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal. No íntimo de meu ser, deleito-me na Lei de Deus. Sinto, porém, em meus membros outra lei, que luta contra a Lei de meu espírito e prende-me à lei do pecado, que está em meus membros. Infeliz homem que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?..." Rm 7,18-24

    E assim entre ele e Deus interpunha-se outro dilema, polarizado por ele e as comunidades que servia: "Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado em meu corpo (disto tenho toda certeza), quer por minha vida quer por minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas se o viver no corpo é útil para meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo, o que seria imensamente melhor. Porém, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós..." Fl 1,20-24

    Ele demonstra humildade, apesar das grandiosas Graças que recebeu, e assim prega perseverança: "Anseio pelo conhecimento de Cristo, pelo conhecimento do poder de Sua Ressurreição através da participação em Seus sofrimentos, tornando-me semelhante a Ele na morte, com a esperança de conseguir a Ressurreição dentre os mortos. Não pretendo dizer que já alcancei esta meta e que cheguei à perfeição. Não. Mas empenho-me em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo." Fl 3,10-12