sábado, 28 de dezembro de 2024

Santos Inocentes

 

    Como reação do mundo imerso em pecado, o Nascimento de Jesus provocou grandes manifestações de ira desde os primeiros momentos. No Livro do Apocalipse de São João, vemos que foi concedido a este Apóstolo, por visões, constatar este delicado momento, obra do próprio Demônio contra Nossa Senhora e o Menino Jesus: "Depois apareceu outro sinal no Céu: um grande e vermelho Dragão, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Com sua cauda varria uma terça parte das estrelas do céu, e atirou-as à Terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o Filho." Ap 12,3-4

    Sem dúvida, Sua Vinda revelou o que há nos 'corações' como havia previsto Simeão, o religioso de Jerusalém que esperava a 'Consolação de Israel'. Ele disse a Maria Santíssima no dia da Apresentação do Menino Jesus no Templo, na leitura do Evangelho segundo São Lucas: "Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35

    A Primeira Carta de São João, de fato, vai fazer uma radical diferenciação: "... todo espírito que não proclama Jesus, não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo, de cuja vinda tendes ouvido e agora já está no mundo." 1 Jo 4,3

    O próprio Jesus afirmou, depois que ensinou o Pai Nosso aos Apóstolos: "Quem não está Comigo, está contra Mim. E quem Comigo não recolhe, espalha." Lc 11,23

    E o massacre dos Santos Inocentes de Belém, primeiríssimos mártires da Igreja, mostra aonde pode chegar a crueldade das más inclinações humanas que se recusam a acolher o Cristo, como Ele mesmo denunciou em Jerusalém perante Nicodemos, um notável fariseu que O acolheu, ainda no início de Sua Missão: "... a Luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas que a Luz, pois suas obras eram más." Jo 3,19

    Ora, Herodes, o Grande, foi descrito por um historiador com essas palavras: "... um louco que assassinou sua própria família..." Refere-se ao fato d'ele ter mandado assassinar, por pura paranoia, dois filhos, um tio, a esposa, a sogra e dois sogros, fatos que demonstram a plena plausibilidade do Massacre dos Inocentes que se deu na cidade de Belém, como veremos.

    Mas a própria Paixão de Nosso Senhor e o significado da Santa Cruz não acenam de outra forma para os cristãos. A realidade que vivem os membros da Igreja é exatamente aquela narrada por São João Apóstolo, quando o Dragão percebeu que não poderia vencer Nossa Santíssima Mãe: "Este, então, irritou-se contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os Mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus." Ap 12,17

    E essa tristíssima página da História do Catolicismo, a História dos Santos Inocentes, foi narrada no Evangelho segundo São Mateus::"Herodes, então, secretamente chamou os magos e perguntou-lhes sobre a exata época em que o Astro lhes tinha aparecido. E enviando-os a Belém, disse-lhes: 'Ide e informai-vos bem a respeito do Menino. Quando O tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-Lo.' Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que a Estrela, que tinham visto no Oriente, lhes foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o Menino e ali parou. A aparição daquela Estrela encheu-os de profunda alegria. Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se diante d'Ele, adoraram-nO. Depois, abrindo seus tesouros, como presentes Lhe ofereceram ouro, incenso e mirra. Avisados em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram à sua terra por outro caminho. Então vendo Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado, e em Belém e em seus arredores mandou massacrar todos meninos de dois anos para baixo, conforme o exato tempo que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo Profeta Jeremias: "Em Ramá ouviu-se uma voz, choro e grandes lamentos. É Raquel a chorar seus filhos! Não quer consolação, porque já não existem (Jr 31,15)!" Mt 2,7-12.16-18